interior da emissora, além de elaborar as coberturas externas. São atribuições diferentes, mas que podem variar, dependendo da ocasião. Muitas vezes, no exercício da profissão, o jornalista atua em várias atividades na emissora, como a de redator, pauteiro, radioescuta, repórter e editor. O redator, por exemplo, não precisa ficar somente produzindo notas. Quando o debate “esquenta”, este profissional passa a exercer outras funções, como a de auxiliar na condução dos convidados e dos ouvintes, contribuir com pautas para o locutor, gravar depoimentos e conectar as pessoas. O mesmo faz o repórter que fica na emissora, que passa a exercer outra função, quando o colega está sobrecarregado. O importante é ninguém ficar parado e acomodado por causa da função, porque essa prática nada acrescenta ao jornalismo e aos jornalistas.
Comunicadores
Experimentar é o convite que faço a todos os jornalistas que trabalham em emissoras educativas. Ousadia de quem trabalha para o público (ouvinte ou espaço). Desafio de quem precisa conversar, num lugar do qual ninguém é dono, ninguém é emissor, mas todos são “bons de papo”. No ar, a rádio educativa do Brasil, uma emissora que conversa com o ouvinte. Nada de reproduzir o modelo da grande imprensa. Transmitir o que é de interesse coletivo, os problemas e as possíveis soluções criativas.
Integrar os atores num único diálogo, sem o ouvinte mudo e o jornalista falante, mas o ouvinte conversando com o jornalista que o auxilia, junto com os demais convidados, a decifrar a(s) dúvida(s) do dia. A educação passa pelo princípio de que um aprende com o outro. O jornalista de uma emissora educativa é como o professor que explica, conversa, incentiva e, no final, sempre pergunta: “Alguma dúvida?” O radiojornal é como uma aula, em que várias questões são pensadas, sendo as principais aprofundadas e discutidas. Quem tem dúvida pode perguntar; quem sabe, pode responder.
O radiojornalismo torna-se a extensão de quem reclama, de quem fiscaliza, de quem educa, de quem informa e de quem quer ser informado, desde que abra o acesso a quem deseja se comunicar. A linha aberta permite às fontes chegarem ao jornalista, que conduz o noticiário de forma justa, sem prejuízo a quem teve seu nome exposto, já que todos têm direito de resposta. Também possibilita o direito à pergunta de quem ainda possui algumas dúvidas ou mesmo a entrada de quem deseja apenas participar do programa. Muitas pessoas elaboram crônicas, contos, resenhas, mas não possuem um espaço para a divulgação de seus trabalhos. Esta abertura seria também um recurso fora da redação para quem tem alguma contribuição para o jornalismo diário. É uma maneira de diversificar os gêneros radiojornalísticos, pautados somente por produções internas.
O critério de escolha de quem vai ao ar durante o desenvolvimento da notícia ainda é do jornalista. A responsabilidade é dele, justamente, para evitar abusos durante a transmissão. Quando um tema se esgota, é hora de ceder o lugar para outro debate. O ouvinte é logo avisado. A intenção não é censurar, mas preservar o que já foi dito. Também várias pessoas desejam se expressar, mas sem participar diretamente do programa. O jornalista, aqui, pode retransmitir a opinião, sem prejuízo ao interessado.
No início, muitos vão estranhar a abertura do departamento de jornalismo. Com o tempo, esta prática pode auxiliar os profissionais de comunicação e também os estudantes a lidarem com as diversas fontes, desde as já pautadas até as fontes imprevistas, que surgem em cima da hora. A rádio educativa é o espaço ideal porque insere o jornalismo no processo de ensino-aprendizagem, em que educador e educando formam um único som, o do comunicador.

 

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