Mestrado em Teatro
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O objetivo desta pesquisa foi investigar, nas aulas de Teatro, utilizando os Jogos Dramáticos, segundo as orientações de Jean-Pierre Ryngaert, as ações e relações dos alunos no momento em que vivenciaram essas práticas, no que se refere à ética do querer-viver social. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, envolvendo um estudo exploratório-descritivo, que articulou uma aproximação entre Jogos Dramáticos, Educação e Ética. Para tanto, foi efetuado um estudo de caso, numa turma do terceiro ciclo do ensino fundamental de uma escola municipal no Rio de Janeiro. Isso exigiu o registro em diário de campo, além de entrevistas semi-estruturadas com os alunos e a professora, capazes de permitir o cruzamento dos dados e a possibilidade de uma análise mais objetiva e coerente. As ações, relações, gestos, atitudes, comportamentos e falasa tiveram como unidade de análise a proposta da auto-ética, da Antropologia da Complexidade cunhada por Edgar Morin que, partindo de uma ética de si para si mesmo - conceito que envolve a autocrítica, a tolerância e a tomada de responsabilidade - aponta e aposta nos rumos de uma ética da compreensão, da cordialidade e da amizade. Os princípios norteadores da Sociologia do Cotidiano de Michel Maffesoli partiram do cotidiano como uma alavanca metodológica, numa aproximação do que Jean-Pierre Ryngaert, nos jogos dramáticos, chama jogar o mundo. Este estudo foi norteado pelo paradigma da complexidade, uma vez que a abordagem sócio-antropológica requer uma visão que, indo além da racionalidade, própria da ciência clássica, caminha em busca de um diálogo com a incerteza, o paradoxo, a contradição, a banalidade cotidiana, a subjetividade e a efemeridade, que permeiam a vida dos indivíduos e do grupo, alvos deste trabalho. Para tanto, constatou-se como é imprescindível o professor de teatro aprender a lidar com estes diálogos transdisciplinares, que religam os saberes das diferente áreas de conhecimento e, no caso específico desta pesquisa, o vasto campo da sociologia e da antropologia, a fim de permitir um exercício de auto-ética. Desse modo, ao se transversalizar conhecimentos,vivências e temas nas aulas de teatro onde os jogos dramáticos estão inseridos, abre-se um campo de possibilidades de religação com outras áreas do conhecimento e, principalmente, com a conquista da auto-ética, numa tríade inseparável indivíduo-espécie-sociedade.