...................................................................... pjbr@eca.usp.br













...

Resenhas


Os Caminhos Cruzados
do Jornalismo com a Arte,
a Ciência e a Tecnologia

Por Lizandra S. Meira*

No mês de junho de 2006 a ECA/USP estará completando 40 anos de fundação.

Berço lendário de reconhecidos artistas, dentre os quais professores e alunos, a ECA já começa a antecipar suas celebrações no momento em que a própria Universidade de São Paulo comemora 70 anos de existência.

A primeira iniciativa partiu da diretoria do MAC - Museu de Arte Contemporânea da USP -, que vem sediando o Seminário Acadêmico "Gênese do Pensamento Jornalístico Uspiano". Os encontros destacam um período de efervescência cultural e política e resgatam a memória da primeira geração de profissionais da ECA - aquela que fundou, direcionou e serviu de referência para as gerações seguintes, influenciando toda a sua produção acadêmica.

Organizado como um curso de extensão cultural, o Seminário vem acontecendo uma vez por semana, desde o mês de agosto, no auditório do MAC. Nessas tardes de segunda-feira são revisitadas as carreiras e os perfis de nomes que marcaram o Departamento de Jornalismo da ECA, como Freitas Nobre, Juarez Bahia, Gaudêncio Torquato, Thomaz Farkas e Jair Borin, entre outros. Há também justas homenagens reservadas para aqueles que continuam atuando na formação acadêmica dos alunos da Escola de Comunicação e Artes.

Fotos: Marcus Vinicius Costa
Proença, Costella e Farkas

É o caso de José Marques de Melo, um dos maiores pesquisadores brasileiros na área de comunicação, que até hoje dá aulas no programa de pós-graduação da ECA e que está sempre presente nos encontros do Seminário.

A professora Cremilda Medina, atual responsável pela Coordenadoria de Comunicação Social da USP, é outro nome em destaque.

No primeiro encontro do Seminário, dia 16 de agosto, foi traçado o panorama histórico em que se deu a fundação da ECC - Escola de Comunicações Culturais (que mais tarde teria seu nome alterado para ECA), cujo projeto pedagógico "não deixava de tratar os temas considerados fortes e censurados pelo então regime militar", como bem registrou a professora Ruth Vianna, pesquisadora do Programa de Pós-Doutorado do Núcleo de Jornalismo Comparado da ECA.

De agosto até hoje, cada exposição foi percorrendo páginas de uma história que reflete a própria formação cultural contemporânea no Brasil, do ponto de vista de seus gestores mais celebrados.

Durante os encontros, diversos depoimentos pessoais enriquecem e complementam as palestras, conferindo-lhes um tom de veracidade e uma proximidade quase física para o ouvinte, cuja absorção pela "aura intelectual" do conhecimento exposto se torna inevitável.

Na condução das palestras: jornalistas de todas as áreas, professores, autoridades, amigos e até parentes dos profissionais homenageados; no auditório: estudantes de jornalismo e convidados;

Na pauta: o justo reconhecimento por aqueles que fizeram e continuam fazendo da Escola de Comunicações e Artes (ECA) um celeiro do pensamento jornalístico brasileiro.

Costella exibe xilogravura

Passeando pela fotografia, pelo grafismo, pelas artes plásticas ou discutindo as produções jornalísticas no âmbito da literatura, do Direito, da política e da economia, é possível testemunhar uma verdadeira repaginação da história (muitas vezes vivida por quase todos ali presentes) e uma profunda avaliação da época estudada o que, não raro, caminha para auto-análises que se revelam emocionantes e cheias de cumplicidade.

Tristes episódios da ditadura, como a prisão de Juarez Bahia no dia do Ato Institucional nº 5, foram narrados por Carlos Conde e Francisco Prado; o pioneirismo gráfico de Hélcio Deslandes foi destaque na voz de José Coelho Sobrinho, o qual foi seu aluno e colega na ECA; a paixão de Jair Borin pelo debate foi lembrada com saudades no depoimento do ex-aluno Luciano Maluly, cujas lágrimas emocionaram todos os ouvintes; e o que dizer de Antonio Costella, que também teve um dos encontros dedicado ao seu trabalho como artista plástico, editor e escritor?

Costella tem sido um dos participantes mais assíduos do evento, o que garante à platéia a certeza de ser brindada com comentários riquíssimos, e até inéditos, de quem até hoje se ocupa em produzir conhecimento e preservar a nossa cultura.

Como a maior parte dos alunos ouvintes vem de outras instituições do ensino superior, a oportunidade de estar em contato com muitos dos autores que são lidos nos cursos de jornalismo torna-se preciosa e enriquecedora.

Tanto do ponto de vista teórico quanto prático, existe a chance de se discutir os processos comunicativos dentro de uma perspectiva histórica, avaliando seus alicerces, sua inserção atual na chamada era da informação, bem como sua projeção e sua renovação num mundo cada vez mais globalizado. Enquanto mediador de interlocutores, o jornalista tem o seu papel dentro desses processos, e cabe a ele, também, tal discussão.

"Quanto mais eu vivo, mais eu vejo que as coisas são transitórias, passageiras. Hoje, tudo se renova, inclusive as linguagens".
(Antonio Costella).

Gênese do Pensamento Jornalístico Uspiano Confira a programação e a exposição virtual nos links: ArteJornalismo e MacJor. O Curso de Extensão Cultural "Os Caminhos Cruzados do Jornalismo com a Arte, a Ciência e a Tecnologia" vai até o dia 29 de novembro. O endereço do MAC é Rua da Reitoria, 160 - Cidade Universitária - 05508-900, São Paulo/SP. Maiores informações pelo telefone (11) 3091-3033.


*Lizandra S. Meira é estudante do 8º semestre do curso de jornalismo no Centro Universitário UNIFIEO, de Osasco.

Voltar


...
www.eca.usp.br/prof/josemarques