Outubro de 2010
Publicação Acadêmica de Estudos sobre Jornalismo e Comunicação ISSN 1806-2776
 
Publique
Contato
 


Site da ECA





 

 

 


 

 

 

 

 

 

 



MONOGRAFIAS

Expressões da cultura brasileira dentro de uma perspectiva do jornalismo cultural
Uma análise das revistas Continente e Bravo!

Por Ana Carolina Costa dos Anjos, Lorena Dias
de Souza, Liana Vidigal Rocha e Patrícia Ströher*

RESUMO

O advento da indústria cultural e a acelerada propagação de informações através dos meios de comunicação de massas culminaram na veiculação de notícias rápidas e superficiais.

Por outro lado, as revistas têm a possibilidade de divulgar assuntos culturais de forma diferenciada, pois o tratamento dado às informações conta com um intervalo intermitente.

Imagens: Reprodução

Dentro desta perspectiva a proposta do artigo consiste em analisar de que forma as revistas Continente e Bravo! de circulação nacional e periodicidade mensal veiculam a cultura brasileira. Para tanto, foram selecionadas reportagens e entrevistas a fim de identificar expressões da cultura brasileira no conteúdo dos textos, relacionando-as com o conceito de cultura.

PALAVRAS-CHAVE: Revistas Impressas / Cultura Brasileira / Jornalismo Cultural

1. Introdução

Devido à sua complexidade, torna-se difícil definir com precisão o termo cultura. Etimologicamente, a palavra está ligada ao verbo em latim colere (colo), que significa cultivar. Porém, cultura também pode ter outras denominações, como habitar, cuidar de, respeitar, venerar e honrar. A palavra cultura, enquanto efeito, pode ser entendida como o resultado desse cultivo, de um cuidado com, de respeito. [1]

Por outro lado, o termo cultura também pode ser associado a estudo, à educação, à formação escolar, ou, até mesmo, às manifestações artísticas mais conhecidas e divulgadas, como o teatro, a música, a pintura e a escultura. Os meios de comunicação de massa (rádio, TV, cinema, jornal) também podem ser considerados como elementos de uma cultura. Já as festas, as cerimônias tradicionais, as lendas, as crenças, o vestuário, o idioma e a culinária de um povo ou de uma nação são componentes indiscutíveis no que diz respeito à conceituação de cultura.

A partir dessas informações, é possível dizer que cultura possui, pelo menos, duas concepções básicas: a primeira, que remete a todos os aspectos de uma realidade social (a existência de um povo); enquanto a segunda refere-se mais especificamente ao conhecimento, às idéias e crenças de um povo. Dentro dessa perspectiva a cultura é tudo que é produzido pelo ser humano e que pode representá-lo.

O termo cultura é produto do contato, das relações sociais, ou seja, da comunicação. Assim, os símbolos e as manifestações culturais são encontrados nas entrelinhas dos textos sejam eles impressos, orais ou visuais. Segundo Sodré (1974:03), cultura pode ser entendida como um “fenômeno social que representa o nível alcançado pela sociedade em determinada etapa histórica: progresso, técnica, experiência de produção e de trabalho, instrução, educação, ciência, literatura, arte e instituições que lhes correspondem.” O autor diz ainda que o termo cultura pode ser compreendido como um “conjunto de formas da vida espiritual da sociedade”.

Para Raymond Williams (1992:10), o termo cultura, a partir do século XVIII, particularmente no alemão e no inglês, começou a ser empregado com o sentido de “configuração ou generalização do espírito” que informa o modo de vida global de um determinado povo. Para Siqueira e Siqueira (2003:06), a cultura modificou-se do conceito de cultivo da terra à “cultura do espírito humano”, tendo feito a passagem de “um plano concreto para um plano abstrato: o pensamento”. Retomando a Williams (1992) cultura tem:

(...) uma gama de significados desde (I) um estado mental desenvolvido – como em “pessoa de cultura”, “pessoa culta”, passando por (II) os processos desse desenvolvimento – como em “interesses culturais”, “atividades culturais”, até (III) os meios desses processos - como em cultura considerada como “as artes” e “o trabalho intelectual do homem”. Em nossa época, (IV) é o sentido geral mais comum, embora todos eles sejam usuais. Ele coexiste, muitas vezes desconfortavelmente, com o uso antropológico e o amplo uso sociológico para indicar “modo de vida global” de determinado povo ou de algum outro grupo social. (Cf. WILLIAMS, 1992:11).

Além destas concepções ao redor do termo, o autor ainda afirma que cultura pode ser compreendida como o “resultado de formas precursoras de convergências de interesses”, [2] sendo duas as formas principais:

(a) ênfase no espírito formador de um modo de vida global, manifesto por todo o âmbito das atividades sociais, porém mais evidente em atividades “especificamente culturais” (...). E, (b) ênfase em uma ordem social global no seio da qual uma cultura especifica, quanto a estilo de arte e tipos de trabalho intelectual, é considerada produto direto ou indireto de uma ordem primordialmente constituída por outras atividades sociais. (Cf. WILLIAMS, 1992:11).

Dentro desta perspectiva da ênfase de uma ordem social global, também classificada como materialista, a cultura pode ser encarada “como um sistema de significados mediante o qual uma dada ordem social é comunicada, reproduzida, vivenciada e estudada” (Cf. WILLIAMS, 1992:13). Processo este, no qual, o ser humano é agente receptor, moderador e produtor, segundo Laraia (2005).

Entretanto, ao se inter-relacionar os sistemas econômico, político e geracionais, ou seja, de parentesco e família, descobre-se não só que cada um possui sua dinâmica e seu sistema de significações como são elementos de um sistema de significações maior, um sistema social (Cf. WILLIAMS, 1992:206). Por isto, cultura não inclui somente as artes e as formas de produção intelectual, mas todas as práticas significativas – “desde a linguagem, passando pelas artes e filosofia, até o jornalismo, moda e publicidade – que agora constituem esse campo complexo”. [3]

2. Cultura brasileira e regional

Para relacionar a cultura à realidade da sociedade brasileira, deve-se considerar o processo de formação e constituição de identidade cultural [4] no Brasil. Desde o decênio de 1940, pode se considerar a presença de uma série de atividades vinculadas a uma cultura popular de massa no Brasil, embora houvesse no contexto de um país recém pós-escravocrata e democrático republicano, expressões vanguardistas na década de 1920.

O movimento cultural, denominado de modernismo, propunha “a consolidação da ruptura com a tradição, com o academismo e com a valorização da arte nacional” (MORAES, S/d:02). Assim, “a produção modernista da década de 1920 distinguiu-se pela valorização das cores tropicais, pela liberdade na representação e também na escolha dos temas que englobava os personagens populares, incluindo o operário, o homem comum. Essa relação soava, segundo Moraes (S/d:03) como o “declínio da fé na modernidade” para alguns autores.

Sobre a cultura brasileira e a identidade nacional, faz-se necessária a menção de um fragmento do texto:

A cultura brasileira é múltipla e diversa, mas a “cultura brasileira”, que sustenta certa identidade nacional, é resultado da construção simbólica de sujeitos sociais definidos em um determinado tempo histórico. (...) onde no início a produção brasileira buscou inicialmente distinguir-se pela negação. Se ainda não se podia definir o que era ser brasileiro, sabia-se ao menos que ele não era português. O índio passou a ser valorizado em nosso romantismo nacional, como elemento distintivo, ainda que reconstruído, a partir de valores europeus. (Cf. MORAES, S/d:03-04).

Desta forma, percebe-se que nas décadas de 1930 e 40 existiu “um esforço por afastar o brasileiro comum da visão do “malandro”. Ele agora é o homem da fábrica, do trabalho”. Isso, porque há uma sensibilidade e também um “esforço político de um Estado que quer alcançar o homem comum e integrá-lo ao seu projeto” (MORAES, S/d:04).

É importante lembrar ainda, que a sociedade brasileira moderniza-se apenas após a Segunda Guerra Mundial em diferentes setores. Para Ortiz (2001:113), “se os anos 40 e 50 podem ser considerados como momentos de incipiência de uma sociedade de consumo, as décadas de 60 e 70 se definem pela consolidação de um mercado de bens culturais”. [5]

Essas evoluções recorrentes estão associadas às transformações estruturais nas quais perpassam a sociedade brasileira, pois as mudanças nos planos político e econômico com o crescimento do pólo industrial, do mercado interno de bens materiais e também do mercado de bens culturais se fortaleceram. Além disso, houve um grande volume de produção de bens culturais nos anos 60 e 70, diferente das décadas anteriores que atingiam uma pequena parcela da população.

E, desde então, começou a diversificar-se e conseqüentemente cobrir uma massa consumidora. A cultura regional, por sua vez, seguindo uma perspectiva mais abrangente, abarca todos os níveis de manifestações de uma determinada região que caracterizem sua realidade sociocultural. Manifestações que incluem as de caráter “erudito”, “popular” e “massivo”, uma vez que, todas vertentes estão historicamente entrelaçadas (OLIVEN, 1985; FADUL, 1976, Apud: JACKS, 2004).

Em relação à origem, é possível afirmar que a expressão cultura regional surgiu com o romantismo alemão. Segundo Burke (Apud: VIANNA, 1990:244), o filósofo Johann Gottfried Herder foi o responsável pela criação da idéia de cultura popular, nesse caso, considerando “a cultura como um todo formado pela música, dança, crendices, artesanato e outras manifestações artísticas”. [06]

Ao fazer um comparativo entre as chamadas cultura popular e cultura regional, é possível perceber que ambas estabelecem ícones como privilégios culturais em suas afirmações. De acordo com Larousse (Apud: OSTEMBERG, 2004:241), [07] cultura “abrange tudo e está em todos os aspectos da vida”. Assim sendo cultura vai além de ícones materiais ou imateriais. Para Maria Eunice Moreira (1982:09, Apud: JACKS, texto eletrônico) em se tratando de produção cultural:

Considerar-se-ia regional toda a obra que intencionalmente ou não, traduzisse peculiaridades locais de uma determinada região. Isto é, toda obra seria regional quando uma realidade particular ali estivesse representada, e “mais especificamente, porém, uma obra de arte, para ser regionalista, além de ser localizada numa região particular, deve refletir também os elementos ideológicos dessa realidade regional”. (JACKS, 2004, texto eletrônico).

Então, as culturas regionais, como tudo no âmbito da cultura, possuem elementos da tradição e da inovação, o que constitui a dinâmica cultural, que é de igual maneira dinâmica quanto à sociedade envolvente. Portanto, é possível perceber que a cultura pode ser entendida como um processo de desenvolvimento da mente que se utiliza de meios para se estabelecer, entre eles o jornalismo.

3. Jornalismo cultural

O jornalismo cultural pode ser conceituado como:

(...) os mais diversos produtos e discursos midiáticos orientados pelas características tradicionais do jornalismo (atualidade, universalidade, interesse, proximidade, difusão, objetividade, clareza, dinâmica, singularidade etc.) que ao pautar assuntos ligados ao campo cultural, instituem, refletem/projetam (outros) modos de pensar e viver dos receptores, efetuando assim uma forma de produção singular do conhecimento humano no meio social onde o mesmo é produzido, circula e é consumido (Cf. GADINI, 2004b:01, Apud: LOPES; FREIRE, 2007:02-03).

Segundo Basso (2006:03), o jornalismo cultural vai além da análise e da divulgação dos produtos da chamada cultura ilustrada (literatura, pintura, escultura, teatro, música, arquitetura, cinema), abrangendo ainda “a cultura popular, o comportamento social – formas de ser e se portar, e as ciências sociais, ajustadas em certa medida ao campo da produção jornalística”. Dessa forma nota-se a dicotômica atuação do jornalismo cultural, uma vez que, difunde e analisa criticamente as culturas e também formata uma manifestação do pensamento (BASSO, 2006).

Para Piza (2004:45), o jornalismo cultural deve ser “desprovido de utilidade prática imediata, precisa saber observar esse mercado sem preconceitos ideológicos, sem parcialidade política”. Contudo, o autor afirma também que devido ao fato do jornalismo cultural ter uma função, ele acaba selecionando aquilo que será reportado, influindo sobre os critérios de escolha dos leitores, fornecendo elementos e argumentos para sua opinião. “A imprensa cultural tem o dever do senso crítico, da avaliação de seus interesses, e o dever de olhar para as induções simbólicas e morais que o cidadão recebe” (Cf. PIZA, 2004:45).

No início, o fazer jornalístico advindo das escolas européias, apresentava-se de uma forma mais literária, preocupando-se com a estética, com a honestidade e com a lealdade, além da hierarquização das informações serem menos rígidas. Nesse contexto, assuntos de caráter cultural eram tratados de forma mais livre e recorrente.

Todavia, desde a década de 1950, no Brasil, institucionalizou-se o lide, a pirâmide invertida e a objetividade oriundos das escolas norte-americanas, impulsionando o factualismo, o imediatismo e a forma noticiosa de se fazer jornalismo.

A perspectiva histórica que está sendo levantada não perpassa por juízo de valor. Vale citar que as técnicas utilizadas para urdir estes textos foram criadas pela necessidade de se fazerem compreendidos.

Sendo assim, Gabriel García Marquez (Apud: MENDEL, 2002:20) [8] ao ser interrogado sobre a relação literatura e jornalismo responde: “o ideal seria que a poesia fosse cada vez mais informativa e o jornalismo cada vez mais poético. Um ideal que, como pode observar-se nos bons escritores do jornalismo moderno, parece haver-se cumprido.”

Assim o jornalismo não pode viver sem a consciência da literatura. Em contrapartida, a falta de espaço, o custo, o dead line (termo inglês para designar o fechamento do jornal) e a “competição” com os aparatos tecnológicos da informação (rádio, televisão e a Internet) culminaram na produção de matérias curtas e com informações superficiais.

Não obstante, alguns veículos aumentaram a publicação de assuntos relacionados à cultura, entretanto, sob a perspectiva da indústria cultural com a exploração do chamado agendismo e dos serviços (a respeito da agenda cultural, algumas expressões e opiniões sobre espetáculos, livros e filmes).

Dentro desta conjuntura, o jornalismo cultural se desenvolve em veículos temáticos. No ambiente impresso, que constitui a proposta deste artigo, o jornalismo cultural encontra-se em jornais e revistas de circulação com intervalos intermitentes, nos quais as informações são urdidas e trabalhadas a partir de um crivo crítico-opinativo que pode ser produzido tanto por um jornalista quanto por um colaborador. Os veículos possuem características discrepantes e, segundo Alexander Goulart:

Os veículos são diferentes, atingem o público de formas diferenciadas. A recepção muda, também existem peculiaridades na produção e emissão dos conteúdos: isso inclui a pauta, linguagem, apresentação visual, inclui todo o processo de circulação da informação até chegar ao destinatário (GOULART, 2006, texto eletrônico).

O jornalismo de revista, segundo Cremilda Medina (1988, Apud: BOSSA, 2006:07) e feito como “forma de conhecimento”, pois a abordagem tende a ser aprofundada e assim “a notícia se transforma em história”. Com isso a “atualidade passa ser considerada em contemporaneidade”. O tratamento dado ao texto publicado está ligado também à questão da periodicidade.

Caso a revista seja mensal, o jornalista terá mais tempo para uma apuração mais minuciosa. Segundo Garcia Márquez (Apud: GOULART, 2006), [9] "a melhor notícia não é a que se dá primeiro, mas a que se dá melhor". E, compreendendo “que só através do aprofundamento o jornalismo poderá cumprir o seu verdadeiro e legítimo papel de colocar-se a serviço da sociedade, esta seria a verdadeira liberdade de imprensa (...)” (CAMPOS, 2003, texto eletrônico).

4. Continente e Bravo! – uma identificação das expressões da cultura brasileira

A revista Continente teve sua primeira edição publicada em dezembro de 2000

Editada mensalmente, o veículo tem sua circulação centralizada nos estados do nordeste e em São Paulo. Trata-se de uma revista temática sobre cultura, subsidiada pelo governo de Pernambuco, cujas pautas referem-se à brasilidade a partir da identidade cultural pernambucana, que seria uma parte do todo.

Um detalhe que chama atenção na revista é o fato das editorias do veículo não possuírem nomes fixos, com exceção das seções “Conexão”, “Entrevista”, “Matéria Corrida” e “Saída”. Apesar da nomenclatura variável, é possível perceber que os temas sempre girar em torno das artes (música, literatura, cinema e fotografia).


Contudo, Continente dá preferência aos assuntos que expressem [10] a cultura nordestina, em especial, a do estado de Pernambuco.

Já a revista Bravo! é uma publicação mensal de circulação nacional criada em 1997, por Luiz Felipe D’Ávila, mas desde 2004 é administrada pela Editora Abril. O veículo traz informações sobre a produção cultural brasileira, grandes espetáculos e lançamentos das artes (cinema, teatro, literatura, artes plásticas etc.) com uma análise, dita independente, dos valores e interesses mercadológicos. Embora se paute em assuntos da indústria cultural, a revista busca manter as características do jornalismo cultural.

Com o fechamento da Editora D’Ávila, em 2004, a Bravo! passou a ser gerida pela Editora Abril, que deu continuidade ao projeto de forma a valorizar as agendas culturais em detrimento da reflexão em torno da cultura. Naquele ano, Marília Scalzo, coordenadora do Curso Abril de Jornalismo, pronunciou-se a respeito da mudança no perfil da Bravo! da seguinte forma: “A Bravo! quer hoje ser um pouco mais acessível do que já foi, sem perder a profundidade e a maneira séria como trata os assuntos. Para manter qualquer revista segmentada e de pequena circulação, é necessário ter um modelo de negócios que a torne rentável.

A revista Bravo! diferencia-se da Continente por ter editorias com nomes fixos, nas quais os assuntos culturais são divididos em: música, literatura, cinema, artes plásticas, teatro e dança. Vale ressaltar que todas as editorias contam com o serviço de agenda, resenhas e críticas.

Há ainda o espaço chamado “Seções”, no qual a revista faz algumas compartimentações, como a “Carta do Editor” de Bravo!, “Cartas” (enviadas pelos leitores), “Primeira Fila”, “Site” e “Ficção Inédita”. Com o objetivo de investigar como a cultura brasileira é tratada nas revistas, foram escolhidas e analisadas as edições 106 e 107 da revista Continente e as edições 146 e 147 da Bravo!, publicadas nos meses de outubro e novembro do ano de 2009. A escolha das edições se deu de forma ocasional, contudo, as seções selecionadas para a análise foram escolhidas de acordo com o seu conteúdo. O critério utilizado foi que o texto deveria conter informações que tivessem relação com a produção cultural no Brasil.

A edição 106 de Continente apresentou uma entrevista com Newton Moreno (dramaturgo pernambucano, mestre em artes cênicas pela USP), que, segundo a revista, é “um dos dramaturgos mais festejados da cena teatral brasileira”. A matéria escrita pelo jornalista e poeta Astier Basílio, enquadra-se no gênero de texto descritivo, pois, na introdução, apresenta informações sobre a sede da companhia de teatro, fazendo um convite ao leitor.

O assunto principal da entrevista é o espetáculo “Memória de cana” (Newton Moreno), que atrela a obra de Nelson Rodrigues (“Álbum de família”) às concepções de Gilberto Freyre sobre a família brasileira (“Casa Grande & Senzala”). Segundo Moreno, a peça é um “casamento póstumo” [11] entre Nelson Rodrigues e Gilberto Freyre, considerados “dois grandes intérpretes do Brasil, reunidos pelo tema família brasileira”. [12] A cultura brasileira é expressa no espetáculo, segundo a entrevista, como as questões de “nossa formação e de nossas cicatrizes como nação”. [13]

Segundo Rocha (2003:36), na tentativa de situar o cinema brasileiro como expressão cultural, afirma que o cinema autoral: “o cinema, em qualquer momento da sua história universal, só é maior na medida dos seus autores. (...) A política de um autor moderno é uma política revolucionária: nos tempos de hoje nem é mesmo necessário adjetivar um autor como revolucionário, porque a condição de um autor é um substantivo totalizante”.

Este procedimento metodológico é denominado „método autor‟.
Para a concepção da linguagem do espetáculo os atores, todos de educação nordestina com exceção de uma paulista, precisaram buscar suas próprias memórias familiares - “os sons, aromas, narrativas” [14] - para representarem uma família, nesse caso a família brasileira.

A matéria, ao citar a peça Memória Cana na entrevista, tem relevância como expressão da cultura brasileira, pois a peça traz manifestações da cultura brasileira nordestina, remetendo-se também à brasilidade no sentido da miscigenação racial e apresentando as relações étnicas - sociais formadoras do Brasil. Uma vez que a nordestinidade, entendida como cultura regional, tem a característica de apresentar a realidade sociocultural. Desta forma quando o dramaturgo faz a relação da família da peça com a família brasileira, ele abarca as concepções da estrutura socioeconômico cultural do país, concebendo a ideia de que os sistemas, sejam eles econômico, político e de parentesco, são elementos constitutivos de um sistema maior: o social (WILLIAMS, 1992).

O segundo material analisado da edição 106 de Continente foi a matéria de capa sobre a cinematografia pernambucana dentro de uma perspectiva qualitativa sobre a produção de cinema. O próprio título sugere: “Fábrica de cinema - Nunca se produziu tanto filme em Pernambuco”. A matéria é subdividida em duas partes, sendo “Cinema Safra recorde” (que se refere ao número e títulos de produção) e “Longa-metragem – Passagem afetiva pelo (do) sertão”.

Na primeira matéria o questionamento sobre a validação do cinema brasileiro pela perspectiva do estrangeiro, expressando a partir do pressuposto (que inclusive é a abordado na segunda matéria) que o cinema autoral [15] permite uma viagem de “descobrimento capaz de reforçar identidades e, sobretudo, de possibilitar o acesso a diferentes povos e culturas dispersos pelo mundo”. [16]

As produções cinematográficas elencadas pela revista podem ser consideradas como expressão da cultura regional. Segundo Jacks (2004), se a obra traduz e representa particularidades, agregando elementos ideológicos de uma região, dever ser considerada como uma expressão de cultura regional. A edição de número 107, referente ao mês de novembro de 2009, coincide com o cinqüentenário da morte de Villa-Lobos. A edição faz uma homenagem ao compositor, trazendo uma matéria especial (“Heitor Villa-Lobos – Criador”,que foi além da estética nacionalista, e “Concertos - As óperas esquecidas do maior compositor brasileiro”) que retrata o erudito compositor e sua contribuição para a projeção internacional da música erudita brasileira e a ascensão do folclore e da música popular brasileira.

A primeira parte da matéria abarca questões como o “folclorismo" e brasilidade do compositor. Percebe-se que a cultura é pautada dentro de uma perspectiva descritiva, referenciando um importante compositor da música brasileira. Sendo assim, a cultura brasileira, na forma que foi veiculada, pode ser enquadrada dentro do conceito de Williams (1992), que afirma que o trabalho intelectual do homem pode ser considerado cultura. As obras de Villa-Lobos são influenciadas, segundo a matéria, por questões advindas de movimentos socioculturais (modernismo, nacionalismo, socialismo, realismo e esquerdismo econômico).

A segunda parte da matéria perpassa o formato "agendismo" do jornalismo cultural. Além de trazer informações sobre o compositor como obras, operas, e criações, no final, há um texto sobre a possível gravação de um DVDque documente a produção de concertos promovidos pelo Palácio das Artes, de Belo Horizonte, e que permita também a circulação das obras de Villa-Lobos.

Há ainda um artigo referente ao compositor que traz informações sobre o livro: "Visão do Paraíso: Os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil", de Sergio Buarque de Holanda. O texto restringe-se à parte do livro, no qual, Sergio Buarque (1959) refere-se ao compositor Villa-Lobos. Dessa forma, a cultura é percebida como um fator de mudanças, ou seja, o caráter político da arte, pois as obras são produtos do somatório de fatores políticos e culturais. Sendo assim as obras de Villa-Lobos, segundo o texto, acabam reforçando a estereotipia edênica da cultura brasileira.

O segundo material da edição 107 da revista Continente que foi analisado refere-se a uma entrevista com Moacir dos Anjos, 46 anos, pernambucano, curador da Bienal de São Paulo, que apresenta a questão revolucionária da arte, no sentido do poder de mudança. A arte, segundo o entrevistado, não só tem potencia política, com também tem um “caráter irredutível a outros campos do conhecimento”. [17] Ele elucida ainda a idéia valendo-se de citações de personagens de Godard, como “cultura é regra, e arte, exceção”. [18] O curador afirma que a arte assemelha-se diretamente com a política em seu sentido mais amplo: “o poder de afetar nossa experiência sensorial diante do que existe e, dessa forma, nossa maneira de entender o mundo”. [19]

A entrevista, além de reforçar informações sobre a Bienal de Arte de São Paulo, fala sobre a importância da política para a arte e da nomeação de Moacir dos Anjos (um pernambucano) para ser o curador de um dos eventos de arte mais importante do país. Logo, além da valorização do profissional, há também de certa forma uma promoção da cultura regional pernambucana, uma vez que, ainda que Moacir seja um profissional renomado, vale ressaltar que toda concepção de mundo perpassa pela óptica cultural regional.

Além de a cultura ao ser conceituada como tudo que é produzido pelo ser humano e tem a capacidade de representá-lo, sendo assim, pode-se afirmar que a entrevista expressa símbolos de manifestações culturais ao relacionar o papel da arte como agente transformador de experiências sensoriais diante do que já existe, e assim modificar a concepção de mundo. Vale lembrar que Sodré (1974) afirma que cultura pode ser entendida como um conjunto de formas de vida espiritual da sociedade.

Já a edição 147 da revista Bravo!, publicada em outubro de 2009, trouxe como destaque uma entrevista com a cantora baiana Maria Bethânia. Dando ênfase ao CD “Encanteira”, um dos últimos lançamentos da cantora, o produto é composto por sambas e toadas de orixás, ritmos musicais afro-descendentes, que remetem a um dos elementos que deram origem à cultura brasileira.

A revista destaca que Maria Bethânia utilizou em várias das faixas do CD, elementos do Candomblé (religião da qual é praticante). É possível dizer que a entrevista com a cantora acabou reforçando o chamado jornalismo de serviço, além de mostrar claramente o direcionamento mercadológico dado ao tema, visto que a cantora está lançando dois novos CDs.

Esta característica fica clara ao se analisar a superficialidade da entrevista em relação à vida da artista e do processo de construção dos álbuns, considerando-se que vários temas poderiam ser abordados, já que, Maria Bethânia, personifica uma expressão da cultura brasileira. Vale lembrar que ela faz parte, desde os anos de 1960, de movimentos culturais no Brasil, além de ser um dos expoentes da música popular brasileira.

A edição 147 de Bravo! trouxe uma reportagem com o escritor brasileiro Rubem Fonseca. Sob o título “O personagem Rubem Fonseca”, a revista revela que o material demorou cerca de dois meses para ser finalizado, pois o escritor não concede entrevista para veículos de comunicação.

Alguns dados foram revistos, e encaminhados por e-mail ao próprio Rubem Fonseca (apenas informações e não o texto) para que ele confirmasse a veracidade. A reportagem trouxe ainda a informação de que o escritor é um dos autores brasileiros mais estudados fora do Brasil. Sua temática segue a linha de romance policial e a construção dos personagens e da narrativa é inspirada no próprio autor, o que, segundo a revista, facilita uma compreensão tanto da obra quanto do escritor.

A reportagem torna-se relevante enquanto expressão cultural, por ser uma representante da linguagem e da literatura, consideradas como manifestações da formação cultural de um povo. Segundo Basso (2006), esse material poderia ser classificado como produto da chamada cultura ilustrada. Por outro lado, a reportagem, apesar de trazer um perfil aprofundado do escritor, deixa clara a questão do lançamento editorial. O texto destaca a mais nova obra de Rubem Fonseca: “O Seminarista”.

Para finalizar, a edição 147 apresentou uma entrevista com a escritora americana Joan Didion que escreveu o livro “O ano do pensamento mágico”, obra que serviu de inspiração para a montagem de uma peça brasileira homônima. Durante a entrevista, a escritora diz que: “o problema é que a vida não tem compromisso com a verossimilhança. Apenas os escritores têm”. [20]

A peça, inspirada em sua vida pessoal, conta a história de uma mulher que perde o marido vitima de um infarto enquanto a filha estava em coma. É interessante perceber que, apesar de ser norte-americana, a escritora está sujeita às mesmas adversidades que um indivíduo brasileiro.

Transcrevendo Lovejoy citado por Clifford Geertz: “O cenário (em períodos e locais diferentes) é alterado, de fato, os atores mudam a sua indumentária e aparência; mas os seus movimentos internos surgem dos mesmos desejos e paixões dos homens e produzem seus efeitos nas vicissitudes dos reinos e dos povos” (LOVEJOY, Apud: GEERTZ, 1989:46). Logo, os períodos históricos se passam e acontecem transformações sociais e mudanças de paradigmas, mas o homem continua possuindo desejos, paixões e anseios etc.

Relembrando que a cultura é tudo que é produzido pelo ser humano e que pode representá-lo e que o termo cultura é produto do contato, das relações sociais, ou seja, da comunicação, um espetáculo baseado nas tragédias vividas por uma norte-americana gera interesse em um público brasileiro.

Um espetáculo brasileiro, apesar de ser baseado em uma obra estrangeira, tem muito a agregar para a cultura nacional na medida em que apresenta elementos ditos culturais, procurando reforçar também as características humanas. Segundo Siqueira (2007:111) a cultura é a característica que une os seres humanos, mesmo que estes pertençam a nacionalidades diferentes. “Ou seja, somos diferentes e é justamente essa diferença na forma de ser, pensar, existir, agir e simbolizar que nos torna iguais”.

5. Considerações finais

O artigo trabalhou com veículos impressos culturais, as revistas Continente e Bravo! que apresentam análises e reflexões oportunas sobre diferentes produções culturais. As entrevistas, com pessoas envolvidas com produção cultural, são capazes de exprimir características da cultura, no sentido de trazer representações das particularidades do modo brasileiro de ser e estar no mundo.

Sem dúvida alguma, é possível afirmar que as revistas retratam a cultura brasileira, levando-se em consideração os diferentes conceitos aqui já expostos. Embora apresentem abordagens diferentes, ambas referem-se à brasilidade seja por meio de uma perspectiva particular (regionalidade), seja por meio de uma perspectiva de totalidade (Brasil). Isso se reflete tanto na escolha de pautas, quanto no modo com que as revistas constroem os acontecimentos.

Portanto, a Continente segue uma perspectiva endógena, ou seja, a brasilidade para o brasileiro, principalmente o brasileiro nordestino, a revista Bravo!, por sua vez, refere-se à brasilidade sob um ponto de vista exógeno, tal como uma projeção da brasilidade para o mundo.

Pode-se dizer que esse fenômeno acontece em virtude do mercado e do financiamento das revistas. Na Continente a escolha das pautas e dos personagens remete-se sempre a cultura regional, porque é uma forma de divulgar, promover e valorizar a cultura pernambucana, pois o veiculo é subsidiado pelo governo de Estado. Enquanto a Bravo! acompanha as tendências e exigências do mercado cultural brasileiro, gravadoras, anunciantes sobretudo, do eixo Rio-São Paulo.


NOTAS

[1] Teixeira, N. “Impacto da internet sobre a natureza do Jornalismo Cultural”. S/r, S/d. Disponível em: http://www.fca.pucminas.br/hipertexto/n_teixeira.doc. Acesso em: 18 dez. 2009.

[2] WILLIAMS, R. Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

[3] Idem, p. 13.

[4] A expressão identidade segundo Maia (2005:117, Apud: GULBERG, 1998:136) pode ser entendida “como um conjunto de características comuns com o qual grupos humanos se identificam (e este termo alude ao processo psicológico de interiorização de traços e características sociais que se internalizam e passam a constituir os elementos diferenciadores de uns a respeito de outros), estabelece hábitos, ‘naturaliza’ comportamentos”.

[5] ORTIZ, R. A moderna tradição brasileira: cultura brasileira e indústria cultural. São Paulo: Brasiliense, 2001. 5ª Ed.

[6] OSTEMBERG, R. “Expressão: nomes da cultura sul-matogrossense – a cultura regional sul-matogrossense”. S/r, S/d. Disponível em: http://www.ostemberg.photografic.com.br/?p=310. Acesso em: 15 mar. 2010.

[7] Idem.

[8] MENDEL, M. A. V. “Discurso literário e discurso jornalístico: convergências e divergências”. In: CASTRO, G.; GALENO, A. Jornalismo e literatura: a sedução da palavra. São Paulo: Escrituras Editora, 2002. (Coleção Ensaios Transversais).

[9] Texto eletrônico: GOULART, A. “Uma lupa sobre o jornalismo de revista”. S/r, S/d. Disponível em: http://www.observatorio.ultimosegundo.ig.com.br. Acesso em: 5 set. 2009.

[10] Aqui o termo expressão pode ser entendido como representação e/ou manifestação.

[11] BASÍLIO, Ar. Continente, Ed. 106, 2009, p. 10.

[12] Idem, p. 8.

[13] Idem.

[14] Idem, p. 10.

[15] Segundo Rocha (2003:36), na tentativa de situar o cinema brasileiro como expressão cultural, afirma que o cinema autoral: “o cinema, em qualquer momento da sua história universal, só é maior na medida dos seus autores. (...) A política de um autor moderno é uma política revolucionária: nos tempos de hoje nem é mesmo necessário adjetivar um autor como revolucionário, porque a condição de um autor é um substantivo totalizante”. Este procedimento metodológico é denominado ‘método autor’.

[16] COSTA, M. Continente, Ed. 106, p. 28.

[17] Idem, p. 8

[18] Ibidem.

[19] Idem, p. 9.

[20] ANTENORE, A. Bravo!, Ed. 147, p. 21.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BASSO, E. F. C. “Revista Senhor: jornalismo cultural na imprensa brasileira”. S/r, S/d. Disponivel em: http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_Basso.pdf. Acesso em: 5 set. 2009.

CAMPOS, P. C. “A entrevista no jornalismo literário avançado”. S/r, S/d. Disponível em: http://webmail.faac.unesp.br/~pcampos/AEntrevistanoJLA.htm. Acesso em: 5 set. 2009.

CASTRO, G.; GALENO, A. Jornalismo e literatura: a sedução da palavra. São Paulo: Escrituras Editora, 2002. (Coleção Ensaios Transversais).

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.

GOULART, A. “Uma lupa sobre o jornalismo de revista”. S/r, S/d. Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=388DAC001. Acesso em: 5 set. 2009.

JACKS, N. “Mídia nativa: indústria cultural e cultura regional”. S/r, S/d. Disponível em: http://bocc.ubi.pt/pag/jacks-nilda-midia-nativa.html. Acesso em: 17 nov. 2009.

LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

LOPES, D.; FREIRE, M. “O jornalismo cultural além da crítica: um estudo das reportagens na revista Raiz”. S/r, S/d. Disponível em: http://bocc.ubi.pt/pag/lopez-debora-freire-marcelo-jornalismo-cultural.pdf. Acesso em: 10 out. 2009.

MAIA, A. C. “Diversidade cultural, identidade nacional brasileira e patriotismo constitucional”. In: LOPES, A. H.; CALABRE, L. (Org.). Diversidade cultural brasileira. Rio de Janeiro: Fund. Casa de Rui Barbosa, 2005.

MORAES, S. “Cultura brasileira e identidade nacional: uma leitura sobre o modernismo”. S/r, S/d. Disponível em: http://www.republicacenica.com.br/downloads/ textos/textosonia.pdf. Acesso em: 17 nov. 2009.

ORTIZ, R. A moderna tradição brasileira: cultura brasileira e indústria cultural. São Paulo: Brasiliense, 2001. 5ª Ed.

OSTEMBERG, R. “Expressão: nomes da cultura sul-matogrossense – A cultura regional sul-matogrossense”. S/r, S/d. Disponível em: http://www.ostemberg.photografic.com.br/?p=310. Acesso em: 15 mar. 2010.

PIZA, D. Jornalismo cultural. São Paulo: Contexto, 2004. 2ª Ed.

SIQUEIRA, D. C. O.; SIQUEIRA, E. D. “A cultura no jornalismo cultural”. In:
XXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom, Núcleo de Pesquisa de Jornalismo, Porto Alegre/RS, 2004.

SODRÉ, N. W. Síntese de história da cultura brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.

TEIXEIRA, N. “Impacto da internet sobre a natureza do jornalismo cultural”. S/r, S/d. Disponível em: http://www.fca.pucminas.br/hipertexto/n_teixeira.doc. Acesso em: 18 dez. 2009.

WILLIAM, R. Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.


*Ana Carolina Costa dos Anjos, Lorena Dias de Souza e Patrícia Ströher são graduandas do curso de jornalismo da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Liana Vidigal Rocha é doutora em ciências da comunicação pela ECA/USP e professora-adjunta do curso de jornalismo da UFT.

 

 







Revista PJ:Br - Jornalismo Brasileiro | ISSN 1806-2776 | Edição 13 | Outubro | 2010
Ombudsman: opine sobre a revista