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Notícias


09/01/2004
Jornalista mineiro discute
mídia internacional

Por Luiz Otávio
Belo Horizonte

O jornalista Luiz Carlos Bernardes, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG), comentou, em artigo publicado no caderno 'Pensar', do jornal Estado de Minas, as transformações ocorridas na mídia internacional em função dos dois conflitos no Iraque e o do Afeganistão. "As alterações foram importantes e como exemplo delas pode-se citar o comportamento da CNN. Esta agência, como era de se esperar, defendia os interesses dos Estados Unidos na primeira guerra do Golfo Pérsico, mandando a Bagdá repórteres competentes, como Bernard Shaw e Peter Arnet. "Mas, o contrário aconteceu no confronto no Afeganistão e nesta segunda guerra no Iraque", acentuou.

"Nestes dois episódios, quase não houve coberturas ao vivo, só imagens muitas vezes estáticas, focalizando os mísseis cruzando os céus, mas quase nunca focalizando o teatro da guerra", prosseguiu Bernardes. "Tudo foi editado na CNN, em Atlanta, e a principal característica do trabalho foi o aparecimento dos chamados 'jornalistas chapa-branca', uniformizados como os soldados e recebendo apenas informações oficiais. E neste grupo havia repórteres de vários países", revelou.

Bernardes ressaltou ainda que os profissionais independentes tiveram dificuldades em obter informações de fontes dos EUA, inglesas e iraquianas, "onde os tradutores costumavam trabalhar para os serviços de Inteligência de Saddan Hussein". Ele lembrou que, além disto, muitos deles "receberam tiros" no hotel Palestine, no centro de Bagdá.
"O vazio das reportagens ao vivo da CNN foi coberto pelo surgimento da agência Al-Jazeera, da BBC, de Londres e pela Rádio e Televisão Portuguesa (RTP)", continuou. Bernardes disse que a concorrência também é a palavra- chave na mídia e que o mundo aprendeu a prestar mais atenção aos novos canais, como a TV kuwaitiana e a portuguesa. "A BBC, inclusive, já está treinando jornalistas pata atuar em campos de batalha".

Outro fenômeno da mídia globalizada, segundo o jornalista mineiro, é o das fusões, envolvendo não só emissoras de TV, mas também rádios e jornais, além de estúdios fonográficos e companhias cinematográficas. "São trilhões de reais que significam novos investimentos em tecnologia e a redução de 18 grandes grupos mundiais do setor, há 10 anos, para apenas sete deles hoje".

Bernardes lembrou que a ONU programa, para o fim deste ano, um encontro internacional para discutir a situação da mídia mundial, "em uma tentativa de eliminar atual desequilíbrio internacional, que só favorece os Estados Unidos e Europa". Ele acrescentou que a ONU já está programando uma segunda reunião na Tunísia, segundo informações da ONG Tver, Rogério Tavares. "É preciso lembrar que o impacto na Internet na mídia mundial está apenas começando. E enquanto o governo brasileiro discute a possibilidade de criar uma televisão da América Latina, fica-se na expectativa de que aconteça um encontro para discutir o desequilíbrio da mídia mundial", concluiu.

Fonte: Portal Comunique-se, 21.07.2003

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