Na construção historiográfica do teatro brasileiro moderno, as formas da comédia popular
foram “superadas” a partir da implantação de novas formas teatrais, expoentes de uma visão de mundo
mais condizente com as conquistas da modernidade. Este artigo procura demonstrar que esta construção
teórica e discursiva legitima um determinado projeto cultural e civil para o país que remonta ao século
XIX e recebe nova roupagem em meados do século XX
Este trabalho propõe uma análise da entidade caboclo: como ela se apresenta, é cultuada e entendida dentro da umbanda. Ao mesmo tempo, acreditando-se ser o caboclo o fundamento desta prática religiosa, compreender melhor o todo da Umbanda, fenômeno considerado nossa única religião estritamente nacional. Para tal, a análise se palta tanto na averiguação do caboclo na literatura especializada - através de pesquisa teórica - como na investigação deste dentro das práticas realizadas nos terreiros de Umbanda - através da pesquisa de campo. Tal procedimento trouxe para o trabalho a possibilidade de confronto de diferentes pólos, aqui representados pela teoria e a prática. deste confronto, deu-se a percepção de que , além de diferentes visões teóricas sobre definição e origens do caboclo, bem como na umbanda, havia um hiato entre os discursos, tanto acadêmico quanto dos teóricos da religião, e a prática cotidiana nos terreiros. Deste hiato nasceu a hipótese fundamental desta pesquisa: numa tentativa de aproximar, sem resolver a questão, teoria e prática, acreditamos que a Umbanda é fundamentalmente uma religião africana, que tem sua sincretização não como base de formação de uma religião brasileira, mas sim como caracteristica fundamental das tradições Centro-Sul Africanas, do tronco linguistico Banto. Tal percepção se deu pela aproximação da entidade Cabloclo da Umbanda dos Ancestrais Dono da Terra dos Cultos de Aflição praticados tradicionalmente nesta África. Para confirmação de tal hipótese, a observação/vivência da performance do Caboclo nos rituais umbandistas mostrou-se fundamental. O que nos levou a buscar a lente metodológicado Estudos da Performance como base para entender o Caboclo como um personagem que possui um texto de escrita coletiva, um espaço de representação, um espectador, e um 'ator' para dar ação a todos esses mecanismos. A pesquisa foi realizada em três terreiros umbandistas da cidade de Barra do Piraí, interior do Rio de Janeiro.