Prosa-poética-teatralizada. Tal é o termo que aqui utilizaremos para desenvolver um breve ensaio a respeito da obra Rede (2014), de Paula Glenadel. A autora de crítica e de poesia, professora da Universidade Federal Fluminense e tradutora, lança-se ao cenário da dramaturgia com a obra aqui em questão. Rede parece figurar como uma digna representante da cena teatral e poética contemporânea, pois transita entre gêneros distintos, que vão da forma teatral e da poesia à crítica de arte, por meio de personagens que atuam como nômades do discurso. As fronteiras entre personagem, texto e discurso social e histórico são borradas, elaborando um panorama espectral entre pensamento e encenação, em que o estranhamento reside não mais na narrativa em si, mas na mutação dela e da relação entre espectador e texto.