Uma
aula de Boris Schnaiderman
Por Valéria
Guimarães*
Boris
Schnaiderman revela nesta aula no curso
de Semiótica Russa, como convidado
da professora Jerusa Pires Ferreira, seus
contatos com intelectuais estrangeiros
que revolucionaram os modos de pensar
no século XX.
Primeiro
professor de russo do Instituto de Línguas
Orientais da USP, autodidata em estudos
da linguagem, teve posição
estratégica como tradutor deste
idioma. Foi o responsável pela
vinda de Jakobson ao Brasil, em 1968,
estabeleceu contatos com Ivanov, Lotman
e conheceu Bakhtin, já bastante
enfermo, além de se corresponder
com membros da Escola de Tartu, tendo
um papel central na difusão da
revolucionária cultura russa no
Brasil.
Na
ocasião desta aula, às vésperas
de completar 90 anos comemorados no mês
de maio de 2007, o professor Boris mostra
domínio no tratamento de questões
sobre a formação da disseminação
da semiótica no Brasil através
de textos muitas vezes traduzidos por
ele.
Com
fino humor, demonstrando extrema erudição,
delicadeza de gestos e simpatia sem limites,
nos deixa nesta aula o registro de um
testemunho dos mais importantes para qualquer
um que se interesse não só
por semiótica russa, mas pela formação
de uma geração de brasileiros
que se inspirou nas teorias destes intelectuais.
Nascido
em 1917, na Ucrânia, migra no pós-revolução
com a família, chegando ao Brasil
com oito anos. Aqui se forma engenheiro
agrônomo, mas sua carreira se faz
nas letras. Foi justamente o interesse
por uma das mais brilhantes e controversas
mentes que fizeram parte do caldo cultural
em que surgiu a Semiótica Russa,
o poeta Maiakóvski, que aproximou
Boris dos irmãos Campos.
Apresentados
por Décio Pignatari, encabeçaram
a vanguarda da poesia concreta no Brasil.
Revelações,
chistes, política e comentários
sobre traduções fazem parte
deste relato em forma de aula que apresentaremos
a seguir, dividido em capítulos.
A
primeira delas - A epopéia brasileira
de Roman Jakobson - consiste na narração
da vinda de Jakobson ao Brasil, em 1968,
e a multidão que se formou para
ver o "poeta da lingüística"
- como diz Haroldo de Campos - enfrentando
uma longa caminhada em "passeata"
até o Teatro da Aliança
Francesa, em Sâo Paulo, em plena
Ditadura Militar. Clique
aqui para assistir.
*Valéria
Guimarães
é
pós-doutoranda em Comunicação
no Centro de Oralidade e Semiótica
(COS-FAPESP),
da PUC/SP. E-mail valeria@mundonovo.jor.br.
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