Entre Muros, Grades e Blindados: Ressignificando o patrimônio sonoro na sociedade pós-industrial (Resumo)

Resumo

Entre os muitos debates de hoje em áreas metropolitanas pós-industriais estão as perspectivas estreitas de inserção social de número crescente de jovens no mercado da trabalho formal, tendendo a tornar duradoura, senão permanente, uma situação antes tida como transitória, a saber, permanecer no que Marx denominou "exército industrial de reserva". Não compartilhando os valores de gerações mais antigas forjadas sob a ética do trabalho industrial, este novo contingente de sujeitos urbanos frequentemente não possui identificação com ideais anteriores de patrimônios sonoros e musicais edificantes associados a determinadas identidades sociais, muitas vezes reagindo ostensivamente contra os mesmos, concomitantemente à adoção de formas internacionalizadas (ex. rap, funk, graffiti) e desafios a cânones artístico-culturais estabelecidos, expondo sinais da fragmentação da vida social, assim como as políticas em curso de isolamento e extermínio da pobreza. Nessa encrencada moldura sócio-econômica, a coexistência provavelmente dependerá de como será possível conectar memórias e patrimônios deslocados de maneiras dificilmente previsíveis hoje. Baseado em sua experiência em projetos de pesquisa-ação participativa sobre as paisagens sonoras de favelas do Rio de Janeiro e na gestão cultural no setor público, o autor explorará esses desafios, destacando novas demandas colocadas por esta complexa equação social tanto aos mundos artístico e acadêmico quanto da elaboração e gestão de políticas.