A história do teatro nacional tem sido escrita a partir do epicentro Rio-São Paulo, negligenciando a riqueza e diversidade de produções fora desse eixo, lacuna que a pesquisa em dramaturgia e teatro tem tentado preencher. Neste artigo, propomos uma reflexão sobre a importância da dramaturgia e do teatro norte-paranaenses a partir de dois grupos de teatro – o PROTEU, Projeto de Teatro Experimental Universitário, de Londrina, e o TUM, Teatro Universitário de Maringá –, analisando produções com clara visada política e que dialogam com o pensamento de um dos maiores homens de teatro do século XX, Bertolt Brecht, criando obras inovadoras em termos formais e temáticos que contribuíram para o desenvolvimento de um teatro crítico, tanto em âmbito regional como nacional.
Este artigo constitui-se em breve reflexão a propósito da posição de Oduvaldo Viana Filho no panorama da produção teatral brasileira das décadas de 1960-1970.
Para Vladimir Jankélévitch, os acontecimentos são cada vez menos engraçados na medida em que abrangem regiões mais profundas e mais centrais da existência. Não se brinca com a morte, porque ela mata; brinca-se, porém, de esconde-esconde com as variedades empíricas do perigo. Isto posto, pretendo analisar neste artigo os textos teatrais Torquemada (1971) e Murro em ponta de faca (1978), de augusto Boal. Escritos pelo autor no exílio, procurarei contextualizar o fenômeno do riso nessas condições particulares. Paralelamente, darei destaque aos temas da identidade, do ser, da alteridade e da angústia.
Este artigo analisa como a “comédia negra” Namíbia, Não!, do jovem dramaturgo baiano Aldri Anunciação, elabora as últimas consequências da famosa democracia racial brasileira e dos direitos humanos, e como vai até os limites do discurso pós-colonialista “politicamente correto” no Brasil do século XXI.
O projeto investiga o florescimento do teatro militante e as novas configurações do artista engajado na cidade de São Paulo nas duas últimas décadas, tendo como referência a atuação e organização dos grupos teatrais Engenho Teatral, Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes, Buraco d¿Oráculo e Brava Companhia. Deste modo, essas companhias e seus integrantes são entendidos como agentes que compartilham de determinados discursos e opções políticas que os colocam como parte de uma série de grupos teatrais militantes que estão em posições semelhantes na cena teatral brasileira, aliando a dramaturgia contestadora ao questionamento acerca do modo pelo qual a produção teatral está estruturada. O desafio do projeto, portanto, é compreender como as condições estruturais (objetivas e simbólicas) desse contexto de produção, por um lado, e a organização, posicionamento e discurso político das companhias, por outro, se articulam de maneira a criar um contexto de possibilidade de existência e difusão dessas companhias, bem como esboçar os traços desse artista engajado
Esta pesquisa recupera a vida-obra do artista paraense Luís Otávio Barata a partir de duas perspectivas: a performance da plenitude compreende o surgimento do teatro experimental na cidade de Belém, Pará, no período de 1970 a 1990, tendo como ponto de partida os trabalhos de Barata à frente do grupo Teatro Cena Aberta, em torno da fundação do Teatro Experimental Waldemar Henrique, e de outros grupos com que trabalhou, bem como os movimentos políticos que propiciaram o surgimento da Federação Estadual dos Atores, Autores e Técnicos de Teatro, a Fesat, em 1979, e de novas políticas culturais no Pará. A performance da ausência compreende os últimos anos de vida de Barata, o que observamos como seu trabalho tardio e mais maduro; sua ruptura com a cidade de Belém e reclusão em São Paulo onde, durante oito anos, vive uma experiência performática cotidiana que só terá fim com o seu próprio falecimento, em 2006. Como método desta pesquisa nos valemos de intenso trabalho etnográfico com diversas idas a campo e a coleta de depoimentos de artistas, amigos, familiares e testemunhas desta cena, bem como vasto material histórico e biográfico, como agendas, textos, anotações pessoais, fotografias, vídeos, dentre outros.