Outubro de 2010
Publicação Acadêmica de Estudos sobre Jornalismo e Comunicação ISSN 1806-2776
 
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DOSSIÊ: 60 ANOS DA TV BRASILEIRA

"Jornal Nacional":
O impacto da imagem na construção da notícia

Por Thales Alves Aguiar*

RESUMO

Muitas das matérias veiculadas no “Jornal Nacional” têm imagens impactantes, com cenas fortes de emoções: choro, raiva, brigas, sorrisos, sentimento de vitória, de perda, entre outras. As imagens e mensagens influem na forma de socialização, das relações de convivências entre diferentes gerações.

A imagem assimilada no noticiário é muitas vezes uma construção do marketing comercial e institucional do programa “Jornal Nacional”.

Reprodução

Para a análise do artigo foi utilizado de forma aleatória como objeto de estudo uma matéria suitada produzida pelo repórter Ricardo Mendes que tem como título: "A sequestradora da filha de Silvio Santos". A metodologia utilizada foi feita através de análise descritiva e aleatória da notícia, desenvolvida através de referenciais teóricos voltados para as diversas teorias da comunicação especialmente as que englobam a recepção dos telespectadores.

Os resultados obtidos mostram claramente que imagem e narrativa formam uma combinação perfeita para a espetacularização de uma notícia, mas antes de tudo é preciso entender que todo o composto midiático é formado por uma técnica que há anos a Rede Globo vem trabalhando para conseguir uma excelência na sua audiência e identidade.

PALAVRAS-CHAVE: Imagem / Construção da Notícia / Telejornalismo

Clique aqui Clique no ícone para ver a reportagem

1. Introdução

De acordo com o livro “Aprender Telejornalismo”, de Sebastião Squirra, a importância da imagem na construção da notícia no capítulo intitulado de linguagem televisual, o autor faz uma retrospectiva histórica do surgimento do cinema, das imagens em movimento e a revolução que a considerada sétima arte trouxe aos meios de comunicação.

Vale lembrar que, na sua evolução, os homens utilizaram a linguagem visual para comunicarem-se uns com os outros antes mesmo do desenvolvimento da técnica da língua falada. O homem é um ser extremamente visual e em sua porcentagem menor auditivo.

Voltando à ideia do cinema, das imagens em movimento, na segunda guerra mundial, os nazi-fascistas utilizaram dessa fabulosa ferramenta para promover e divulgar suas ideologias arianas. Foi neste contexto que também a publicidade tomou um ponto forte para defender e ampliar as estratégias do governo norte-americano.

Como exemplos no campo da formação (das imagens) dos lugares, podemos dizer que as demais coisas que compõem a vida neste planeta (pessoas, áreas do conhecimento), estão também submetidas em maior ou menor grau a um processo semelhante de montagem na "construção de sua imagem” pela televisão.

Sucessões e variações de imagens na notícia telejornalística atraem as pessoas e as despertam para o novo, é como querer participar de toda ação ficcional que nos mostra a notícia. Sebastião afirma que é fundamental o telejornalista ter todo o conhecimento da prática e da técnica das montagens e das junções das imagens no tele-noticiário:

É fundamental que o telejornalista domine o processo da comunicação com as imagens em movimento e com todos os seus elementos expressivos, tais como o som, a iluminação e o cenário. (...) esses elementos torna concreta a intenção de comunicar algum fato para os telespectadores. (Cf. SQUIRRA, 1993:135).

O estudo passa pelas possibilidades semânticas da imagem em movimento. É bom entender que o processo da imagem na notícia caminha sempre junto com a imagem fonética auditiva. Os sons e a imagem formam um casamento perfeito para o entendimento da matéria. Nesse complexo processo de notícia a técnica é fundamental e o autor esclarece como os códigos desenvolvidos e hoje aproveitados no cinema são aproveitados na televisão.

Planos de enquadramento, movimentos óticos e mecânicos das câmeras de filmagens, combinam os movimentos e formam a notícia. O grau de credibilidade das imagens veiculadas num telejornal, portanto, é resultado de um processo complexo, no qual perpassa a natureza da imagem obtida por procedimentos mecânicos ou eletrônicos, a característica de atualidade das imagens televisivas e o compromisso com a verdade assumido pelos meios de comunicação de notícias.

Mas esta credibilidade não se ampara somente neste tripé, mas penetra a própria linguagem com a qual os telejornais são montados. As formas de "sedução" e manutenção do espectador utilizado nos programas ficcionais, tais como novelas, seriados ou filmes, problematizando as fronteiras entre estes gêneros de produção audiovisual, bem como os critérios e formas de se expor algo que é real e verdadeiro tem a reportagem feita nos moldes da narrativa ficcional, que ao estruturar-se como história mantém o espectador frente à telinha até seu desenrolar, que neste caso é ao mesmo tempo poético.

O processo de criação destes meios de comunicação, que usa o movimento, a cor, o som e a variação do espaço como recurso linguístico, influencia decididamente a forma de redigir uma história para o veículo. (...) a televisão exige cortes na ação dramática para os intervalos (e isso influencia na narrativa). (Cf. SQUIRRA, 1993:63).

2. Imagem e recepção

Nas discussões que se complementam sobre a televisão, tem primado o assunto que coloca a possibilidade de iniciativa do produtor, considerando o receptor como passivo e alienado, como quase inerte por não apresentar capacidade de resistência. Um bom número de pesquisas, no entanto, tem questionado esse posicionamento, convidando-nos a pensar a recepção como processo que não pode ser reduzido à reprodução, pois se apresenta permeado de mediações que acabam por estabelecer uma negociação de sentido, uma interatividade, um jogo entre o que foi produzido e a recepção.

Nesses estudos devemos levar em conta todos os estudos comunicacionais da América Latina os recursos tecnológicos na TV, a linguística e todo o processo cognitivo e social do ser humano. Os diferentes tipos de mediação, como a mediação tecnológica, o telespectador frente à programação, a mediação cognitiva, a mediação situacional, a mediação institucional e a mediação de referência. Cada uma delas engloba fatores distintos que faz com que a forma e o modo como as pessoas interagem com a televisão influenciem nos fatores externos e sociais do ambiente.

Desde a perspectiva sociológica, a questão que norteia os estudos sobre a socialização é aquela referente ao conhecimento sobre o processo no qual o mundo social entra a fazer parte do mundo individual; ou seja, trata-se do conhecimento sobre o processo que transforma a predisposição à sociabilidade em sociabilidade de fato. O interesse por esse processo tem como pressuposto a consciência de que, ao nascer, os indivíduos se deparam com um conjunto social que precede (como organização objetiva e subjetiva) à chegada de cada um de seus futuros membros.

A mediação situacional que mostra a diferença entre estar em companhia de outros telespectadores e estar sozinho, na solidão do espaço midiático. Estar junto implica em conversar sobre determinado tema, ou assunto que as pessoas estão acompanhando pela TV, consequentemente elas podem ter certo distanciamento e certa rejeição sobre determinado tema ou programação. Já no caso de estar sozinho não se tem opinião de outros, isso pode ser determinante no fator da mediação entre a pessoa e a televisão.

No campo específico do jornalismo a sua expressão para o impresso e televisão, essas diferenças persistem, e em muitos casos são até aguçadas pelos princípios de comunicar de cada um desses veículos. A objetividade, pedra fundamental do processo narrativo do telejornalismo visual, determina boa parte desta distinção entre os dois veículos. Este "mecanismo" de afetivação da informação é o mesmo se tomar cada uma das pequenas sequências em imagens e palavras no interior da reportagem.

Ele já é utilizado em praticamente todos os produtos televisivos, dos comerciais aos programas esportivos, passando pelas novelas e chegando mesmo a alguns documentários, e nos dias que correm têm se tornado hegemônico no telejornal. Nele a mensagem, a informação, é apresentada em forma de uma história causal, cujo final é resultante dos "fatos" em imagens e sons que foram apresentados anteriormente.

É nos cortes que os sentidos se agrupam, pois é neles que se aproximam as imagens que estamos vendo e as nossas memórias acerca daquilo que estamos acompanhando.

Dito isto, é de se esperar que os sentidos dados às reportagens sejam bastante distintos entre os espectadores, uma vez que as memórias pessoais variam muito. Para evitar isto, a função essencial das palavras dita pelo repórter é não somente dar inteligibilidade às imagens exibidas, mas fazê-las inteligíveis, umas coladas às outras, de modo que vão sendo evitados outros sentidos que poderiam se colar a elas ou a algumas delas em especial. Amarrando umas nas outras elas se explicam umas às outras, tendo como referentes o texto falado pelo repórter e as imagens que as antecedem e sucedem na reportagem.

Esta reportagem em forma de história construída com imagens e sons será como uma moldura a guardar a mensagem e a separá-la e distinguí-la das demais coisas que temos em nossa memória, facilitando assim o nosso acesso futuro a esta mensagem.

Esta será acessada por nós assim que rememorarmos algumas das imagens e palavras vistas e ouvidas durante a reportagem. “O tempo da notícia no telejornalismo depende sempre da importância jornalística do assunto. Mas também da qualidade das imagens. A qualidade das imagens tem forte peso na televisão” (Cf. SQUIRRA, 1993:97).

3. Análise de reportagem e o shownalismo

Analisaremos a seguir uma matéria produzida no ano de 2001 pelo “JN” onde a narrativa descreve a prisão da sequestradora que manteve a filha de Silvio Santos refém na sua casa. Uma matéria suitada pelo repórter Ricardo Mendes, da TV Bahia/Globo.

Sequência 01
Sequência 02
Sequência 03
Sequência 04
Imagem 1
Primeiro Off: “Desde a chegada a Bom Jesus da Lapa na Bahia, Luciana dos Santos alternava períodos em que se mostrava (01) arrependida, de cabeça baixa, (02) nervosa, (03) chorando, e em outros em que (04) demonstrava segurança".
Tempo: 0'13"
Quadro 1.


Sequência 01
Sequência 02
  imagem 2
SONORA - Luciana (Sequestradora): “Quando eu fiquei sabendo do sequestro (01) já tava tudo organizado (2)".
Tempo: 0'03"
Quadro 2.


Sequência 01
Sequência 02
Sequência 03
Sequência 04
Imagem 1
Segundo Off:

“Ela seria transferida ainda ontem para Salvador, (01) mas anoiteceu e o piloto não teve permissão para decolar; (02) levada de volta à delegacia (03) Luciana deu entrevista exclusiva para nossa equipe (04)".

Tempo: 0'12"
Quadro 3.


Entrevista dentro da reportagem
Sequência 01
Sequência 02
Sequência 03
Sequência 04
Imagem 1
SONORA - Luciana (Sequestradora): “Quando eu fui me envolver nisso com o Fernando, tá entendendo, já tava muito em cima, eles já tinham tudo, eu não participei, eu não vi arma, eu não conheço , a única arma que eu vi foi aquele 38 que tava dentro daquele livro (01), não tenho dinheiro nem para pagar um advogado (02). Eu lamento, eu lamento e me arrependo também, né” (...).

PERGUNTA REPÓRTER : “E pra sua filha de cinco anos, o que você tem pra dizer?” (03)

RESPOSTA LUCIANA: “Eu amo minha filha, eu amo, eu amo minha filha!”

PERGUNTA REPÓRTER: “Que exemplo você acha que tá dando pra ela?”

RESPOSTA LUCIANA: “Nenhum, o pior (04)".
Tempo: 0'33"
Quadro 4.


Sequência 01
Sequência 02
Sequência 03
Sequência 04
Imagem 1
Terceiro Off: “No depoimento de duas horas a polícia, (01) o número de sequestradores era outro, cinco, (02) incluindo Marcos que está foragido (03). Outra contradição, Luciana disse que não teve mais contato com a quadrilha depois do pagamento do resgate (04)".
Tempo: 0'15"
Quadro 5.


Sequência 01
  imagem 2
SONORA - Luciana (Sequestradora): “Ligava pro celular do Esdra, aí foi a hora que a polícia pegou e atendeu, né, e pegou e falou que não era o Esdra, né! (01)". [sic]
Tempo: 0'08"
Quadro 6.

Sequência 01
Sequência 02
Sequência 03
Sequência 04
Imagem 1
Quarto Off: “De manhã, já dentro do avião (01) que a levaria a Salvador (02), ela contou que conversou com Esdras, (03) irmão de Fernando, e ele mandou que ela fugisse (04)".
Tempo: 0'09"
Quadro 7.


Sequência 01
Sequência 02
  imagem 2
Quinto Off: “A viagem foi tumultuada, (01) Luciana chorou e rezou por mais de quarenta minutos (2)".
Tempo: 0'06"
Quadro 8.


Sequência 01
Sequência 02
  imagem 2
Som Ambiente: “Luciana chorando, murmurando (01) e lendo a Bíblia (2)".
Tempo: 0'10"
Quadro 9.


Sequência 01
Sequência 02
  imagem 2
Sexto Off: “Depois pediu para passar batom, (01) e convenceu o delegado a não algemá-la (2)".
Tempo: 0'04"
Quadro 10.


Sequência 01
Sequência 02
  imagem 2
SONORA - Luciana (Sequestradora):
(Chorando)
“Eu não sou bandida, eu não matei, eu não roubei, (01) eu não apontei arma, eu não usei drogas, eu não fui uma ameaça pra ninguém (2)".
Tempo: 0'11"
Quadro 11.


Sequência 01
  imagem 2
Sétimo Off: “Na chegada a Salvador...".
Tempo: 0'02"
Quadro 12.


Sequência 01
  imagem 2
Som Ambiente: “Tumulto".
Tempo: 0'04"
Quadro 13.


Sequência 01
Sequência 02
Sequência 03
  imagem 2
Oitavo Off: “Luciana foi levada para o Departamento de Polícia do interior, (01) em entrevista, ela falou do sequestro (02) e contou uma história impossível de se acreditar (3)".
Tempo: 0'09"
Quadro 14.


Sequência 01
Sequência 02
Sequência 03
Sequência 04
Imagem 1
SONORA - Luciana (Sequestradora): “A gente estava disposta a sair distribuindo cesta básica pra toda favela, pra todas crianças que passava fome, (01) eu já estava disposta a me entregar, só que é como eu falei pra vocês, eu não vou me entregar à polícia de São Paulo (02). (...) Eles falaram que era uma questão de honra me prender, (03) a gente prefiria se entregar à morte do que entregar a vocês (04)". [sic]
Tempo: 0'22"
Quadro 15.


Sequência 01
Sequência 02
Sequência 03
  imagem 2
Nono Off: “No começo da tarde, (01) acompanhada de policiais paulistas (02) que tinham um mandado de prisão temporária, Luciana deixou Salvador (3)".
Tempo: 0'08"
Quadro 16.


Sequência 01
Sequência 02
Sequência 03
  imagem 2
PASSAGEM REPÓRTER: “Ao voltar para São Paulo, Luciana deixa algumas certezas para os investigadores baianos, a mais importante (01) é que ela participou sim do planejamento do sequestro com Fernando Dutra. Dos quatro meses de namoro com o líder da quadrilha (02) e não apenas tomou conta do cativeiro de Patrícia Abravanel como tem afirmado até agora (03)".
Tempo: 0'20"
Quadro 17.


Sequência 01
Sequência 02
  imagem 2
SONORA - DELEGADO POLÍCIA BAIANA: “Ela está tentando dar esta conotação, de que foi de última hora, mas eu tenho impressão, pelo que nós já detectamos no depoimento dela, (01) é que o relacionamento dela com o Fernando já era algo de algum tempo e deve ter participado do inter sequestro, ou seja, do preparo do sequestro (2)".
Tempo: 0'19"
Quadro 18.

Duração total da reportagem: 3:30 minutos.
Cenas de Corte ou Planos de Corte: Mudanças em 41 vezes.
Tipos de Plano de Filmagem: Todos os tipos de plano foram utilizados.

Tipos de Plano
Os planos de ambiente podem ser:

PMG – Plano Muito Geral
PG – Plano Geral

Os planos de ação podem ser:

PGM – Plano Geral Médio
PA – Plano Americano
PM – Plano Médio

Os planos de expressão podem ser:

PP – Plano Próximo
GP – Grande Plano
MGP – Muito Grande Plano
PD – Plano de Detalhe
imagem 2
Quadro 19.

Na matéria analisada explorou-se muito a imagem de uma só personagem que era o principal sujeito da narrativa, emoções como choro, raiva, angustia e sentimentos de tristeza fizeram parte durante toda matéria, a exploração das cenas de corte do plano MGP, GP e PD, foram constantes, fixando a ideia de proximidade entre o telespectador e o “Jornal Nacional”.

Nas reportagens a edição precisa ser concisa e objetiva, não pode fugir do texto da narrativa, e o casamento entre a imagem e a palavra precisa ser constante. Nesta matéria o que se pode ver é o exemplo perfeito dos detalhes das palavras com as imagens o que faz manter o receptor ligado na reportagem.

4. Produto da massa

No jornalismo tudo é produto da massa, enviado para as mídias e estabilizado no conceito de Media, como plural da palavra latina medium, ou seja, anthropos medium, como mediação entre sujeitos e entre sujeitos e o mundo. No entanto, no sentido restrito de mass media, ou seja, um pouco, no sentido restrito de meios que se dirigem a massas indistintas de sujeitos, ou seja, os meios convencionais de comunicação (social). Estes dispositivos particulares de mediação são apenas um território singular do campo da cultura e da comunicação; mas é hoje o lugar de novas experiências.

Em muitos aspectos, e para usar a velha imagem, eles são extensões ou ampliações tecnológicas das velhas figuras do discurso, dos velhos processos de credibilização pessoal, das velhas técnicas da fala e da argumentação.

Centrar a discussão sobre as maravilhas da televisão fazendo supor que se trata, em si mesmo, de algo de novo, significa apenas não discutir nada e, no fundo, fazer o que cada pessoa pode fazer por si própria: sonhar com um mundo melhor, assustar-se com a fantasmagoria de um mundo de máquinas, enrolar-se com as performances necessariamente transitórias da tecnologia. Sabemos já há algum tempo que o novo é provisório e que o destino de tudo é a sua banalização ou transformação em já-adquirido.

Cultura de Massa é produzida segundo as normas maciças de fabricação industrial; propagada pelas técnicas de difusão maciça (...) destinando-se a massa social, isto é um aglomerado gigantesco de indivíduos compreendidos aquém e além das estruturas internas da sociedade. (Cf. MORIN, 1997:14).

Do ponto de vista, da cultura aos media não deve, pois se centrar numa mistificação da televisão: o discurso e a lógica da tecnologia são tão provisórios quanto o nosso espanto pelas suas performances; o pré-conceito gera formas acríticas de relação com o complexo industrial-técnico-científico-cultural. Hoje, A televisão é um meio utilizado por todos os gêneros de pessoas, desde as classes ricas e pobres até crianças e idosos.

Transformação esse que é provocado não pelo avanço tecnológico, mas pela própria grade de programação que influência todas as categorias de pessoas. O conteúdo é o responsável pela tal situação. É um ator social que fundamenta as classes sociais e estes se identificam com o que vêem na televisão. Assistir TV é um consumo individual de uma atividade coletiva, e eis que isto é outro fator fascinante. É isso que obriga a TV a prestar atenção à diversidade cultural da sociedade e a preservá-la.

A TV produz uma cultura mediana acessível, sensibiliza o telespectador para outras culturas e reflete o mundo contemporâneo. Muito interessante se analisarmos de forma comparativa a outros estudos das teorias comunicacionais da cultura de massa, que é o homem médio universal da modernidade. Ele passou a ser nivelado em sua maioria pela TV. A liberdade, e o individualismo do consumismo da massa passa então a ser ligado pela coletividade da televisão.

Mas este novo laço que tem complexado e fragmentado ainda mais o modelo econômico mundial não deixa de ter o mesmo objetivo, como diz Morin no seu livro "Cultura de massas no século XX: neurose (O espírito do tempo I)": “Todo sistema industrial tende ao crescimento, e toda produção de massa destinada ao consumo tem sua própria lógica, que é a de máximo consumo” (Cf. MORIN, 1997: 35).

Agora o meio e o espaço social se adaptam às estruturas audiovisuais, união das linguagens visuais, sonoras, e textuais. União e aperfeiçoamento dos elementos que proporcionaram a evolução da humanidade. Na verdade, o laço social da TV tem dois significados básicos: o laço entre os indivíduos e o laço entre os diferentes grupos que compõem uma sociedade.

Em casa os filhos conversam e falam sobre os seus desenhos prediletos, comentam os personagens e aprendem com os programas educacionais infantis, a mãe e o pai conversam sobre determinados temas que surgem nas novelas, temas sociais, como criminalidade, aborto, assassinato, relações extraconjungais etc.

A comunidade ligada cada vez mais nas temáticas dos telejornais, a discussão que a mídia movimenta sobre determinado tema ou assunto, cria nas pessoas e nas categorias sociais um elo que modifica que transforma e movimenta os laços macro regionais e micro regionais.

4. Conclusão

De todos os fatores que acoplam e modificam razoavelmente as estruturas da massa e dos indivíduos da sociedade, dentro da atual modernidade com o apelo constante do visual, daquilo que é aparente e imagético, o homem tem buscado um pouco da sua origem da criação histórica dos antepassados.

Toda ciência sabe que quase a totalidade dos seres humanos é de pessoas que formam seu intelecto racional através dos visuais, ou seja, o processo cognitivo passa pela visão, e como tudo é técnica e científico no processo de produção de matérias e reportagens, nada mais o que fazer é trabalhar de forma bem elaborada as imagens que irão garantir uma audiência constante e um prestígio comercial e institucional do “Jornal Nacional”.

Não à toa a venda de horários para a circulação de propagandas no horário do “Jornal Nacional” são os mais caros e os mais concorridos para que as empresas possam vender seus produtos, nesses horários chamados de “horário nobre”. Na reportagem se a imagem é pobre o melhor é cortá-la, pois pode significar a morte da notícia ou da reportagem. A edição é feita de maneira a dar uma impressão cronológica, de que assistimos aos pedaços mais significativos, que foram por isto selecionado, de uma filmagem feita à maneira de um plano-sequência em tempo real.

Cada uma das pequenas sequências de imagens é montada como uma história dentro da história maior. Estas pequenas histórias são explicitamente cronológicas. Estas imagens não buscam apenas ilustrar a reportagem, mas, sobretudo confirmar as palavras que vão sendo ditas, dando respaldo imagético a elas, criando a sensação de maior credibilidade.

Por fim tudo no telejornalismo passa pela técnica e a composição dos meios visuais e textuais. Para uma excelência jornalística o bom repórter e uma boa matéria é aquele que sabe todas as técnicas do meio. Como diz uma frase de Paulo Roberto Leandro: “Você só escapa de uma ditadura técnica se dominar conceitualmente o meio”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GÓMEZ, G. O. “O telespectador frente à televisão. Uma exploração do processo de recepção televisiva”. S/r, 2005. Disponível em: http://teoriacom.files.wordpress.com/2008/08/04-guillermo-orozco.pdf. Acesso em: 15 jul. 2008.

MORIN, E. Cultura de massas no século XX: neurose (O espírito do tempo I). Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997. Primeira parte: “A integração cultural”. 9ª Ed. pp. 13-84. Tradução de Maura Ribeiro Sardinha.

SILVA, I. M. C. “Telejornalismo e encenação: quando a reportagem vira show”. In: Intercom & Nexo, Comunicação, VIII Simpósio da Pesquisa em Comunicação da Região Sudeste, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória/ES, 2001.

SQUIRRA, S C. M. Aprender telejornalismo: produção e técnica. Editora Brasiliense: São Paulo, 1995. 2ª Ed.

WOLTON, D. Pensar a comunicação. Brasília: UnB, 2004. Tradução de Zélia Leal Adghirni.


*Thales Alves Aguiar é graduando do curso de jornalismo da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE).

 

 







Revista PJ:Br - Jornalismo Brasileiro | ISSN 1806-2776 | Edição 13 | Outubro | 2010
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