O diálogo entre o teatro e a política se fez presente em diferentes momentos na história
do Brasil, principalmente nas décadas de 60 e 70. Neste período, uma das contribuições
políticas e artísticas que pode ser ressaltada é a escrita da peça Rasga Coração (1974),
de Oduvaldo Vianna Filho. Essa peça marca diretamente a trajetória do autor, por ser a
última peça escrita antes de vir a falecer e por trazer ao palco reflexões sobre os
conflitos de gerações entre pais e filhos, bem como de movimentos e disputas políticas
organizadas, no Brasil, durante diferentes períodos históricos. A análise de Rasga
Coração repercutiu quando estreada em 1979, após cinco anos de censura de seu texto,
e ainda traz, atualmente, contribuições importantes para os sujeitos e movimentos
sociais que visualizam no teatro um instrumento de enfrentamento das diferentes
situações de desigualdade vivenciadas pelo povo brasileiro. Nesse sentido, a presente
pesquisa procura, a partir da análise de Rasga Coração, amparada no diálogo com a
história e a política, colaborar para um melhor entendimento de Vianinha enquanto um
intelectual e artista de seu tempo, assim como discutir em que medida suas reflexões e
práticas contribuem para a reflexão sobre a atuação política dos movimentos sociais,
principalmente do Movimento Sem Terra e do Levante Popular da Juventude.