Este trabalho versa sobre as personagens de tipo marginal através da análise do texto de duas peças teatrais contemporâneas. A primeira obra é Dois perdidos numa noite suja (1966), de Plínio Marcos, e a segunda Nossa vida não vale um Chevrolet (1990), de Mário Bortolotto, dois importantes dramaturgos brasileiros que apresentam alguns interessantes pontos de encontro e também de distanciamento passíveis de análise. Para examinar as diferenças na construção de personagens marginais feita por cada um dos dramaturgos, foram selecionadas duas peças de temática semelhante: ambas são protagonizadas por personagens que atuam como ladrões. No entanto, em Plínio Marcos as personagens são conduzidas à marginalidade como meros fantoches do destino, enquanto em Mário Bortolotto o ato de ser marginal integra, desde o início da peça, a identidade dos protagonistas. A análise irá contar, principalmente, com as teorias sobre a personagem do teatro, de Décio de Almeida Prado, com as análises da figura do malandro, feitas por Antonio Candido e por Roberto DaMatta, e sobretudo com a ideia de substituição do malandro pelo marginal, desenvolvida por João César Rocha. Em virtude de ambas as peças terem sido adaptadas para o cinema, isso também será contemplado nesta dissertação. A peça de Plínio Marcos teve duas adaptações, as quais foram intituladas Dois perdidos numa noite suja (1970) e 2 perdidos numa noite suja (2002), e a versão da peça de Bortolotto teve o título alterado para Nossa vida não cabe num Opala (2008). Essas adaptações serão aqui abordadas a fim de verificar se as características desses marginais se mantêm nessa outra linguagem que confere à personagem maior autonomia em relação aos seus criadores originais. Ao final de todas essas etapas, esta pesquisa pretende examinar a possibilidade de ver no malandro a origem do marginal e como, em virtude do diferente contexto histórico de ambos os dramaturgos, essa condição é responsável por distanciar dois autores sempre tão comparados. Palavras-chave: Plínio Marcos; Mário Bortolotto; teatro brasileiro; cinema; malandro; marginal
Este trabalho analisa os arquétipos do malandro e do feminino presentes na Ópera do
malandro, de Chico Buarque, pelo viés da psicologia analítica de Carl Gustav Jung,
estabelecendo relações com as bases antropológicas do imaginário, de Gilbert Durand, com a
mitologia grega e com os estudos culturais de gênero. Investiga, ainda, aspectos regionais
vinculados ao bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, na década de 1940, período em que a peça é
ambientada. Sendo assim, o presente estudo defende que a dinâmica psíquica está
constantemente sendo transformada pela capacidade humana de criar analogias e de dar
significado ou representação simbólica a todas as coisas, mostrando, dessa forma, que quanto
mais flexível for o ego do indivíduo, mais elementos internos ele terá para promover, para si
mesmo e para o meio onde vive, uma vida mais plena em criatividade e em saúde mental.