Nº 9 - Dez. 2007 Publicação Acadêmica de Estudos sobre Jornalismo e Comunicação ANO V
 
 

Expediente

Vinculada
à Universidade
de São Paulo

 
 

 

 


 

 

 

 

 

 


MONOGRAFIAS
 

Notícias do Paraíso:
Considerações sobre
os três primeiros meses
de um jornal comunitário

Reprodução
Por Juciano de Sousa Lacerda e Priscila Noernberg*

RESUMO

O presente texto expõe uma primeira análise da implantação do Projeto de Extensão Jornal do Paraíso, no bairro Jardim Paraíso, em Joinville (SC). O projeto surgiu a partir da reivindicação da própria comunidade e é realizado pelo Núcleo de Estudos em Comunicação (Necom) do Curso de Comunicação Social do Bom Jesus/IELUSC [www.ielusc.br/necom].

A primeira parte apresenta as características de seletividade, geração de forma e memória da mídia contemporânea e as dificuldades, diante do mercado e do campo político, de se manter uma cobertura jornalística equilibrada. Propõe a retomada de experiências de jornalismo impresso comunitário, a partir das concepções que regem a proposta do Jornal do Paraíso, da rotina de produção e das mudanças operadas na síntese cultural entre as práticas do jornalismo e os hábitos de narrar e ler dos membros da comunidade que integram o conselho editorial da publicação.

PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo Impresso / Comunitário / Esfera Pública

1. Esfera pública midiática: um jogo desigual

Uma das perspectivas de desconstrução e reconstrução da significação do jornalismo como prática social e discursiva na sociedade contemporânea é a possibilidade de reaproximá-lo da cidadania e do interesse público. Entre vários fatores que levaram à decadência o conceito e a prática da esfera pública – segundo avaliação de Francisco Rüdiger, a partir do pensamento de Habermas –, destaca-se a “colonização de seu espaço próprio pela publicidade manipulatória do capital e do estado” (1998: p.78). As lógicas da esfera pública contemporânea se realizam, atualmente, segundo a visibilidade que os grupos sociais conseguem no espaço dos meios de comunicação de massa, considerados a nova esfera pública, uma esfera pública midiática.

Em princípio, a) a existência de uma regulamentação sobre liberdade de imprensa, opinião e expressão, b) o caráter industrial da comunicação de massa e c) a consolidação das culturas profissionais ligadas ao campo da comunicação, comporiam “uma barreira em face do avanço colonizador da política no interior do território da comunicação” (Cf. GOMES, 2004: p.171-172).

Wilson Gomes defende que a lógica do consumidor (com as empresas de comunicação funcionando como empresas, cuja lógica é o mercado e, as audiências, a moeda de negociação do capital econômico) resultaria numa informação independente da influência de grupos políticos. Outro aspecto seria a cultura profissional desenvolvida pelos jornalistas (para a manutenção do seu capital simbólico), que atuaria como um contraponto para evitar que os interesses do patrão ou de um grupo político funcionem “como critério para apuração e para edição do jornal” (Cf. GOMES, 2004: p.173).

Contudo, esse conjunto de pressupostos necessários para se pensar uma esfera pública midiática não ocorrem de maneira tão clara, precisa e ética no mundo da vida.

Sobretudo quando os interesses da política, do mundo dos negócios e dos agentes do mundo da comunicação de algum modo convergem haverá sempre quem destrave uma janela, ou finja dormir no seu turno de guarda, ou mesmo encabece sublevações internas para se entregar ao “adversário” (Cf. GOMES, 2004: p.173).

No Brasil, a cidadania tem sofrido contínuos golpes no campo da defesa do direito à comunicação em igual participação de todos os campos: mercado, estado e sociedade civil. No campo da radiodifusão tradicional, a sociedade soma baixas na batalha, pois “a raposa vigia o galinheiro” [1]. E investigações comprovaram que até no campo da radiodifusão comunitária, âmbito em que supúnhamos a participação das comunidades e organizações populares ou institucionais estaria garantida por lei [2], o “coronelismo eletrônico” vem tomando proporções assustadoras. Um levantamento feito pelo Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), com apoio da Fundação Ford, aponta que em 50,2% das “rádios comunitárias” há algum vínculo político [3].

É nesse contexto de desequilíbrio entre as forças da sociedade civil e os campos da política e do mercado, convergentes pelas brechas legislativas, que o campo midiático se propõe como a esfera em que os demais campos sociais falam, ganham visibilidade, discutem suas propostas, fiscalizam-se, mas também se tornam invisíveis, são silenciados e vêem suas propostas sendo avaliadas partidariamente.

Essa capacidade vicária (Cf. RODRIGUES, 2000) do campo midiático, principalmente do jornalismo como forma de enunciação que traz para si a responsabilidade da “representação dos fatos sociais”, se configura em singularidades como o processo de produção de notícias: seletividade, geração de forma e memória. A capacidade de recortar o mundo, estabelecendo a diferença entre o que é ou não importante (Cf. COHN, 2001) ou a visão da comunicação como uma ocorrência seletiva (Cf. LUHMANN, 2000) é o que caracteriza a seletividade jornalística, constituída de “pressupostos que permitem proceder à seleção de acordo com a idéia de norma e de desvio se tornam constitutivos dos chamados valores-notícias e da própria idéia de atualidade” (Cf. CORREIA, 2003: p.12).

Aquilo que é selecionado pelo jornalismo ganha forma (Cf. COHN, 2001), deixa de ser amorfo, indiferente, torna-se visível e ganha diferentes níveis de repercussão na agenda pública. A forma gerada a partir da diferenciação é uma característica da produção midiática. A linguagem do jornalismo parte, muitas vezes, do senso comum e lhe imprime uma forma, um “frame”. E geralmente as forças do mercado e da política ganham um melhor enquadramento.

2. Por uma retomada da comunicação comunitária impressa

Diante desse contexto sociopolítico da esfera pública midiática brasileira eletrônica, identificamos que ainda é válido criar e fortalecer espaços alternativos no campo da mídia impressa, retomando experiências de jornalismo impresso que marcaram várias iniciativas nos anos 1980, como o Jornal Grita Povo, de São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo (Cf. GOMES, 1990). Claro que somos conscientes de que vivemos outro contexto social, político e econômico bem distinto dos anos 80, em que a ditadura militar dava seus últimos suspiros, a sociedade buscava encontrar novas perspectivas na abertura democrática. Nesse período, vimos tomar forma uma visão empresarial mais arrojada da “grande” imprensa, como o Projeto Folha que tomou para si o papel de ser a voz dos novos tempos e consolidou um processo de produção que deu maiores poderes ao “aquário” [4] na cobertura jornalística (Cf. ARBEX JR., 2001). E nos anos 1990 vimos surgir tecnologias de edição muito mais acessíveis (Cf. CAUDURO, 1999).

Jornal do Paraíso: um projeto de extensão nascido na comunidade

O reconhecimento da importância do jornalismo [5] como construtor de representações levou lideranças de um bairro de Joinville/SC, o Jardim Paraíso, localizado na periferia da cidade, a procurarem o Curso de Comunicação Social, da Associação Educacional Luterana Bom Jesus/IELUSC, em março de 2007, para pedir apoio na produção de um jornal local, produzido pelos próprios moradores. A comunidade já vinha discutindo um projeto de criar um jornal para o bairro desde o início do ano de 2006. Fizeram um contato informal ainda no final de 2006 e, em março de 2007, ofereceram uma proposta de projeto, em que apresentavam o contexto do bairro, justificativas e objetivos

O Bairro Jardim Paraíso está localizado a 15 km do centro da cidade de Joinville, a maior cidade do estado de Santa Catarina e tem gestado toda sorte de problemas sociais presentes na periferia de médias e grandes cidades brasileiras tais como: desemprego, subemprego, prostituição, crianças em situação de risco, a problemática das drogas, carências de serviços públicos, violência, gravidez precoce, problemas de alcoolismo, desintegração familiar, depressão etc. [trecho da Contextualização, Projeto Jornal Paraíso, mar. 2006].

O Bairro Jardim Paraíso sofre continuadamente com a fama de Bairro mais violento de Joinville, esta fama se propaga devido o ataque contínuo da mídia que age com parcialidade vendo apenas a violência, que de fato tem assustado muito gente, porém, violência não é a única coisa que acontece por aqui, quem mora aqui, sabe que apenas uma minoria da população desocupada e envolvida com o tráfico é responsável por esta fama. [trecho da Justificativa, Projeto Jornal Paraíso, mar. 2006]
O que os representantes do bairro desejavam era criar um jornal voltado aos moradores do bairro, para o qual a própria comunidade pudesse gerar informação local e trocar experiências, promover ética, cidadania e gerar intercâmbio entre ações das organizações locais com o propósito geral de “mudar o conceito e zelar pela integridade do Bairro Jardim Paraíso” (Objetivos, Projeto Jornal do Paraíso).

Durante o processo de discussão do projeto, entre março e junho de 2007, ocorreram várias reuniões no próprio bairro, o Núcleo de Estudos em Comunicação (Necom) do Bom Jesus/IELUSC assumiu o diálogo com a comunidade e recebeu apoio do Núcleo de Expressão Gráfica (Negra), ouvindo a comunidade sobre o perfil editorial que deveria ter o jornal e que identidade gráfica. Os representantes comunitários decidiram pelo nome de “Jornal do Paraíso”, para um jornal em formato tablóide, de periodicidade mensal, com oito páginas, capa/contracapa e páginas centrais em cores. O Conselho Editorial foi composto por 11 moradores que representam as associações de moradores; assistência social; Igrejas de várias denominações; conselho de segurança local; educação; meio ambiente; serviços públicos; comunicação; educação infantil; comércio e indústria; saúde.

Quando a equipe pôde navegar pelas primeiras páginas da edição número um, o sorriso no rosto e a expressão no olhar transpareciam o sentimento de satisfação, afinal mais de 17 meses haviam se passado entre a ambição e o sonho realizado. A primeira edição foi lançada no dia cinco de julho, num culto ecumênico, na Escola Municipal Rosa Maria Berezóski, no Jardim Paraíso. A terceira edição foi lançada em 1º de setembro.

As perspectivas do projeto

Como projeto de extensão, o Jornal do Paraíso foi proposto como estratégia comunitária e coletiva de comunicação, mobilização, debate dos problemas locais e participação da comunidade nas soluções e perspectivas. Pretende criar uma esfera pública midiática local para o debate e intercâmbio das ações beneficentes desenvolvidas por igrejas, escolas, postos de saúde, organizações da sociedade civil e entidades de desenvolvimento comunitário. E, ao mesmo tempo, proporcionar a leitura e o entretenimento. O jornal procurará refletir e problematizar a comunidade local em sua relação interna, mas também fazendo a mediação das representações do bairro construídas pelos meios massivos em Joinville. Para isso, a prática jornalística será articulada a estratégicas educativas e de fortalecimento da consciência da população local sobre sua história, práticas culturais e identidade. E também facilitar o intercâmbio de informações, o diálogo entre as organizações locais e os moradores e a promoção de formas educativas a partir da leitura e produção noticiosa e de outros gêneros da linguagem jornalística [6].

Do ponto de vista metodológico, há reuniões mensais para discussão de pautas para o mês seguinte e avaliação da edição anterior, em que participamos (professor-orientador e bolsista de jornalismo) em atitude de escuta, com poucas intervenções. Os representantes trazem as pautas de suas áreas de atuação e decidem o tema principal. Há um prazo para entrega dos textos produzidos, que são revisados por nós e sofrem um processo mínimo de edição. Esse resultado é apresentado numa reunião de fechamento da edição, com uma pré-diagramação dos textos, acompanhada dos textos originais enviados, para que os membros do conselho comparem e identifiquem as mudanças, aprovando-as ou pedindo adaptações.

Após a diagramação da primeira edição, um boneco foi apresentado ao conselho. Num impulso, ao ter em mãos uma prévia do que seria publicado, começaram os questionamentos. O título da capa, sugerido pela bolsista, era “Especial para você”. Para Dejacir Pinho, padre católico, a idéia inicial era enfatizar que o bairro tinha um jornal, então recomendou: “Agora a comunidade tem um jornal”. A falta de espaço prolongou a discussão. Ao final, juntos, pouparam algumas palavras. A primeira manchete do Jornal do Paraíso seria: “A comunidade agora tem jornal”.

O jornal passa ainda por uma última revisão gráfica e de ortografia e é enviado para a impressão. Está previsto no projeto a realização de avaliações trimestrais com o conselho e capacitações continuadas do conselho editorial. Estão propostas também capacitações na área de produção de textos e fotografia, para jovens que queiram se iniciar na prática do jornalismo comunitário, com expectativas de desenvolver suas habilidades e competências comunicativas com o propósito de contribuir para a qualificação dos processos locais de comunicação.

A concepção de processo de comunicação comunitária

Para a construção da visão de comunicação comunitária que baliza o projeto de extensão Jornal do Paraíso, partimos da percepção de que o espaço comunitário se constitui como o lugar para a renovação das esferas públicas e para transformação das práticas da cultura profissional jornalística, num equilíbrio entre “saber, fazer e pensar” (Cf. GOMES, 2001: p.102-103). Ou seja, construir um processo comunitário de produção jornalística em que a ênfase não está somente na transmissão de valores reconhecidos no jornalismo tradicional: “o saber”.

Nem voltada totalmente para as técnicas de redação e edição jornalísticas: “o fazer”. Tudo isso tem que estar articulado com o “processo de transformação da pessoa e das comunidades”, numa “interação dialética entre as pessoas e sua realidade”, articulando o desenvolvimento de capacidades intelectuais com a consciência social. Pois “o problema acontece quando se hipertrofia o saber ou o fazer em detrimento do pensar, não se questionando o processo” (Cf. GOMES, 2001: p.103).

Garantidos pelas diretrizes do conselho editorial os aspectos de ser um agente mobilizador, de diálogo, de organização, de informação e formação da comunidade, o desafio é como caracterizar os limites da participação institucional, que assinalam as especificidades de um projeto de extensão, [7] para chegar a um ideal de imprensa comunitária em que o jornal defende os interesses da comunidade, é por ela produzido e a ela dirigido (Cf. GOMES, 1990).

3. Decisões tomadas em consenso: rotinas de produção e níveis de participação

Tomamos como base para compreender os níveis de participação os eixos: mensagem, produção de mensagens, planejamento e gestão dos meios (Cf. PERUZZO, 1998: p.144-145). No Jornal do Paraíso, a participação comunitária não se limita a ser fonte nas mensagens, mas membros da comunidade, participantes ou não do conselho editorial escrevem notícias, artigos e fazem fotos. Há uma convocação para que leitores produzam notícias e enviem para o conselho editorial. Os membros do conselho sugerem pautas, produzem textos (ou encaminham para outras pessoas da comunidade escreverem), avaliam os textos produzidos e aprovam ou não o tratamento textual realizado por nós durante a edição.

No primeiro encontro, a introdução dos que não estavam acostumados com os jargões jornalísticos iniciara com uma breve explanação sobre “o que é pauta?”. Em meio a dúvidas, as sugestões de assuntos foram disparadas. A espera por esse dia fora tão grande que até hoje não terminamos aquela lista. No caos deste encontro, o coordenador Oziel Marian [8] sugeriu que o jornal fosse dividido em sessões, assim, cada “órgão” do bairro estaria representado. O tema foi posto em votação e aprovado. As “editorias” ficaram compostas por saúde, educação, variedades, comércio, comunidade e especial. Desde então, cada segmento decide, previamente, o assunto mais importante e traz para o encontro a sugestão, que pode ser contestada ou não.

O planejamento, a formatação, periodicidade, número de páginas foram questões decididas pelo conselho editorial. A gestão [9] financeira também é realizada pelo conselho, que elaborou sua própria planilha para calcular o preço da publicidade, a partir dos custos do jornal confrontados com a realidade local.

A empresa de abastecimento de água da cidade se dispôs a assumir a primeira edição, mas como ser isento e ter como patrocinador uma empresa ligada ao governo municipal? Mesmo com um representante do serviço público compondo o conselho, em conformidade, decidiram excluir a verba pública e partiram em busca de empresas da própria comunidade. O comércio se beneficia com uma publicidade um pouco mais acessível comparada às demais mídias e auxilia o jornal. O conselho estipulou um valor de R$ 2,00 por centímetro quadrado, assim o preço de cada anúncio pode ser facilmente ajustado à importância que o patrocinador queira contribuir [10].

Para chegar a essa perspectiva, compreendemos o processo de atuação em “co-laboração” na produção do Jornal do Paraíso como “ação cultural”, na concepção de Paulo Freire, de que “toda ação cultural é sempre uma forma sistematizada e deliberada de ação que incide sobre a estrutura social, ora no sentido de mantê-la como está ou mais ou menos como está, ora no de transformá-la” (1987: p.178). Nossa postura, durante os processos de pauta, de revisão dos textos e da diagramação e de avaliação das edições produzidas é de uma busca pela “síntese cultural”, em que “o saber mais apurado da liderança se refaz no conhecimento empírico que o povo tem, enquanto o deste ganha mais sentido no daquela” (Cf. FREIRE, 1987: p.181).

A finalidade do jornal é ser um meio para realizar os objetivos que explicitamos anteriormente. A realização dessa finalidade, o jornal, se dá, portanto pela colaboração num processo de síntese cultural, num “agir orientado para o entendimento mútuo” (Cf. HABERMAS, 2003: p.165), em que os diferentes atores harmonizam internamente os interesses [11] de cada organização da comunidade que representam, balizadas pelas condições previamente negociadas no propósito editorial do jornal – seu caráter de noticiabilidade – põe esses interesses em negociação.

Após a publicação da segunda edição, o próprio conselho manifestou a necessidade de criar um estatuto. O regimento começou a ser elaborado, mas sua conclusão demorará, pois todos os tópicos necessitam de tempo para debate pelo grupo. O respeito à processualidade é fundamental para o projeto. Alguns pontos estão definidos: entidades que compõem o conselho; como fazer parte; [12] dia das reuniões, sendo a de pauta na 1ª terça-feira de cada mês e a de avaliação, na 3ª quinta-feira.

Primeiras impressões

Com três edições realizadas, esse artigo se propõe como um primeiro exercício de avaliação. Seu caráter impressionístico se baliza na possibilidade de explicitar as bases do projeto, contextualizá-lo com algumas rotinas ocorridas no processo e também dialogar com algumas considerações desenvolvidas pelos membros do conselho editorial. [13] Estas impressões serão tratadas no próximo bloco. Antes, descreveremos um exercício de diálogo entre nosso primeiro olhar sobre o processo de produção do Jornal do Paraíso, como imprensa comunitária, e os limites e possibilidades da prática da comunicação comunitária ou popular propostos por Cicília Peruzzo, além das motivações e canais de participação (1998: p.148-158; 280-283; 291).

No processo de produção do Jornal do Paraíso não enfrentamos o problema de falta de competência técnica, a periodicidade é cumprida rigidamente e todos os colaboradores da comunidade se comprometem na entrega, no prazo, do material (Tabela 1).

Tabela 1 - Prazos cumpridos nas três primeiras edições

Edição Pauta Entrega Material Avaliação Publicação
1 - JULHO 05 de junho 19 de junho 26 de junho 05 de julho
2 - AGOSTO 02 de julho 17 de julho 02 de agosto 04 de agosto
3 - SETEMBRO 06 de agosto 17 de agosto 23 de agosto 01 de setembro

Nas três edições, o conteúdo foi explorado de várias maneiras, abrindo espaço inclusive para cruzadas de palavras, reportagem sobre contação de história na forma de revista em fotonovela infantil, reportagens com histórias de vida, dicas de saúde alimentação etc. Há sempre o risco de um jornal que quer mobilizar a comunidade cair no instrumentalismo. Podemos dizer que o JP está no limite, há reportagens e notícias de tom mobilizador, mas as linguagens não são instrumentalizadas com o intuito de “passar idéias” das lideranças do bairro. O humor, como gênero, ainda aparece muito pouco. A questão que se apresenta é: poderia ser a “mobilização”, a reconstrução da imagem do bairro pelos próprios moradores, o sonho da comunidade ou se trataria de um desejo somente das lideranças que fazem parte do conselho? Não temos respostas ainda.

O projeto tem por concepção a apropriação dos meios técnicos pelos membros da comunidade. Por enquanto, essa perspectiva somente tem alcançado diretamente o conselho editorial, mas serão estendidas para a comunidade na forma de oficinas de texto (notícias, artigos, resenhas) e fotografia. Na quarta parte deste artigo, fica evidente o processo de reelaboração de valores nas falas dos membros do conselho.

A comunicação popular, trabalhando e articulando elementos culturais, contribui para romper a dicotomia emissora versus receptor. Este último assume o papel de emissor e, coletivamente, vão sendo reelaborados valores simbólicos condizentes com o exercício da cidadania (Cf. PERUZZO, 1998: p.157).

Quando falávamos das sensações dos participantes ao avaliarem o primeiro jornal, ao decidirem sobre o que abordar na capa ou as fontes de financiamento, é possível perceber que são sujeitos e não somente espectadores do processo. Isso é importante para a formação de identidade, mas o desafio está em desenvolver essa característica numa amplitude maior e que acompanhe as dimensões do Jardim Paraíso, com seus mais de 15 mil habitantes. Isso não é possível em três edições, com uma tiragem de três mil exemplares. Mas um aspecto que se pode perceber é o poder de preservação da memória que um jornal comunitário tem, principalmente se há espaço para reportagens de maior fôlego e se a própria comunidade é protagonista das falas e imagens que compõem nas narrativas noticiadas.

Na reportagem sobre a história do bairro, que abriu a primeira edição, muitos ficaram surpresos em desconhecer a própria linha do tempo do bairro e seus protagonistas. A partir do diálogo com as proposições de Paulo Freire e Habermas, buscamos compreender os processos de controle do poder, de moderação da burocracia e as negociações que se constroem no processo de produção do JP. As negociações realizadas até agora demonstraram que a burocracia tem sido evitada como caminho para mediar as ações e o poder de decisão é proposto como coletivo. Contudo, é possível perceber sujeitos com maior ou menor poder de argumentação, na defesa de interesses, mas não ao ponto de estabelecer assimetrias profundas.

Os canais de participação propostos por Peruzzo (1998) são todos praticados no Jornal do Paraíso e fazem parte das determinações editoriais. Foi delimitado inclusive que a bolsista não produziria mais do que uma reportagem especial e uma notícia por edição. Os demais textos são produzidos pela comunidade.

4. A construção de um conselho editorial no jornalismo comunitário

Para construir o caráter comunitário do Jornal do Paraíso tentou-se trazer para dentro do conselho uma polifonia de vozes [14]. Entre outras funções, cabe ao conselho a tarefa de indicar pautas e avaliar o que será ou não publicado.  Os conselheiros são os primeiros a enfrentar os dilemas do jornalismo. Na prática de produzir o jornal comunitário estão confrontando suas formas ancestrais de narrar as histórias com o lead jornalístico e, ao mesmo tempo, como produtores envolvidos na rotina de fazer um jornal, continuam leitores da imprensa tradicional. Já é possível observar transformações em suas formas de narrar e ler (Cf. GOMES, 2001) por serem agora editores e produtores de um jornal comunitário?

O sentimento que mais se destaca é a responsabilidade. O padre Dejacir Pinho (Igrejas) se sente responsável pelo conteúdo comunicado à sociedade. “Transmitem-se sentimentos do povo e acontecimentos locais. Ao comunicar desta forma me sinto realizado e ao mesmo tempo desafiado”, descreve Dejacir. O padre afirma se sentir quase um jornalista. Para ele, o conselho é quase uma comunidade destes profissionais, pois as pessoas têm o jornal sob seus cuidados. Ele acredita desenvolver um importante papel social ao bairro: o fato de filtrar e acolher as informações das fontes.

Manoel Francisco Bento (Comércio), morador da região há mais de 20 anos, salienta que a maneira democrática como o jornal é conduzido traz satisfação para quem produz e para o leitor, que pode apreciar algo com qualidade. “Como cidadão é uma satisfação muito grande poder decidir o que sai ou não no jornal. A grande mídia é geralmente voltada ao próprio dono, enfatizando o que interessa a ele, não ao cidadão. Nós temos a garantia de que sairá algo realmente importante a partir do momento que nós, membros da comunidade, avaliamos o conteúdo”, justifica.

Rosimeri Godoi (Segurança) acha importante fazer parte de uma equipe que está disposta a mostrar a opinião do morador do Paraíso. Garante que a pluralidade de um grupo como o do conselho é um ponto importante para se ter qualidade. Antes dessa experiência, Rosimeri já era crítica em relação grande mídia: “Há muito erro de nome, endereço, invenção de informação”. E questiona: “Quando participamos do conselho de um jornal, nós nos preocupamos muito em colocar as coisas certas, e se nós fazemos as coisas certas, porque os outros também não fazem?”.

Padre Dejacir, antes de fazer parte do conselho, era apreensivo e tinha muito cuidado em relação à mídia, hoje, fazendo parte do jornal assegura tratá-la com mais carinho. Mas observa uma necessidade de mudança dos meios de comunicação. “Se eles não mudarem”, justifica o padre, “a imprensa perderá sua função de comunicar”, “porque ao estarmos trabalhando para a comunidade, vemos que a grande mídia perdeu esse foco”. Segundo ele, é possível notar isso na linguagem utilizada: “muitas vezes é massiva, discriminatória e generalizada, o que cria uma censura na ação das pessoas, criando uma mentalidade e consciência distorcidas sobre o verdadeiro papel da comunicação”. Ele destaca como exemplo da própria comunidade o medo e preconceito contra jornalistas. “Se criou o mito de quem fala com jornalista é bandido, ou, se o profissional vai entrevistar é porque tem algum problema, como se a mídia não apresentasse coisas boas”, avalia [15].

Manuel Bento conclui estar produzindo algo com muita honestidade. Para ele, a partir do momento em que há cuidado com as informações, buscando indicação de fontes confiáveis e quando se decide em comunidade o que será publicado, não pendendo a movimento políticos, há garantia de um trabalho isento. “Eu já senti ciúmes vindos de repórteres da grande mídia, com ciúme da nossa isenção. A maioria destes órgãos é presa, principalmente, por questões financeiras, ou políticas. O jornal precisa estar acima disso”, reafirma.

Já o coordenador do jornal e missionário da igreja luterana, Oziel Marian, diz se sentir desafiado com a posição que ocupa. Antes o projeto que desenvolve no bairro era isolado, ele relata que a sua própria visão do Paraíso antes era a mesma do que a da grande mídia, e agora com o jornal tem conseguido atuar de uma forma mais abrangente, conhecendo outras atividades: “O jornal tem conseguido unir diferentes atuações, um fazia um trabalho aqui, outro fazia uma coisa ali, mas ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo”.

O modo de visualizar o Jardim Paraíso, segundo o missionário, deve-se ao modo como a imprensa de Joinville apresenta os problemas do local. Ele explica que a mídia traz apenas os casos de violência, não mostrando as ações da própria comunidade que já iniciaram a mudança desta realidade. O diferencial do Jornal do Paraíso, defende Oziel, é ter em mente a problemática, mas apresentar estas mudanças.

Asemar Nogueira (Associações de Moradores) analisa que o grande mal dos outros jornais é a falta de classificação das informações: “Nós paramos e discutimos o que é de interesse da comunidade”, argumenta. Além das críticas à grande mídia, outra preocupação do conselho editorial é com a linguagem utilizada nos textos publicados no jornal. “Como o leitor nem sempre tem facilidade para compor uma leitura fluente, tentamos colocar, ao máximo, palavras semelhantes com as da fala”, expõe Oziel. Ele também acredita que a coerência e objetividade devem estar na mente daquele que escreverá. Já o padre Dejacir revela não se ater à linguagem, mas ao foco e ao contexto. Desta forma, a pessoa terá confiança e segurança que aquilo que lê é, de fato, real. “A partir do momento que se tem confiança naquele jornal, a abordagem ao entrevistado é melhor. As pessoas falam mais e com maiores detalhes”, assegura.

Para Rosimeri é diferente contar uma história a alguém e escrever para um jornal: “Quando se está falando, se você não expressa algo direito o outro te questiona, mas na escrita, é necessário contar com detalhe, porque a pessoa precisa entender com clareza. Afinal, ela não terá a oportunidade de questionamento”. Rosimeri ressalta que é fundamental a checagem de informação para que datas, endereços e nomes sejam publicados corretamente.

A enfermeira Sueli Alves Castanha argumenta que a experiência de estar fazendo parte do jornal é algo que, além de acrescentar para si, contribui para o conhecimento da comunidade, melhorando, de certa forma, a vida das pessoas. “A mídia comercial dá apenas um enfoque negativo aos fatos, os expõe de maneira conveniente para eles mesmos, não traz a verdade”. Sueli afirma que está aprendendo a descrever os fatos de maneira não cronológica: “Tento dar um foco principal aos acontecimentos”.

5. Breves considerações

Para uma experiência recente, o Jornal do Paraíso aponta para a necessidade de problematizar a familiaridade com a cultura profissional dos jornalistas, que encontramos nos sujeitos comunitários. Mesmo que alguns não soubessem o termo “pauta”, logo percebiam sua lógica e relacionavam com sua experiência com os meios. As rotinas de produção logo são desenvolvidas e, numa postura reflexiva, começam a operar criticamente sobre alguns procedimentos do jornalismo e, paradoxalmente, ver com mais “carinho” a mídia tradicional por se defrontar com as mesmas dificuldades que os jornalistas profissionais se deparam.

Nas falas dos membros do conselho, a problemática proposta por Luhmann sobre o campo midiático como filtrar e selecionar estão presentes na lógica dos comunicadores comunitários sem mesmo passarem por um tipo de formação específica. É importante destacar como o fato de produzir o jornal opera na retomada da compreensão da vida do bairro por parte das lideranças, que atuavam de maneira isolada e desconexa.

NOTAS

[1] “Um em cada cinco deputados da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) tem ligações com emissoras de rádio ou TV. Dos 76 membros (titulares e suplentes) do colegiado, que tem o poder de analisar e aprovar projetos de outorga e renovação das concessões dos serviços de radiodifusão, 16 mantêm relações diretas ou indiretas com veículos de comunicação”. TAFFNER, R. Parlamentares na radiodifusão: como a raposa vigia o galinheiro. Observatório da Imprensa, São Paulo, 02 mar. 2007. Disponível em: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br. Acesso em: 05 mar. 2007.

[2] Lei excludente é preciso deixar registrado, pois mais dificulta do que facilita o acesso das comunidades aos processos de concessão. Muitas organizações só conseguiram sua autorização depois de cinco anos de feito o pedido.

[3] “Entre as 2.205 rádios pesquisadas, foi possível identificar vínculos políticos em 1.106 – ou 50,2% delas.” Venício A. de Lima e Cristiano Aguiar Lopes (26 jun. 2007). Rádios Comunitárias: o coronelismo eletrônico de novo tipo (1999-2004). Observatório da Imprensa, São Paulo, s/d. Disponível em: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br. Acesso em: 28 jun. 2007.

[4] No jargão jornalístico, quer dizer o local cercado por vidros em que ficam os editores do jornal e acompanham todo o processo da redação.

[5] O Estado de Santa Catarina tem uma história relacionada à “pequena imprensa” no interior, cujos problemas são a concentração nos principais municípios e a facilidade com que se criam e se fecham pequenos periódicos (Cf. FERNANDES, 2003). Os pequenos jornais fazem um tipo de “jornalismo comunitário”, entendido por seus produtores como “fazer um jornal voltado para a comunidade” (Cf. DORNELLES, 2004:131). O local como possibilidade de agregar valor ao produto e ser um diferencial em relação aos jornais de circulação estadual. Inclusive os jornalistas do Interior buscam integrar-se à vida da comunidade como exigência da sobrevivência do jornal (Cf. DORNELLES, 2004:132). Mas são os jornalistas, profissionais graduados ou não, que tem o saber e o fazer técnico e são os mediadores dos fatos locais. O interessante é que essa experiência fez com que as pessoas tivessem maior proximidade com o conceito de jornal em seu cotidiano.

[6] A experiência possibilitará também aos alunos de Jornalismo do Bom Jesus/IELUSC participar e vivenciar que uma “outra comunicação é possível”, fora da lógica tradicional de mercado, e próxima de uma comunidade concreta de leitores, numa perspectiva concreta de comunicação para a cidadania e troca de saberes.

[7] O processo de produzir a reportagem de capa (duas páginas centrais), edição dos textos enviados pela comunidade, diagramação do jornal é feito pela bolsista, orientada pelo professor responsável pelo projeto de extensão com apoio de professores da área de expressão gráfica. Além dos processos de avaliação, de capacitação e outras formas de ação na comunidade.

[8] Oziel foi escolhido pelos demais membros do conselho para presidi-lo.

[9] O Jornal do Paraíso tem inicialmente como pessoa jurídica a Associação de Moradores do Paraíso (Amopar). O conselho pretende criar uma pessoa jurídica própria no futuro e desvinculá-lo da Amopar, para que próximas lideranças da associação não possam intervir diretamente na publicação. Para isso, há o desejo de se criar uma ONG Comunitária do Paraíso.

[10] As propagandas têm distribuição estratégica nas páginas do tablóide. Nas coloridas — capa, centrais e contra-capa — que somam 50% do total, não há anúncio. Estes dividem espaço com as matérias, nas pretas e brancas. O valor arrecadado é para cobrir despesas com impressão e transporte da estagiária. Pretende-se ampliar essa quantia para contratar uma secretária, com carga horária de seis horas diárias.

[11] Percebemos que é difícil uma proposta comunitária ficar distante do envolvimento político, pois fazer um jornal é também uma decisão política. No Jardim Paraíso, o representante do comércio local no conselho do jornal já foi vereador e pretende voltar a candidatar-se. Como há um membro do conselho que naturalmente é ligado à política, por ser representante dos serviços públicos municipais (este é vereador licenciado e chefe da regional local), o conselheiro que tem intenções de voltar à política sugeriu que sua imagem não aparecesse no jornal, assim como a de qualquer outro que seja político ou virtual candidato também não tivesse sua imagem veiculada. O outro membro do conselho, vereador licenciado, teve que concordar, pois a proposta foi aceita pela maioria do grupo.

[12] As organizações sociais devem indicar o nome de seu representante numa carta de apresentação.

[13] Priscila Noernberg, bolsista de extensão, que relata sua experiência durante as entrevistas: “O contato com as fontes ocorreu na chuvosa manhã de quinta-feira, dia 30 de agosto de 2007. Asemar Nogueira e Manuel Bento foram entrevistados em seus estabelecimentos comerciais, Oziel Marian, Rosimeri Godoi, e Dejacir Pinho no conforto de suas casas. Três foram os eixos abordados: qual a sensação de estar fazendo parte da elaboração de um jornal e, a partir deste envolvimento, como cada um percebe a mídia comercial tradicional. Por último, como eles percebem a diferença entre escrever para um veículo de comunicação e narrar um fato a alguém seja por e-mail, carta, telefone ou pela própria fala. Houve um único contato feito com telefone, aconteceu com Sueli Alves Castanha. Isto ocorreu por indisponibilidade da fonte, que estava de férias, a conversa, no entanto, fluiu com extrema facilidade, já que os interlocutores se conheciam há três meses”.

[14] O Conselho é composto por representantes das associações de moradores (Asemar Nogueira, presidente da Associação do Paraíso), assistência social (Claudia Molina, assistente social), igrejas (Dejacir C. Pinho, padre e pároco no bairro), segurança (Rosimeri Godoi, integrante do Conselho Comunitário de Segurança, Conseg), educação (Eliete da Luz, professora), meio ambiente (Janette Vierheller, educadora ambiental), comércio e indústria (Manuel Bento, comerciante), serviço público (Joaquim dos Santos, secretário da Regional do Jardim Paraíso), comunicação (Luiz Ramos, integrante de uma rádio comunitária), educação infantil (Maria da Rosa, professora) e saúde (Sueli Castanha, enfermeira).

[15] “É interessante notar como a condição social do local e das próprias pessoas influi na concepção sobre o profissional. Se eu repetisse esta pergunta em uma casa noturna, restaurante, pub ou bar para a classe alta, provavelmente receberia a resposta que, quem fala com jornalista é importante ou famoso”. Comentário de diário de campo de Priscila Noernberg, sobre a situação de enunciação da entrevista. Avaliamos como importante colocar aqui.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARBEX JR., J. Showrnalismo: a notícia como espetáculo. São Paulo: Casa Amarela, 2001.
CAUDURO, F. “O design na era digital”. In: MARTINS, F. M., SILVA, J. M. (Org.). Para navegar no século XXI. Porto Alegre: Sulina, 1999. p. 245-260.

COHN, G. “O campo da comunicação”. In: FAUSTO NETO, A.; PRADO, J. L. A.; PORTO, S. D. (Org.) Campo da comunicação: caracterizações, problematizações e perspectivas. João Pessoa: UFPB, 2001. p. 41-51.

CORREIA, J. C. “Os mass media entre o sistema e o mundo da vida”. Biblioteca on line de Ciências da Comunicação (BOCC),Covilhã, Universidade da Beira Interior, 2003, 14 p. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag. Acesso em: 06 jun. 2007.

DORNELLES, B. “Jornalismo comunitário”. In: _____. Jornalismo “comunitário” em cidades do interior – uma radiografia das empresas jornalísticas: administração, comercialização, edição e opinião dos leitores. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2004. p. 131-142.

FERNANDES, M. L. “Crescimento e perfil da pequena imprensa de SC”. In: _____. A força do jornal do interior. Itajaí: Univali, 2003. p. 103-152.

FREIRE, P. “A teoria da ação antidialógica”. In: _____. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. p. 121-184.

GOMES, P. G. O jornalismo alternativo no projeto popular. São Paulo: Paulinas, 1990.

________. A comunicação não-manipuladora e a construção da cidadania. In: _____. Tópicos de teoria da comunicação. São Leopoldo: Ed. Unisinos, 2001. p. 101-114.

GOMES, W. “O controle político da comunicação”. In: _____. Transformações da política na era da comunicação de massa. São Paulo: Paulus, 2004. p. 171-198.

HABERMAS, J. “Consciência moral e agir comunicativo”. In: _________. Consciência moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo Brasilero, 2003. p. 143-234.

LUHMANN, N. “Acoplamentos”. In: ______. La realidad de los médios de masas. Madrid: Anthropos, 2000. p. 93-103.

PERUZZO, C. M. K. Comunicação nos movimentos populares: a participação na construção da cidadania. Petrópolis: Editora Vozes, 1998.

RODRIGUES, A. D. “A emergência dos campos sociais”. In: SANTANA, R. N. M. (Org.). Reflexões sobre o mundo contemporâneo. Teresina: UFPi/Revan, 2000. p. 189-198.

RÜDIGER, F. “A Escola de Frankfur: Jürgen Habermas”. In: _____. Introdução às teorias da comunicação. São Paulo: Endicom, 1998. p. 76-91.

*Juciano de Sousa Lacerda é doutorando em comunicação pela UNISINOS/RS e professor do IELUSC. Priscila Noernberg é bolsista do Núcleo de Estudos em Comunicação (Necom) do IELUSC.

VOLTAR


Revista PJ:Br - Jornalismo Brasileiro [ISSN 1806-2776]