Fenômeno por longo tempo menosprezado pela crítica e pela historiografia teatral brasileira, o teatro musical ligeiro que se desenvolveu no Rio de Janeiro na passagem do século XIX para o XX constitui um fértil campo para se estudar processos culturais que se desenvolviam na cidade, com reflexos no país, que ajudam a entender as complicadas relações raciais que ainda hoje assombram o imaginário e o cotidiano dessa sociedade. Através da análise de algumas peças de sucesso nas décadas de 1910 e 1920, procuro demonstrar como intelectuais simpáticos à cultura popular carioca estavam se apropriando de imagens e valores que se vinham forjando na Pequena africa do Rio de Janeiro e as transplantavam para o ambiente seguro do palco, despidas de seus conteúdos étnico-culturais originais.