Monografias
Luiz
Beltrão: de Olinda para o mundo
Por
Elvis Wanderley
1
- INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo desenvolver e projetar a história
de Luiz Beltrão para a produção de conhecimento
no campo do Pensamento Jornalístico Brasileiro. Com o
título: de Olinda para o mundo, pude levantar as suas
obras e traçar as principais temáticas no percurso
intelectual deste considerado, um dos pioneiros da Escola Latino
Americana de Comunicação - ELACOM - pela suas
características, "elaborações cientificas
e o hibridismo teórico e a superposição
metodológica", conforme afirma José Marques
de Melo.
Um
homem multidisciplinar, de jornalista, pesquisador, sindicalista,
educador, coordenador de curso universitário, escritor,
relações públicas: Luiz Beltrão
foi sem dúvida um grande marco para o processo comunicacional,
dentro do processo histórico e atual. Dentro desta análise
dividir as diversas fases de sua vida, pondo em evidência
o Beltrão Jornalista, e principalmente a reflexão
que ele evidencia em um dos seus livros: Iniciação
a Filosofia do Jornalismo, considerado um clássico do
jornalismo.
2
- PERFIL E HISTÓRIA
2.1 - TRAJETÓRIA
Luiz
Beltrão de Andrade Lima nasceu em 8 de agosto de 1918,
na cidade de Olinda, Pernambuco. Filhos do cirurgião-dentista
Francisco Beltrão de Andrade Lima e da dona de casa Maria
Amália Temudo de Andrade. Vindo de uma família
bastante católica, suas brincadeiras quando criança
era colecionar santinhos, e preparar altares. O sonho de um
dia ser padre às vezes ofuscava-se diante da possibilidade
de também ser motorneiro em seu uniforme azul com botões
prateados, que naquele tempo guiava os bondes, levando e trazendo
gente.
Mas
mesmo assim, em 1930, seu sonho se torna realidade, o menino
entra no Seminário de Olinda, e daí começa
a perceber que aquilo que ele imaginava em suas brincadeiras
na infância era muito diferente, a clausura, o estudo
teológico lhe tomava todos o tempo. Tudo dentro do muro,
onde estão as pessoas e o mundo, a rotina tomava conta
da sua vida. Revistas, jornais e rádio, não se
sabia nada o que acontecia lá fora. "Todos cumpríamos
os mesmos ritos. Todos vestíamos uniformemente: as batinas
negras, o colarinho eclesiástico, meias e sapatos pretos.
Repetíamos os mesmos salmos e orações.
Tínhamos os mesmos jogo. Comíamos o mesmo alimento.
Decerto pecávamos os mesmos pecados..."(1)
O
destino de Beltrão começou a mudar ainda mais
com a entrada da nova direção do Seminário,
pelos Jesuítas. Ao escutar de Padre Costa, o novo diretor,
que "as pessoas não estão sempre iguais,
ainda não foram terminadas - e que elas vão mudando.
Afinam e desafinam".(2) Luiz Beltrão sentiu que
deveria mudar o seu caminho, estava assim mais fortalecido para
conhecer o mundo além dos muros do Seminário.
Assim,
podemos evidenciar o momento da sua saída de Olinda,
que na tese de Doutorado da professora Fátima Aparecida
Feliciano - Luiz Beltrão: um senhor do mundo, ela contextualiza
assim "desceu as ladeiras da (sua) cidade-anciã
e envolveu- (se) no manto do mundo, que falava por todas as
bocas".(3)
A liberdade e o contato com as pessoas, confirmavam o que ele
havia escutado do Padre Costa. As pessoas eram mesmo diferentes,
e mudavam dependendo das circunstâncias. Isto assim, levava
Beltrão, a desvendar o mistério e conhecer melhor
o comportamento humano. A partir daí surgiu à
idéia de trabalhar como jornalista, tornado-se a sua
verdadeira grande obsessão.
Com
este propósito, fez com que Beltrão em seu discurso
de posse, na Academia Brasileira de Letras, em maio de 1970,
recorda-se este importante momento de sua vida:
"Essa
comunidade, que logo para mim tornou-se sedutoramente irresistível,
não era constituída de visionários ou profetas;
não erguia os olhos para o firmamento para estudar a
posição dos astros, nem se interessava pelas leis
da Cabala, as vísceras dos animais ou o vôo dos
pássaros não se inscreviam no campo das suas observações;
e também não mergulhava, como os magos e como
os doutores da Igreja, nas obscuras visões de Nostradamus
ou de São João de Patmos. Poucos - se alguns -
estariam familiarizados com a História do Futuro, de
Vieira, e embora se deleitassem com as mirabolantes aventuras
dos personagens de Júlio Verne, era com um certo sorriso
desdenhoso que consideravam a ficção científica
ou a ciência futurológica. Não haveria maior
contraste entre a comunidade jornalística e o mundo sacro
heróico de onde eu saíra".(4)
A
vida profissional como jornalista começa em 15 de dezembro
de 1936, no Diário de Pernambuco, onde encontrou grandes
mestres do jornalismo, entre eles Aníbal Fernandes, Gomes
Maranhão e Odorico Tavares. A suas primeira atribuição
foi o de revisor, depois de dois dias foi designado para as
funções de arquivista de clichês, em seguida
passou a traduzir telegramas e depois de tudo isso passou a
repórter.
Em
1940 recebeu o registro profissional como jornalista e três
anos depois o título de bacharel pela Faculdade de Direito
do Recife. Do Diário de Pernambuco vai para o Correio
do Povo e Jornal Pequeno, atuando igualmente como correspondente
de algumas agências de notícias como Asapress,
Francepress, e das revistas Tudo, Guanabara Press, São
Paulo Press e Capibaribe. Somando um total de quase 30 anos
de jornalismo em Pernambuco, chegando até ao posto de
redator-chefe no Diário da Manhã.
Seu
espírito de liderança e sua excelente capacidade
profissional fazem com que seja três vezes consecutiva
presidente da Associação de Imprensa de Pernambuco,
em 1951, 1953 e 1955. Também foi um dos fundadores do
Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco e Delegado
junto ao Conselho de Representantes da Federação
Nacional de Jornalismo Profissional, onde ocupou ainda a sua
vice-presidência no exercício 1960 a 1962. Em 1969,
Beltrão ocupa-se da presidência da Uclap - União
Cristã Latino Americana de Imprensa.
É
importante ressaltar que foi em uma redação de
jornal que Beltrão começou o seu interesse pelo
estudo e ensino do Jornalismo, como conta Nicolau José
Carvalho Maranini, em seu texto: A trajetória de um pioneiro.
"Um belo dia, o Aníbal Fernandes, diretor do jornal,
apareceu na redação com um livro de cor cinza,
francês, que se chamava: Como fazer um jornal. Eu nunca
tinha imaginado na minha vida que se pudesse aprender a fazer
Jornalismo de outro modo, senão fazendo o próprio
jornal. Este momento marcou demais a minha vida porque daí
em diante eu passei a querer organizar uma biblioteca também.
Eu comecei a perceber que era preciso estudar Jornalismo para
poder fazer jornalismo. Esse foi o princípio do meu interesse
pelo ensino do Jornalismo".(5)
Beltrão
verifica na prática as dificuldades encontradas pelos
veículos com pessoas não qualificadas para o exercício
do jornalismo, e aí começa a defender a "necessidade
de formação específica de um indivíduo
numa profissão de comunicação. Eu acho
que o indivíduo deve ter curso superior, porque na universidade
é onde se pesquisa, é onde se faz experiência".(6)
Dentro desta trajetória, surge na cidade João
Pessoa, na Paraíba, em meados de 1959 o curso de Jornalismo,
que funcionava na Faculdade de Filosofia do Instituto Nossa
Senhora de Lourdes, onde Beltrão começou a lecionar
as disciplinas: Técnica de Jornal e de Ética história
e legislação de Imprensa.
"Por três anos, semanalmente, dirigia-se do Recife
a João Pessoa, onde pernoitava, lecionando em aulas noturnas
e diurnas. Tive a satisfação de ver receberem
o grau de bacharéis, em 1961, os primeiros jornalistas
profissionais nordestinos a portarem o título universitário".(7)
Mas
o seu grande sonho virou realidade em 1961, quando foi fundado
o curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco,
tendo como um grande aliado o reitor Padre Aloysio Mosca de
Carvalho, que era um poeta e colaborador assíduo dos
jornais locais. Mas neste contexto surge as primeiras barreiras
contra a implantação do curso: o próprio
corporativismo da grande imprensa na época que se posicionou
contra a criação do curso, considerando que o
"jornalismo era uma vocação" e que "jornalista
se forjava no batente", e ainda as próprias batalhas
internas para a implantação do curso que teve
de superar a falta de recursos, "vaidades" e posicionamentos
contrários de diversas autoridades universitárias.
Mas
mesmo com todas estas dificuldades, só faziam aumentar
a dedicação de Luiz Beltrão. O carinho
pelos seus alunos era uma marca profunda de seu amor pela docência.
Criativo em tudo, até na metodologia, Beltrão
conseguia, com a parceria de seus discípulos, excelentes
resultados. Nomes como: José Marques de Melo, Tereza
Lúcia Halliday, Roberto Emerson Benjamin, Francisco Torquato
do Rego, Newton Diniz de Andrade, fizeram parte deste primeiro
grupo de alunos, e hoje desenvolvem os papeis de mestres doutores
e pesquisadores da comunicação.
Daí
em diante, Luiz Beltrão percorre uma grande história
a serviço da Educação Universitária
no País, como a criação do Instituto de
Ciências da Informação - Iciform, em 1963;
lançamento do primeiro número da revista Comunicação
e Problemas, em 1965, e neste mesmo ano se transfere para Brasília,
a fim de reestruturar a Faculdade de Comunicação
da UNB, a convite do secretário de imprensa do Governo
Castelo Branco, José Vamberto Assunção;
em 1967 torna-se o primeiro a conquistar o título de
Doutor em Comunicação por uma universidade brasileira,
com a tese Folkcomunicação: um estudo dos agentes
e meios populares de informação de fatos e expressões
de idéias, sendo considerada uma das mais expressivas
e originais contribuições brasileiras para os
estudos da comunicação. Apesar de ter recebido
a menção - Distinção e louvor -
o grau de Doutor foi-lhe cassado. Passaram-se praticamente sete
anos para que lhe fosse feita justiça.
"Quando,
em dezembro de 1984, a então ministra da Educação
e Cultura, Esther de Figueiredo Ferraz, fazia entrega da Medalha
Comemorativa ao Cinqüentenário da Universidade de
São Paulo ao professor Luiz Beltrão, homenageando-o
como Pioneiro do Ensino de Jornalismo no país, o Estado
Brasileiro reconhecia publicamente os méritos de um educador
e jornalista que vem prestando relevantes serviços à
formação universitária dos nossos comunicadores
coletivos".(8)
Ainda
em Brasília o Centro Universitário de Brasília
e a União Pioneira de Brasília tiveram o privilégio
de contar com o trabalho de Luiz Beltrão. No final de
sua vida dedicou-se a literatura, desfrutando do descanso em
uma chácara, no lago sul de Brasília - a Mansão
Olinda, vindo a morrer no dia 24 de outubro de 1986. Beltrão
teve cinco filhos com a também jornalista Zita Brandão
- aluna da primeira turma da Unicap.
2.2
- OBRAS
-
Os Senhores do Mundo - romance (1950).
-
Anais de Jornalismo - ensaio (1951).
-
"Liberdade de imprensa e formação profissional"
(V Congresso Nacional de Jornalistas, em Recife-PE e uma série
de outros em congressos e jornais).
-
Itinerário da China (1959).
-
Iniciação a Filosofia do Jornalismo - recebeu
o Prêmio Orlando Dantas (1960).
-
Reestruturação de emergência para os cursos
de Jornalismo - Indicador dos profissionais de imprensa (1960).
-
Quilômetro Zero - contos (1961).
-
Métodos de enseñanza de la técnica Del
periodismo (1963).
-
Técnica de Jornal - I parte - Teoria do Jornalismo. O
jornal e a sua indústria (1964).
-
Discurso de abertura do I Curso Nacional de Ciências da
Informação - Icinform Unicap (1965).
-
Aspectos básicos da problemática do jornal interiorano
no Nordeste. Revista Comunicação e Problemas (1966).
-
Periodismo em el Paraguay. Revista Comunicação
e Problemas (1966).
-
Folkcomunicação - tese de doutoramento (1967).
-
A Comunicação no processo de desenvolvimento (1968).
-
Marketing, cultura e comunicação (1968).
-
A imprensa informativa - Técnica da notícia e
da reportagem no jornal diário (1969).
-
O índio na imprensa diária brasileira (1970).
-
Comunicação e Folclore - um estudo dos agentes
e dos meios populares de informação de fatos e
expressão de idéias (1971).
-
Sociedade de massa: comunicação (1973).
-
Fundamentos científicos da comunicação
(1973).
-
A serpente no atalho (1974).
-
Jornalismo interpretativo: filosofia e técnica (1976).
-
O índio, um mito brasileiro (1977).
-
Teoria geral da comunicação (1977 - 1a edição).
-
Teoria geral da comunicação (1979 - 2a edição).
-
Jornalismo opinativo (1980).
-
Folkcomunicação: a comunicação dos
marginalizados (1980).
-
Teoria geral da comunicação 3a edição
(1982).
-
A greve dos desempregados (1984).
-
Teoria geral da comunicação de massas (em co-autoria
com Newton de Oliveira Quirino).
-
Contos de Olanda (1989) - publicação póstuma.
-
Memória de Olinda (1996).
3
- PROCESSO JORNALÍSTICO
Tendo como peças chaves a trilogia do Jornalismo: Informativo,
Opinativo e Interpretativo, Beltrão colocava sempre em
evidência a questão da ética como ponto
central deste processo. "Luiz Beltrão é um
teórico dos tempos do Jornalismo romântico. Mas,
de um jornalismo voltado para o seu próprio processo".(9)
Sobre
o aspecto da Ética, Waldemar Lopes menciona no prefácio
de Iniciação à Filosofia do Jornalismo,
como Beltrão reporta-se a esta discussão. "Jornalista
de província, no bom sentido, Luiz Beltrão concilia
em sua atividade profissional e didática a força
da vocação com o gosto pela formação.
Ocupando duas cátedras em cursos de jornalismo, uma de
Ética, outra de Técnica, até nisso revela
seu ilimitado interesse pelos problemas da imprensa, em sua
universalidade: o espírito que anima a tarefa jornalística,
os fundamentos morais da profissão, de um lado; e, de
outro, os aspectos ligados, propriamente, à arte de fazer
jornal..."(10)
Daí
a uma preocupação com a informação
que é chegada ao leitor, tomado como princípio
ético.
Ainda
no livro Introdução à Filosofia do Jornalismo,
Beltrão faz uma viagem na história do jornalismo
e constata que "entre todas as atividades humanas nenhuma
responde tanto a uma necessidade do espírito e da vida
social como é o jornalismo".(11) Depois podemos
verificar neste processo jornalístico a função
da atualidade, da variedade, da especialização,
da periodicidade e da promoção, onde pode se tornar
fonte da história.
Atualidade:
"é característica dominante do jornalismo
(e) unicamente dele, pois o jornalismo vive do cotidiano, do
presente, do efêmero, procurando nele penetrar e dele
extrair o que há de básico, fundamental e perene,
mesmo que esta perenidade valha, apenas, por algumas horas".(12)
Variedade:
"na medida em que o jornalismo (...) busca satisfazer a
três necessidades do espírito humano (...): 1)
informar-se do novo, do improviso, do original e, através
dele ou por causa dele, recordar-se do passado, do já
sabido, quase perdido nos arcanos da memória; 2)receber
uma mensagem de advertência ou orientação,
isto é, alerta-se para o futuro, para a ação;
3) entreter-se, descansar das preocupações no
humor, na ficção, na poesia, nas belas letras,
na arte".(13)
A
especialização: isto quer dizer, na criação
do jornalista que se aprofunda em determinada área. No
caso da interpretação, Beltrão explica
como seleção dos fatos para o seu público.
..."O elemento julgamento e, portanto, exercício
da inteligência, do discernimento, da análise é
que entra em jogo. Diante do fato ocorrido, o jornalista terá
que examinara a sua importância e caráter, o interesse
que despertará, as repercussões de sua divulgação
e, se informa sobre ele, o simples fato de destaca-lo e publicá-lo
expressa o resultado de uma interpretação, que
consiste no ato de submeter os dados recolhidos a uma seleção
crítica, transmitindo ao público, apenas, os que
são realmente significados..."(14)
Para
Beltrão a popularidade e liberdade são, condições
ideais para o bom desempenho da imprensa. "O jornalismo
não pode ser tomado como atividade isolada, contemplativa,
abstrata, sua existência está sempre ligada à
vida social, da qual recebe inspiração e sobre
a qual influi poderosamente, não apenas na fixação
de conceitos, mas, além disso, fazendo com que as idéias
circulem, vivam e se desenrolem, agrupando-se em corrente de
opinião sobre fatos ou acontecimentos que, a cada hora
provocam a vibração de um grande pensamento coletivo..."(15)
Quanto
ao caráter promocional do jornalismo, a promoção
vem para formação e orientação dos
povos. ..."A promoção dos meios tendentes
a assegurar o bem comum. Os relatos e as idéias expressas
pelos veículos jornalísticos tem o propósito
de permitir ao homem um pronunciamento, uma decisão,
de impulsiona-los à ação..."(16)
Concluindo
este processo podemos Beltrão ainda classifica o jornalismo
de informação e jornalismo de opinião,
como jornalismo eclético e outro ideológico. "Aceitando
esta premissa, consideramos que os órgãos ditos
de informação promoveriam a opinião pública
tanto quanto aqueles que, enquadrados num sistema filosófico,
numa corrente política ou numa linha doutrinária,
subordinam as suas conclusões sobre os fatos rectora.
E talvez mais, porque da observação constante
do jornalismo atual podemos concluir que os fatos, se bem que
inspirados pela reflexão do homem, é que governam
os povos, conduzindo-os à ação".(17)
O
jornalismo Eclético é "aquele que não
subordina os seus juízos a uma determinada doutrina,
registrando os acontecimentos e com que neles pondo as inferências
acaso extraídas; e o jornalismo ideológico, é
aquele que possui um complexo de idéias que visa a difundir
e sob cujo crivo faz passar todos os julgamentos e opiniões..."(18)
Colocamos
ainda os parâmetros com os agentes do jornalismo que Beltrão
destaca: "o jornalismo tem a sua causa e o seu objeto no
organismo social. O jornalismo é feito, pois, do público
para o público".(19) Isto vai implicar na existência
dos agentes: editor, o técnico, o jornalista e o próprio
público.
Um grande marco para o jornalismo foi quando Beltrão
falou da liberdade e da responsabilidade, que são temas
de fundamental importância para o exercício do
jornalismo. No caso da liberdade: "é valor inerente
e essencial ao desenvolvimento da personalidade humana e da
vida social".(20)
Daí para responder e corresponder a liberdade, se destaca
o problema da responsabilidade "que vem sobre três
aspectos: para com o indivíduo e a coletividade (jornalismo
moral), para com a pátria (jornalismo e nacionalismo)
e para com a comunidade internacional (jornalismo e paz mundial).
Estes três tópicos são fundamentais na fixação
do conceito e das diretrizes de uma atividade jornalística
livre e consciente das suas verdadeiras e legítimas finalidades".(21)
4 - CONCLUSÃO
Luiz
Beltrão saindo daquela terra dos altos coqueiros, com
as suas ruas estreitas, com grandes casarios e ladeiras, se
transforma em Cidadão do Mundo, como expressa Fátima
Aparecida Feliciano, na sua tese de doutoramento, pela Escola
de Comunicações e Artes. Mas não poderíamos
deixar de lembrar que o nosso Beltrão saiu de Olinda
para o mundo. Dentro deste contexto podemos concluir e enfatiza
a sua importância na transformação do jornalismo
como função social, colocando o público
como principal agente no processo comunicacional, expondo assim,
uma nova perspectiva de transformação nos conceitos
de se fazer jornalismo, priorizando a Ética como balizadora
de tudo.
5
- NOTAS
1
- Luiz Beltrão. "Vivência, Ficção,
Comunicação" (discurso de posse na Academia
Brasiliense de Letras), maio de 1970.
2
- Fátima Aparecida Feliciano. "Luiz Beltrão:
um senhor do mundo" (tese de doutoramento apresentada ao
Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola
de Comunicações e Artes - ECA da Universidade
de São Paulo - USP), 1993.
3
- Idem.
4
- Luiz Beltrão. "Vivência, Ficção,
Comunicação" (discurso de posse na Academia
Brasiliense de Letras), maio de 1970.
5
- Revistas da Intercom - número 57
6
- Benjamin, 1998.
7
- Luis Beltrão. Ensino do Jornalismo no Nordeste, em
Cadernos de Jornalismo e Editoração, São
Paulo, Comarte/ECA-USP.
8
- José Marques de Melo em Beltrão, Luiz. Subsídios
para uma comunicação de massa (prefácio).
9
- Fátima Aparecida Feliciano. "Luiz Beltrão:
um senhor do mundo" (tese de doutoramento apresentada ao
Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola
de Comunicações e Artes - ECA da Universidade
de São Paulo - USP), 1993.
10
- Luiz Beltrão. "Iniciação à
Filosofia do Jornalismo" (Prefácio - Waldemar Lopes).
Rio, Agir, 1960.
11
- Idem.
12
- Luiz Beltrão. "Iniciação à
Filosofia do Jornalismo". Rio, Agir, 1960.
13
- Idem.
14
- Idem.
15
- Idem.
16
- Idem.
17
- Idem.
18
- Idem.
19
- Idem.
20
- Idem.
21
- Idem.
6
- BIBLIOGRAFIA
BELTRÃO,
Luiz. O Ensino do Jornalismo no Nordeste, em Cadernos de Jornalismo
e Editoração, n 18, COMARTE, ECA-USP, 1986.
BELTRÃO,
Luiz. Iniciação à Filosofia do Jornalismo.
Rio, Agir, 1960.
BELTRÃO,
Luiz. "Vivência, Ficção, Comunicação"
(discurso de posse na Academia Brasiliense de Letras), 13 de
maio de 1970, em Correio Braziliense, 23 de maio de 1970.
BELTRÃO,
Luiz. Subsídios para uma Teoria da Comunicação
de Massa. São Paulo, Summus, 1986.
BENJAMIN,
Roberto. Contribuições de Luiz Beltrão
à Teoria da Comunicação. Apresentado ao
VII Congresso USBC, 1978, Bragança Paulista.
BENJAMIN,
Roberto (org). Itinerário de Luiz Beltrão - Perfis
Pernambucanos. AIP e Unicap. Recife. 1998
FELICIANO,
Fátima Aparecida. "Luiz Beltrão: um senhor
do mundo" (tese de doutoramento apresentada ao Departamento
de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações
e Artes - ECA da Universidade de São Paulo - USP), 1993.
INTERCOM
- Revista Brasileira de Comunicação. 1987, n 57.
MARQUES
DE MELO, José. História do Pensamento Comunicacional.
Paulus. São Paulo, 2003.
MARQUES
DE MELO, José (coordenador). Pesquisa em Comunicação
no Brasil - Tendências e Perspectivas. São Paulo.
INTERCOM. Cortez . 1983
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