Para que acontecesse o nascimento do teatro moderno no Brasil na década de 40 forma fundamentais o trabalho e os ensinamentos de diretores estrangeiros. Os conjuntos teatrais desbravadores do profissionalismo no país, o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e o Teatro Popular de Arte (TPA), surgiram amparados pela participação destes profissionais. No meio da década de 50 surge o teatro de Arena, dirigido pelo brasileiro José Renato, e a partir desta experiência, principalmente na virada da década de 60, outros grupos começam a se organizar. A história destes conjuntos ainda está por ser escrita. Vinculada à área de concentração de Teatro e Cultura, e inserida na linha de pesquisa História e historiografia do Teatro Brasileiro, esta dissertação é o resultado de uma pesquisa sobre o Grupo Decisão, fundado em 1962 por Antônio Abujamra, Antônio Ghigonetto, Berta Zemel, Wolney de Assis, Emílio Di Biasi e Lauro César Muniz em São Paulo. Após longa experiência na Europa, onde estagiara com os diretores franceses Jean Vilar e Roger Planchon, e no Berloner Ensemble de Bertold Brecht, Antônio Abujamra traz na bagagem uma forte identificação com o trabalho desenvolvido por este conjunto e também com a leitura que Roger Planchon faz do diretor alemão. Abujamra inicia sua carreira em São Paulo passando por três conjuntos teatrais: Teatro Cacilda Becker, Teatro Oficina e o Novo Teatro; em seguida funda o Grupo Decisão. Grupo que trabalhava sem sede fixa e sem salário para os artistas, o Decisão teve existência curta - apenas três anos - se comparado a seus contemporâneos Arena e Oficina. Contudo, o número de produções realizadas chegou a nove, uma média de quase três por ano, uma vitória para um conjunto nestas condições. Através das críticas analisadas nesta dissertação podemos perceber que no início da carreira de Antônio Abujamra a influência teórica de Bertolt Brechet era muitas vezes detectadas, numa época em que as peças e os escritos do alemão começavam a chegar no Brasil. A linguagem cênica que Abujamra criava foi combatida principalmente pelo crítico Décio de Almeida Prado, do jornal O estado de São Paulo, expoente da crítica moderna.