Monografias
Projetos
Experimentais:
entre a teoria e a prática do fazer jornalismo
Por
Maria Cristina Gobbi (Coordenadora)*
Resumo
O
trabalho traça um panorama geral do desenvolvimento dos
PEs no Brasil, apresentando as principais legislações
que regulamentam a disciplina. Disponibiliza as normas que regulamentam
os PEs na Umesp. Apresenta os resultados parciais da pesquisa
exploratória que está sendo realizada por alunos
voluntários do curso, sob a orientação
da professora Dra. Maria Cristina Gobbi. [1] [2]
Os primeiros dados mostram a preferência pela modalidade
impressa, em detrimento de outras mídias, além
de relatar as variações dos PEs na Umesp,
desde que a disciplina foi introduzida no curso, no ano de 2001.
Palavras-chave:
Projetos Experimentais, Jornalismo, Brasil
Os
primeiros cursos de jornalismo do Brasil [3] (São Paulo
e Rio de Janeiro) nasceram com o desafio de tentar solucionar
a dicotomia entre a teoria e a prática. Ou seja, reduzir
o fosso que separava e, porque não dizer, ainda separa
as atividades profissionais e a formação universitária,
na área comunicacional.
Se
por um lado às instituições deveriam ter
a vocação para formar profissionais competentes,
capazes de atuar no mercado, por outro, havia uma busca na adequação
dos modelos comunicacionais importados às características
das necessidades e as peculiaridades da cultura brasileira (MARQUES
MELO, 1991: 67).
A
censura, advinda do golpe militar de 1964, trouxe como conseqüência
para as universidades o controle sobre as práticas laboratoriais.
Assim, os projetos experimentais (PEs) [4] resultantes
dessas práticas, que começavam a tomar forma,
foram reduzidos ou mesmo descontinuados.
Foi
sob a influência do Centro Internacional de Estudos Superiores
de Periodismo para a América Latina (CIESPAL), mantido
pela UNESCO e com sede em Quito, no Equador, que o Parecer nº
631/69, elaborado por Celso Kelly [5], reformulou o currículo
mínimo e a duração do curso de jornalismo.
Kelly também indicou a abrangência das atividades
do jornalista, levando em consideração a necessidade
de uma formação polivalente, de forma que o profissional
estivesse habilitado ao exercício da profissão
em qualquer dos ramos, e ainda nos campos da pesquisa, das relações
públicas e da publicidade.
De
fato, o período que se seguiu pós década
de 1960, particularmente a partir da segunda metade, foi marcado
por profundas transformações no sistema educacional,
principalmente no que se referiu aos cursos de comunicação.
Por exemplo, o enfoque, antes restrito ao jornalismo, passou
a agregar as habilitações de relações
públicas, publicidade e propaganda e editoração.
A
orientação foi oficializada pela resolução
11/69, do Parecer 631/69, passando o curso a chamar-se Comunicação
Social. Também criou o currículo de comunicação
e fez uma revisão do currículo do curso de jornalismo,
além de indicar a polivalência do diploma.
Ou
seja, o currículo poderia ser organizado para as habilitações
específicas ou polivalente, todos com diploma de bacharel.
A formação de comunicadores agregou as carreiras
de jornalismo (de imprensa falada, escrita, televisada ou cinematográfica),
publicitários, relações públicas,
editores, noticiaristas de agências, redatores oficiais,
pesquisadores da comunicação, planificadores de
campanhas. Assim, o currículo mínimo passou a
ter um tronco comum para todas as áreas, além
das disciplinas específicas, variando em cada habilitação.
(MOURA, Internet, 2000).
A
década de 1970 marcou o enfoque nas pesquisas em comunicação,
que passaram a ser mais quantitativas, utilizando a estatística
e a análise de conteúdo [6].
Se
por um lado houve uma ampliação e diversificação
das pesquisas na área, por outro, as atividades práticas
foram pouco privilegiadas. Carlos Eduardo Lins da Silva (1979:
45), afirma que até os anos 1970, a tradição
reguladora exercida pelos aparatos burocráticos do Estado
inibiu a criatividade universitária e engessou
os currículos segundo modelos pensados de forma centralizada
para vigência nacional.
Como
conseqüência, aponta ele, houve um sucateamento dos
diplomados pelos cursos de comunicação, resultado
de uma atrofia no perfil do profissional.
Somente
a partir dos anos 1970, algumas modificações puderam
ser observadas. Lideradas pelas corporações midiáticas,
manteve-se a tendência à formação
de comunicadores especializados. Foi somente a partir da segunda
metade dos anos de 1970, quando começa a transição
política lenta, gradual e segura
surgem condições para a reativação
das práticas laboratoriais e dos PEs. Embora
de forma tímida, essas propostas correspondiam a uma
tentativa de redução da distância entre
a escola e o mercado, entre a profissão e a sociedade
(MARQUES DE MELO, 1991).
Foi
através da Resolução 03/78, artigo nº
4, do Conselho Federal de Educação (CFE), que
a disciplina PEs foi introduzida no currículo mínimo
dos cursos de comunicação.
Para Marques de Melo (1991), a intenção foi a
de contornar a crise que já se fazia latente entre o
mercado e as faculdades, principalmente na grande imprensa,
que questionava a qualidade dos cursos e sua competência
para formar profissionais onde as atividades laboratoriais eram
praticamente inexistentes.
Assim,
em 1978, através do Parecer 03/78, o novo currículo
se organizava em torno de três linhas: geral humanística,
específica e profissional. Além disso, como discute
Marques de Melo (1979, 1991) e Lins da Silva (1979), o Parecer
mostrou o reconhecimento, por parte do Conselho Federal de Educação,
da natureza teorizante dos cursos existentes, resultado da própria
origem deles que advindos das Faculdades de Filosofia, Ciências
e Letras, valorizavam a prática acadêmica e essa
marcou a fisionomia dos primeiros jornalistas.
A
exigência da introdução nos currículos
de comunicação de atividades práticas,
sob o rótulo de projetos experimentais [7],
abarcava uma outra reivindicação. Que as faculdades
implantassem laboratórios destinados as atividades experimentais.
Também
é necessário ressaltar que a mudança proposta
atendia as solicitações dos empresários
da comunicação e do corpo discente que, desde
a década de 1950, batalhavam pela adequação
profissional e reivindicavam um perfil tecnológico, compatível
com a natureza da profissão[8].
Em
1980 estabeleceu-se, através da Resolução
nº 01/79, que alterou o artigo 7º e parágrafos
1º e 2º, da Resolução nº 03/78,
a vigência do ato normativo fixando as exigências
curriculares e laboratoriais. Foi também nesta década
que o CFE criou uma Comissão Especial para Estudo do
Currículo do Curso de Comunicação Social.
A
finalidade básica era de reelaborar o currículo,
sendo constituída por professores, empresários,
representantes de entidades de classe e estudantes (MOURA, Internet,
2000). Isto dificultou a aceitação da Resolução
nº 03/78 pelas escolas e pelas instituições
de serviço, pois já era público que um
novo currículo iria ser implantado em breve, o que ocorreu
somente em 1984.
Foram
através do Parecer 480/83 e da Resolução
02/84 que as bases do ensino de comunicação ficaram
estabelecidas. Definindo o currículo mínimo para
a formação de profissionais nas habilitações
de jornalismo, publicidade e propaganda, relações
públicas, produção editorial, radialismo
(rádio e tv) e cinema. Na verdade, a graduação
passou a oferecer o grau de Bacharel em Comunicação
Social com a indicação da respectiva habilitação.
A
Resolução estabeleceu exigências de infra-estrutura
para o funcionamento dos cursos, havendo referência no
Parecer para as instalações, laboratórios
e equipamentos adequados à formação profissional
nas diferentes áreas, existindo ainda ementas das matérias
do currículo mínimo que serviram de base para
o seu desdobramento em disciplinas para o currículo pleno.
Então,
foi no início de 1984, que o Conselho Federal de Educação,
atribuiu uma nova alteração nos currículos.
No que tange aos PEs, afirma Marques de Melo (1991), eles
deixavam de ser caracterizados como práticas profissionais
intensivas e assumiam a natureza de trabalho relacionado
com a habilitação específica.
Assim,
(...) os PEs tanto poderiam ser entendidos como
atividades de produção e planejamento de bens
comunicacionais quanto seria facultada a possibilidade de serem
apresentados sob a forma de monografias [9] acadêmicas
(CASTELO BRANCO, 2002: 133).
A
Resolução do CFE 02/84 trata dos PEs, conforme
Castelo Branco (2002). O primeiro, de número 3
parte III -, que define o período e o local de realização,
além de propor uma conceituação da atividade.
Afirma que os PEs compreenderão a produção,
no último semestre do curso, de trabalho relacionado
com a habilitação específica (...)sempre
realizados nos laboratórios da própria escola
(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1984: 16).
O
segundo, continua Castelo Branco (2002), o de número
6, do parágrafo 2º, definiu que 10% da carga horária
mínima total do curso, ou seja, 2700 horas/aula, deveriam
corresponder aos PEs, perfazendo um total de 270 horas/aula.
A
Resolução pretendia tornar compulsória
a prática profissional, contornando, ainda que não
diretamente, a inadequação dos currículos
ao exercício da profissão. Assim, as escolas de
comunicação que já haviam conseguido um
equilíbrio teórico-prático na formação
de seus alunos desconheceram a orientação
do CFE e continuaram a incentivar os PEs nos laboratórios
didáticos (jornais, revistas, vídeos, filmes,
livros etc), primando também pelos projetos monográficos,
que ficaram mais conhecidos como Trabalho de Conclusão
de Curso[10], uma vez que a disciplina constava na grade
do último semestre. Por outro lado, àquelas que
por problemas de infra-estrutura em seus laboratórios,
ou por opção do corpo docente hegemônico,
assumiram uma inclinação para as monografias,
reproduzindo, muitas vezes, os modelos imperantes no pós-graduação.
Já
as escolas dotadas de um perfil mais prático que teórico,
optaram pela inserção de seus alunos no mercado
de trabalho, buscando a comprovação da competência
profissional dos formandos através dos PEs realizados
nos laboratórios. (MARQUES DE MELO, 1991: 71).
Podemos
afirmar que a partir da denominada Lei Darcy Ribeiro, ou seja,
a Nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 20 de dezembro de
1996, em seu capítulo IV, artigos 43 a 57, às
instituições de ensino superior receberam certa
autonomia e extinguiu a obrigatoriedade do currículo
mínimo [11], várias tentativas têm sido
feitas no sentido de aliar a teoria a prática profissional,
oferecendo ao mercado um profissional capaz de atender às
demandas da indústria midiática.
Como
afirma Castelo Branco (2002), essa idéia de renovação
foi também estimulada pelas Novas Diretrizes Curriculares
do Ministério da Educação para a área
de Comunicação e suas habilitações,
em vigor desde 1999.
Outro
ponto que merece ser mencionado é a mudança com
referência ao vestibular. Antes feito para o campo
da Comunicação Social, acabou sendo substituído
pelo exame seletivo vinculado a cada habilitação.
Tal estratégia foi determinada pela grande evasão
ocorrida em várias universidades. Como conseqüência,
a formação humanística reduziu-se,
com raras exceções, a um enciclopedismo estéril
e até mesmo inútil.
Outro
detalhe refere-se ao exagero de ementas fixadas
para todas as disciplinas do currículo. Uma quase
prisão destinada aos docentes, suprimindo a liberdade
de cátedra. Também isso foi contornado.
(...) a maioria dos professores manteve fidelidade às
ementas somente no papel, ou seja, nos programas
arquivados na secretaria do curso. Mas nas classes ministraram
livremente os conteúdos preferidos (MARQUES DE
MELO, Internet, 2000).
Como
afirma o professor José Marques de Melo (2000) no nosso
país há aparente resistência
das universidades às novas profissões. No caso
da Comunicação Social isso não tem sido
diferente. Algumas dessas profissões continuam
em ascensão nos meios acadêmicos - casos típicos
da Propaganda e do Jornalismo. Outras quase não vingaram
- caso da Produção Editorial. Há também
as que permanecem estacionárias - caso das Relações
Públicas.
Não
podemos esquecer que vivemos uma conjuntura marcada pela
ascensão da sociedade da informação
como decorrência da expansão das novas tecnologias
de reprodução simbólica. A ela correspondem
várias profissões ainda não plenamente
configuradas (MARQUES DE MELO, Internet, 2000).
A expectativa de todos os educadores da área comunicacional
é que essas diretrizes garantam aos alunos o exercício
da liberdade intelectual. Estimulando-os a compor a grade didática
com disciplinas escolhidas de acordo com as preferências
individuais (SCHAWARZ, 1984).
Para
Marques de Melo (2000) a formação dos profissionais
da Comunicação Social pressupõe três
blocos cognitivos a serem dinamicamente articulados. O primeiro,
relata ele, trata dos conceitos comunicacionais, são
os fundamentos que demarcam a identidade do campo acadêmico
(embasados na teoria da comunicação de massas
e na estrutura dos sistemas midiáticos (indústrias/serviços)
e dos respectivos segmentos ocupacionais.
O
segundo, complementa ele, trata dos processos midiáticos
que configuram a produção, difusão e avaliação
dos bens culturais correspondentes a cada segmento ocupacional,
inclusive as rotinas profissionais, as linguagens, tecnologias
e preceitos legais, os métodos de planejamento e gestão,
bem como os instrumentos de retroalimentação,
no sentido de manter plena sintonia entre as expectativas do
mercado consumidor e as estratégias dos produtores culturais
e dos patrocinadores.
Finalmente,
como terceira etapa estão os conteúdos culturais,
que dão sentido às mensagens implícitas
nos bens simbólicos construídos e/ou difundidos
pelas indústrias/serviços midiáticos. As
três dimensões devem compor necessariamente a grade
curricular dos Cursos de Comunicação Social, sendo
recomendável que sua estrutura resulte de um diálogo
permanente entre a universidade, as indústrias/serviços
midiáticos e as corporações profissionais
(MARQUES DE MELO, Internet, 2000).
É
importante levar em conta uma perfeita sintonia entre os processos
didáticos e a natureza de cada habilitação;
disponibilizar laboratórios e equipamentos compatíveis
com a natureza de cada segmento profissional; o PE requerido
no último semestre do curso deve ser norteado por padrões
de qualidade, que sejam revitalizados, convertendo-se em suportes
adequados das informações adquiridas pelos alunos
ao longo do curso; e finalmente, que o ponto de partida da grade
curricular deve levar em conta o local/regional em que os cursos
estão inseridos. São nas indústrias/serviços
da cidade/região que os novos profissionais buscarão
o primeiro emprego.
Outro
fator de fundamental importância, que não deve
passar despercebido pelos especialistas é a interconexão
entre graduação e pós-graduação,
entre graduação e extensão, eliminando
obstáculos pedagogicamente inconsistentes.
Atualmente
são mais de 600 cursos na área de comunicação
nas diversas habilitações, contando com mais de
240 mil alunos. A globalização se faz representar,
quer através desse crescimento, ou pela busca de novas
tecnologias para acompanhar a evolução das comunicações
criando dessa forma novas formas de se comunicar.
A
rapidez com que se processam atualmente as mudanças exige
constante atualização dos currículos, das
estratégias de ensino/aprendizagem e naturalmente faz-se
necessário a reciclagem constante do corpo docente.
Recentemente
(2002) foi elaborado um estudo preliminar e parcial
sobre as Diretrizes Curriculares para a área de Comunicação
Social. O projeto desenvolvido pela Comissão de Especialistas
da área de Comunicação do Ministério
da Educação - CEE-COM, contou com a colaboração
de representantes das entidades profissionais, acadêmicas
e estudantis (em ordem alfabética): Associação
Nacional dos Programas de Pós-Graduação
em Comunicação - COMPÓS, Conselho Federal
de Relações Públicas - CONFERP, Executiva
Nacional dos Estudantes de Comunicação - ENECOS,
Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ, Sociedade
Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
- INTERCOM e União Cristã Brasileira de Comunicação
- UCBC.
Além
de sugerir o perfil do egresso, as competências e habilidades
dos ingressantes, o estudo indicou os conteúdos básicos,
os conhecimentos teórico-conceituais, analíticos
e informativos sobre a atualidade, conhecimentos de linguagens,
técnicas e tecnologias midiáticas e ético-políticos,
entre outras tantas sugestões para a formação
do profissional competente e preparado para o século
XXI.
É
uma busca constante de aperfeiçoamento dos currículos
dos cursos de comunicação, do saber teórico
não desvinculado do fazer jornalismo na prática.
Essa preocupação com a qualidade do ensino da
comunicação no país faz parte do cenário
universitário, onde através de diversas ações,
a comunidade acadêmica busca, a cada ano, atingir níveis
de qualidade cada vez mais altos.
A
área de comunicação no Brasil, principalmente
no que tange o ensino superior, vem experimentando muitas mudanças.
Já é senso comum entre os profissionais da área
que cresceu a pesquisa, cresceu a pós-graduação,
cresceu a produção científica e artística
diretamente ligadas aos cursos de comunicação.
As instituições atualmente buscam adaptar seus
currículos às novas práticas comunicacionais.
Para José Marques de Melo (1991) faz-se necessária
uma leitura atenta da LDB. Desta forma podemos concluir que
a descentralização e a autonomia universitária
é fundamental, fazendo com que o novo desafio para os
cursos de comunicação seja o da adaptação
às novas demandas sociais, na busca de um saber
crítico, criativo e, sobretudo, ético.
Com o propósito de demonstrar algumas ações
que vem sendo realizadas pelo curso de Jornalismo da Umesp,
disponibilizamos abaixo a organização da disciplina
PEs, no ano de 2004.
Os
projetos experimentais do curso de Jornalismo da Umesp [12]
Os
PEs do Curso de Jornalismo da Universidade Metodista de
São Paulo (Umesp) objetivam finalizar a formação
do aluno no âmbito da graduação, por meio
de um trabalho mais aprofundado nas áreas teórica
e/ou prática, aperfeiçoando, assim, o processo
de reflexão na área, sendo obrigatório
para obtenção do título de bacharel em
Comunicação Social habilitação
Jornalismo.
O
PE é uma oportunidade para o aluno realizar, com supervisão
de um professor do Curso, um trabalho criterioso e de qualidade
sobre um tema de sua preferência e na área de sua
escolha. É uma disciplina regular da grade curricular
e passou a ser regulamentada com normas aprovadas pelo Colegiado
do Curso, a partir do ano 2000.
Nesse
sentido, os PEs do Curso de Jornalismo da Umesp estão
centrados no objetivo de contribuir para a formação
de jornalistas conscientes de seu papel de formadores de opinião
na sociedade e incentivar críticas, questionamentos e
contribuições referentes ao jornalismo praticado
em diferentes áreas, veículos e empresas.
Abaixo
disponibilizamos os critérios de desenvolvimentos dos
PEs, no curso de Jornalismo da Umesp. Convém mencionar
que o regulamento foi aprovado pelo colegiado de curso, no ano
de 2000 e em 2003 e 2004 foram incorporadas modificações,
dentre estas os critérios de avaliação
pela banca examinadora e o uso dos laboratório da Instituição.
Natureza
dos PEs
Projeto
Experimental é uma disciplina regular da grade curricular
do curso de Jornalismo, cuja carga horária é de
360 h/a.
O
PE deve ser executado pelo aluno no último semestre do
curso (oitavo semestre), juntamente a disciplina de Metodologia,
com o objetivo de garantir a qualidade dos trabalhos. No caso
de dependência (DP) em outras disciplinas de semestres
anteriores (no máximo duas), o aluno deve executá-las
sem prejuízos na elaboração do PE, devendo
comprovar, inclusive, disponibilidade para cumprir a carga horária
exigida.
Para
a realização do PE, o aluno deve cursar, no sétimo
semestre, uma disciplina preparatória Introdução
ao Projeto Experimental[13], na qual serão discutidas
as questões metodológicas e as relacionadas à
viabilidade do projeto. Ao final dessa disciplina, o aluno deve
apresentar o projeto do trabalho, inclusive com modalidade e
área definidos, além de sugerir o(s) professor(es)
orientador(es).
Devem
ser desenvolvidos em grupo (preferencialmente de 5 componentes),
no caso de elaboração de produtos na área
jornalística (ver modalidades abaixo), ou individualmente,
quando a opção for por trabalhos monográficos
ou na área de fotojornalismo.
Na
produção dos projetos, todas as atividades, especialmente
as desenvolvidas por jornalistas, devem ser executadas por integrantes
das equipes, inclusive a locução/narração,
diagramação e fotografias.
Cada
turno poderá ter no máximo 18 projetos, incluindo
as modalidades individuais e em grupo. Os PEs do Curso
de Jornalismo da Umesp podem ser desenvolvidos em oito modalidades,
algumas com subdivisões: 1) Livro-reportagem; 2) Jornalismo
Impresso (revista e jornal); 3) Assessoria de comunicação;
4) Jornalismo Televisivo; 5) Jornalismo Radiofônico; 6)
Jornalismo Digital; 7) Fotojornalismo categoria individual
ou coletiva (caso o projeto justifique a presença de
mais de um participante) e 8) Monografia categoria individual.
Local
de realização e condições de produção
Com
o objetivo de igualar as condições utilizadas
pelos alunos na elaboração dos PEs, os mesmos
devem ser preferencialmente executados nos laboratórios
da própria Universidade, incluindo etapas que exijam
gravações, edição em rádio
e TV, diagramação etc.
No
caso de projetos realizados parcialmente ou totalmente em laboratórios
externos, o aluno e o professor orientador devem registrar a
opção no Memorial (relatório técnico)
que acompanha o produto, inclusive esclarecendo os motivos da
utilização de equipamentos e laboratórios
de outras instituições ou empresas do mercado
de trabalho. Essa atitude servirá para situar a banca
examinadora dentro do processo de realização do
trabalho, minimizando as possíveis desigualdades de execução
e facilitando a avaliação por parte dos examinadores.
Patrocínios
e financiamentos externos serão possíveis, desde
que avaliados e autorizados pelo professor orientador, juntamente
com a Coordenação dos PEs. Ainda assim,
a opção deve ser registrada no relatório
técnico, acompanhada de justificativa.
A
defesa dos PEs ocorrerá na própria Universidade
em data, horário e local divulgado previamente pela Coordenação
dos Projetos. Tem caráter público e a divulgação
das datas e horários é de responsabilidade do
Curso de Jornalismo.
Resultados
preliminares da pesquisa
No
ano de 2003, o Núcleo de Pesquisa em Jornalismo - NPJor,
então sob a coordenação da professora Dra.
Maria Cristina Gobbi, idealizou a pesquisa Os TCCs
do curso de Jornalismo da Umesp. Trata-se de uma investigação
que vem sendo realizada por alunos voluntários do curso
de jornalismo [14] que objetiva fazer um levantamento e catalogar
os TCCs produzidos pelos alunos do curso, desde o ano
2001.
Até
2001, a idéia de produzir PE não existia no curso
de jornalismo da Umesp. Graças à iniciativa de
alguns professores, ele foi implementado com a disciplina Introdução
aos PEs e colocado em prática em apenas um semestre.
De lá para cá, os resultados vem sendo cada vez
melhores e daí o valor de uma pesquisa como essa.
Assim,
a investigação além de estimular os alunos
do primeiro semestre do curso para o trabalho de iniciação
científica, objetiva fazer uma classificação
desses PEs e verificar a importância de sua produção
para alunos e professores.
Além
disso se propõe a: mostrar a história da implementação
dos PEs na Umesp; verificar como foi recebido pelos alunos;
observar a produção dos PEs em dois aspectos:
dos professores orientadores e dos alunos; fazer uma comparação
entre a primeira turma que produziu os PEs e as atuais;
relatar os prêmios que os PEs têm recebido
fora da instituição e possibilitar aos atuais
alunos o conhecimento sobre a produção dos PEs.
Os
primeiros levantamentos e as entrevistas realizadas com alunos,
egressos, professores, orientadores e coordenação
do curso mostram a importância dessa prática e
apresentaram os primeiros resultados. Essas primeiras incursões
foram apresentadas no Congresso de Iniciação Científica
da Umesp, realizado em maio de 2004.
Assim,
os dados trabalhados até o momento nos permitem afirmar
que até o ano de 2003 (faltam incluir os projetos de
2004 [15]) foram defendidos 139 trabalhos, nos períodos
matutino e noturno e estão assim distribuídos:
(2001) 54 projetos; (2002) 47 projetos e (2003) foram 38.
Em
uma evidente preferência para os trabalhos de jornalismo
impresso foram defendidos na categoria 64 trabalhos, sendo (55
livros-reportagens, 6 revistas e 3 jornais), perfazendo um total
de 46%. As opções de monografia e jornalismo televisivo,
com 28 trabalhos cada, representaram 20% das escolhas. As modalidades
de Fotojornalismo, com 8 defesas representaram 6%; jornalismo
radiofônico, com 5 trabalhos, 3,5%; 4 de jornalismo digital,
com 3% e 3 trabalhos em assessorias de comunicação,
representando 2%.
No
mês de junho de 2004 serão defendidos 18 trabalhos
da primeira turma de jornalismo do período vespertino,
e estão assim distribuídos: 8 livros-reportagens;
6 vídeos-documentários e nas modalidades de Assessoria
de Comunicação, Jornalismo Impresso - jornal,
Monografia e Jornalismo Radiofônico teremos 1 trabalho
em cada modalidades.
Ainda,
neste ano de 2004, para serem defendidos no segundo semestre,
referente aos períodos da manhã e da noite, teremos
mais 36 projetos, sendo 18 para cada um turnos, distribuídos
de acordo com o quadro abaixo.
Modalidade
|
manhã
|
noite
|
Total
|
Assessoria
de Comunicação
|
-
|
1
|
1
|
Fotojornalismo
|
1
|
-
|
1
|
Livro-Reportagem
|
6
|
8
|
14
|
Monografia
|
1
|
2
|
3
|
Jornalismo
Radiofônico
|
2
|
4
|
6
|
Jornalismo
Televisivo
|
4
|
2
|
6
|
Jornalismo
Impresso Jornais
|
1
|
-
|
1
|
Jornalismo
Impresso - Revista
|
3
|
1
|
4
|
Totais
|
18
|
18
|
36
|
O
que temos percebido frente a coordenação dos PEs
do curso de Jornalismo da Umesp é a qualidade dos projetos
defendidos, além de uma aumento significativo dos temas
sociais. Os trabalhos, também, têm se configurado
como estímulos para as turmas que estão se preparando
para realizar os projetos, no último ano de curso.
Os
PEs têm entusiasmando professores e alunos a trabalharem
de forma conjunta os novos temas, em uma troca de aprendizagens.
Também têm permitido a reflexão sobre o
fazer jornalismo com qualidade, em uma busca constante de aliar
a teoria a prática, possibilitando aos egressos a competência
para atuarem no mercado de trabalho, conscientes do papel que
desempenham. Tem sido um desafio muito interessante de ser cumprido.
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Sites
pesquisados
Notas
[1]
[2] Doutora em Comunicação Social pela Universidade
Metodista de São Paulo, Diretora Suplente da Cátedra
Unesco/Umesp de Comunicação, Coordenadora dos
Projetos Experimentais do Curso de Jornalismo, Professora do
Curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São
Paulo, Editora do Jornal Brasileiro de Ciências da Comunicação
JBCC. Organizou os livros: Pensamento Comunicacional
Latino-Americano: da pesquisa-denúncia ao pragmatismo
utópico (2004), Comunicação Latino-Americana:
o protagonismo feminino (2003), Mídia em Debate: da história
midiática às mediações da Ciência
(2002), Grandes nomes da Comunicação: a trajetória
comunicacional de José Marques de Melo (2001), entre
outros. É autora de diversos artigos publicados em revistas
científicas. E-mail:
mcgobbi@terra.com.br.
[3]
As primeiras escolas foram em São Paulo (Escola de Jornalismo
Cásper Líbero, nascida em 1947 como curso de jornalismo
da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São
Bento PUC e hoje ampliada para Faculdade de Comunicação
Social Cásper Líbero) e a do Rio de Janeiro (instalada
em 1948 como Curso de Jornalismo da Faculdade Nacional de Filosofia
Universidade do Brasil convertendo-se em 1967
na Escola de Comunicação da hoje UFRJ Universidade
Federal do Rio de Janeiro). (MARQUES DE MELO, 1979: 35).
[4]
Targino & Magalhães (1993: 11) definem projetos experimentais
como (...) uma disciplina obrigatória dos cursos
brasileiros de Comunicação com o objetivo maior
de deferir a apreensão e domínio do referencial
teórico e das práticas exercitadas ao longo da
graduação, mediante a produção de
um trabalho coerente, consistente, expressivo, criativo e original.
[5]
Quem imagina que as recomendações do Ciespal
iam de encontro aos mesmos interesses explicitados na Carta
de Punta Del Este estará, portanto, muito longe da verdade.
Ainda mais, se levarmos em consideração que, em
meados da década de 60, os Estados Unidos passaram a
oferecer e impingir sua sofisticada tecnologia na área
das telecomunicações aos países da sua
periferia, entre os quais o Brasil (LINS DA SILVA, 1979:
28).
[6]
A partir da análise de conteúdo, o ensino da comunicação
foi sendo enriquecido com as metodologias de análise
do discurso e da imagem, estas caudatárias dos desenvolvimentos
formais das ciências da linguagem nos anos setenta, centrados
basicamente nas doutrinas de Ferdinand de Saussure e de Charles
Sanders Peirce, traduzidos no Brasil entre o final dos anos
sessenta e o início dos setenta (UCB, Internet, 2000).
[7]
A disciplina projetos experimentais destinava-se à
realização de uma prática profissional
intensiva, exigindo-se também a avaliação
crítica dos trabalhos efetuados (MARQUES DE MELO,
1991: 70).
[8]
Outro fator a ser considerado nessa modificação
sofrida pelos cursos de comunicação social foi
o surgimento de novos modelos teórico-conceituais, (...)
a influência norte-americana começa a ser contrabalançada
pela influência de novos modelos teóricos, tanto
de orientação latino-americana como o modelo
cepalino da teoria do desenvolvimento quanto de origem
européia como os da teoria crítica e da
Semiologia (UCB, Internet, 2000).
[9]
O termo monografia designa um tipo especial de trabalho científico
cuja abordagem se reduz a um único assunto, a um único
problema, com um tratamento especificado. O trabalho monográfico
caracteriza-se mais pela unicidade e delimitação
do tema e pela profundidade do tratamento do que por sua eventual
extensão, generalidade ou valor didático (SEVERINO
, 1993: 100).
[10]
Alguns estudiosos da área defendem a substituição
do termo Projetos Experimentais PEs - por Trabalho
de Conclusão de Curso TCC. Esse posicionamento
é assumido por Zapata (1992). O autor explica que
é extremamente prejudicial e negativo dizer que alunos,
a seis meses de serem profissionais, estão desenvolvendo
atividades experimentais. Avalia que, no TCC, o estudante compromete-se
com o que faz e mostra que está pronto para enfrentar
o mercado de trabalho. O termo TCC, desde a implantação
dos Projetos Experimentais, é adotado pelo Departamento
de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicação
e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). (...)
Targino (1995) considera prosaico esse debate terminológico.
Observa que os Projetos Experimentais equivalem à última
avaliação formal do aluno e, portanto, são
Trabalhos de Conclusão de Curso (CASTELO BRANCO,
2002: 134). Neste sentido, afirma Targino, no entanto,
refutar o uso da expressão PE alegando
sua ilegitimidade, em face de um possível teor pejorativo
que poderia ter o termo experimental (is) no sentido
de incipiente, primário, inicial, inconsciente, é
pura bobagem (TARGINO, 1995: 28).
[11]
O currículo mínimo para a graduação
em Comunicação Social surgiu 1962. O Conselho
Federal de Educação fixava o currículo
mínimo dos cursos superiores que se dividiam em 2 grandes
conjuntos: "os que se referem à formação
de profissionais em ocupações reguladas em lei,
que são a maioria, e têm seus currículos
mínimos baixados pelo CFE; e os que se criam nas próprias
instituições de ensino, como cursos emergenciais,
para atender às exigências de sua programação
específica e fazer face à peculiaridade do mercado
de trabalho regional (artigo 18 da Lei nº 5.540/68)".
Cada instituição de ensino era responsável
pela inclusão de outras disciplinas que a seu ver, pudessem
contribuir para a formação do profissional (MOURA,
2000).
[12]
As orientações abaixo fazem parte do Regulamento
dos Projetos Experimentais, do Curso de Jornalismo da Universidade
Metodista de São Paulo, elaborado pela professora Dra.
Maria Cristina Gobbi, aprovado pelo Colegiado de Curso, em 14
de fevereiro de 2004.
[13]
Atualmente a disciplina é ministrada pelo Coordenador(a)
dos Projetos Experimentais.
[14]
São eles: Ana Cecília Morgado Vasconcelos; Andressa
Marisol Medeiros Ferrer; Bruna Harry Lavoura; Bruna Vicente
Arilla; Camila Marzano de Novaes; Catarina Eiko Fernandes; Christiane
Fernanda Pontes Marques; Felipe Munhoz Mansano Siqueira; Felipe
Redigolo Meireles; Fernanda Goulart Pinto; Fernando de Moraes
Prado; Giovanna Ricci; José Luis de Freitas; Larissa
Galhego Molina; Luciana Zacchi de Araújo; Marcelo de
Souza Guilhem Dorador; Maria Gabriela Cornia; Marília
Maciel de Oliveira; Natália Morales Carcavilla; Romel
A. Andreotti; Simone Aparecida Celotto; Suely Cavalcante Antônio
de Freitas; Tarcizio Matheus Zanfolin; Tauana Cristina Marin;
Thiago Varella Ribas das Neves; Vinícius Adriano Fernandes
Guerrero, todos alunos do primeiro semestre do curso de Jornalismo,
no ano de 2004. Também conta com a colaboração
da jornalista formada pela Umesp e atual mestranda em Comunicação
Social, Carlo Tôzo.
[15]
As primeiras defesas do ano de 2004 ocorrerão no mês
de junho de 2004, da primeira turma de formandos do período
vespertino e em novembro as turmas do matutino e noturno.
*Equipe
de pesquisa: Maria Cristina Gobbi (Coordenadora da Pesquisa),
Carla Tôzo (Mestranda em Comunicação da
Umesp e co-orientadora da Pesquisa), Thiago Varella Ribas das
Neves, Marcelo de Souza Guilhem Dorador e José Luis de
Freitas (Alunos do curso de Jornalismo da Umesp).
#
Trabalho apresentado no VII Congresso Latino-Americano de Ciências
da Comunicação, da Associação Latinoamericana
de Pesquisadores em Comunicação (ALAIC), realizado
na Faculdad de Periodismo y Comunicación da Universidad
Nacional de La Plata, Argentina, de 11 a 16 de outubro de 2004.
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