Se determinado fato acontece pelo Brasil ou pelo mundo e a comunidade deseja se aprofundar, nada melhor do que convidar especialistas (não esquecendo as fontes do local, por exemplo, os professores da rede pública, que são sempre ótimas fontes) ou mesmo curiosos, que estão por dentro do assunto e desejam falar, para um bate-papo na emissora, sempre com a participação da comunidade, contribuindo com perguntas, sugestões e informações adicionais.
A aproximação é uma das características do conteúdo radiojornalístico nas emissoras comunitárias. As matérias transmitidas conduzem ao convívio com o universo do Nós (do que acontece na comunidade) e do Eles (do que acontece fora da comunidade). O público tem opinião sobre a notícia, torna-se atuante, cidadão do mundo. Agora, o indivíduo participa, conduz e interfere na mensagem. O desafio é eliminar os filtros de notícia pronta, da quem vem de fora, do desconhecido. Fica difícil adotar certa postura diante da informação que está na mão do outro. A lógica é apenas a interpretação. Já o fato vivido, aquele que está ao lado da porta de casa, adquire também o papel da investigação. Surge o universo dos repórteres e personagens. O relato é elaborado e transmitido por quem se conhece. Quando os erros acontecem, um corrige o outro, como um todo integrado pela busca da verdade. Então, o que vocês desejam ouvir? De tudo um pouco talvez seja a reposta mais equilibrada, mas é o grupo que vai definir o destino do conteúdo radiojornalístico.
Como querem participar? A pergunta é conduzida pelo cotidiano da comunicação. A vontade de falar e de ser ouvido, de passar um recado para o outro, de ajudar a comunidade a diminuir seus problemas. A emissora está pronta para receber e transferir a mensagem. Importante é desmistificar, atualizar e inovar a estrutura da informação radiofônica, ao observar que o formato utilizado é como a rotina do contato humano.
O Ensino do Radiojornalismo
Se necessitam emitir uma informação, vários meios são encontrados e executados. Fala-se ao pé do ouvido, no encontro causal ou premeditado, pelo telefone, e seja como for, o boca-a-boca acontece e a notícia se espalha rapidamente. São detalhes sobre empregos, cursos, doações, endereços, acidentes, entre outros, passados para a família, o colega, o patrão, o amigo, o empregado, na troca realizada no trabalho, na sala de aula, na rua, na casa, em qualquer local. O processo é o mesmo quando se precisa transmitir uma notícia. A informação, muitas vezes, é curta, podendo ser emitida rapidamente. E de qualquer local ou meio, o cidadão está ali, pronto para emitir o boletim, que retrata, em poucos segundos, um resumo do assunto que é de interesse público. Mesmo quando não deseja falar, o repórter está pronto para retransmitir o fato.
O mesmo acontece quando, na redação, a equipe também recebe diversas informações que precisam também ser retransmitidas. São notícias de interesse da comunidade e que precisam ser repassadas. Chegam pelo telefone, pelo fax, pela internet, por carta ou por meio de uma visita. São as informações que, muitas vezes, chegam distorcidas. A equipe está atenta e verifica a informação e a fonte. O correto seria a fonte entrar no ar, mas o momento é inoportuno. Uma nota é produzida e repassada para a comunidade pelo locutor.
Os encontros também identificam os modelos utilizados nas rádios. Ao precisar de algum esclarecimento sobre algo que desconhece, o indivíduo vai logo perguntar para quem, de uma forma ou de outra, já teve contato com o assunto. A conversa é premeditada quando se marca a hora, ou ocasional, durante encontros, como em determinada festa, bares e aniversários. Conversa-se sobre receitas culinárias, consertos de objetos quebrados, doenças, e tudo mais que necessite de um reforço. É como participar ou organizar entrevistas na rádio sobre assuntos que precisam de aprofundamento.
Outras reuniões também são exemplos para a montagem de programas radiofônicos. As mesas-redondas são formadas como no café da manhã, no almoço, no jantar, na reunião de trabalho, na comemoração com os amigos, em festas ou situações que permitem um encontro. São as conversas diárias. Opiniões semelhantes ou opostas são colocadas para o tratamento de certos assuntos, sendo que alguns predominam durante nessas ocasiões. Mesmo com alguns enfrentamentos e descontentamentos, a tônica que prevalece é a do consenso.
As pessoas se deparam com conflitos a todo o momento, sejam familiares, trabalhistas ou mesmo em ocasiões onde são chamadas para expor suas opiniões. Existem também os casos mais graves, como os que vão parar na justiça, como as separações de casais, a partilha de uma herança e muitas outras. A alternativa é encontrar um mediador que possibilite um acordo ou consenso entre as partes. O debate é colocado como opção. O mesmo acontece no programa radiofônico. Buscam-se pensamentos opostos diante de uma decisão. O enfrentamento torna-se inevitável. Surge a figura do jornalista que tenta controlar os ânimos e as falas, o que equilibra a conversa, sem o predomínio de uma posição.
A população também é convidada para participar de eventos, como palestras e conferências, que têm a intenção de esclarecer sobre um determinado assunto. Após a

 

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