Este artigo abordará a presença do negro nas artes cênicas brasileiras do Segundo Império (1840-1889) – quando o teatro se tornava um ambiente restrito às classes dominantes, os negros eram representados em imagens fortemente ligadas a escravidão e as peças eram carregadas de conteúdo racista – ao Pós-Estado Novo, quando Abdias Nascimento fundou o Teatro Experimental do Negro (1944-1968), visando reverter tal quadro. Analisaremos o processo histórico de mudanças nas representações dos afro-brasileiros nas artes cênicas, enfatizando os esforços empreendidos pelos próprios negros no combate aos estereótipos e imagens pejorativas recorrentes nas produções dramatúrgicas. Podemos caracterizar tais esforços como parte de uma estratégia de luta do antirracismo pela via cultural, na qual o Teatro Experimental do Negro foi um importante expoente.
Este artigo analisa como a “comédia negra” Namíbia, Não!, do jovem dramaturgo baiano Aldri Anunciação, elabora as últimas consequências da famosa democracia racial brasileira e dos direitos humanos, e como vai até os limites do discurso pós-colonialista “politicamente correto” no Brasil do século XXI.
Esta dissertação procurou apreender formas de organização não institucionais da
população negra no Rio de Janeiro, no período compreendido entre os últimos anos do século
XIX e as três primeiras décadas do XX. Preterido pelo imigrante europeu no mundo do
trabalho livre, o negro não se acomodou. Marcou sua presença em múltiplos espaços e
afazeres urbanos, forçou brechas, movimentou-se de várias maneiras, inventando e
conquistando lugares a partir de seus referenciais culturais de vida, criando alternativas de
inserção que não foram reconhecidas pela lógica formal do trabalho moderno , como o
mundo do entretenimento que começava a formar-se no Rio de Janeiro. Surpreendemos, nos
palcos do espetáculo-negócio , uma presença predominantemente negra, reforçada por
artistas afro-descendentes no que poderia ser chamado de circuitos Europa-Estados Unidos-
Caribe-Brasil.
Evidenciando entrelaçamentos e contínuos contatos, trocas e tensões entre
diásporas negras de diferentes partes do mundo, que se influenciavam mutuamente,
transformando e difundindo produtos culturais uns dos outros, artistas negros valeram-se do
divertimento para ampliar discussões em torno de temas que afetavam diretamente o
segmento negro da população nas décadas que se seguiram ao pós-abolição.
Como grande expressão dessas dinâmicas de culturas negras acompanhamos a
emergência, as relações e os enfrentamos de De Chocolat e a Companhia Negra de Revista no
Rio de Janeiro, no período de 1926/27