Este texto resulta, parcial-mente, de conferência proferi-da no Ciclo sul teatro italiano nel secondo Ottocento, na Università degli Studi di Pisa,ocorrido no Setor Teatro da Es-cola de Doutorado, e traduzido por sua própria autora.Ele será publicado, em sua versão italiana, em Il castellodi Elsinore, revista semestral de teatro, editada sob a chancela do Departamento de Disciplinas Artísticas, Musicais e do Espetáculo da Universitàdi Torino (Unito). Este ensaio foi escrito no âmbito do está-gio pós-doutoral realizado na Unito, de agosto de 2007 a julho de 2008, com a colaboração de Roberto Tessari e de bolsa PDE/Capes. A pesquisa de pós-doutoramento de-dicou-se ao teatro oitocentista italiano, por meio do estudo da formação artística da bailarina Maria Baderna (Castel Sangiovanni, 1828 – Rio de Janeiro, 1892), tema geral do projeto de pesquisa docente junto à Unirio.
A pesquisa apresenta uma reflexão sobre a historiografia teatral de Décio de Almeida Prado, importante crítico e historiador do teatro brasileiro. Intelectual ligado à terceira fase do movimento modernista, que alguns autores designam como a “Geração de 1945”, seu pensamento estético e historiográfico possui laços estreitos com uma certa concepção de mundo moderna, donde se explica o título conferido ao trabalho. A tese defendida objetiva demonstrar os diferentes imbricamentos existentes entre os ensaios de Prado sobre o passado cênico nacional e semelhante cosmovisão, procurando deslindá-los à luz de certos parâmetros como, por exemplo, a filosofia da história e algumas noções estético-teatrais que conformariam essa vertente de sua obra. Em que pese, contudo, o foco mais concentrado nos ensaios historiográficos, informe-se que suas críticas de espetáculos, produzidas ao longo de anos, não foram ignoradas, na medida em que fazem parte do escopo deste estudo, cujo projeto, dentro de suas possibilidades, é analisar o pensamento de Prado como um todo. Tendo isso em vista, para uma melhor compreensão do assunto, empreendeu-se uma comparação, que atravessa a pesquisa do início ao fim, entre o ensaísmo teatral de Prado e o ensaísmo literário de Antonio Candido, lembrando que ambos começaram suas carreiras juntos ao fundarem, em parceria com outros nomes, como Paulo Emílio Salles Gomes e Ruy Coelho, a revista Clima (1941-1944). Pelo fato de suas respectivas historiografias apresentarem muitos vínculos entre si, a ponto de ser possível afirmar que elas pertenceriam a um mesmo projeto intelectual, tal cotejo acabou se mostrando fundamental para as pretensões embutidas na tese, fazendo com que este trabalho se tornasse, à sua maneira, uma obra de historiografia comparada.