Alguns jornalistas têm medo do ouvinte, porque a credibilidade pode ser abalada quando certo questionamento desestabiliza a estrutura prevista. Preocupação ligada ao poder, que conduz o controle da informação. Só que a inclusão do público é apenas um complemento à notícia, assim como o depoimento dos colaboradores. A responsabilidade é de evitar exageros (de todos). Ouvinte aceito, chega a hora de elaborar o convite a ser efetuado durante a transmissão, com chamadas para o debate de certos temas já escolhidos ou mesmo anunciando que a linha está livre para quem possui dúvidas sobre as informações já transmitidas. A participação pode ser ao vivo, no horário do programa, sendo escolhidos os ouvintes conforme critérios pré-estabelecidos. O privilégio é de quem telefona primeiro. Muitos desejam apenas falar com o locutor, mandar um recado, mas é um risco que se corre. Uma conversa prévia pode auxiliar, mas é um trabalho a mais para o jornalista, assim como quando se deseja selecionar os participantes, que podem se sentir ofendidos caso sejam excluídos do processo. Um meio mais seguro, porém menos interativo, é gravar os depoimentos, que podem, inclusive, ser editados, selecionados, sendo, antes de introduzidos, discutidos ou esclarecidos pelos componentes do programa. A seção do ouvinte também é uma alternativa, sendo agrupadas e transmitidas em horário estabelecido.
Uma opção paralela às ligações, que pode ser tanto ao vivo quanto gravada, é o repórter captar depoimentos e perguntas na rua. Neste caso, as pessoas desconhecem a pauta, porque, com raras exceções, não estarão ouvindo a emissora. O repórter, então, esclarece e posiciona o público antes da coleta.
Plano de Diálogo
Estimular a participação é responsabilidade dos jornalistas que produzem e executam determinado programa. A função do jornalista é, além de selecionar as notícias a serem transmitidas, também encontrar as pessoas que falarão sobre essas notícias. Estão em jogo não só o direito à resposta dos envolvidos diretamente no fato, mas também a abertura para opiniões, declarações, perguntas e respostas.
Os jornalistas elaboram e executam o que vamos chamar de Plano de Diálogo. As principais notícias do dia ou as especiais são selecionadas previamente para serem discutidas no próximo programa. Caso a seleção seja rápida, podem ser transmitidas chamadas durante o radiojornal, ou mesmo na programação da emissora, convidando os interessados para o debate. Se alguém ligar fora do horário do programa, torna-se interessante, se possível, gravar esses depoimentos. Vale destacar, novamente, que a participação ao vivo movimenta a transmissão, mas a gravação determina um certo grau de segurança. Assim, o jornalista está preparado para qualquer situação, mesmo a de ausência de ligações pelos ouvintes. O convite para os colaboradores e os envolvidos no fato também podem ser feitos, adiantando o trabalho do dia posterior.
A primeira agenda está acertada. Então, o jornalista se prepara para a batalha do dia seguinte, quando confirma os colaboradores, agiliza a equipe de reportagem e viabiliza a participação do ouvinte. A segunda etapa é a do cotidiano. Assuntos surgem diariamente, então outros debates são incluídos. Trabalha-se o mesmo esquema, mas com a condição de ser “ao vivo”. Enquanto a informação é transmitida, os repórteres se deslocam para a cobertura e a equipe de apoio, que fica na emissora, procura e, se possível, conecta os colaboradores e os envolvidos no fato. Algumas entradas já são permitidas, mas o diálogo só começa quando os repórteres transmitirem as primeiras informações. O reforço surge com as chamadas dos locutores, que convidam a todos para discutirem os assuntos do dia, além dos já pautados. As principais funções são manter linha aberta e abrir um espaço para a conversação, marcando a emissora educativa como um meio livre, que possibilita a todos participarem da programação.
O equilíbrio da pauta é o segredo do radiojornal-debate. Evita-se que certa notícia predomine, prejudicando a agenda do dia. Ampliar também significa aumentar o número de informações e, portanto, de discussões, no sentido da conversa variada. A população gosta de falar sobre diversas situações, escolhidas conforme o grau de importância e interesse. Também é desnecessário transmitir uma quantidade exagerada de informações, pois, além de confundir, cria no ouvinte a falsa impressão de estar informado. A seleção é atribuída primeiro aos jornalistas, que escolhem quais os temas serão transmitidos e quais podem ser debatidos. Os ouvintes complementam esse trabalho, sugerindo pautas para o programa. E o locutor é o responsável pela comunicação entre componentes do radiojornal. Ele mantém o equilíbrio das falas, motiva a conversa e informa o ouvinte. A credibilidade do programa depende da confiança que o ouvinte deposita no locutor. A exclusividade beneficia porque o nome e a voz dele estão ligados ao programa, mas não é uma regra, visto que muitos transmitem outros programas ou mesmo trabalham em outras emissoras.
As informações são coletadas pelas equipes de redação e de reportagem, sendo a primeira responsável em alimentar o locutor e, a segunda, por conectar os participantes do

 

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