Prefácio
A voz do radiojornalismo

_____O livro Jornalismo – A Democracia pelo Rádio, de Luciano Maluly, é uma coletânea de textos instigantes porque aborda – com desenvoltura – o estado atual do radiojornalismo, ainda mais no Brasil. A ordem do dia seria (re)pensar a fruição da mensagem perante o radiojornal, de modo eficiente. Cabe um olhar sensível para esse diagnóstico de impressões inovadoras. Portanto, trata-se de uma obra contemporânea, cujo teor reflexivo e crítico expõe enfrentamentos entre uso e função do formato jornal no rádio, sobretudo na expectativa comunicacional enquanto área de conhecimento.
_____É apostar no rádio como quem, também, aposta no jornalismo!
_____Em outras palavras, equivale (re)compor a comunicação não apenas a partir de uma mera produção, transmissão e/ou circulações de ideologias, crenças, tensões ou valores, mas como atividade envolvente da linguagem – estratificada por cultura e representação. Atividade essa capaz de (re)estabelecer pressupostos incorporados aos meios mais expressivos de circunstanciais feixes de efeitos. E nessas ondas sonoras, distribuem-se registros peculiares tanto com o material gravado quanto com o ao vivo.
_____Para além de aspectos econômicos, identitários, socioculturais e políticos que (des)envolvem mercado e mídia, o recorte metodológico deste trabalho perpassa alguns parâmetros instrumentais de recursos técnicos e estilísticos diante dos aparatos elencados (a música, a voz e o som entre outros). Ambos os recursos – técnicos e estilísticos – somam variáveis enunciativas que intensificam o lugar do rádio no âmbito do jornalismo atual. Diante das tecnologias emergentes eis a busca por atualidades...
_____Neste bojo, consideram-se as estratégias discursivas do radiojornalismo, as quais esboçam o pensar articulado sobre o endosso criativo, cujo escopo promove a diversidade contemporânea. Isso implica (inter)mediar o conhecimento técnico e conceitual e a experiência profissional. O intercâmbio configura uma máxima abrangência da esfera radiofônica: soltar a voz do coração.

_____Ao acompanhar a proposição desta publicação, recolho vestígios recorrentes de um posicionamento inquieto – de investigação, produção e divulgação da informação. Da preparação da pauta ao resultado final, destacam-se diversos níveis – pesquisados pelo autor –, que (de)marcam a complexidade de relacionar rádio e jornal na atualidade de anúncios, depoimentos, entrevistas, locuções e/ou notícias.
_____É postar na notícia como quem, também, aposta na informação.
_____Em sintonia, a informação (com)partilha a notícia em seu entorno. Mais que isso, é observar a dinâmica criteriosa que deve permear, por exemplo, o processo de ensino-aprendizagem do rádio, atualmente, em um curso de jornalismo. A troca de experiência revigora resultantes consistentes. Aqui, o/a leitor/a encontra uma reflexão aguçada acerca do fazer radiofônico, no Brasil, que se alia ao campo do jornalismo.
_____Há diferentes vertentes e denominações, em atenção para rádios comunitárias, rádios populares, rádios educativas e rádios universitárias, as quais se instauram, eleitas, como espaço laboratorial (do fazer-saber e/ou saber-fazer). São projetos de radiodifusão alternativa que enveredam as ações colaborativas da comunicação popular. Essa comunhão entre fonte, locutor, repórter e ouvinte, em um diálogo constante, aproxima cada vez mais emissor e receptor.
_____Um leque diversificado e interativo de possibilidades temáticas (re)inscrevem diferentes exemplificações das agendas de notícias, as quais apontam e absorvem o exercício crítico e, ao mesmo tempo, criativo quando se trata de um radiojornalismo mais participativo. Segundo Maluly, “o desafio é manter um canal aberto entre jornalistas, colaboradores e ouvintes”. Neste veio, o público também coopera com sugestões seletas da/na programação diária flexível.
_____Talvez, para atingir um mais valor expressivo basta prever a adequação discursiva do radiojornalismo na comunidade. Uma comunidade que utiliza a rádio como canal de informação cotidiana. O local alia-se à realidade informacional para atingir o global em uma comunhão de princípios comunicacionais.
_____E o hoje – aqui, agora – deve ser objeto de pauta e discussão. A instantaneidade da notícia revigora a (re)dimensão imediata da informação em uma condição adaptiva de espaço-tempo. O que acontece na vida do ouvinte, também, deve ser agendado em um programa de radiojornalismo, pois são eventos relevantes àqueles que assistem.

 

< voltar | sumário | avançar >