Esse trabalho é o estudo da construção e da elaboração das práticas performativas e estéticas da folia de reis, desenvolvidas pela comunidade e pelo performer no Bairro Zumbi, localizado na periferia de Cachoeiro de Itapermirim no Espirito Santo. O estudo desenvolve sob a perspectiva do conceito antropológico proposto por Barba, da etnocenologia de Jean Marie Pradier e do conceito performativo de Victor Turner e Richard Schechner. A observação do grupo de Folia de Zumbi ocorre no contexto do seu ciclo ritual, partindo da hipótese de que a Folia de Reis, além de ser um folguedo - manifestação tradicional de devoção e fé passada de geração a geração -, é uma prática performatica que reafirma e desenvolve hábitos e costumes de uma comunidade. Objetiva-se, nessa pesquisa identificar/analisar e descrever praticas performativas de folia de reis; investigar a Folia de Reis da comudade de Zumbi na perspectiva crítica da antropologia contemporânea; avaliar os processos de construção dessa manifestação e suas interferências em momentos cotidianos e sociais. A metodologia de pesquisa é interdisciplinar, fundamentada em conceitos e categorias de análise dos estudos da performance e antropologia do teatro, seguindo os procedimentos da revisão teórica e do trabalho etnólogo ou folclorista, com base no registro documental realizado em campo. Dessa forma, mostra-se um conjunto de valores e hábitos compartilhados, tanto sociais e comportamentais como estéticos num bairro popular da periferia da cidade: um espaço comum de organização e expressão e expressão de culturas de resistências, constatadas em seu contexto, inclusive na Folia de Reis de Zumbi.
Programa de pós Graduação em educação na faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas
Esta dissertação de mestrado é fruto de processos criativos realizados junto a professores de diversas áreas, em duas experiências: uma realizada no ano de 2011 com o corpo docente de uma escola, nas dependências da escola, na cidade de Campinas - SP. Outra na cidade de São Paulo - SP, no ano de 2012, com professores de diversas instituições escolares, nas dependências de um espaço cultural público. Ambas experiências consistiram em processos de criação na perspectiva do teatro - documentário, partindo de elementos das histórias de vida dos professores como disparadores para a ação criativa. Nesse sentido, esta pesquisa procurou identificar categorias de análise na medida em que um processo de criação é, em si, um processo de pesquisa qualitativa. A partir dessas categorias, aponta-se para um caminho de formação de professores por suas histórias de vida e autobiografias, tendo a Performance como um intercampo para produção de conhecimento.
Esta pesquisa recupera a vida-obra do artista paraense Luís Otávio Barata a partir de duas perspectivas: a performance da plenitude compreende o surgimento do teatro experimental na cidade de Belém, Pará, no período de 1970 a 1990, tendo como ponto de partida os trabalhos de Barata à frente do grupo Teatro Cena Aberta, em torno da fundação do Teatro Experimental Waldemar Henrique, e de outros grupos com que trabalhou, bem como os movimentos políticos que propiciaram o surgimento da Federação Estadual dos Atores, Autores e Técnicos de Teatro, a Fesat, em 1979, e de novas políticas culturais no Pará. A performance da ausência compreende os últimos anos de vida de Barata, o que observamos como seu trabalho tardio e mais maduro; sua ruptura com a cidade de Belém e reclusão em São Paulo onde, durante oito anos, vive uma experiência performática cotidiana que só terá fim com o seu próprio falecimento, em 2006. Como método desta pesquisa nos valemos de intenso trabalho etnográfico com diversas idas a campo e a coleta de depoimentos de artistas, amigos, familiares e testemunhas desta cena, bem como vasto material histórico e biográfico, como agendas, textos, anotações pessoais, fotografias, vídeos, dentre outros.
O presente trabalho propõe uma discussão em torno do texto teatral André, do dramaturgo contemporâneo francês Philippe Minyana em que a autora da dissertação, na qualidade de atriz, traduziu o texto e elaborou a proposta de uma escrita cênica intermídia. Apontam-se, nesta perspectiva, aspectos recorrentes na dramaturgia de Minyana como a musicalidade e a visualidade das palavras, a forte presença de monólogos, a noção de memória, catástrofe, sofrimento e morte. A escrita visual configura-se em imagens de vídeo, captadas em tempo real e imagens pré-gravadas, sendo ambas projetadas em dois telões acima das arquibancadas do público, dispostas uma frente à outra. Novas camadas de imagens são produzidas no chão de linóleo branco, como se este fosse uma tela sendo pintada a partir das performances realizadas com diferentes elementos como café, flores, um par de tênis, uma faca, etc. que vão deixando seus vestígios pela cena. Apontam-se algumas relações entre o texto e a imagem no contexto desta escrita cênica e as reverberações desta experiência na atuação e na recepção do espetáculo.