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18/08/2004
O jornalismo entre a ciência e a arte
Por
Jornal da USP
As
quase quatro décadas de história e produção
acadêmica da Escola de Comunicações e Artes
(ECA) da USP serão lembradas e homenageadas num multievento
promovido pelo Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP
a partir desta semana.
Três
eixos compõem o evento, reunidos sob o título
Os Caminhos Cruzados do Jornalismo: o salão temático
Artejornalismo; a exposição Jornalismo: Caminhos
Cruzados com as Artes, Ciência e Tecnologia e o seminário
acadêmico Gênese do Pensamento Jornalístico
Uspiano.
A
fundação do curso de Jornalismo na ECA tem que
ser analisada no conteúdo do seu tempo, afirma
num estudo sobre a criação da escola o professor
Carsten Bruder, que vai palestrar no encontro do seminário
dedicado ao professor José Marques de Melo.
Os
responsáveis por essa primeira geração
da ECA tinham a dura missão de administrar os objetivos
da estruturação dos departamentos e cursos com
as dificuldades criadas pelas circunstâncias da época
o mundo ainda no meio de uma Guerra Fria, o Brasil no
auge de um regime militar.
O
seminário Gênese do Pensamento Jornalístico
Uspiano será organizado como um curso de extensão
cultural. Em 11 encontros semanais no auditório do MAC,
sempre nas tardes de segunda-feira, serão revisitadas
a carreira e as trajetórias de nomes que participaram
da primeira geração de professores do Departamento
de Jornalismo, alguns dos quais até hoje atuam na ECA.
É
o caso, por exemplo, da professora Cremilda Medina atual
coordenadora da Coordenadoria de Comunicação Social
(CCS) da USP, responsável pelas mídias da Universidade
, cuja contribuição, a partir do enfoque
dos estudos literários, será o tema do encontro
do dia 22 de novembro.
Efervescência
O
perfil de José Marques de Melo será traçado
e debatido na palestra de encerramento do seminário,
no dia 29 de novembro. Marques de Melo, reconhecido como um
dos mais importantes pesquisadores brasileiros na área
da comunicação, começou a dar aulas na
USP em 1966. Em 1968, com apenas 25 anos de idade, assumiu a
regência da cátedra Técnica e Prática
de Jornalismo.
Em
1974, teve os seus direitos políticos cassados pela ditadura
militar, e só retornou à ECA cinco anos depois,
beneficiado pela anistia. Foi diretor da escola, recebeu o título
de Professor Emérito em 2001 e desde o ano passado dá
aulas no programa de pós-graduação da unidade,
tarefa que concilia com várias outras atividades. Também
serão retratados no seminário, entre outros, os
professores Freitas Nobre, Juarez Bahia, Gaudêncio Torquato
e Jair Borin.
A
criação de uma escola de comunicação
na USP remonta a 1965, quando o então reitor Gama e Silva
formou uma comissão especial para tratar do assunto.
Entre os seus integrantes estava o espanhol Júlio Garcia
Morejón, que seria o primeiro diretor da unidade. A Escola
de Comunicações Culturais (ECC) foi implantada
pelo Decreto Estadual nº 46.419, de 16 de junho de 1966.
Em 1970, seu nome seria alterado para Escola de Comunicações
e Artes.
Em
plena ditadura, o projeto pedagógico adotado para os
anos de 1968 a 1972 (que sofria aprimoramento durante todo o
período), já para o início do curso de
Jornalismo na antiga ECC, não deixava de tratar os temas
considerados fortes e censurados pelo regime militar,
registra a professora Ruth Penha Alves Vianna, pesquisadora
do Programa de Pós-Doutorado do Núcleo de Jornalismo
Comparado da ECA.
Havia
então uma efervescência cultural e política,
não só do ponto de vista brasileiro. Por isso
eram ali tratados temas candentes da América Latina,
Europa, América do Norte , enfim todas as culturas
ocidentais e orientais, como forma plural de se ver o mundo.
Esses temas se refletiam nas obras cinematográficas,
jornalísticas (escrita, radiofônica e televisiva),
na literatura, nas artes plásticas, teatrais, música,
dramaturgia, publicidade, relações públicas,
designers etc.
Caravana
O
salão Artejornalismo, instalado no Anexo do MAC, no Edifício
da Reitoria, vai expor obras produzidas por três docentes
fundadores do curso de Jornalismo da ECA. São obras fotográficas
e cinematográficas de Thomas Farkas, xilogravuras de
Antonio Costela e trabalhos gráficos de Hélcio
Deslandes. O caráter singular dessas trajetórias
pode ser personificado por Farkas, nascido na Hungria e radicado
no Brasil desde os 6 anos de idade.
Engenheiro
mecânico e eletricista formado pela Escola Politécnica
da USP, nunca exerceu a profissão, dividindo-se entre
atividades comerciais e documentários de cunho social.
Entre as décadas de 1960 e 70, com a chamada Caravana
Farkas, realizou documentários que ajudaram a redescobrir
o interior do Brasil pelas lentes do cinema. Na ECA, ministrou
cursos de Fotografia, Fotojornalismo e Jornalismo Cinematográfico.
Todo
o material poderá ser consultado pela Internet no site
www.macvirtual.usp.br,
que hospeda a exposição virtual Jornalismo: Caminhos
Cruzados com as Artes, Ciência e Tecnologia. O multievento
no MAC conta com o apoio da Comissão Comemorativa dos
70 Anos da USP, jornal O Estado de S. Paulo, Cátedra
Unesco da Universidade Metodista de São Paulo, Grupo
PJ:Br Portal do Pensamento Jornalístico Brasileiro
e Rede Alfredo de Carvalho Grupo Butantã/USP.
O
Salão temático Artejornalismo fica no Espaço
Anexo do MAC, Edifício da Reitoria, de 16 de agosto a
12 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 10h às
19 h, sábados, domingos e feriados, das 10h às
16h. A entrada é franca.
O seminário Gênese do Pensamento Jornalístico
Uspiano será realizado às segundas-feiras, entre
16 de agosto e 29 de novembro, das 14h às 17h, no auditório
do MAC, na Rua da Reitoria. Inscrições no MAC
ou pelo e-mail alemaoli@usp.br, ao custo de R$ 60,00. Participantes
com mais de 80% de freqüência receberão certificado.
Mais
informações podem ser obtidas pelo telefone (11)
3091-3028 ou no endereço eletrônico www.macvirtual.usp.br.
Fonte:
Jornal da USP, n. 697, 16.08.2004.
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