Sempre se menciona o fato de o teatro ser uma arte do efêmero, mas pouco se tem estudado os vestígios deixados por este momento tão fugidio. Nesse sentido, este artigo pretende observar a questão da recepção teatral, focando o surgimento do dramaturgo Jorge Andrade e sua dramaturgia ao longo das décadas de 1950 e 1960, quando da escritura, encenação e recepção literária e espetacular de várias de suas obras. Para isso, são visitadas as clássicas teorias acerca do tema da recepção e também a crítica especializada em teatro, depositária dos marcantes encontros entre autor, obra e leitor/espectador, a partir dos quais será possível a construção da imagem do autor e da definição dos lugares de sua obra.
Neste estudo, exponho o universo das personagens cômicas que ganharam corpo ao serem encenadas pelo grupo teatral da União Operária, na primeira metade do século XX, em Florianópolis, tendo como objeto de estudo doze textos cômicos de autores portugueses e brasileiros, um deles catarinense. Procuro abordar o imaginário presente nesse teatro através das personagens cômicas e de suas sensibilidades manifestas, bem comodelinear os pressupostos ideológicos, estéticos e os fins pedagógicos dessa dramaturgia.
Este artigo abordará a presença do negro nas artes cênicas brasileiras do Segundo Império (1840-1889) – quando o teatro se tornava um ambiente restrito às classes dominantes, os negros eram representados em imagens fortemente ligadas a escravidão e as peças eram carregadas de conteúdo racista – ao Pós-Estado Novo, quando Abdias Nascimento fundou o Teatro Experimental do Negro (1944-1968), visando reverter tal quadro. Analisaremos o processo histórico de mudanças nas representações dos afro-brasileiros nas artes cênicas, enfatizando os esforços empreendidos pelos próprios negros no combate aos estereótipos e imagens pejorativas recorrentes nas produções dramatúrgicas. Podemos caracterizar tais esforços como parte de uma estratégia de luta do antirracismo pela via cultural, na qual o Teatro Experimental do Negro foi um importante expoente.
Este artigo pretende discutir as práticas antropológicas e surrealistas nos cenários concebidos nos anos 1960 por Lina Bo Bardi. Aplicadas em maior ou menor grau nas cenografias da Ópera dos três tostões, de Brecht (1960), e de Calígula, de Camus (1961), estas práticas atestam a inspiração provocada pelas raízes culturais baianas, mas não impedem que Lina valorize o "distanciamento brechtiano, deixando à mostra as paredes em ruínas do Teatro Castro Alves. Na montagem de Na selva das cidades, de Brecht, (1969), encenada no Teatro Oficina, Lina utilizou lixo reciclado, destruído a cada espetáculo. Busco demonstrar que a dialética de suas práticas denota uma poética fundamentada na dialética entre o antropológico e o vanguardista.
o programa de teatro é um documento que permite acessar diferentes elementos da cultura e da prática teatral, da sua concepção estética às componentes sociais e econômicas. Este artigo pro-põe uma discussão sobre a forma como distintos momentos históricos e tendências criativas influem na elaboração de um programa de teatro. trata-se de apresentar algumas linhas de aborda-gem e procedimentos metodológicos para o estudo desse tipo de publicação e analisar um caso específico referente ao programa da peça A megera domada encenada pelo teatro de comédia do Paraná em 1964.