Novembro de 2011
Publicação Acadêmica de Estudos sobre Jornalismo e Comunicação ISSN 1806-2776
 
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MONOGRAFIAS

Quem fala e o que fala no
webjornalismo colaborativo?
Uma abordagem comparativa das notícias publicadas
nos canais Minha Notícia, do iG, e [vc repórter], do Terra

Por Edson Fernando Dalmonte
e Michele da Silva Tavares*

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo discutir a prática do webjornalismo colaborativo desenvolvido pelos canais Minha Notícia, do portal iG e [vc repórter], do Terra.

Reprodução

Através da análise das normas de participação definidas por cada um dos portais e também dos títulos e textos das notícias publicadas durante os dez primeiros dias de 2011, foi possível identificar a existência de diversas maneiras de apresentar a notícia colaborativa exaltando ou não a voz do leitor colaborador.

O referencial teórico que guia esta investigação está moldado nas contribuições de autores que pesquisam sobre o jornalismo colaborativo na internet como John Kelly, Primo e Träsel. Além disso, esta reflexão também está amparada no conceito de ‘lugar de fala’ defendido por Márcia Franz Amaral e na noção de ‘poder de fala’ pontuada por Michael Foucault.

PALAVRAS-CHAVE: Internet / Webjornalismo Colaborativo / Lugar de Fala

1. Introdução

O presente artigo configura-se no âmbito das discussões sobre a prática do webjornalismo que cede espaço à participação e/ou colaboração ativa do leitor/ internauta, através da disponibilização de canais colaborativos hospedados nos grandes portais de notícias brasileiros. Considerando que a internet já é canal de comunicação para 1,58 bilhões de pessoas, [1] o guru norte-americano do jornalismo participativo Dan Gillmor, revela em seu livro ‘We The Media’ que pela primeira vez na história moderna o usuário está verdadeiramente no poder.

O fenômeno que é designado por alguns como jornalismo participativo, colaborativo, cidadão, entre outras definições, parte do princípio que qualquer cidadão é um jornalista em potencial e pode contribuir para a construção do noticiário. Esse fenômeno que eclodiu nos Estados Unidos e na Ásia, já consolidou a prática no Brasil. Segundo o ranking dos portais brasileiros, [2] divulgado em 2009, pelo Ibope/NetRatings, Standard Metrics, os portais iG e Terra ocupam o quinto e sexto lugar respectivamente, na lista dos dez portais com maior audiência, perdendo apenas para o Google, MSN, Orkut e UOL e ultrapassando a audiência média do Globo.com e do Yahoo!.

Outra informação relevante também apresentada pelo Ibope/NetRatings refere-se ao comportamento de uso da web no Brasil: o usuário se informa por meio de portais para posteriormente buscar websites puramente jornalísticos. Daí a escolha dos canais colaborativos [vc repórter] e Minha Notícia como iniciativas em potencial para análise da prática do webjornalismo participativo. 

Neste sentido, o presente artigo encontra-se dividido em três etapas de reflexão. Inicialmente será apresentado um breve panorama histórico de como se desenvolveu a participação do leitor no webjornalismo. Em seguida, o trabalho apresenta algumas discussões teóricas em relação à busca de um conceito adequado que sintetize a participação ativa do leitor no processo de construção das notícias em portais.

A seguir, a discussão avança para a delimitação do conceito de ‘lugar de fala’ proposto por Marcia Franz Amaral, bem como a delimitação da noção de ‘poder de fala’, defendida por Michael Foucault, que servirão de base para compreender o lugar que o internauta ocupa nos canais colaborativos analisados.

E, por fim, será apresentado um diagnóstico de [vc repórter] e Minha Notícia, revelando as normas de participação de cada um como também uma análise dos títulos e textos das notícias. O objetivo desta etapa é identificar as diversas maneiras de apresentar a notícia colaborativa e, sobretudo, conhecer quem fala e o que fala nos canais de webjornalismo colaborativo de iG e Terra.

2. A internet e a participação do leitor no webjornalismo

A rede mundial de computadores e o surgimento de novos modos de produção, circulação e recepção das mensagens modificaram as relações entre mídia, sociedade e atores sociais. Pode-se dizer que a internet e os avanços tecnológicos do século XXI proporcionam uma revolução no fazer do webjornalismo: é possível reconhecer como as mensagens são construídas e os mecanismos por trás da produção das notícias.

Além disso, o profissional deste campo do jornalismo passou a utilizar a rede como ferramenta de apuração, agilizando o processo de produção da notícia. E o aspecto mais marcante desse processo é o fato de o internauta/leitor ganhar cada vez mais novos espaços de fala, pois além de atuar como fonte de informações, enviando opiniões e sugestões de pauta, via e-mail, experimenta uma participação mais ativa no processo de produção das notícias enviando textos, imagens e informações de maneira colaborativa.

Convém ressaltar que a participação do leitor e do público em geral no processo de produção do noticiário é prevista em diferentes formas desde o início da tradição do jornalismo, seja como fonte seja como colaborador (ARAÚJO, 2010). Inicialmente, os canais de cooperação se apresentavam através de cartas e ligações, na forma de sugestões de pauta ou mesmo para alguma seção intitulada ‘cartas do leitor’. Mas o processo de filtragem das cartas e o espaço reduzido para sua publicação acabaram por evidenciar a necessidade de utilização de outros meios de forma que estimulasse maior participação.

Para Araújo (2010), a chegada do hipertexto, no final do século XX, e a criação do primeiro programa de edição na rede por David Winer, em 1999, ampliou as possibilidades de publicação de pessoas comuns, iniciando também a interação através de listas de discussão, páginas pessoais e blogs. [3]

Posteriormente, o leitor comum produtor de conteúdos passa também a contribuir com o processo produtivo do jornalismo convencional. Neste sentido, a internet apresenta-se como plataforma interativa favorável, pois a emergência constante de novas tecnologias de comunicação móvel e multimídia facilita o registro e divulgação de fatos no momento em que elas ocorrem como celulares, notebooks, Personal Digital Assistants (PDAs), Smartphones, entre outros aparelhos e softwares.

A tecnologia se modernizou de tal maneira que até aparelhos de telefonia celular apresentam várias ferramentas que ajudam na construção de uma informação, como potentes câmeras fotográficas e de vídeo, gravadores de voz e acesso a internet. A pessoa pode registrar, filmar e gravar qualquer informação e ainda enviá-la via internet através do celular (Pinheiro, 2009, p. 1-2).

Este processo de inserção e participação efetiva do internauta/leitor no processo de produção de informações seguiu com a criação dos blogs, wikis [4] entre outras formas de expressão que simplificam e acessibilizam a publicação e cooperação de informações na rede, favorecendo a integração do público no processo de recepção, circulação e debate de notícias (Primo e Träsel, 2006). As empresas jornalísticas, por sua vez, passaram a absorver a colaboração de imagens e informações provenientes do cidadão comum que não seja um jornalista ou repórter-fotográfico.

3. O conceito e a participação do leitor

Em virtude dessa pluralidade de formas de colaboração inerentes ao papel do leitor no processo de produção de notícias, a busca por um conceito mais adequado e que possa sintetizar as novas nuances dessa prática colaborativa tornou-se um desafio para os teóricos. Muitos adotam o termo ‘participativo’, outros preferem a designação ‘colaborativo’, ‘cidadão’, e assim por diante. Este trabalho adota a designação ‘webjornalismo colaborativo’, [5] selecionada a partir da observação de algumas contribuições conceituais.

Primo e Träsel (2006), por exemplo, adotam o termo “webjornalismo participativo”. A expressão é definida como práticas desenvolvidas em seções ou na totalidade de um periódico noticioso na Web, em que a fronteira entre produção e leitura de notícias não pode ser claramente demarcada ou não existe.

Para Kelly (2009), a melhor definição de jornalismo cidadão foi elaborada por Shayne Bowman e Chris Willis em We Media: How Audiences are Shaping the Future of News and Information (2003), na qual os autores se referem ao ato dos cidadãos desempenharem um papel ativo no processo de coletar, reportar, analisar e disseminar notícias e informações. Entretanto, o autor também ressalta a utilização de outros termos para designar o léxico:

(…) user-generated content, user created content, participatory journalism, audience material, “we media”, collaborative journalism, community journalism, pro-am collaboration, grassroots journalism, open-source journalism, crowd-sourced journalism, interactive journalism, networked journalism, network publishing, bridge media and “random acts of journalism” (Kelly, 2009, p. 17).

Além disso, Kelly (2009) também ressalta que o jornalismo cidadão é definido mais pelo ‘o que é’ do que pelo ‘onde acontece’. Isto é, este fenômeno pode existir dentro da estrutura do veículo de comunicação através de um canal específico ou pode existir por conta própria pela postagem independente e compartilhada de conteúdo informativo em blogs.

Já Moretzsohn (apud Pinheiro, 2009), defende o termo ‘jornalismo colaborativo’ como o ato do cidadão de desempenhar um papel ativo no processo de coleta de informações com o objetivo de garantir a notícia independente, confiável e precisa.

Essa prática trabalha com a seguinte lógica: enquanto o jornalista tem a responsabilidade de apurar e divulgar a notícia de forma responsável, o cidadão-repórter não tem esses critérios a não ser que sejam previamente estabelecidos entre o veículo midiático e o receptor-produtor.

Nesse sentido, o que antes era considerado de interesse coletivo e editado pelos grandes veículos, com o chamado ‘jornalismo colaborativo’ deu-se lugar a outros temas que são considerados de relevância para o receptor. Para Pinheiro (2009), esse papel ativo do receptor contribui para mostrar ao público fatos antes não vistos ou que não tinham interesse jornalístico. Ou seja, a internet permite interconectar e canalizar a informação sobre o que acontece, onde acontece, o que podemos ver, o que não podemos ver.

Pinheiro (2009) também mostra que com o jornalismo participativo houve uma mudança significativa na interação entre emissor e receptor: os emissores se transformam num centro de recepção, triagem rápida, edição imediata e catalogação inteligente, enquanto os receptores, agora denominados ‘cidadãos repórteres’, se apresentam como fontes da versão crua do fato testemunhado em tempo real.

Para o autor a grande autenticidade do jornalismo colaborativo está justamente no fato dos cidadãos-repórteres estarem bem posicionados para divulgar eventos e problemas sociais abrindo espaço para a abordagem de tema que a grande mídia considera de interesse restrito.

A primeira experiência na internet do jornalismo participativo usando o internauta como produtor de matérias foi o site sul coreano OhmyNews, [6] que estreou em 2000, com o slogan ‘cada cidadão é um repórter’ e tendo em seu quadro apenas alguns jornalistas.

Iniciou suas atividades com o objetivo de contribuir para a democratização da imprensa, redistribuir o controle dos meios de informação e transformar o receptor num produtor de notícias. Posteriormente também disponibilizou seu material em japonês e inglês, formando o OhmyNews Internacional e seguindo sua linha surgiram o britânico Southport Reporter e o francês Agora Vox.

No Brasil, os grandes portais de informação também oferecem uma área de seção de jornalismo participativo, mas cada uma diferenciada da outra no que se refere ao conteúdo exigido e às regras de postagem, mas todas passam pela triagem de editores que definem o que é publicado ou não. O Estadão criou o Foto-repórter que só trabalha com fotografia enviada pelos leitores, o iG lançou o Minha Notícia, o jornal OGlobo a seção Eu-repórter, o portal Terra oferece o [vc repórter] e assim por diante.

Para Gillmor (apud Araújo, 2010, p. 60), o jornalismo participativo é o caminho natural proporcionado pelas novas tecnologias. E esse novo contexto de produção aponta uma separação entre emissor e receptor cada vez menor, indicando a necessidade de repensar e reescrever as regras e atribuições que permeiam o fazer jornalístico.
Contudo, é possível avançar esta reflexão para o seguinte questionamento: o que o webjornalismo participativo pode oferecer para a sociedade?

O que para Pinheiro (2009) representa a democratização da imprensa, para Primo e Träsel (2006), além de cobrir o vácuo deixado pela mídia tradicional, a produção e a circulação de notícias desvinculada de empresas de comunicação e da imprensa oficial, praticada por pessoas sem formação em jornalismo, tem também um sentido político, sendo instrumento de resistência e ativismo, como é o caso dos sites de jornalismo participativo OhmyNews e Centro de Mídia Independente (CMI).  

Ao questionar se o jornalismo é uma profissão ou uma troca, Kelly (2009) chama a atenção para o seguinte fato: não é necessário ser um jornalista para fazer jornalismo. Este novo cenário propiciado pelas novas tecnologias e pelo ambiente participativo na rede deve-se ao que ele conceitua como ‘jornalismo cidadão’, o qual é definido pela participação de não-jornalistas em atividades antes inerentes apenas aos jornalistas: investigar, reportar, capturar, escrever e disseminar informações.

Ele acredita que ‘usuário’ é a palavra que melhor ilustra como as coisas mudaram. Inicialmente, na história do jornalismo, os usuários eram os indivíduos no final do processo de produção: leitores, telespectadores e ouvintes. As notícias eram transmitidas de um para muitos. Agora, na era da rede, há muitos falando para milhares. Ou seja, os usuários não precisam ser apenas usuários, eles podem ser produtores (Kelly, 2009).

Para o autor, hoje a grande mídia convoca continuamente a fala do cidadão que está no lugar certo e na hora certa com suas câmeras e celulares. E o ato de gerar conteúdo pode ser muito mais que simplesmente preencher as lacunas de uma página virtual: ele melhora o jornalismo, envolvendo as pessoas que conhecem ou são afetadas pelos problemas em foco.

E, sobretudo, desperta o interesse dos cidadãos pela sua própria comunidade convocando-os a participar das coisas que o jornalismo mais esforça-se para fazer: explicar, debater e chamar a responsabilidade (Kelly, 2009). Isso significa que os jornalistas devem aceitar que a dinâmica produtiva mudou e que eles não devem ver o público mais como uma audiência inerte. Ao contrário, devem explorar novas formas colaborativas de contar histórias.

4. Os lugares de fala do leitor-participante no webjornalismo

Há um consenso entre os autores de que o novo cenário tecnológico mudou a prática do webjornalismo e redefiniu os papéis do jornalista e do leitor bem como seus lugares de fala. Para Primo e Träsel (2006), a abertura de sites noticiosos à construção participativa de notícias suscita novos questionamentos sobre o webjornalismo e exige debates em torno do sistema produtivo e dos próprios ideais jornalísticos.

Bruns (apud Araújo, 2010, p. 62), por sua vez, destaca uma mudança de responsabilidade do jornalista no processo de produção de informações no ciberespaço: cria-se a necessidade de seleção, muito mais do que de veto ou de descarte. Ou seja, a informação precisa ser avaliada e não descartada sem contar que o jornalista mantém suas atribuições tradicionais tais como entrevistar as fontes, colher, analisar, checar os dados e principalmente, selecioná-los.

No que se refere à intervenção na redação hipertextual, Primo e Recuero (2003) apresentam a tipologia de hipertextos tomando como base a interação entre os interagentes (jornalista e leitor-participante). No hipertexto potencial os caminhos e movimentos possíveis do internauta encontram-se previstos, ou seja, o hipertexto permanece com sua redação original, mantendo a distância entre autores e leitores.

É o caso da publicação tradicional de notícias emitidas pelo jornalista para o internauta. No hipertexto cooperativo todos os envolvidos compartilham a invenção do texto comum, à medida que exercem e recebem impacto do grupo, do relacionamento que constroem e do próprio produto criativo em andamento.

Como exemplo de utilização desse modelo de hipertexto é possível citar os blogs e o sistema Wiki. Já o hipertexto colagem constitui uma atividade de escrita coletiva, mas demanda mais um trabalho de administração e reunião das partes criadas em separado do que um processo de debate e invenção cooperada. Neste caso, uma pessoa ou uma pequena equipe de editores pode decidir o que publicar e trabalhar na organização e gerenciamento das contribuições. É o que acontece com os portais e sites de notícias que concedem espaço para o jornalismo colaborativo, a exemplo de Terra e iG.

Para Landow (apud Primo e Träsel, 2006), a abertura do hipertexto à escrita de textos e links é uma questão política que ultrapassa a mera navegação, pois permite que o internauta possa escrever, anotar, revisar e discutir documentos, deixar sua marca. Desse modo, o autor entende que a abertura da hipertextualidade levanta questões políticas sobre poder, status e mudança institucional. E por isso, pode-se afirmar que se os projetos de webjornalismo participativo podem de fato dar força às mais diferentes vozes, o que certamente produz efeitos no cenário político (Primo e Träsel, 2006).

Convém ressaltar que este trabalho não entra nos pormenores da discussão sobre os efeitos sociais e políticos gerados pela abertura do webjornalismo à participação ativa do leitor, mas discute e analisa os lugares de fala do leitor no webjornalismo participativo e suas relações com a empresa jornalística que concede a eles o poder de fala, especificamente no caso de Terra e iG.

Neste sentido, Amaral (2004) contribui com esta reflexão ao defender que o cotidiano profissional de um jornalista comporta a tarefa de distribuir o poder de falar e de lidar diretamente com as questões que permeiam a disputa por visibilidade na mídia pelas diferentes camadas da população. “Quando os grandes jornais deparam-se com o desafio da comunicação com setores populares, uma das estratégias utilizadas é a criação de espaços do tipo o povo fala” (AMARAL, 2004, p.17). Mas ela considera o tema complexo e alerta que a visibilidade das pessoas do povo pode até garantir popularidade, mas, por vezes, desestabiliza importantes valores do jornalismo.

Entretanto, antes de discutir as normas de participação de cada site e analisar a forma como eles concedem o poder de fala a cada colaborador nos canais de webjornalismo participativo, delimitaremos o conceito de lugar de fala defendido por Amaral (2004) e a noção de poder de fala pontuada por Foucault (1996).

Inicialmente, é importante ressaltar que este não é um conceito nem estritamente linguístico e nem exclusivamente sociológico, pois não diz respeito ao contexto, mas ao lugar construído pelo discurso neste contexto (BRAGA apud AMARAL, 2004). Para Amaral (2004), o conceito tem o objetivo de compreender criticamente um produto cultural em análise, ultrapassando suas contradições e buscando perceber em que espaço ele faz sentido.

Para Braga (apud AMARAL, 2004), o lugar de fala é uma lógica que articula fala, textos e situação. O conceito não é reduzido ao lugar sociológico do falante, a sua posição no mundo, mas corresponde ao lugar construído pelo discurso no contexto.

Ao refletir sobre a expressão ‘lugares de fala’, Amaral (2004) primeiro trabalha as idéias de ‘lugar’ e ‘fala’ separadamente. Assim, lugar é definido como um espaço ocupado, uma posição determinada num conjunto ou ambiente e a fala é o que exprimimos com a palavra, associada a uma situação concreta, ou seja, trata-se do discurso proveniente de um lugar.

No caso deste artigo, o ‘lugar’ do internauta que participa ativamente do processo de produção de informações são os canais de webjornalismo participativo [vc repórter] e Minha Notícia, disponibilizados pelos portais Terra e iG, respectivamente. E, a fala é o discurso textual construído sobre algum fato que o internauta vivencie ou considere importante.

Além disso, outro aspecto a ser levado em consideração é o fato de que um jornal (como produto) é resultado de uma complexa rede de vozes e perspectivas, ou seja, de lugares de fala, que engloba desde os proprietários, anunciantes, editores, fontes, jornalistas, ilustradores, leitores, entre outros atores, mas que o jornal como empresa que age coletivamente constitui-se em um circuito que organiza a fala (Amaral, 2004).

Neste trabalho, o enfoque é dado ao lugar de fala ou à voz do leitor nos canais de webjornalismo participativo dos portais Terra e iG. Nestes espaços, a presença do leitor-participante se dá tanto pela convocação do próprio portal de notícias (quando é autor, colaborador), quanto pela aquisição do repórter (quando é apresentado como fonte), ou quando é apontado como personagem de uma história (quando é narrado) pautada por ele.

Para fins de análise, focamos na forma como o leitor é convocado a participar, ou seja, a forma como os portais singularizam o lugar de fala destinado aos colaboradores. 
Amaral (2004) parte para a construção do conceito “lugares de fala” a partir das contribuições de autores ligados às vertentes da lingüística, Análise do Discurso de linha francesa e da sociologia.

Aqui consideraremos apenas as contribuições de Foucault (apud AMARAL, 2004), que considera o lugar de fala como uma lei geral, a partir da posição e da situação relacional de quem fala. Segundo a autora, as estratégias discursivas do lugar de fala obedecem a determinadas regras para serem autorizadas e legitimadas.

É o que Foucault (1996) caracteriza como “rarefação dos sujeitos que falam”, ou seja, são os procedimentos que permitem o controle dos discursos, não de forma a dominar seus poderes, mas como forma de determinar as condições de seu funcionamento impondo aos indivíduos que os pronunciam certo número de regras e, assim, não permitem que todo mundo tenha acesso a eles. “Ninguém entrará na ordem do discurso se não satisfizer a certas exigências ou se não for, de início, qualificado para fazê-lo” (FOUCAULT, 1996. p. 37).

Com base em tal observação, é possível inferir que os dois portais oferecem uma espécie de termo de uso, com suas regras para envio, elaboração de textos, imagens e postagem, aos internautas que desejam colaborar enviando conteúdo informativo. São essas regras e normas de uso dos canais colaborativos que concedem ao internauta o poder de fala.

De modo geral, Amaral (2004) define que os lugares de fala são espaços constituídos e legitimados a partir de posições sociais e simbólicas, que não se configuram simplesmente como relação de comunicação, mas como relações de poder. “O lugar de fala é definido pelo jornal e é aceito pelo leitor” (AMARAL, 2004, p.50).

Então o internauta é convocado a ocupar seu lugar de fala com propostas como os seguintes slogans: ‘Aqui você faz a notícia’, ‘Mande sua história em foto, texto e audio’, ‘Eu-Repórter é a seção de jornalismo participativo do Globo. Aqui, os leitores são repórteres’ ou ‘Minha notícia é o site de jornalismo colaborativo do iG. Aqui o acontece perto de você ganha destaque’.

Segundo Dalmonte (2010), no caso específico do webjornalismo, o lugar ocupado pelo portal de notícias não é o de uma instância centralizadora, que assume a postura de provedora absoluta de informações, mas que convoca o leitor a colaborar com a construção da narrativa acerca da realidade que o cerca. Dessa forma, o jornal deixa de deter o poder de fala e se torna o articulador do discurso construído à medida que interfere somente na edição de alguns aspectos do texto conforme seus termos de uso.

5. Minha Notícia e [vc repórter]: Lugares de fala em iG e Terra

Para que se possa compreender como funcionam estes espaços de participação ativa do leitor, convém considerar as normas de uso e participação que cada portal disponibiliza ao internauta colaborador, ou seja, será considerada a forma como os dois veículos organizam a fala do leitor através das normas de uso e formatação do texto colaborativo. Neste sentido, a análise dos dois portais prevê uma identificação e caracterização dos ‘lugares de fala’ do leitor, tratados no plural, como referência aos lugares construídos para o leitor nos dois portais.


Fig. 1. Barra de navegação do Terra, com indicação da seção [Vc repórter].

O Terra abriu o canal [vc repórter] [7] (Figura 1) em fevereiro de 2005 e desde então incentiva a audiência a enviar fotos, vídeos e informações de interesse jornalístico. Neste canal, o conteúdo pode ser enviado por e-mail [8] ou pelo celular, [9] mas antes de participar o colaborador deve preencher um cadastro online, [10] em seguida descrever o material enviado e, por fim, autorizar a utilização do material através da ‘Cessão de direitos sobre obras fotográficas, audiovisuais e artísticas’.

O colaborador, que segundo o site deve ser maior de idade, ao cadastrar-se e concordar com os termos expressos no contrato, fornece conteúdo para exploração exclusiva do Terra, podendo o material enviado ser ou não publicado sem limitação de prazo. Além disso, o cadastro é garantia da atribuição de crédito de autoria do colaborador caso o material seja publicado.

Outro quesito pontuado pelo contrato refere-se ao direito do site de não veicular material que atente contra a ordem pública, a moral e os bons costumes e que infrinjam a legislação aplicável. Entretanto, o contrato não apresenta pormenores ou exemplos de informações que possam ser rejeitadas, apenas acrescenta que os ‘Direitos de Propriedade Intelectual’ conferem ao Terra o direito de editar, utilizar, usufruir e dispor, no todo ou em parte do conteúdo enviado ao site pelo colaborador.

Em relação à forma como o veículo orienta a elaboração do conteúdo informativo, Terra disponibiliza algumas dicas para fazer um bom texto, [11] divididas em quatro tópicos: informações básicas, qualidade do texto, imparcialidade e credibilidade. O primeiro tópico orienta o colaborador a responder as perguntas básicas em seu textos (o que?, quando?, onde?, como?, por que?), mas não há referência ao lead jornalístico das notícias tradicionais, ou seja, o site não explica de forma clara que as chamadas ‘perguntas básicas’ correspondem ao critério da estrutura básica da notícia.

O segundo tópico orienta o colaborador em relação à qualidade do texto e alerta para a utilização de linguagem clara e objetiva, elaboração de frases curtas, utilização de sinônimos e evitar gírias e repetição de palavras. No terceiro tópico, referente à imparcialidade, a única orientação é para que o colaborador faça um relato do acontecimento sem tomar posição a seu respeito. E, por fim, para obter a credibilidade, todos os fatos relatados devem ser verdadeiros.

Em suma, essas dicas englobam parte dos principais critérios que regem a prática do jornalismo tradicionalmente praticado por profissionais especializados. Contudo, o webjornalismo colaborativo praticado pelo Terra não esclarece que esses são critérios jornalísticos, mas critérios de um bom texto. O que se percebe, portanto, é uma concessão do poder de fala ao leitor/internauta através da abertura das normas e regras que regem o jornalismo, isto é, o [vc repórter] é o lugar de fala do colaborador, mas sua participação ou seu poder de fala neste espaço é mediado segundo o contrato e as dicas de formatação de texto. 

Um fator interessante é que o canal [vc repórter] não oferece classificação por editoria ou por assunto para classificar as notícias enviadas. Todas as informações são publicadas em um mesmo espaço na página do canal, sendo apenas diferenciada pela designação ‘destaque’. Mas, à medida que novas notícias são publicadas as que antes eram classificadas como destaque passam a ocupar espaço no tópico ‘+vc repórter’.


Fig. 2. Barra de navegação do IG, com indicação da seção Minha Notícia.

O iG lançou o canal Minha Notícia [12] (Figura 2), designado como site de jornalismo colaborativo, em 2006, como parte de uma fase iniciada em 2005, [13] quando o portal foi adquirido pela Brasil Telecom e voltou-se para a interação com o público ao lançar a campanha “O mundo é de quem faz”, estimulando os internautas a participar, interagir e produzir conteúdo.  De fato, uma das cláusulas das Regras de Uso [14] aponta que este canal é destinado ao chamado “jornalismo colaborativo”, ou seja, o jornal online feito por internautas.

Neste canal, os internautas que também são identificados como ‘colaboradores’ podem contribuir enviando textos, áudios, fotos e vídeos sobre fatos e casos, mas sem opiniões. As Regras de Uso apresentam a seguinte indicação: “No Minha Notícia cabe todo fato ou todo caso que você considerar notícia e tenha sido devidamente escrito por você com informações confiáveis”. Há, portanto, uma valorização do colaborador, uma concessão de poder de fala à medida que o canal também considera a validade de notícias pessoais importantes como casamentos, nascimentos de filhos, formaturas e morte de pessoas importantes para a comunidade do colaborador ou também a validade de notícias sobre problemas na comunidade, cidade ou região do internauta. 

O iG alerta que não publica opinião, denúncias sem comprovação ou textos com palavrões, agressões, racismo ou pedofilia e orienta seus colaboradores que o texto deve conter as informações básicas – o que aconteceu, quem estava envolvido, quando e onde o fato se passou, qual o motivo – observando critérios de liberdade de expressão, pluralismo e apartidarismo.

Para participar do canal enviando notícias, o colaborador também deve preencher um formulário [15] online e concordar com os Termos de Uso, [16] que concede ao iG o direito de edição, divulgação, distribuição, criação de obras derivadas, ajustes e modificações como finalidade jornalística e veiculação e exploração comercial.  
Em termos de apresentação das informações, o canal oferece 17 áreas de agrupamento de assuntos disponibilizadas na lateral esquerda da página: Brasil, celebridades, cidadania, ciência e saúde, comportamento, cultura e diversão, economia, educação e vestibular, emprego e carreira, esportes, inusitadas, meio ambiente, mundo, sua cidade, tecnologia e games, trânsito e turismo.

Além disso, no centro da página é postado o destaque, a lista das últimas notícias e a relação dos maiores colaboradores. Neste sentido, há uma valorização mais explícita do canal em relação à identidade do colaborador. No tópico ‘Últimas notícias’ além da hora, data de postagem, temática e título da notícia, é incluído o nome do colaborador, seu local de origem, o número de notícias publicadas e o número de visitas. Na lista dos maiores colaboradores, é incluído o nome do internauta, sua localidade, o número de colaborações e o número de acessos. Este recurso valoriza e fideliza o colaborador. No final da página principal é possível encontrar também o ranking das mais votadas e um mapa de colaboração por região.

6. A experiência do Minha Notícia e do [vc repórter]

Para conhecer quem fala e o que fala nos canais colaborativos Minha Notícia, do iG, e [vc repórter], do Terra, foram analisadas as notícias publicadas durante os dias 01 e 10 de janeiro de 2011. Ao longo desse período de 10 dias foi possível perceber como ocorre a variação no fluxo de temas e de postagens de notícias, que engloba o primeiro final de semana do ano, seguido pela primeira semana útil e, finalizando com outro final de semana. Além disso, o texto das notícias também possibilitou conhecer a forma como os dois canais legitimam os lugares de fala de seus colaboradores.

Inicialmente, com a análise do material coletado foi possível perceber uma discrepância considerável em relação ao volume de notícias publicadas: foram coletadas cerca de 44 notícias do canal colaborativo [vc repórter], enquanto o Minha Notícia registrou uma média de 72 textos, quase o dobro de notícias colaborativas.

Ao analisar a variação média de postagens por dia também é possível identificar certa discrepância entre os dois canais. No caso do canal colaborativo do Terra,  durante os três primeiros dias deste período de análise, que correspondem aos três primeiros dias do ano, o [vc repórter] publicou uma média de 2 a 3 notícias, intensificando o volume de postagens somente a partir do quarto dia, registrando uma média de 5 a 7 postagens até o sétimo dia. Entretanto, no oitavo e nono dias, sábado e domingo respectivamente, houve uma redução para 3 postagens, intensificando novamente o volume de publicações no décimo e ultimo dia de análise, registrando 7 notícias postadas.

O iG, por sua vez, apresenta característica parecida no início da análise mas depois amplia a variação. Durante os dois primeiros dias de análise, que correspondem ao primeiro final de semana do ano, foi registrado um pequeno volume de postagens, variando de 1 a 3 notícias. Entretanto, do terceiro ao sexto dia foi registrado um aumento considerável de notícias, variando entre 8 e 14 postagens.

No sétimo, oitavo e nono dias, correspondendo ao segundo final de semana do ano, houve uma redução de notícias postadas, variando entre 1 e 5 publicações. A intensificação do volume de postagens foi retomada somente no décimo dia somando 13 notícias publicadas neste canal colaborativo.

7. Variação da temática nos canais colaborativos

É possível perceber que o Minha Notícia, canal colaborativo do iG, apresenta um índice de postagem superior ao [vc repórter], canal colaborativo do Terra, assim como a variação de temas abordados nas notícias também é mais ampla em iG se comparado ao Terra. No canal [vc repórter] as notícias publicadas não são enquadradas por editoria ou temática. Para análise do material coletado estabeleceu-se aqui a sugestão de temáticas que pudessem de modo geral englobar os assuntos contemplados pelas notícias que foram publicadas durante o período de análise (Tabela1).

Em relação à classificação “clima e cidades”, maior índice de ocorrências, foram publicadas notícias referentes a alterações climáticas, ocorrências de chuvas e as conseqüências que afetam a população como enchentes, alagamentos, interdição de residências e fechamento de aeroportos, entre outros. Convém ressaltar que a maioria das notícias relacionadas a esta temática referem-se a cidades do estado de São Paulo, seja capital ou interior.

A previsão em outros estados é apontada apenas em notícias de relatam de maneira genérica o clima em todas as regiões do Brasil, ou em alguns casos em localidades específicas do sul do País, como acontece na notícia “vc repórter: temporal com ventos de até 74km/h atinge SC”, [17] publicada em 06 de janeiro, em que são citados osinternautas Jaime Batista da Silva, de Blumenau (SC), Túlio Dalsasso, de Canelinha (SC) e Tiago Cazaniga, de Joinville (SC) como colaboradores da notícia seja com fotografia e informações que compõem o texto da notícia.

Na temática “trânsito e cidades”, segunda maior em termos de publicação, estão incluídas as notícias que tratam de acidentes de trânsito de modo geral ou alterações no tráfego, geralmente em estados do sul e sudeste do Brasil. Neste caso, os internautas colaboram geralmente enviando informações através de textos e/ou fotografias de flagrantes no trânsito, acidentes de trânsitos que acabaram de acontecer, buracos nas ruas ou outras irregularidades relacionadas ao tema, como em “vc repórter: governador promete ponte nova em 180 dias em GO”, [18] que o internauta Marcio Amaral do Couto, de Itaberaí (GO), participou do canal colaborativo fornecendo a imagem da ponte que desabou por causa da forte correnteza do rio da Pedras, na cidade citada. 

No caso de “polícia e cidades”, são enquadradas as notícias referentes a ocorrências policiais como assassinatos, roubos, assaltos, desaparecimentos, incêndios entre outros fatos que aconteceram geralmente em São Paulo, capital e interior, ou em outras cidades de Minas Gerais ou Bahia. É importante ressaltar que em algumas notícias não é possível identificar de maneira direta a participação do colaborador nem ao longo do texto, nem como autor da fotografia que ilustra a notícia. Sua participação é citada apenas no rodapé da notícia como em “MG: vendedora é morta a tiros em shopping de Uberlânda”, [19] de 7 de janeiro.

Sobre estes casos especificamente abordaremos no próximo tópico de análise, que trata de identificar os lugares de fala do colaborador nos textos publicados. 
As temáticas com menor índice de notícias postadas são “cultura”, “turismo” e “internacional”. A primeira incluiu duas notícias referentes ao estado de Santa Catarina, como uma exposição de fósseis e uma festa em Blumenau, ambas publicadas em 5 de janeiro,  uma notícia sobre bloco de carnaval na Zona da Mata, Minas Gerais, publicada dia 03 de janeiro e o Reveillon na avenida Paulista, em São Paulo, primeiro dia de análise. Todas seguindo o mesmo padrão de colaboração que será comentado no tópico a seguir. 

Tab. 1. Temas abordados no canal colaborativo [vc repórter] do Terra

Temática*
Nº de notícias publicadas
Clima e Cidades
14
Trânsito e Cidades
12
Polícia e Cidades
12
Cultura
4
Turismo
1
Internacional
1
Total
44
*Classificação adotada pela autora em virtude da ausência de editorias neste canal do Terra.

Durante o período analisado foi possível perceber maior amplitude na cobertura das temáticas que são contempladas pelo canal colaborativo Minha Notícia do iG (Tabela 2), assim como maior inserção do internauta colaborador seja através de fotos, vídeos e relatos, se comparados ao canal [vc repórter] do Terra. Outro ponto favorável é a “fidelização” do colaborador que cria um perfil no canal possibilitando a identificação de sua localidade e, em alguns casos, as temáticas que este colaborador mais participa.

Sobre este aspecto entraremos em detalhes no tópico a seguir.

Um aspecto curioso é que a editoria “cultura e diversão” apresentou o maior índice de notícias publicadas. No geral, são notícias referentes a shows, peças teatrais, audiência de programas televisivos, cinema. Neste último caso, especificamente, há duas contribuições peculiares que é a publicação de comentários ou críticas relacionados a filmes que os internautas assistiram, como o colaborador identificado como Marcos Rosa, [20] de Feira de Santana (BA), que publicou 3 críticas de filmes durante o período analisado.

A editoria “cidades” é a segunda mais abrangente em termos de colaboração. Durante o período de análise foram identificadas notícias referentes a enchentes causadas pelas chuvas, transporte urbano, paralisações, ocorrências policiais, reivindicações de melhorias nas comunidades, entre outros fatos nas mais diversas cidades do Brasil.

Duas contribuições em vídeo, [21] por exemplo, foram enviadas pelo colaborador identificado como Ramon Barros, ambas em 4 de janeiro, sobre os estragos provocados pelas enchentes no Espírito Santo.

As notícias classificadas como “esportes”, que foram coletadas durante o período de análise, referem-se a esportes como futsal, natação e basquete. Esta última modalidade especificamente, por meio do colaborador Bernardo Guimarães, [22] de Belo Horizonte (MG), registrou 4 notícias durante o período citado.

As editorias “comportamento” e “trânsito”, registraram cada uma 5 notícias, sendo que em relação a primeira inclui temas relacionados a dicas, tendências de moda e beleza. Os textos geralmente são provenientes de blogs ou páginas pessoais dos próprios colaboradores que indicam o endereço eletrônico para que os leitores possam pesquisar mais sobre o assunto. 

No caso das notícias relacionadas a “trânsito”, há uma maior valorização do leitor ao longo do texto. Ao observar o material coletado, percebe-se que a maioria das notícias apresenta no título a figura do leitor/internauta como agente da notícia que vivencia o fato, como em “Trânsito na saída do Guarujá está um caos”, [23] relata leitor, publicada em 4 de janeiro. Sobre esse caso especificamente abordaremos com mais detalhes no tópico seguinte que trata da legitimação do lugar de fala do colaborador.

As temáticas “cidadania”, “emprego e carreira” e “ciência e saúde” apresentam notícias com propostas direcionadas ao jornalismo de serviço, que aborda dentro de cada tema especificamente notícias de campanhas, cursos, ofertas de empregos, inaugurações, entre outros assuntos relacionados à rotina dos moradores de um determinado bairro ou comunidade. Os colaboradores das notícias, portanto, variam conforme a região e o tema abordado.

Já as editorias “Brasil”, “tecnologia e games”, “inusitadas”, “turismo” e “meio ambiente” são as temáticas com menor registro de notícias publicadas durante o período analisado. A identidade dos colaboradores e as respectivas localidades variam de acordo com o assunto abordado. A editoria “tecnologia e games”, particularmente, apresentou 2 notícias em dias consecutivos que foram postadas pelo mesmo colaborador identificado como Felipe Mattos, [24] de Taubaté (SP).

Tab. 2. Temas abordados no canal colaborativo Minha Notícia do iG

Temática*
Nº de notícias publicadas
Cultura e diversão
24
Cidades
12
Esportes
6
Comportamento
5
Trânsito
5
Cidadania
4
Emprego e Carreira
3
Ciência e Saúde
3
Brasil
2
Tecnologia e Games
2
Inusitadas
1
Turismo
1
Meio Ambiente
1
Total
72
*Classificação apresentada segundo editorias adotadas pelo próprio iG.

8. Legitimando o lugar de fala do internauta/colaborador

Neste tópico de análise, propõe-se verificar se os espaços disponibilizados pelos portais para jornalismo colaborativo oferecem de fato ao leitor/internauta o poder de fala e, conseqüentemente, um lugar de fala legitimado, ou se esses espaços limitam a voz do colaborador através de intervenções e edições no texto. Para checar a participação forma considerados os títulos das notícias, as legendas das fotografias e o corpo de texto das matérias.

Ao examinar a construção dos títulos das notícias publicadas no [vc repórter] percebe-se que não há valorização da presença da voz do leitor/internauta que fornece a informação.

Os títulos apenas apresentam o fato sem mencionar o depoimento ou sugestão do colaborador. São exemplos de como os títulos são construídos neste canal colaborativo as seguintes notícias publicadas no dia 2 de janeiro:  

“Chuva leva defesa civil a deixar santos em estado de atenção”.
“vc repórter: ambulante se esconde de segurança no Ibirapuera”.

No caso do canal Minha Notícia, é possível perceber uma valorização do depoimento do colaborador sobrepondo-se ao fato, sobretudo em editorias como “trânsito” e “cidades”, nas quais é possível encontrar os seguintes títulos com os grifos (nossos) apontando a exaltação da participação do colaborador:

“Trânsito na saída do Guarujá está um caos”, relata leitor(04/01/2011).
“Trânsito na Baixada Santista é complicado”, conta leitora(03/01/2011).
Leitora reivindica melhorias em bairro de São Gonçalo” (03/01/2011).
Leitor quer melhorias em via que liga a zona leste de SP a Guarulhos” (05/01/2011).

Mas, a construção dos títulos não se apresenta da mesma forma em todas as notícias. Alguns são construídos apenas mencionando o fato ocorrido, seguindo o formato tradicional, como no caso da notícia “Jaboticabal faz cortes no transporte de estudantes”, também publicada na editoria “cidades”, em 05 de janeiro.

Outro ponto de análise e reflexão deste trabalho consiste na verificação de como se legitima o lugar de fala do colaborador ao longo do corpo do texto.  Durante a análise foi observado como ele é convocado no texto e de que forma o canal concede ao colaborador o poder de fala não apenas como fonte de informação, mas como testemunha que conquista o espaço do hipertexto para reivindicar, sugerir alertar ou relatar informações referentes ao seu contexto social.

Ao analisar os textos publicados no canal colaborativo do Terra percebe-se algumas estratégias para dar voz ao leitor ou para justificar sua colaboração no processo de construção das notícias. Em um dos casos, o texto aparenta ser construído pela equipe de jornalistas do canal colaborativo, pois há uma preocupação em validar as informações referentes ao fato junto a fontes oficiais como Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, entre outros.

A participação do colaborador nesses casos pode ser identificada nos créditos da fotografia que ilustra a notícia e no rodapé do texto com a mensagem padrão indicando o nome do internauta que participou do [vc repórter].

Um exemplo dessa estratégia de colaboração acontece em “vc repórter: árvore cai sobre três carros na zona sul de SP”, [25] publicada em 03 de janeiro. O texto da notícia apresenta-se da seguinte maneira, com grifo nosso:

Por volta das 14h desta segunda-feira, uma árvore de grande porte caiu sobre três automóveis na altura do número 1.670 da avenida Irerê, na zona sul de São Paulo. De acordo com a Polícia Militar, o incidente não deixou vítimas. Às 16h21, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) não registrava lentidão no trânsito local. Até esse mesmo horário, o Corpo de Bombeiros não tinha registro da ocorrência.

As causas da queda ainda são desconhecidas, mas chovia na hora do incidente. O internauta Bachar Samaam, de São Paulo (SP), participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Neste caso, é possível reconhecer a estrutura tradicional do texto jornalístico atendendo às informações principais conforme indicam as dicas para elaboração de um bom texto do próprio canal. Além disso, identifica-se a convocação de fontes oficiais para confirmação dos fatos como Polícia Militar, Companhia de Engenharia e Tráfego (CET) e Corpo de Bombeiros. Entretanto, a voz do leitor não é citada ao longo do texto e sua colaboração fica restrita aos créditos da fotografia (Figura 3) que ilustra a notícia (conforme grifo nosso):


Fig. 3. Foto enviada por leitor para a seção [vc repórter]. As causas da queda ainda são
desconhecidas, mas chovia na hora do incidente. Foto: Bachar Samaam/vc repórter.

Outra estratégia utilizada pelo [vc repórter] para dar voz ao colaborador consiste na inserção de sua fala de forma direta ou indireta ao longo do texto, de forma que ele assume o papel de testemunha do fato narrado. É o que acontece no caso da notícia “vc repórter: ambulante se esconde de segurança no Ibirapuera”, [26] publicada em 02 de janeiro, na qual o texto apresenta-se da seguinte maneira:

Na tarde desse sábado, primeiro dia de 2011, mais de 20 ocorrências envolvendo vendedores ambulantes foram registradas pela segurança do Parque do Ibirapuera, zona sul de São Paulo (SP). De acordo com o Parque, os vendedores abordados são apenas colocados para fora do espaço, os guardas locais não têm poder para apreender suas mercadorias.

Raphael Pinotti, que estava no local, conta que em uma das ocorrências, um vendedor ambulante tentou se esconder em um tubo de concreto que simula um túnel onde as crianças brincam, mas logo foi surpreendido pelos seguranças e colocado para fora do Parque.

Ainda com informações do Ibirapuera, é comum que os mesmos vendedores sejam abordados e colocados para fora de suas dependências mais de uma vez no mesmo dia.
O internauta Raphael Pinotti, de São Paulo (SP), participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Neste exemplo, o relato acima (em destaque) do internauta Raphael Pinotti é inserido no texto em terceira pessoa, sendo apontado como testemunha ou alguém que presenciou o fato. Mas, seu poder de fala no texto ainda é restrito. Ele apenas colabora fornecendo a fotografia e a informação verbal que é verificada pela equipe de jornalistas do canal junto às fontes primárias, neste caso, junto à direção do próprio Parque do Ibirapuera que confirma as ocorrências.

Há casos também em que o colaborador é apontado como testemunha, colabora com a fotografia e a informação, mas sua voz é inserida no texto em discurso direto, como acontece com a notícia “vc repórter: avenida de São Vicente tem enchentes há 23 anos”, [27] publicada em 04 de janeiro:

A avenida Monteiro Lobato, em São Vicente (SP), foi uma das vias que ficaram alagadas por conta das chuvas que atingiram a baixada santista nesse fim de semana. De acordo com Bianca Rodrigues, que vive no local, a via sofre com enchentes há pelo menos 23 anos. "O problema já foi informado para as autoridades, mas nunca tomaram providências", reclama.

Em nota, a Prefeitura de São Vicente informou que foram feitas obras de drenagem nas ruas próximas ao canal para aumentar a vazão de água. Além disso, o município afirmou que estão em andamento obras para a recuperação das calçadas locais.

A internauta Bianca Rodrigues, de São Vicente (SP), participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Um fator interessante neste exemplo, é que o trecho grifado no texto da notícia indica que a colaboradora tem respaldo para fornecer tal informação, pois ela se identifica como moradora da região onde ocorrem as enchentes.

Há casos também em que não é possível identificar de que forma o internauta colaborou para elaboração do texto noticioso. Em “vc repórter: rio Atibaia transborda e alaga 11 bairros”, [28] publicada em 04 de janeiro, a equipe responsável pela edição dos textos informa ao final do texto que os internautas Samuel Peixoto e Gabriela Ferraz, de Atibaia, São Paulo, participaram do [vc repórter], entretanto, seja como autor da fotografia ou no corpo do texto, apenas o nome de Gabriela Ferraz é citado sendo omitida a colaboração do outro internauta.

Em relação ao canal Minha Notícia do iG, a legitimação dos lugares de fala do colaborador ao longo do texto apresenta-se de maneira mais concreta. Entretanto, convém ressaltar que nem todas as notícias publicadas seguem o mesmo padrão de formatação dos textos colaborativos. Mas, um aspecto favorável e que diferencia a proposta do iG em relação ao Terra é que para se tornar colaborador do Minha Notícia é necessário criar um perfil para publicação das notícias, o que de certa forma, contribui para a fidelização e a legitimação do lugar do colaborador, além de estimular sua participação com informações referentes a determinadas regiões e temáticas.

Um exemplo de participação direta do leitor na construção do texto ocorre com a notícia “Trânsito na saída do Guarujá está um caos, relata leitor” (04/01/2011, Trânsito), enviada pelo colaborador Carlos Alberto de Oliveira:

“Boa noite. Gostaria de informar que o trânsito aqui na saída do Guarujá (SP) está um caos!!!! tudo parado, chovendo, está um inferno só..... ninguém merece!”.

Neste caso, não há evidências de qualquer intervenção da equipe de jornalistas do canal colaborativo. Percebe-se, portanto, que o texto foi publicado na íntegra.  Outro exemplo que segue a mesma construção textual acontece com a notícia “Leitor quer melhorias em via que liga a zona leste de SP a Guarulhos” (05/01/2011, Cidades), enviada pelo colaborador Edivaldo Gomes da Silva, de Guarulhos (SP):

“Essa Estrada do Itaim, que liga o Itaim Paulista a Vila Any, está uma vergonha. Cadê o prefeito de Guarulhos e o Governo do Estado que não entram em acordo e resolvem o problema da estrada e da população?”

Além das editorias de “trânsito” e “cidades”, “cultura e diversão” também oferece maior liberdade de expressão da voz do colaborador, como em “Leitora enumera os filmes mais aguardados de 2011”, [29] postado pela colaboradora Silvia Freitas, de São Paulo, em 03 de janeiro. Mas, convém ressaltar que esse tipo de colaboração assim como as críticas de filme já citadas anteriormente são na verdade textos extraídos de blogs ou páginas pessoais dos próprios colaboradores.

Além desses modelos de formatação dos textos das notícias que conservam ou demonstram certa indignação do colaborador em relação ao fato que aflige sua vida ou sua comunidade, há também notícias que apresentam maior contextualização do fato, mas que não possui a mesma preocupação em checar junto às fontes oficiais a veracidade da informação. É o que ocorre, por exemplo, com a notícia “Jaboticabal faz cortes no transporte de estudantes”, publicada pelo colaborador identificado como Danilo, de Jaboticabal (SP), em 05 de janeiro:

Os estudantes de Jaboticabal começam o ano-novo com um "presente". O ano de 2010 foi de dificuldade financeira para a prefeitura, por isso, para o ano de 2011 foi apresentado um pacote de cortes, que inclui o transporte de estudantes universitários.

A prefeitura subsidiava o transporte para os estudantes que estudam fora da cidade de Jaboticabal. Em troca, os estudantes plantavam árvores. O subsidio, foi reduzido de 100% para 50%, com exceção de quem esteja cadastrado em programas sociais (bolsa família, renda cidadã ou renda mínima), a quem ficou garantida a gratuidade total.

Os estudantes, descontentes com o corte do beneficio, procuraram ajuda com alguns vereadores. Foi formada uma comissão composta por estudantes. Essa comissão aguarda o agendamento de uma reunião com prefeito.

Os estudantes vão reivindicar que seja gratuito o transporte para todos. Eles esperam que a reivindicação seja atendida. Do contrário, resta aos estudantes arcar com os custos do transporte. Os que não possuem condições boas condições financeiras terão que fazer seus próprios cortes de gastos em casa.

No exemplo acima, o autor não demonstra ter procurado a Prefeitura da cidade mencionada para checar a veracidade das informações e/ou cobrar providências em relação ao corte do transporte dos estudantes.

Ao contrário, o texto apresenta apenas a versão dos estudantes, mas sem a preocupação de inserir depoimentos dos envolvidos, o que caracterizaria a prática do jornalismo tradicional. Outros exemplos como este podem ser encontrados ao longo das demais editorias.

9. Conclusão

As principais considerações sobre a prática do webjornalismo colaborativo de cada um dos canais analisados já foram apresentadas e discutidas ao longo do tópico anterior. Entretanto, convém considerar que a análise das notícias publicadas em cada canal possibilitou reconhecer o papel ativo do internauta colaborador de maneiras diversas, seja como fonte de informação, seja como testemunha do fato abordado ou como especialista do assunto em questão.

De modo geral, é possível concordar que tanto o Minha Notícia como o [vc repórter] convocam o cidadão para debater, denunciar, informar sobre fatos que ele vivencia e/ou acontece em sua região e/ou comunidade. O que diferencia a participação nos dois canais é justamente a forma como a ‘fala’ do colaborador se apresenta. Nesse sentido, vimos que não existe uma fórmula colaborativa única e a experiência dos dois canais mostra que é possível explorar diversas formas colaborativas de contar histórias, cada uma com um nível de abertura à voz do leitor colaborador.

Nos textos do Terra é possível perceber a presença da mediação da equipe de jornalistas que procuram conferir ao texto da notícia um aspecto da redação do jornalismo tradicional, ao contrário de iG que preserva em muitos casos o desabafo do leitor. Ou seja, no [vc repórter] o leitor é convocado a falar no texto como uma fonte de informação que vivencia os fatos e cuja voz é confrontada com outras fontes oficiais relacionadas ao fato. Ao passo que em Minha Notícia, o leitor é convocado mais como colaborador, como detentor único de voz no texto, como alguém que tem respaldo para falar.

Se há uma formula padrão para elaboração e formatação do texto da notícia colaborativa isso possivelmente não deve existir. O que mais importa nesta prática é que os portais de informação estão cada vez mais abertos a colaboração do internauta seja por meio de fotos, textos, vídeos e através dos mais variados canais. E nesse sentindo a preocupação maior deve ser com a veracidade das informações sobrepondo-se a forma como o texto se apresenta.

NOTAS

[01] Internet Usage Statistics. Disponível em: http://www.internetworldstats.com/stats.htm.

[02] Ibope//Netratings, Standard Metrics. Disponível em: http://www.nielsen-online.com.

[03] Segundo Kelly (2009), os blogs podem ser definidos como páginas pessoais em que são feitas postagens em ordem cronológica decrescentes, autorizadas por um ou mais indivíduos, geralmente associados a um conjunto de interesses ou opiniões, frequentemente incluindo links a outros websites

[04] Sistema que permite a colaboração na produção de conteúdo de um site, com o uso de um browser comum e sem a necessidade de conhecer a linguagem HTML (Primo e Träsel, 2006, p. 17).

[05] A escolha deste termo justifica-se pela natureza dos objetos analisados e a forma como eles identificam a proposta do canal aos leitores. Mais detalhes serão abordados em tópicos posteriores deste artigo que tratam especificamente dos canais Minha Notícia, do iG, e o [vc repórter], do Terra.

[06] Disponível em: http://english.ohmynews.com/.

[07] Disponível em: http://noticias.terra.com.br/vcreporter/.

[08] E-mail: vcreporter@terra.com.br. Disponível em: http://noticias.terra.com.br/vcreporter/comoenviar.htm .

[09] Disponível em: http://noticias.terra.com.br/vcreporter/comoenviar-celular.htm.

[10] Disponível em: http://noticias.terra.com.br/vcreporter/envie.htm.

[11] Disponível em: http://noticias.terra.com.br/vcreporter/dicas.htm.

[12] Disponível em: http://minhanoticia.ig.com.br/.

[13] Informações retiradas do texto institucional em comemoração aos 10 anos do portal. Disponível em: http://aniversario10anos.ig.com.br/10+anos+ig.html.

[14] Disponível em: http://minhanoticia.ig.com.br/regras_de_uso/.

[15] Disponível em: http://minhanoticia.ig.com.br/enviar_noticia/formulario2/.

[16] Disponível em: http://minhanoticia.ig.com.br/termos/.

[17] Disponível em: http://noticias.terra.com.br.

[18] Disponível em: http://noticias.terra.com.br.

[19] Disponível em: http://noticias.terra.com.br.

[20] Acesso aos textos publicados no perfil do colaborador. Disponível em: http://perfil.ig.com.br/perfil/perfilHome.action?user_id=24456.

[21] Disponível em: http://noticias.terra.com.br.

[22] Acesso aos textos publicados no perfil do colaborador, disponível em: http://perfil.ig.com.br/perfil/perfilHome.action?user_id=1873.

[23] Disponível em: http://noticias.terra.com.br.

[24] Acesso aos textos publicados no perfil do colaborador. Disponível em: http://perfil.ig.com.br/perfil/perfilHome.action?user_id=24489.

[25] Disponível em: http://noticias.terra.com.br.

[26] Disponível em: http://noticias.terra.com.br.

[27] Disponível em: http://noticias.terra.com.br.

[28] Disponível em: http://noticias.terra.com.br.

[29] Disponível em: http://noticias.terra.com.br.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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KELLY, John. Red Kayaks and Hidden Gold: the rise, challenges and value of citizen journalism. University of Oxford, Reuters Institute for the Study of Journalism, 2009.

PINHEIRO, Guilherme. O cidadão-repórter e o papel do jornalista profissional através do jornalismo participativo. XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste - Intercom, 2009, Rio de Janeiro.

PRIMO, Alex Fernando Teixeira; RECUERO, Raquel da Cunha. Hipertexto Cooperativo: Uma análise da escrita coletiva a partir dos Blogs e da Wikipédia. Revista da FAMECOS, nº 23, p. 54-63, Dez. 2003.

_________________________; TRÄSEL, Marcelo. Webjornalismo participativo e a produção aberta de notícias. Contracampo (UFF), v. 14, p. 37-56, 2006.

*Edson Fernando Dalmonte é professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Michele da Silva Tavares é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da UFBA.

 

 







Revista PJ:Br - Jornalismo Brasileiro | ISSN 1806-2776 | Edição 14 | Novembro | 2011
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