Notícias
15/O7/2003
Projeto em tramitação
na Câmara dos Deputados
Mídia pode ser obrigada a divulgar financiadores para
impedir que "relações promíscuas"
afetem a linha editorial
Por Simone Ravazzolli
agencia@camara.gov.br
Os veículos de imprensa poderão ser obrigados
a divulgar o nome de seus anunciantes e FINANCIADORES, caso
seja aprovado o Projeto de Lei 362/03. De autoria do deputado
Feu Rosa (PSDB-ES), a proposta estabelece que os periódicos
com tiragem superior a 20 mil exemplares divulgarão,
em cada número, a lista de seus principais FINANCIADORES
e anunciantes.
Devem constar da lista os casos que respondam, individualmente,
por valor igual ou superior ao preço de publicidade de
uma página inteira, no caso de jornais; de uma página
dupla, no caso de revistas; e de 5% da tiragem, nos demais casos.
São considerados FINANCIADORES de veículos de
imprensa, de acordo com o projeto, as entidades públicas
e privadas que transfiram recursos ao proprietário da
publicação, à empresa gráfica responsável
por sua impressão ou ao distribuidor. Esses recursos
podem ser repassados a título de doação,
em pagamento pela veiculação de publicidade ou
como prestação de serviços ao veículo.
Pela proposta, a relação de anunciantes e FINANCIADORES
deverá ser publicada em espaço destinado a esse
fim, claramente identificado, em página interna da publicação.
Os responsáveis pelos veículos que não
cumprirem as regras estarão sujeitos a multa, que varia
de R$ 2 mil a R$ 20 mil. Nos casos de reincidência, as
multas são acrescidas de um terço.
LINHA
EDITORIAL CLARA
Feu Rosa lembra que a Lei de Imprensa, de 1967, prevê
diversos mecanismos para assegurar ao público a identificação
da linha editorial do veículo de imprensa. No entanto,
é omissa no que diz respeito à divulgação
dos anunciantes e FINANCIADORES das publicações.
O parlamentar lembra ainda que a imprensa depende hoje da publicidade
e de contribuições de terceiros para assegurar
a sua viabilidade financeira. “A propaganda responde,
atualmente, por mais de metade da receita de jornais e revistas,
sendo fator primordial da sua sobrevivência. Os anunciantes
e FINANCIADORES têm, portanto, em muitos casos, considerável
influência sobre a linha editorial do veículo,
e essa informação deve estar disponível
ao leitor da publicação”, argumenta.
RELAÇÕES
PROMÍSCUAS
Para o deputado Eduardo Cunha (PPB-RJ), relator da proposta
na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação
e Informática, a independência editorial dos veículos
de imprensa vem sendo fortemente afetada por “relações
promíscuas” estabelecidas com o Governo nas diversas
esferas, que injeta vultosos recursos nas empresas na forma
de propaganda institucional. “A relação
com os anunciantes privados também afeta a linha editorial
dos jornais e revistas, que não conseguem informar adequadamente
seus leitores nem tratar de forma independente a cobertura dos
diversos fatos que afetam a vida do cidadão brasileiro”,
acrescenta.
Cunha apresentou emenda ao projeto para ampliar os casos em
que o nome de anunciantes e FINANCIADORES deverá ser
divulgado. De acordo com a emenda, serão divulgados os
nomes de responsáveis pela publicidade de meia página,
no caso de jornais; de página inteira, no caso de revistas;
os anunciantes e FINANCIADORES responsáveis por 5% da
tiragem do veículo; e ainda os responsáveis por
5% do faturamento mensal. “A emenda também obriga
que, quando os anunciantes e FINANCIADORES forem agências
de publicidade, os nomes de seus clientes sejam divulgados”,
explica o relator.
Fonte:
Agência Câmara
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