O presente estudo pretende analisar criticamente o espetáculo 'Aquilo de que Somos feitos', da coreografa LiaRodrigues. Acredito que este espetáculo seja um marco para a história da dança carioca e brasileira, assim comopara a obra desta coreógrafa, inaugurando novos parâmetros para a dança contemporânea. O interesse pela obra de Lia Rodrigues não se concentra apenas na necessidade, que consdiero fundamental, de investigar e escrever algumas páginas da história da dança brasileira. Como bailarina e coreõgrafa, interesso-me especialmente por entender as transformações do corpo na dança e na cena contemporânea. É do lugar de uma pesquisadora-criadora, interssada nos processos criativos que engendram as poéticas corporais do mundo contemporâneo, que compreende esta pesquisa. Buscarei fazer perguntas a 'Aquilo de que somos feitos', compreender caminhos e influências e analisar conceitos e operações possíveis envolvidas em sua criação e estabelecer diálogos e interlocuções com as idéias e representações do corpo presntes no mundo hoje.
Este trabalho apresenta uma síntese de práticas de criação cênica que emergem de um modo particular de abordagem da construção do corpo nas danças populares brasileiras e no teatro contemporâneo. A pesquisa explora e redimensiona a qualidade singular do corpo em traduzir um sistema de signos em outros, a partir de um olhar analítico nos campos do teatro contemporâneo, da dança, do candomblé e na cura xamanística, apropriando-se desta qualidade para dela extrair fundamentos de procedimentos técnicos de criação cênica. Os procedimentos apresentados foram garimpados e amadurecidos ao longo de situações formativas no curso do bacharelado em Artes Cênicas e de criação cênica independente. A operação central dos procedimentos criativos resulta nessa obra que se pretende um teatro dançado, no qual o corpo não formula sentido, mas articula energia em uma ação na qual tudo é gesto.
Este trabalho desenvolve algumas reflexões sobre as relações entre dança, literatura e teatro brasileiros, de meados do século XIX aos primeiros anos do século XX, partindo do estabelecimento de uma possível trajetória das figurações textuais da dança, em romances, contos, poemas e textos teatrais. A análise observa a tendência à mundanização das figurações da musa da dança nesses textos, assim como uma crescente aproximação física entre os pares dançantes. A trajetória percorrida apresenta um mapeamento das danças em voga nos salões e nos palcos do Rio de Janeiro por meio da análise dos seus modos de representação e de inserção na produção ficcional brasileira do período estudado.
Esta dissertação investiga de que modo o conceito de 'Cidadão Dançante', desenvolvido pelo coreógrfo IvaldoBertazzo, foi incorporado em seus espetáculos, a partir da análise crítica das peças 'Folias Guanabaras' (2001) e 'Dança das Marés' (2002) criadas peara o Corpo de Dança da Maré. O estudo apresenta a trajetória de IvaldoBertazzo, na tentativa de identificar as características centrais de seu método de trabalho corporal e de compreender as bases do coneito de 'Cidadão Dançante'. Retrata, também, os principais elementos institucionais e programáticos do Centro de estudos e Ações Solidárias da Maré (ceasm), responsável pela implantação do Corpo de Dança da Maré. A análise de 'Folias Guanabaras' permite tratar o espaço - elemento fundador dadança - como ponto de entrada para abordar a proposta cênica de Bertazzo. A idéia de cidadania e sua articulação com a noção de comunidade são apresentadas como pontos relevantes para o entendimento da presença do 'Cidadão Dançante' neste espetáculo. Em 'Dança das Marés', a dimensão do tempo e seus desdobramentos na dança ajudam a destacar a coralidade que caracteriza as peças do coreógrafo. O trabalho discute, aina, as transformações que o conceito de 'Cidadão Dançante' sofreu e a importância do Corpo de dança da Maré para essas transformações.
A presente pesquisa desenvolve interpretação sobre o modo como o corpo do indivíduo atua na performance das danças sagradas de quatro Orixás femininos dos Candomblé. Estes Orixás de origem Iorubá são as chamadas Iabás ou rainhas, conhecidas no Brasil pelos nomes de Iançã, Oxum, Iemanjá e Obá. Pela importância dada ao corpo, a dança no ritual representa um determinante elemento processo, pois é por intermédio desta que acontece a corporificação da entidade; o corpo, ao dançar, intermedia o mundo sagrado com o prafano. A performance no ritual do Candomblé apresenta uma união entre canto, dança e o patuque. Esses três elementos, que não podem ser considerados funções autônomas segundo as culturas africanas, estão incumbidos de, juntos, ao lado de - lendas, objetos e mitos, promover a interação entre o mundo, que em Nagô tem uma parte visível - o aiê - e outra invisível - o orum -, com os homens. É a história de um corpo biológico que, ao praticar formas espetaculares de performance, revela também a história de um corpo cultural e social biológico que, ao particar forma espetaculares de performances, revela também a história de um corpo cultural e social. Esta performances assume dimensões que dialogam e explicam este corpo, na construção de um corpo mágico. O estudo das Performances apresentou-se como um meio eficaz de reflexão crítica, por poder explicar, de forma mais clara, práticas culturais deste ritual, permitindo que valores e objetos da cultura fossem vistos em ação.