dos fatos incompreensíveis para o cidadão comum, como, por exemplo, a desigualdade e a mentira.
Supostamente, o jornalista ainda comanda o processo, não pelo poder a ele concedido, mas como direito do exercício da profissão de jornalista. Possibilidade de fazer do rádio um veículo de mobilização, conduzido pela bandeira da liberdade de expressão, não de opressão, como as demonstradas por aqueles que se apoderam dos espaços públicos destinados à informação.
Convivência
Viver em grupo, no sentimento de aceitar os diferentes, com o espaço democratizado pela quebra de poder. Direitos respeitados pelo jornalista no equilíbrio do processo comunicativo, no posicionamento responsável de quem deseja o rádio como bem-comum. A notícia como meio de convívio entre as pessoas, sobre os pensamentos.
O processo final
O princípio é de que as manifestações sejam aceitas, sem estipular o certo ou errado, respeitando sempre a liberdade de imprensa. Desta forma, as condições das mensagens são estipuladas pelo comunicador, que determina os critérios para a apuração e transmissão da notícia. Assim, o público conhece a postura do jornalista, explícitas no universo do só eu falo; o outro também fala; eu converso com o outro; nós chegamos a um acordo; nós nos unimos; estamos juntos; somos um só, entre outras formas que surgem e se intercalam.
O discurso do jornalista como produtor de conteúdo, muitas vezes, viabiliza a possibilidade de expansão da notícia. A informação fica sob controle do sujeito que seleciona os dados a serem transmitidos, conforme os já estabelecidos critérios jornalísticos. Ao quebrar o ensinamento determinado pela cartilha da profissão, o mediador sugere alternativas comunicacionais à democracia, ou seja, programas diferenciados, interativos e integradores. O espaço começa a ser composto pelos diversos recursos radiojornalísticos disponíveis para a construção da notícia, sendo o cotidiano revelado conforme a intencionalidade de seu idealizador.
A diversidade será possível quando os preceitos de liberdade e responsabilidade estiverem, paralelamente, (re)associadas ao trabalho do jornalista. A ruptura com o plágio, mascarado pela reprodução/retransmissão das mesmas notícias, é um dever de quem busca revelar, pelo olhar, o cotidiano das (in)justiças e das (in)certezas. Noticiário que modifica a vida do outro, que orienta, que instiga a troca, a relação, que propõe igualdade de condições entre os participantes.
O processo agora é único, porque, para o jornalista, não há mais emissores e receptores, mas sim comunicadores, desde que ele, a empresa, a escola de comunicação estabeleçam a notícia como espaço público de debate. Uma abertura que possibilite, principalmente, ao cidadão comum adquirir subsídios para as discussões do dia-a-dia, como as estabelecidas na rotina da vida, como as difíceis situações observadas quando a pessoa está doente (da demora no atendimento até a mudança dos hábitos), ou sem emprego (pela qualificação, salário baixo e/ou paciência), ou insegura nas ruas cheias de lixo, ou quando observa o rio poluído, em que poderia nadar ou inclusive para não ficarem falando da falta de água, ou do difícil vestibular, com a complexa pergunta da matéria que não foi ensinada no ensino médio.
O importante é revelar que os padrões de qualidade que imperam nos meios de comunicação e que, infelizmente, são seguidos por alguns profissionais (ir)responsáveis, prejudicam a abertura de ambientes democráticos para participação, revelação e debate de situações do cotidiano. E é dever e direito do universo jornalístico (profissional e acadêmico) estimular o conhecimento, começando pela simplicidade do rádio, um meio transformador que modifica pensamentos pela notícia. Afinal, o conteúdo está repetitivo e, por isso, é permitido mudar (não só de estação).

 

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