Este texto aborda a experiência político-cultural de dois grupos de teatro Ferramenta (1975-1978) e Forja (1979-1991) constituídos por dirigentes sindicais, trabalhadores da base operária e por um ator e diretor de teatro. Destaco como características fundamentais, para a compreensão da dinâmica desses grupos, o perfil de um teatro militante no pós-1964, o processo de criação coletiva, a aproximação entre operários, intelectuais e artistas de esquerda e a atuação na periferia urbana.
as balizas temporais que enquadram e classificam as obras de um autor estão associadas a processos de demarcação de seu sentido que se revelam muitas vezes móveis e fugidios. Nessas operações, empreende-se um trabalho de apropriação e reapropriação de seu significado por vezes estranho às in-tenções que guiaram os autores dessa ou daquela obra. Dias gomes e sua produção teatral não escaparam, obviamente, a determinadas periodizações e classificações que implicam, no fundo, maneiras de ver e editar que procedem a construções e reconstruções várias, quando não a desconstruções. Neste artigo, pretendo examinar a trajetória do dramaturgo Dias gomes tendo como referências básicas os textos teatrais e os livros lançados pelas editoras civilização Brasileira, nos anos 1970, e Bertrand Brasil, na década de 1980.
Resumo : Teatro social e teatro engajado são duas denominações, entre outras, que ganharam corpo em meio a um vivo debate que atravessou o final do século XIX e se consolidou no século XX. Seu ponto de convergência estava na tessitura das relações entre teatro e política ou mesmo entre teatro e propaganda. Para o crítico inglês Eric Bentley, o teatro político se refere tanto ao texto teatral como a quando, onde e como ele é representado. Este artigo aborda o tema do engajamento, de modo geral, e o perfil de alguns personagens que, como figuras políticas, intervêm criticamente na esfera pública, trazendo consigo não só a transgressão da ordem e a crítica do existente, mas também a crítica do modo de sua inserção no modo de produção capitalista e, portanto, a crítica da forma e do conteúdo de sua própria atividade.