Neste texto, a autora aborda a estrutura social circense
brasileira, partindo da formação do artista em âmbito coletivo
e familiar, com base em sua própria experiência e nas memórias
familiares. Trata também das fases mais significativas da evolução
do circo brasileiro, em seus aspectos positivos e negativos.
O presente artigo tem como objetivo a análise de uma
pequena parcela da crítica e da historiografi a de Decio de Almeida
Prado, notório estudioso do teatro brasileiro, circunscrita a temas
que só poderiam aparecer de modo periférico em sua obra, como o
circo e outros gêneros das artes cênicas – geralmente considerados
“menores” segundo uma certa visão de classe. Dividido em quatro
partes – “As crônicas”, “Um crítico elitista e conservador”, “O teatro
e a salvação pelo popular” e “O palhaço no teatro” –, este trabalho
aborda, inicialmente, as críticas que Decio de Almeida Prado escreveu
sobre espetáculos de circo, passando, em seguida, ao exame de
alguns pressupostos teóricos de sua historiografia para, enfim, se
deter sobre as críticas de teatro com elementos circenses.
Esta pesquisa visa traçar algumas considerações acerca do fenômeno conhecido como circo-teatro, sob o viés do trabalho do ator. Propôs-se, como recorte de estudo, a descrição de alguns elementos da encenação e interpretação de duas companhias circenses: o Circo-Teatro Pavilhão Arethuzza, uma das companhias de circo-teatro mais bem sucedidas do início do século XX e que encerrou suas atividades na década de 1960, e o Circo de Teatro Tubinho, um dos maiores representantes do circo-teatro na atualidade. Partindo do fato de que o espetáculo circense é sempre múltiplo e agregador de variadas linguagens artísticas, buscou-se, com essa pesquisa, compreender a arte de ator dos artistas dessas duas companhias e o modo como estes organizavam e organizam seus trabalhos. Afirma-se que a teatralidade, em seus mais variados formatos, sempre esteve presente no espetáculo circense desde sua origem "moderna" com Philip Astley, no século XVIII, e que, portanto, o circo-teatro não é a única, mas sim uma das diversas formas que a teatralidade circense assumiu ao longo dos anos. Afirma-se também que, em termos pedagógicos, o circo-teatro é uma escola formativa, com metodologia, princípios e caminhos próprios, constituindo um tipo de teatro tão relevante quanto o teatro tido como oficial. Assim sendo, essa pesquisa inspirada no fazer dos artistas circenses pode auxiliar o fazer de outros artistas, não oriundos desta escola e deste fazer teatral. E essa transposição é possível, pois, em última instância, todos os verdadeiros artistas buscam a mesma finalidade: a troca viva e verdadeira com seu público