Uma reflexão sobre lugares de fala, diálogos iniciais e a Educomunicação

28/09/2018 – Uma reflexão sobre lugares de fala, diálogos iniciais e a Educomunicação

Os convidados da vez foram  Prof Esp. Saulo Silva e Prof. Esp. Jefferson Santos.

Foi um encontro importantíssimo mais uma vez para entender as diversas e diferentes trajetórias que podem ser seguidas realizando a educomunicação, e também, fazer pensar que os acontecimentos não se dão de formas lineares mas somam à formação do sujeito. Foi esclarecedor ao trazer alguns temas como sistema carcerário, educação popular, educação inclusiva e educação em regime de liberdade – todos, de certa forma,  vinculados à educomunicação e qual o papel  dela diante essas situações.

É possível identificar na lembrança desse encontro formas, não como receitas de bolo, mas que funcionaram naqueles contextos de trabalho e que podem servir de exemplos a serem passados para frente. Além disso, é importante perceber que na maioria das vezes, vai ser feito o que dá pra ser feito com o que se tem. Ou seja, não vai ter como esperar a situação ideal de trabalho e ferramenta, porque senão, não se faz nada. Uma visão pessoal é que o educador motivado traz consigo muita resiliência.

As falas de  Jefferson ecoam na cabeça toda vez que vou me apresentar em um projeto novo por trazerem reflexão sobre o lugar de fala, sobre a permanência nas universidades, sobre a Fundação Casa – que atualmente é onde realiza o seu trabalho (através da ONG Ação Educativa ) como educador e busca trazer o cinema e suas ferramentas nesse processo, além da tentativa de dialogar sobre os valores civilizatórios negros e brancos e o cinema negro. Ecoam por conta da pergunta feita: Quem pisa, em sua maioria, nesses lugares? Quais são as diferenças?

Outro ponto levantado, a partir desse trabalho realizado com jovens em privação de liberdade, é do tema gerador que vem de Paulo Freire, e Jefferson nomeia de “pontos empáticos” por conta da leitura Na Linha Tênue  (uma das leituras sugeridas). Isso seria o inicio de um diálogo, de um processo comunicacional entre os sujeitos participantes. É uma linha de ação e investigação de quem seria àquela pessoa que eu tento dialogar, e a partir daí, o trabalho ser feito em conjunto e não como no ensino tradicional, para/por alguma coisa ou alguém.

Faz, assim, como dito anteriormente, um paralelo  com pontos de Paulo Freire e a educação popular e a Educomunicação. Mais uma vez, há uma reflexão sobre as políticas públicas, agora, chamando a atenção para a diferença entre elas e as políticas de governo e daí a importância da Educomunicação e de projetos educacionais no geral passarem de uma política de governo para uma política pública, tentando buscar também a continuidade dos processos, como já dito.

E, trazendo a reflexão sobre o círculo da marginalidade e da desigualdade como uma construção, favorece pensar no papel da Educomunicação nesse cenário: como ela pode trabalhar para informar de uma forma mais eficaz quem precisa, colaborando para um pensamento critico e autônomo e o que fazer com essa informação  após se dar conta dos lugares de privilégios.

Para encerrar e dar sentido ao que foi dito, sobre projetos educacionais é sempre importante, seja qual for e aonde for, levantar os seguintes questionamentos: Para quê? Qual o meu objetivo nisso tudo? Qual o objetivo pedagógico disso?. Se essas questões não tiverem respostas, é melhor parar e repensar no que está sendo feito.

Leituras indicadas:  O herói com rosto africano, Mitos da África – Clyde W. Ford,   Negritude,  Usos e Sentidos – Kabengele Munanga,  Cinema e Educação – Rosália Duarte.

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