V Seminário Arte, Cultura & Fotografia

08 a 12 de novembro de 2010, no auditório do MAC -USP.



Programação

08 de novembro


14h – Mesa de Comunicações - Fotografia como matriz das Belas Artes.

Elaine Dias (Professora da UNIFESP) – A fotografia como modelo.
Esta proposta tem como objetivo uma reflexão sobre a história da prática da fotografia no campo das belas artes na França, utilizada como método de observação dos artistas, muitas vezes em substituição ao modelo vivo. Abordaremos a discussão em torno desta atividade, da substituição ou do reforço ao modelo vivo, retomando estudos como aquele de Charles Blanc no âmbito da academia francesa do século XIX. Analisaremos ainda a aprovação da fotografia por artistas como Delacroix e Courbet, assim como o uso das revistas de modelos fotográficos no início do século XX. 


Andrea Cortez (GEA&F – ECA/USP) Considerações sobre a presença da fotografia e das belas artes na revista ilustrada Renascença (1904-1908)
Publicada no primeiro decênio do século XX, a revista Renascença pertenceu ao período de inserção de técnicas fotográficas de produção e reprodução de imagens pela imprensa ilustrada brasileira. Ao longo de sua publicação, a Renascença divulgou um diversificado repertório de imagens composto, principalmente, pelas transformações urbanas do Rio de Janeiro, por reproduções de obras de arte e pelas primeiras experimentações e produções de fotoclubistas brasileiros. Esse conjunto de imagens, associado aos textos e matérias publicados pela Revista, apresentou um recorte interessante da produção artística nacional e das transformações sociais e políticas da ainda recente República brasileira. A comunicação versará sobre a presença da fotografia e das belas artes na imprensa ilustrada a partir da análise da Renascença, além de investigar a participação da Revista na composição de um discurso de construção simbólica da nação e do regime republicano.


Fabio Maciel (GEA&F – ECA/USP) Análise do conto “Topázio, pintor de retratos”.
Discute-se nesta comunicação o conto “Topázio, pintor de retratos”, publicado pela primeira vez na França, em 1842, com ilustrações de J.J. Grandville. A história narra os caminhos percorridos por um macaco brasileiro que se torna um pintor de retratos, após ser levado à força para Paris. Pouco depois, se converte em fotógrafo, retornando ao Brasil, onde desempenha sua nova função. Parte-se do enredo oferecido por esse conto para se estabelecer algumas questões presentes no contexto social e artístico do século XIX, em especial o intercâmbio desempenhado pelos artistas brasileiros e europeus desse período. O artigo chama especial atenção para as relações e debates entre arte e fotografia que já surgem naquele conto, publicado apenas 3 anos após a apresentação oficial do daguerreótipo, um dos primeiros processos fotográficos. 



09 de novembro

14h - Mesa de Comunicações: Difusão de imaginários: inícios da cultura visual de massa no Brasil.

Mauricio Nunes Lobo (Mestre em História pelo IFCH-Unicamp, professor da UNIMES) - Imagens em circulação: os cartões-postais produzidos na cidade de Santos pelo fotógrafo Jose Marques Pereira no início do século XX
Este trabalho objetiva analisar um conjunto de cartões-postais, produzidos pelo fotógrafo e editor José Marques Pereira no início do século XX, e compreender a memória da cidade de Santos impressa nesta narrativa, no período em que o cartão-postal era o principal meio de comunicação visual de massa. Encontramos nos cartões-postais desse fotógrafo indícios de uma preocupação em documentar aspectos da cidade de Santos e de sua população no período de ritmo acelerado das transformações urbanas e sociais. A metodologia para análise dos documentos evidencia sua condição de documentos/representações e criações artísticas feitas pelo fotógrafo-editor.

Camila Dazzi (Doutoranda UFRJ, Professora do CEFET-RJ) - Henrique Bernardelli: indícios do uso da fotografia no processo de criação artística
Em 1879 o jovem artista Henrique Bernardelli (1857-1936), após anos de aprendizado na Academia Imperial das Bellas Artes do Rio de Janeiro, parte rumo à Itália para aperfeiçoar-se. Estabelece residência em Roma, realizando inúmeras viagens pelo país. Durante o mestrado sobre os anos de estudo de Henrique Bernardelli na Itália, encontramos documentos que apontam o uso da fotografia no processo de criação de suas pinturas. Já indícios iconográficos localizados no decorrer do doutorado, apontam que tal prática teve continuidade após o regresso do artista ao Brasil. O presente trabalho tem como propósito apresentar a utilização que o artista fez da fotografia, tendo como base documentos pertencentes aos acervos do Museu Nacional de Belas Artes e do Museu D. João VI/EBA/UFRJ.


16h - Depoimento de artista e comentário crítico
Artista: Paulo Bruscky (Recife, PE)
O artista pernambucano Paulo Bruscky, reconhecido como uma das principais figuras da arte brasileira a partir dos anos 1970. fará um depoimento sobre sua trajetória, enfatizando o papel da fotografia na constituição de sua poética e na documentação de sua obra de cunho performático.

Comentarista: Daria Jaremtchuk (GEA&F – ECA/USP)
Daria Jaremtchuk, pesquisadora especialista na produção de arte conceitual brasileira nos anos 1960 e 1970, comentará a obra do artista, visando proporcionar o aprofundamento do debate desencadeado pelo olhar do crítico e a percepção do artista sobre seu próprio trabalho.

10 de novembro

14h – Comunicações: Arquitetura, cidade e imaginário nacional.
Eliane Pinheiro Silva (GEA&F – ECA/USP) - Considerações sobre a "Primeira missa no Brasil" de Victor Meirelles
A comunicação apresentará resultados da pesquisa de Iniciação Científica (FAPESP) sobre as circunstâncias que fizeram da pintura Primeira missa no Brasil (1860), de Victor Meirelles (1832-1903), um dos modelos para a produção de pintura histórica no século XIX, participando da construção de uma visão idealizada do país. Inspirada no acontecimento narrado na Carta de Pero Vaz de Caminha, ela inaugurou um tema que se tornaria canônico na arte brasileira, retomado por obras de alguns artistas que foram estudados nessa pesquisa: Pedro Peres, Oscar Pereira da Silva, Carlos Oswald, Candido Portinari, Glauco Rodrigues e Anna Bella Geiger. As citações feitas por tais artistas permitiram reconhecer a permanência da imagem no centro de um debate sobre a identidade brasileira. Tal debate deixaria suas ressonâncias também sobre o século XX, quando alguns desses símbolos de brasilidade foram repensados criticamente.

Heloisa Espada (GEA&F – ECA/USP) - O repertório moderno na representação de Brasília pelo fotógrafo Marcel Gautherot
Entre o fim dos anos 1950 e início da década seguinte, o fotógrafo francês Marcel Gautherot (1910 – 1996) registrou a construção e os primeiros anos de Brasília, produzindo um conjunto de aproximadamente 3.500 imagens. A série compõe um discurso visual de sentido épico no qual se configura o mito do nascimento de uma nação forte e moderna, representado pela construção da nova capital do Brasil. Divulgadas em revistas e exposições nacionais e internacionais de arquitetura, as fotos de Marcel Gautherot eram como um argumento a favor do caráter plástico e monumental da obra de Oscar Niemeyer. A comunicação apresenta um conjunto delimitado dessas imagens e sua relação com diferentes momentos da arte moderna, tais como a pintura metafísica de Giorgio De Chirico e a arte construtiva, que na época caracterizava parte significativa da produção artística no Brasil. A intenção é analisar de que maneira Marcel Gautherot se apoiava num repertório plástico moderno para construir a imagem de uma cidade que, entre outros aspectos, foi debatida como a possível concretização de uma síntese das artes.

Sonia Maria Milani Gouveia (FAU-USP) - O homem, o edifício e a cidade por Peter Scheier
Este trabalho analisa a fotografia urbana e de arquitetura com base no álbum São Paulo fastest growing city in the world, de autoria de Peter Scheier, editado em 1954 no contexto das comemorações do quarto centenário da cidade de São Paulo. O álbum traz conteúdo informacional extenso, não só sobre a cidade na década de 1950, mas também a respeito de Peter Scheier, uma vez que foi elaborado a partir de material de seu arquivo, fotografias publicadas nas revistas O Cruzeiro e Habitat e no livro Modern Architecture in Brazil, produzidas para o MASP, do qual era fotógrafo oficial. O objetivo da apresentação é, através da análise da obra de Peter Scheier, compreender a dinâmica da atividade dos fotógrafos que atuavam em São Paulo em meados do século XX.

16h - Conferência
Helouise Costa (Professora do MAC-USP) Momento Decisivo no Museu: a assimilação da obra de Henri Cartier-Bresson no Brasil.
A produção fotográfica de Henri Cartier-Bresson ocupa uma posição singular na história da fotografia moderna. Aclamada duplamente por suas qualidades artísticas e documentais, conquistou esse estatuto híbrido por intermédio de ações implementadas nos Estados Unidos já na década de 1930. Essa confer irá investigar, primeiramente, o processo de legitimação da produção de Henri Cartier-Bresson nesses dois campos entre 1933 e 1955. Em seguida será apresentado um levantamento acerca da assimilação da obra de Henri Cartier-Bresson no Brasil, processo que se inicia na década de 1970 por meio de exposições em museus e da publicação de textos do fotógrafo traduzidos para o português.

11 de novembro

14h – Mesa de Comunicações: Fotojornalismo: Documento/Ficção
Angela C. Garcia (fotógrafa, Mestre pela FAU-USP) - São Paulo em prata: a capital paulista nas fotografias de Aurélio Becherini (anos 1910-20)
Esta comunicação tem como ponto de partida a dissertação de mestrado "São Paulo em prata: a capital paulista nas fotografias de Aurélio Becherini (anos 1910-20)". A comunicação apresentará a trajetória de Aurélio Becherini,que pode ser considerado o primeiro repórter fotográfico da imprensa paulistana. Trabalhou para  O Estado de S. Paulo e outros jornais e  revistas como Cigarra e Cri-Cri.  Trata-se de fotógrafo que documentou nos anos 1920 as profundas transformações por que passava a cidade de São Paulo.

Carolina Soares (GEA&F – ECA/USP). Claudia Andujar – Uma bricolagem virtual infinita. O texto apresentado tem como objetivo uma análise pontual sobre dois aspectos que tangenciam a produção fotográfica de Claudia Andujar, de 1960/70, realizada com os Yanomami, a saber: o modo como determinadas decisões estéticas, em especial o acentuado contraste entre luz e sombra, problematiza a presença incontestável do referente na fotografia, conforme defendido pelo crítico francês Roland Barthes. E mais, como essa representação do indígena parece privilegiar a ideia do outro como alteridade. Destaca-se, portanto, a maneira como Andujar propõe a construção de um diálogo estético e discursivo que redimensiona o debate em torno da fotografia documental brasileira ao aproximar realidade e ficção. Para essa análise, é dada ênfase à escolha por uma metodologia que privilegie o contato da História da Fotografia com outros diferentes campos do conhecimento como o da História da Arte, da Antropologia e do Cinema, o que pode vir a trazer contribuições significativas para o debate em questão.

16h - Depoimento de artista e comentário crítico
Artista: Ana Maria Tavares (Professora da ECA-USP)
Ana Maria Tavares, artista mineira radicada em São Paulo, centrará seu depoimento no uso da fotografia e da imagem fotográfica na constituição de seu trabalho plástico.

Comentarista: Paulo Herkenhoff (curador independente - RJ)
Paulo Herkenhoff analisará a trajetória artística de Ana Maria Tavares enfatizando a presença da fotografia em sua obra. O encontro visa proporcionar o aprofundamento do debate desencadeado pelo olhar do crítico e a percepção do artista sobre seu próprio trabalho.

12 de novembro

14h – Mesa de Comunicações – A fotografia nos processos artísticos modernos e contemporâneos.
Marcelo Juchem (Univali) - Imagens e letras do realismo à vanguarda: intercâmbio de influências entre fotografia, pintura e literatura. O trabalho avalia as relações entre obras de artes visuais e literatura a partir de um breve histórico do meio fotográfico e da contextualização dos primeiros romances realistas até o surgimento de movimentos como cubismo, futurismo, dadaísmo e surrealismo. Serão enfatizadas as manifestações artísticas, bem como as reflexões conceituais e poetológicas que de alguma forma utilizaram elementos tanto textuais quanto visuais.

16h – Conferência
Diana Wechsler (Diretora do Mestrado em Estudos Curatoriais e Visuais da Universidad Tres de Febrero. Professora de Sociologia e Antropologia UBA- Argentina) – Espaços e identidade. Fotografia e vídeo-arte na Argentina
Na conferência a historiadora abordará a questão da representação do espaço na cena artística contemporânea, focando seu interesse na produção visual argentina no âmbito da fotografia e do vídeo Serão debatidas produções que partem de um dado indiciário da fotografia e do cinema experimental dos anos 1930, na Argentina (Coppola, Di Sandro, Stern, Heinrich, Saderman) para retomar em perspectiva o trabalho de artistas contemporâneos, entre eles: Facundo de Zuviría, Carlos Trilnick, Silvia Rivas, Jorge Macchi, Matilde Marín, Res, Leonel Luna, entre outros.