de imprensa, os principais fatos do cotidiano social. Porém, a dependência da pauta dos outros veículos de comunicação e a ausência de interação com as demais fontes, dificultam o debate sobre os principais assuntos da atualidade. O ouvinte é prejudicado quando o jornalista apenas cozinha e retransmite a notícia, sem permitir uma discussão sobre o acontecimento.
Um outro gilete-press revela a fragilidade do radiojornalismo transmitido pelas emissoras educativas, que depende de outras mídias, principalmente da internet, para captação e transmissão da mensagem. O jornalista fica na redação, refazendo matérias em forma de notas, que serão lidas pelos locutores, ou mesmo transformando as próprias notas em boletins, posteriormente lidos pelos repórteres, também no estúdio.
O conceito de brevidade (PRADO, 1989: 48-56), o máximo de informações no menor espaço possível, é interpretado como redução na qualidade das notícias, que são reelaboradas e retransmitidas sem apuração. Cria-se no ouvinte a falsa impressão de estar informado, com a audição de matérias sem questionamento.
Um outro fazer
A qualidade da informação em notícias reproduzidas se determina por meio de alguns critérios. O jornalista insere novos dados, principalmente, consultando outras fontes, que não fazem parte do corpo original. No rádio, dados complementares são colocados no interior da matéria, ou mesmo após a transmissão da notícia, com base em entrevistas, comentários, participação do ouvinte, entre outros. A notícia se mantém curta, mas ampliada pelo debate proporcionado pelo jornalista, o que facilita a interpretação do receptor.
Além de discutir os assuntos já agendados pela grande imprensa, o jornalista pode ampliar a rede de informações que serão transmitidas. A cobertura se define com a introdução de novas pautas, sugeridas e discutidas pela equipe de reportagem. São assuntos do cotidiano, baseados nas necessidades dos ouvintes daquela emissora. O regionalismo funciona como elo de integração do público com o serviço jornalístico. Matérias são produzidas com a finalidade de auxiliar a população local na interpretação dos fatos que estão acontecendo. A proximidade com essas informações determina a penetração (ORTRIWANO, 1985:79) da rádio no universo das pessoas.
O rádio cumpre o papel de divulgar e debater as notícias quando participa do cotidiano. O diálogo com outras fontes, tanto em matérias originárias de outros meios como naquelas captadas pela própria equipe de reportagem, possibilita uma abertura do departamento de jornalismo, que desvincula a notícia quando passa para outros o controle da transmissão. E é pela democratização do microfone que se define o radiojornalismo nas emissoras educativas brasileiras.
Mediadores
O rádio é o veículo do jornalismo, porque permite, em poucos instantes, a inclusão das fontes selecionadas. Basta encontrar caminhos para acrescentar outros elementos à matéria. São dados coletados por meio de pesquisas e depoimentos, captados pelas entrevistas ou mesmo deixando a linha aberta para os que desejam se pronunciar. Os primeiros a terem o direito são os envolvidos no fato, mesmo quando alguma matéria já exibida, principalmente as reportagens, incluiu algumas dessas declarações. Além disso, caso ocorra uma acusação ainda não comprovada ou mesmo diante de informações duvidosas, o jornalista procura, antes de emitir a notícia, localizar as pessoas, cujos nomes serão ou foram divulgados. Muitos são difíceis de encontrar ou não desejam falar naquele momento, mas é importante reforçar que a emissora dispõe de um espaço para incluir, a qualquer instante, o depoimento de quem estiver com o nome ligado à notícia. Se o jornalista tem o direito de divulgar a informação, o envolvido também tem o direito de se posicionar. E é o jornalista que vai fazer esta ponte, sem prejudicar ninguém, conduzindo a abertura do radiojornal.
A fase seguinte é a do esclarecimento. São coletados os depoimentos dos colaboradores, geralmente jornalistas ou especialistas, contratados ou não pela emissora. Esses profissionais vão interpretar e debater o assunto em pauta. Fica a cargo do responsável selecionar os convidados, que, em determinados casos, também podem ser as testemunhas do fato em questão. Os depoimentos gravados são utilizados quando os jornalistas ou ouvintes possuem dúvidas sobre o assunto ou mesmo quando o jornalista deseja acrescentar um outro ponto de vista à matéria. A gravação praticamente elimina a conversa com o ouvinte, ficando limitada, quando necessário, ao diálogo jornalista-colaborador. Já nas transmissões ao vivo, ocorre uma conversa permanente. Neste caso, o convidado está conectado pelo telefone ou está no estúdio, junto com o locutor.

 

< voltar | sumário | avançar >