Esta dissertação apresenta uma interpretação da trajetória de Francisco Solano Trindade dentro do debate das relações raciais brasileiras entre os anos de 1930 e 1960, verificando a relação estabelecida entre a raça e a classe social no seu pensamento, no fazer artístico e na sua prática social, junto ao Partido Comunista do Brasil. A análise foi realizada a partir do exame do registro: dos poemas presentes em três livros editados pelo poeta; do exemplar do espetáculo folclórico elaborado pelo teatrólogo e encenado pelo Teatro Popular Brasileiro; da cobertura jornalística do período; de entrevistas concedidas pelo próprio à imprensa; dos registros do DOPS (Departamento de Ordem Social e Política) e de entrevistas com seus familiares e contemporâneos. Procuro registrar a resistência de Solano Trindade ao processo de assimilação física e cultural do negro e a defesa de uma identidade afro-brasileira formulada e institucionalizada no Centro de Cultura Afrobrasileiro, registrada e comunicada através de uma linguagem simbólica presente na poesia e no teatro, entendidos como instrumentos de intervenção social.