Monografias
Do
repórter-cidadão ao cidadão-repórter:
descaminhos e desafios do jornalismo na cibercultura
Por
Maria Lúcia Becker*
Resumo
O
texto lembra a transformação pela qual passou
o jornalismo no século XIX, fazendo um paralelo com as
mudanças atuais. Considera as reações a
estas mudanças, surgidas tanto no campo jornalístico
quanto em outros setores da sociedade, como respostas, ou compensações,
para o fato de o jornalismo ter se afastado da cidadania e conclui
que, em vez de se sentirem dispensáveis, os jornalistas
precisam requalificar a sua relação com a sociedade,
ocupando o espaço que, cada vez mais, esta lhes tem franqueado
e não repassando tarefas aos demais cidadãos.
Palavras-chaves:
Jornalismo; cidadania; cibercultura.
Com
as mudanças ocorridas no mundo, principalmente nas últimas
duas décadas, o jornalismo tem estado constantemente
sob pressão, reagindo de diversas formas à reconfiguração
do espaço por ele ocupado na sociedade desde a sua constituição
como campo autônomo de produção discursiva.
Tal
como é conhecido atualmente uma prática
discursiva centrada nos fatos , o jornalismo surgiu em
meados do século XIX, quando, segundo Chalaby, profissionais
americanos e ingleses inventaram a concepção
moderna de notícia, assim como as técnicas
de entrevista e reportagem.[3]
Um pouco mais complicado do que isso, em síntese, a descrição
do processo de transformação pelo qual passou
o jornalismo no século XIX, após o longo período
de amadurecimento desde as suas origens mais remotas, pode ser
feita tendo como base o reconhecimento da convergência
de diversos fatores: um contexto sócio-cultural, político
e jurídico redefinido em torno do Estado moderno
, um grande avanço tecnológico (tanto no
âmbito da transmissão da informação
como da impressão), um crescimento das empresas jornalísticas
(com concentração de capital e centralização
organizacional), uma mudança nos conceitos e uma reconfiguração
do alcance e do significado da atividade jornalística
para a sociedade.
De
acordo com Habermas, a esfera pública burguesa se constituiu
tendo como função política a mediação
entre Estado e sociedade e tendo a imprensa como sua instituição
por excelência a partir do princípio iluminista
da publicidade (informações e idéias trazidas
livremente ao debate público), defendido por Kant nos
seguintes termos:
para
cada ser humano individualmente é difícil auto-elaborar-se
para além dessa imaturidade minoritária que quase
se tornou natureza para ele... Mas que um público se
esclareça a si mesmo é bem possível; se
diria até que, quando lhe é dada a liberdade,
é quase inevitável.[4]
Na conformação do Estado-nação moderno,
o público se constitui como público-leitor burguês,
que se aglutina em torno de jornais e periódicos,
perfazendo o nexo entre a esfera privada e a esfera pública,
[5] enquanto a liberdade de expressão e, especificamente,
a liberdade de imprensa passam a constar nas constituições
republicanas (norte-americana, francesa de 1791 e 1793 etc.),
assim como na Declaração dos Direitos do Homem
e do Cidadão: o público pensante dos homens
constitui-se em público dos cidadãos,
no qual ficam se entendendo sobre as questões da res
publica. [6]
A
esta demanda de informações que passa a alimentar
o exercício da cidadania moderna vem juntar-se o desenvolvimento
técnico dos meios de transmissão de notícias
(o telégrafo, depois o telefone) e das máquinas
impressoras, que, desdobrando-se na constituição
de empreendimentos essencialmente capitalistas na área
da imprensa, provoca uma transformação profunda
na atividade jornalística, como explica Habermas:
...a
atividade redacional já tinha, sob a pressão da
transmissão de notícias de um modo tecnicamente
mais avançado, se especializado de uma atividade mais
literária para uma atividade jornalística: a seleção
do material se torna mais importante do que o artigo de fundo;
a elaboração e a avaliação das notícias,
a sua revisão e preparação se torna prioritária
em relação à obediência efetiva,
do ponto de vista literário, de uma linha.
A partir dos anos 70, configura-se sobretudo a tendência
de que o que dá renome e nível ao jornal não
são mais os jornalistas famosos, mas os editores talentosos.
[7]
Passados cerca de dois séculos desde que este processo
de mudanças começou a se desenvolver, pode-se
dizer que um novo ciclo de transformações se efetua.
Tais mudanças, de acordo com Marcondes Filho, têm
como pano de fundo o fim da modernidade, que se caracteriza
...pelo
(novo) processo universal de desencanto (defecção
do socialismo e das alternativas ao capitalismo), pela crise
dos meta-relatos e de todos os sistemas gerais de explicação,
pela falência dos processos teleológicos (esperança
de um futuro melhor, a subordinação do engajamento
político a um projeto histórico) e último
mas não menos sério o desaparecimento do
conceito de agonística geral, isto é,
da política como embate, competição, confrontação
radical. [8]
Com
isso, sob o predomínio do ideário neoliberal
que passa a dominar como ideologia e prática, modo
de compreender e agir, forma de gestão do mercado e poder
político, concepção do público e
do privado, ordenação da sociedade e visão
do mundo [9] , ao processo de globalização
vem juntar-se o desenvolvimento e disseminação
da tecnologia digital e os avanços na área de
telecomunicações, fatores que se desdobram em
verdadeira revolução no âmbito do jornalismo,
com conseqüências diretas para a identidade, a formação
e o exercício profissional, como se pretende discutir
neste trabalho.
Abalo
sísmico
Três
grandes focos de mudanças, que poderiam ser chamados
de epicentros tal a magnitude de sua capacidade de propagação,
têm atingido as entranhas do jornalismo, provocando ondas
de efeitos que vão abalando as certezas e alterando desde
os conceitos até as rotinas de trabalho, desde a identidade
até a autoridade diante do leitor/telespectador/ouvinte,
devendo repercutir nas pesquisas e na formação
dos novos profissionais: a constituição da sociedade
global; a aceleração geral dos acontecimentos
e experiências em função das inovações
tecnológicas; e, dentro dessas inovações,
especificamente a disseminação do uso da rede
mundial de computadores.
Sendo
entendido como portador de um caráter revolucionário
(jornalismo de redação, imprensa
crítica, imprensa opinativa) por conta
de sua atuação como mediador e potenciador da
politização do público, [10] ou adquirindo
caráter comercial e fazendo-se passar por mero transportador
de informações, o jornalismo guardou durante todo
o período da chamada modernidade uma relação
direta com o exercício da cidadania, uma vez que este
não se viabiliza sem informações e, dado
o aumento da urbanização e da complexificação
da vida cotidiana, a maioria dos cidadão já não
pode se inteirar dos fatos na praça pública.
Ocorre
que a noção de cidadania moderna, vale lembrar,
se define na relação com o Estado-nação,
ou seja: a cidadania faz a mediação das
relações entre os indivíduos identificados,
presentificados como cidadãos frente ao Estado,
os que se incluem na ordem dos direitos e deveres. [11]
Com
a globalização, no entanto, este Estado-nação
debilita-se, passando os acontecimentos a serem comandados direta
ou indiretamente por forças mundiais e a maioria dos
problemas a serem de responsabilidade de superestruturas internacionais.
Daí recomeça a história. Em lugar
das sociedades nacionais, a sociedade global, como explica
o prof. Ianni:
As
sociedades contemporâneas, a despeito das suas diversidades
e tensões internas e externas, estão articuladas
numa sociedade global. Uma sociedade global no sentido de
que compreende relações, processos e estruturas
sociais, econômicas, políticas e culturais, ainda
que operando de modo desigual e contraditório. Neste
contexto, as formas regionais e nacionais evidentemente continuam
a subsistir e atuar. (...) Mas o que começa a predominar,
a apresentar-se como uma determinação básica,
constitutiva, é a sociedade global, a totalidade na
qual pouco a pouco tudo o mais começa a parecer parte,
segmento, elo, momento. [12]
A
percepção cada vez mais nítida do mundo
como um grande sistema, fazendo emergir a consciência
de ser mundo e de ser no mundo, coloca os indivíduos
diante de novos quadros de referência, que se impõem
no processo de constituição da chamada cidadania
planetária.
Uma
cidadania que requer para o seu exercício condições
de se informar e se posicionar frente não mais apenas
aos acontecimentos nacionais, mas especialmente aos mundiais
e aos locais, pois a construção da autoconsciência
(pré-requisito da cidadania) passou a exigir a compreensão
tanto dos mecanismos de funcionamento da sociedade global como
daqueles da sociedade local. Como ressalta Milton Santos, quanto
mais o mundo se afirma no lugar, tanto mais este último
se torna único. [13]
Parece
simples, e assim poderia transcorrer sem maiores problemas não
fosse outro fato novo e também de grande impacto: a comunicação
de todos os lugares, que, viabilizada pela unicidade da técnica,
base material da globalização, produz uma multiplicação
da eficácia dos processos, resultando em aceleração
geral e aumento exponencial do volume de acontecimentos (e,
portanto, de fatos noticiáveis).
Pela
primeira vez na história da humanidade, um sistema técnico
se superpõe aos demais, tornando-se mundialmente hegemônico
por força dos atores hegemônicos da economia, da
política e da cultura. Esse é um dado essencial
do processo de globalização, processo que não
seria possível se essa unicidade não houvesse,
[14] pois é ela que conduz à unificação
do espaço e do tempo em termos globais.
Esta
unificação dá suporte à comunicação,
que se torna fluidez (circulação máxima
de informações, idéias, produtos, ou dinheiro)
e caracteriza o mundo atual; segundo Virilio, um mundo contaminado
pela poluição dromosférica,
de dromos, corrida. [15]
Ao
mesmo tempo, sendo meio e também mensagem, a tecnologia
digital comporta, em si mesma, acelerações superpostas,
uma vez que se caracteriza pelo perecimento prematuro
dos engenhos e por uma sucessão alucinante
que faz da maioria dos cidadãos seres a cada dia mais
ignorantes e indefesos,[16] gerando, como reação,
um aumento na demanda de informações por parte
de cada um.
Neste
contexto, à globalização e ao aumento geral
da velocidade dos processos e acontecimentos, junta-se um terceiro
ponto de origem das ondas intensas que fazem tremer as estruturas
do jornalismo, colocando-o à beira de uma crise de identidade:
a rede mundial de computadores.
Com
a Internet, chega o imediatismo; o açodamento da informação;
a avalanche de dados com a apresentação simultânea
de texto, áudio, vídeo e demais elementos icônicos;
a interatividade; a rapidez e a demora, com a possibilidade
de o usuário configurar o seu próprio tempo e
espaço de contato com a informação; o acesso
direto às fontes; o fim da prerrogativa de informar garantida
até então aos jornalistas.
Entre
outros aspectos, o tempo real altera as rotinas de produção
das notícias, impondo, de acordo com Aranha, um fechamento
o tempo todo e mudando a forma, o conteúdo e o
próprio conceito de notícia. Esta, em vez de portar
enquadramentos diferentes do mesmo acontecimento, propõe
a construção do sentido por adição
de narrativas fragmentadas, seguindo a lógica da televigilância.
Caracteriza-se, ainda, pelo que a autora chamou de hibridação:
a narrativa é composta por conteúdos em áudio,
imagem e escrita, um se sobrepondo ao outro, sem uma relação
linear ou hierárquica. [17]
Com
a Internet, o leitor/usuário se torna muito mais exigente
e independente, pois passa a ter acesso a diversos veículos,
tanto locais como de qualquer parte do mundo, assim como adquire
a possibilidade de recorrer a fontes de informação
antes exclusivas dos jornalistas.
E,
mais que isso, com a interatividade, quebra-se definitivamente
o domínio e a autoridade do jornalista, dada a prática
já disseminada atualmente de os usuários constituírem
uma esfera própria de informação (principalmente
através do e-mail e do bate-papo), que se configura,
muitas vezes, completamente fora do campo jornalístico.[18]
Conceito
e condição
Embora
não se possa dizer que o quadro no qual o jornalismo
passou a se inserir nos últimos tempos já esteja
estabilizado, dois movimentos de reposta à nova situação
já podem ser observados: um partindo de dentro do próprio
campo de produção jornalística e outro
no sentido contrário, pressionando de fora e mudando
a relação da sociedade com a informação
e com aqueles que, até o momento, foram seus mediadores.
No
primeiro caso, o movimento segue três caminhos distintos
e aparentemente contraditórios, mas componentes da mesma
estratégia de assimilação das inovações,
resistência a perda de legitimidade e conquista de um
novo vigor e autoridade no seio da cibercultura:
a) Uma primeira reação, que poderia ser chamada
de adequação espaço-temporal, desenvolve-se
no sentido de o jornalismo acertar seu passo pelo relógio
da chamada era tecnológica, extinguindo a jornada e instaurando
ciclos medidos em minutos ou segundos. Com mais notícias
e menos reportagens, tenta matar dois coelhos com a mesma cajadada:
cobrir mais acontecimentos e fazer mais fechamentos
(fechamento permanente), oferecendo, portanto, muito
mais informação.
Com
matérias curtas, busca acompanhar o ritmo do leitor/usuário,
supondo que ele corre na raia ao lado, ganha cada vez mais velocidade
e pode deixar para trás o veículo que se mostrar
lento. Com as parcerias de alcance global entre grupos jornalísticos,
visa à ampliação da capacidade de cobertura
e expansão do alcance de cada veículo para regiões
dos países ou do mundo antes inacessíveis, oferecendo
a leitores e espectadores, na opinião dos executivos
das organizações, uma gama maior de notícias.
[19]
Com
a notícia em tempo real, persegue a televigilância
dos acontecimentos, [20] promovendo um empowerment do leitor/usuário,
ao lhe oferecer o dia eletrônico ou dia
da velocidade técnica, que, de acordo com Virilio,
amplia o dia elétrico (responsável
pelo prolongamento da percepção da jornada), apagando
tanto os antípodas e as distâncias geográficas
quanto os ângulos mortos. [21]
Ou
seja, coloca todo o espaço global sob as vistas de cada
um, permitindo a construção de um quadro da atualidade
a partir de imagens emitidas de vários pontos da Terra,
não mais periodicamente, mas a todo instante. Um quadro
composto por adição de narrativas fragmentadas,
como já citado anteriormente, que, selecionadas pelo
leitor/usuário dão a sensação de
informação máxima, num tempo mínimo,
com o que há de mais importante no mundo vindo ao encontro
do interesse pessoal de cada um.
b)
Em outra perspectiva, na contramão do imperativo da velocidade,
o jornalismo segue um caminho que poderia ser caracterizado
pelo advérbio de modo, dando primazia a outras qualidades
da informação.
Com
um aproveitamento máximo do potencial trazido pelo hipertexto,
que permite a substituição da narrativa linear
e unívoca pela polifonia e articulação
de textos em rede, busca segurar os leitores/usuários
dentro do campo jornalístico a opção
por mais notícias e menos reportagens, como resposta
à aceleração ocorrida em todos os níveis
da sociedade, acaba por expelir os leitores/usuários,
que vão procurar o aprofundamento/ contextualização
da informação em outras paragens do ciberespaço.
Principalmente
no interior das editorias especializadas (mas não só),
torna-se possível deixar de ser um simples leitor de
notícias (seguidor da ordem da pirâmide invertida)
e navegar por módulos independentes, articulados numa
rede não-hierárquica, como explica Traquina:
...os
hipertextos não comunicam através de uma só
voz, mas incorporam múltiplas perspectivas para contar
a estória. Robert Huesca (...) exemplifica:
... em vez de representar o quem, o quê, porquê
de um suicídio através de uma única voz,
um repórter de hipertexto reuniria relatos complementares
e antagônicos, que ocupariam lugares diferentes observando
o mesmo acontecimento, tal como os raios de uma roda se ligam
a um eixo central. De acordo com o autor do livro Online
Journalism, Jim Hall, as notícias podem ser contadas
através de perspectivas múltiplas postas
umas contra as outras por forma a conseguir uma compreensão
dos temas e dos contextos (...). [22]
c)
Um terceiro tipo de reação congrega as respostas
dos jornalistas que, para enfrentar os desafios colocados à
profissão principalmente aqueles essenciais, porque
relacionados com a cidadania , buscam socorro na própria
sociedade: na dificuldade de atuarem como repórteres-cidadãos,
criam o papel de cidadão-repórter, a ser desempenhado
por qualquer pessoa da sociedade. Este é o caso do OhmyNews,
citado por Castilho como uma iniciativa bem-sucedida de
revolucionar o processo de garimpagem de notícias ao
criar o slogan cada cidadão é um repórter.
O
jornal online, lançado em fevereiro de 2000 na Coréia
do Sul por quatro jornalistas, conseguiu a adesão imediata
de 727 cidadãos: hoje, a redação
tem 35 profissionais e o corpo de cidadãos-repórteres
totaliza 35 mil nomes, que enviam em média 200 notícias
diárias para as edições online, impressa
e em vídeo do OhmyNews. [23]
Longe
das teorias e conceitos do jornalismo, assim como da legislação
que, no Brasil, desde 1967, garante aos jornalistas a
exclusividade na produção e divulgação
de material noticioso -, esta é, no entanto, uma prática
antiga: há mais de 30 anos, jornalistas comprometidos
com as causas populares no Brasil têm assessorado oficinas
e outras atividades de capacitação de participantes
de movimentos sociais (associações de bairro,
ONGs, oposições sindicais etc.) para o exercício
da chamada comunicação popular.
Exemplo
atual, que pode dar uma idéia do alcance deste tipo de
iniciativa, é o Programa Comunicação
Comunitária, desenvolvido pelo Projeto Sampa.org,
em parceria com a Fundação Ildes/Fes, o Centro
de Direitos Humanos e Educação Popular do Campo
Limpo (CDHEP) e as Faculdades Radial, na Zona Sul de São
Paulo.
O
programa de capacitação para pessoas ligadas a
entidades comunitárias, com duração de
12 semanas, além de tratar de temas como leitura
crítica da mídia, Internet e
Planejamento da Comunicação na comunidade,
ensina redação, texto jornalístico (incluindo
fontes de informação, editorias, pauta, apuração,
redação, fechamento e edição, entre
outros aspectos) e promove exercícios práticos
de reportagem. [24]
Outro
exemplo recente e de conteúdo semelhante é o oferecido
pela oficina Comunicação Comunitária
e produção de conteúdo local, realizada
durante a Semana de Inclusão Digital, promovida pela
Prefeitura de São Paulo, de 22 a 29 de maio de 2004.
[25]
A
novidade da fórmula cidadão-repórter fica
por conta da Internet, que dá aos cidadãos, organizados
ou não, uma possibilidade inédita de publicação
de informações e opiniões de forma rápida,
barata, fácil e eficiente.
Se
antes a impressão de um informativo periódico
e, mais ainda, a colocação no ar de uma estação
de rádio ou TV eram impeditivos da constituição
por parte dos cidadãos comuns (não-jornalistas)
de uma esfera própria de comunicação
tanto pelos custos como pela dificuldade de obtenção
de concessões e registros , agora não há
mais barreiras: sites noticiosos (tanto weblogs, como páginas
de organizações sociais) proliferam na web, assim
como rádios comunitárias trazem a público
uma diversidade de forma, conteúdo e linha editorial
ainda desconhecida. [26]
Ao
mesmo tempo, de fora para dentro do campo jornalístico,
surgem os produtores de conteúdo não-jornalistas
que trabalham com informações em centenas de sites
e portais independentes que operam com notícias, entretenimento
e comércio [27] , assim como amadores (cidadãos
sem qualquer objetivo de atuação como repórteres),
que produzem e trocam diariamente uma incalculável quantidade
de informações, principalmente através
do e-mail, bate-papo e fóruns de discussão, mas
também por meio de boletins informativos, sites de entidades
comunitárias, envio de material para portais de organizações
sociais maiores etc.
Resultado
da descaracterização do jornalismo ocorrida principalmente
na última metade do século XX, a primeira situação
tem como base a compreensão do trabalho dos jornalistas
como algo prescindível, perfeitamente passível
de realização por qualquer pessoa.
No
segundo caso, a compreensão parece ser a da insuficiência
da produção jornalística: limitada tecnicamente
(por exemplo, não tratando os assuntos na profundidade
e polifonia requerida, daí as pessoas recorrerem diretamente
às fontes e repassarem o resultado de sua busca a seus
interlocutores); ou limitada politicamente (por exemplo, moradores
da periferia ou participantes de movimentos sociais que criticam
a parcialidade e manipulação dos media, baseando-se,
entre outros aspectos, no fato de que o centro, ao qual pertencem
os profissionais do jornalismo, tem o monopólio da palavra
sobre a periferia, assim como na certeza de que as grandes corporações
acabam por impor a ordem do dia, estabelecendo na sociedade
global o conceito, o método e o conteúdo do jornalismo).
[28]
Cidadania
De
uma forma ou de outra, todas estas iniciativas podem ser vistas
como respostas, ou compensações, para o fato de
o jornalismo ter se distanciado do caráter libertário
e independente que o marcou durante todo o período da
modernidade. Tanto as reações engendradas no próprio
campo jornalístico como aquelas advindas de outros setores
da sociedade que, em alguns pontos, se mostram convergentes
ou articuladas às primeiras , revelam o mal-estar
em que se colocou a relação entre jornalismo e
cidadania.
O
uso da fórmula mais (notícias/informação)
por menos (esforço e tempo do leitor/usuário),
criada na primeira grande transformação do jornalismo
(século XIX) quando, primeiro os jornais norte-americanos
e britânicos, depois os demais, passam a ter informação
mais abundante e atualizada e menos idéias, opiniões
e polêmicas[29] , chega ao seu grau máximo,
esgotando-se.
Quanto
mais a informação se multiplica (somando-se o
efeito de real dado pela imagem, que faz crer no que
faz ver [30] ao tempo real, que promove insistentemente
o consumo do novo e a necessidade impetuosa de se descartar
do ultrapassado), mais se instaura o que Baudrillard
chama de hiper-realidade da comunicação e do sentido:
mais real que o real, é assim que se anula o real.
[31]
Este
hiper-real, onde a informação devora os
seus próprios conteúdos, [32] pois a aceleração
constante leva à explosão do sentido, faz com
que jornalistas e demais cidadãos passem a buscar uma
outra qualidade de relação com a informação.
Qualidade que pode chegar, entre outros caminhos, por meio de
uma revalorização da proximidade (geográfica),
ou do trabalho de elaboração do que pode ser chamado
de sínteses referenciais.
Em
algumas das iniciativas citadas como parte da reação
à descaracterização do jornalismo, dois
aspectos chamam a atenção:
a)
a recorrência do local, com o valor-notícia da
proximidade ganhando primazia através do envolvimento
dos cidadãos, seja na produção de notícias,
seja na simples troca de informações que
ocorre, por exemplo, na experiência do OhmyNews, assim
como na comunicação popular empreendida
por associações de moradores, ONGs e movimentos
sociais da América Latina; e
b)
o reconhecimento do público, dada a proximidade do leitor
com o fato noticiado, com o tema tratado, com o ponto de vista
assumido, ou mesmo com o autor da narrativa é
emblemático o fato de o site do OhmyNews receber diariamente
a visita de 15 milhões de pessoas (cerca de 35% da população
sul coreana).
Ou
seja, o jornalismo poderá restabelecer a sua relação
histórica com a cidadania se, entre outros fatores, conseguir
dar conta de todos os níveis de pertencimento dos cidadãos,
o que significa, em face do grande movimento de globalização
e concentração dos media, apostar mais no local
e no alternativo à chamada grande imprensa.
Embora
seja fundamental, num mundo globalizado, estar informado de
tudo o que diz respeito aos espaços hegemônicos
aqueles em que se dá a produção
e as trocas de interesse mundial no nível mais
alto, lugares em que se exerce o tempo mundial e onde se instalam
as forças reguladoras da ação dos demais
lugares , é o local que revela o mundo para
cada cidadão: é pelo lugar que revemos o
mundo e ajustamos nossa interpretação, pois, nele,
o recôndito, o permanente, o real triunfam, afinal, sobre
o movimento, o passageiro, o imposto de fora. [33]
Quanto
às sínteses referenciais, se assumidas como parte
essencial da função dos jornalistas, virão
ao encontro das necessidades tanto da sociedade como do próprio
jornalismo.
Com
as possibilidades abertas pela informática e Internet,
é possível que os cidadãos em geral produzam
e editem notícias ou mesmo reportagens mais amplas sobre
eventos, que inúmeros deles selecionem e divulguem informações
sobre si mesmos ou sob delegação, que outros tantos
elaborem e publiquem comentários e análises especializadas,
que se constituam tribunas através das quais críticas
e denúncias possam chegar à esfera pública,
mas não há como cada pessoa produzir (ou mesmo
coletar) sozinha as notícias suficientes para compor
uma visão global do momento (a cada momento), sem recorrer
ao jornalismo ou a quem quer que esteja exercendo profissionalmente
esta função.
No
contexto da cibercultura, a quantidade cada vez maior de informações
e o imperativo da atualização constante dificulta
e, ao mesmo tempo, exige dos cidadãos a constituição:
a)
de uma visão panorâmica, uma espécie de
quadro-resumo minimamente periódico dos acontecimentos
de cada âmbito, nível, ou área de interesse
ou inserção (a cidade, a região, o mundo,
a economia, a política, o futebol, o Congresso Nacional
etc); e
b)
de referenciais, filtros, interfaces, que lhes possibilitem
uma síntese, dando coesão aos gigantescos fluxos
de dados não raro contraditórios e sempre
fragmentados. [34]
Juntando-se
as duas coisas, pode-se dizer que, no futuro, a tendência
é de o profissional do jornalismo não se tornar
dispensável, muito pelo contrário: funções
como as de gatekeeper e de opinador
bem informado, entre outras, se mostram tanto mais requisitadas
quanto mais se amplia no sentido da base da pirâmide
social o acesso à cibercultura. [35]
A
necessidade e a possibilidade de crescimento do número
de veículos online favorece a abertura do campo de trabalho,
cabendo aos jornalistas se disporem a assumir este espaço
que, cada vez mais, a sociedade lhes tem franqueado, sem repassar
tarefas aos demais cidadãos. Ou seja, em vez de ficar
lamentando a dedicação de outras pessoas a atividades
próprias dos jornalistas, é preciso ver nisso
uma ampliação da demanda da sociedade em relação
ao jornalismo e, ao mesmo tempo, um desafio para a categoria
responder à altura.
Resposta
esta que depende do resgate da sua relação com
a cidadania, requalificando-a a partir da articulação
do saber-fazer jornalístico com um aprofundamento da
compreensão teórica específica e geral,
tanto durante a formação como no decorrer de toda
a vida profissional.
Requalificação
permanente, portanto, por meio de um compromisso triplo: com
a pesquisa e a reflexão sobre a prática e as mudanças
nos contextos em que estas se inserem no dia-a-dia; com um pouco
de dedicação à metalinguagem, que pode
melhorar a qualidade do jornalismo e a qualidade da relação
com o leitor/usuário; e com a criação,
a ousadia do alternativo, do novo, daquilo que possa responder
melhor às necessidades e interesses dos vários
setores dessa sociedade em contínuo processo de transformação.
Notas
[1]
Jornalista, mestre em Multimeios pelo Instituto de Artes da
Universidade de Campinas (IA-UNICAMP) e doutoranda em Ciências
da Comunicação pela Escola de Comunicações
e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).
[2]
Trabalho apresentado ao GT 06 Estudios sobre Periodismo,
do VII Congresso Latinoamericano de Investigadores de la Comunicación
(ALAIC).
[3]
Chalaby, J. O jornalismo como invenção
anglo-americana: comparação entre o desenvolvimento
do jornalismo francês e anglo-americano (1830-1920).
Media & Jornalismo. [online]. Nov. 2003, vol.1, nº
3 [acesso em 07 Junho 2004], p. 29-50. Disponível em:
http://revcom.portcom.intercom.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-56812003000300004&Ing=pt&nrm=isso>.
ISSN1645-5681.
[4]
Kant, I. Apud Habermas, J. Mudança estrutural na esfera
pública: investigações quanto a uma categoria
da sociedade burguesa. Tradução de Flávio
R. Kothe. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984, p.
128.
[5]
Habermas, J. Direito e democracia: entre facticidade e validade.
Volume II. Tradução de Flávio Beno Siebeneichler.
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997, p. 98.
[6]
Habermas, J. Mudança estrutural ..., Op. Cit., p. 131.
[7]
Habermas, J. Mudança estrutural ..., Op. Cit., p. 218.
[8]
Marcondes Filho, C. Comunicação e jornalismo.
A saga dos cães perdidos. 2.ª ed. São
Paulo: Hacker Editores, 2002, p. 15.
[9]
Ianni, O. A sociedade global. 8.ª ed. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999, p. 58.
[10]
Sobre o desenvolvimento da imprensa relacionado com a politização
do público, cf. Habermas, J. Mudança estrutural
..., Op. Cit., p. 215-216.
[11]
Ferreira, N. T. Cidadania: uma questão para a educação.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993, p. 20
[12]
Ianni, O. A sociedade ..., Op. Cit., p. 39.
[13]
Santos, M. Técnica, espaço, tempo: globalização
e meio técnico-científico informacional.
São Paulo: Hucitec, 1994, p. 56.
[14]
Santos, M. Técnica, espaço ... Op. Cit.,
p. 43.
[15]
Virilio, P. O espaço crítico. Tradução
de Paulo Roberto Pires. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993,
p. 105.
[16]
Santos, M. Técnica, espaço ... Op. Cit.,
p. 20.
[17]
Aranha, P. A televigilância do acontecimento:
análise da notícia em tempo real. In:
Anais do XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
Salvador/BA, 1 a 5 Set. 2002.
[18]
Sobre a noção de campo jornalístico, cf.
A influência do jornalismo. In: Bourdieu,
P. Sobre a televisão. Tradução de Maria
Lúcia Machado. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
1997, p. 101-117.
[19]
Ahrens, F. Cresce parceria entre grupos jornalísticos.
In: O Estado de S.Paulo, 07/11/2003, p. A-11.
[20]
Movido por aquilo que Marcondes Filho chama de ideologia da
transparência: ... a resposta atualizada do jornalismo
aos novos tempos de visibilidade total. Não
importa mais a concepção política que eu
tenho, a ideologia, minhas idéias subversivas ou meus
planos de revolução. Tudo isso é neutralizado
pela informação gratuita, volumosa, massacrante,
na qual qualquer um pode falar o que quiser, sem prejudicar
ninguém (Cf. Marcondes Filho, C. Comunicação
e ..., Op. Cit., p. 112).
[21]
Vilio, P. O espaço ..., Op. Cit. P. 66.
[22]
Traquina, N. O ensino do jornalismo perante os desafios da transição
tecnológica. Conferência de abertura do 7º
Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, realizado
na Universidade Federal de Santa Catarina, em abril/2004. Disponível
em http://www.7forum.ufsc.br/. Acesso em 30/05/2004.
[23]
Castilho, C. Cada cidadão é um repórter.
In: Observatório da Imprensa, 04/05/2004. Disponível
em http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=275ENO001
Acesso em 09/06/2004.
[24]
Cf. no site do sampa.org (
http://www.sampa.org.br ) a seção Comunicação
Comunitária.
[25]
Cf. relatório da oficina disponível em http://www.prefeitura.sp.gov.br/sid/relatoria_oficinas.htm
Acesso em:18/06/2004.
[26]
Para isto contribuem softwares como o noticiadorweb
(programa de edição e atualização
de jornais virtuais, newsletters e outros informativos online),
Sound Forge (programa de edição de
rádio), Vegas Vídeo (programa de distribuição
de rádio), entre outros. Sobre as rádios comunitárias
na Internet, cf. www.biboca.sampa.org.br,
www.radiofalamulher.com.br,
www.radioficina.com.br,
entre outras.
[27]
Adghirni, Z. L. Informação online: jornalista
ou produtor de conteúdos? Mudanças estruturais
no jornalismo. In: Anais do XXIV Congresso Brasileiro
de Ciências da Comunicação Campo
Grande/MS.
[28]
Ponto de vista que felizmente encontra árduos defensores
também no meio jornalístico, como o atesta, entre
outras iniciativas, a realização de um abaixo-assinado,
dirigido ao governo do Brasil, solicitando a democratização
das verbas públicas para os meios de comunicação,
com o objetivo de fortalecer a imprensa alternativa, tal como
já acontece no Canadá e Venezuela. No documento,
pede-se que o poder público viabilize a existência
da imprensa alternativa, diante da necessidade de construção
de um sistema de comunicação alternativo poderoso,
eficiente e verdadeiramente independente dos grupos econômicos
e financeiros internacionais (Cozetti, N. Abaixo-assinado
pede democracia. In: Brasil de Fato, Ano 2, N.º
67, 10 a 16 de junho de 2004, p. 6).
[29]
Chalaby, J. O jornalismo como ..., Op. Cit., p. 31.
[30]
Sobre o efeito de real, cf. Bourdieu, P. Sobre
a televisão. Op. Cit., p. 28.
[31]
Baudrillard, J. Simulacros e simulação.
Tradução de Maria João da Costa Pereira.
Lisboa: Relógio d Água, 1991, p.
105.
[32]
Idem, ibidem.
[33]
Santos, M. Técnica, espaço ... Op. Cit,
p. 46 e 37, respectivamente pela ordem nas duas citações
feitas no parágrafo.
[34]
Sobre a necessidade destes antídotos para as forças
desencadeadas pela era da informação, cf.
Johnson, S. Cultura da interface: como o computador transforma
nossa maneira de criar e comunicar. Tradução
de Maria Luísa X. de A. Borges. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed., 2001, p. 170-171.
[35]
Acesso que já chega, no Brasil, a 28% da população,
segundo a pesquisa do Ibope (cf. http://www.ibope.com.br
16.ª InternetPOP revela que percentual de
brasileiros que acessam Internet chega a 28%, acesso em
25/05/2004), sendo que apenas um terço deste total se
compõe de internautas residenciais (cerca de 12 milhões)
, os demais acessam no trabalho, em rede pública,
escola etc); ou seja, cresce o acesso nas classes C, D e E.
Bibliografia
Adghirni,
Z. L. Informação online: jornalista ou
produtor de conteúdos? Mudanças estruturais no
jornalismo. In: Anais do XXIV Congresso Brasileiro
de Ciências da Comunicação Campo
Grande/MS.
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In: O Estado de São Paulo, 07/11/2003, p. A-11.
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da notícia em tempo real. In: Anais do XXV
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J. Simulacros e simulação. Tradução
de Maria João da Costa Pereira. Lisboa: Relógio
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Maria Lúcia Machado. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
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C. Cada cidadão é um repórter.
In: Observatório da Imprensa, 04/05/2004. Disponível
em http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=275ENO
001 . Acesso em 09/06/2004.
Chalaby,
J. O jornalismo como invenção anglo-americana:
comparação entre o desenvolvimento do jornalismo
francês e anglo-americano (1830-1920). Media
& Jornalismo. [online]. Nov. 2003, vol.1, nº 3 [acesso
em 07 Junho 2004], p. 29-50. Disponível em: http://revcom.portcom.intercom.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&
pid=S1645-56812003000300004&Ing=pt&nrm=isso>. ISSN1645-5681.
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Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
Habermas,
J. Direito e democracia: entre facticidade e validade.
Volume II. Tradução de Flávio Beno Siebeneichler.
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.
__________.
Mudança estrutural na esfera pública: investigações
quanto a uma categoria da sociedade burguesa. Tradução
de Flávio R. Kothe. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
1984.
Ianni,
O. A sociedade global. 8.ª ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1999.
Johnson,
S. Cultura da interface: como o computador transforma nossa
maneira de criar e comunicar. Tradução de
Maria Luísa X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Ed., 2001.
Marcondes
Filho, C. Comunicação e jornalismo. A saga
dos cães perdidos. 2.ª ed. São
Paulo: Hacker Editores, 2002.
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e meio técnico-científico informacional.
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Traquina,
N. O ensino do jornalismo perante os desafios da transição
tecnológica. Conferência de abertura do 7º
Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, realizado
na Universidade Federal de Santa Catarina, em abril/2004. Disponível
em http://www.7forum.ufsc.br/. Acesso em 30/05/2004.
Virilio,
P. O espaço crítico.
Tradução de Paulo Roberto Pires. Rio de
Janeiro: Ed. 34, 1993.
*Maria
Lúcia Becker é Jornalista, mestre em Multimeios
pelo Instituto de Artes da Universidade de Campinas (IA-UNICAMP)
e doutoranda em Ciências da Comunicação
pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade
de São Paulo (ECA-USP).
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Trabalho apresentado no VII Congresso Latino-Americano de Ciências
da Comunicação, da Associação Latinoamericana
de Pesquisadores em Comunicação (ALAIC), realizado
na Faculdad de Periodismo y Comunicación da Universidad
Nacional de La Plata, Argentina, de 11 a 16 de outubro de 2004.
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