Resumo
A poética do "teatro-folia" demonstra o caminho de uma conformação cumulativa para a dramaturgia brasileira, abarcando autores e obras que vão desde José de Anchieta até o teatro contemporâneo: Martins Pena, Joaquim Manuel de Macedo, Artur Azevedo, Luiz Peixoto, Carlos Bettencourt, Oswald de Andrade, Antenor Pimenta, Ariano Suassuna, Dias Gomes, Ferreira Gullar, Carlos Alberto Soffredini, Cláudia Barral e Luís Alberto de Abreu. Tal caminho consiste na percepção do que há de espetacular nas festas, nas brincadeiras, nos folguedos, nas músicas e nas danças brasileiras populares e também em um profundo entendimento da vida popular nacional, na sua dualidade entre violência e resistência - percepção e entendimento que fizeram com que alguns dramaturgos se distanciassem de padrões estéticos eruditos e de origem europeia na concepção de suas peças. Trata-se de uma poética não normativa, e sim descritiva, que acolhe uma parte da dramaturgia brasileira, que dialoga com a cultura popular e mais especificamente com os folguedos, as teatralidades e o teatro popular.