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Manchetes


A expansão do telejornalismo online

Por Luís C. Bittencourt*

É bom saber que você está pensando em produzir um TJ com os seus alunos. Veja só: já são dois em atividades desde julho/agosto - TJUerj e TJEco. E há outros em andamento.

Agora mesmo alunos das Faculdades Moacyr S. Bastos me confirmaram que já estão com o Tj deles pronto. Começaram a pensar no TJ no final de 2001. Dei as dicas necessárias e agora o telejornal já está pronto para entrar em rede. Para mim, jornalista e professor, é muito gratificante acompanhar o crescimento de uma idéia que surgiu em fevereiro de 2000. Na época, queria produzir um site sobre telejornalismo nos moldes do Observatório da Imprensa.

E a idéia foi evoluindo, conquistando o apoio de professores como Antônio Brasil, da UERJ, e hoje vejo o potencial de uma iniciativa como a do telejornalismo.com. Vejo uma grande rede, não só universitária, mas também comunitária de telejornais online. Uma rede de telejornais vinculados a movimentos populares, instituições não-governamentais, focos de resistência à hegemonia neoliberal nos meios eletrônicos de comunicação.

O TJEco, por exemplo, foi produzido como prática laboratorial da disciplina Laboratório de Telejornalismo. Eram quinze alunos inscritos no início do semestre. E todos participando.Tínhamos dois encontros semanais que ocupam a duração de dois tempos de aula. Discutíamos as pautas e organizávamos a produção. Na verdade, dois ou três alunos assumiam o papel de produtores e coordenadores de produção. Você sabe: cada um leva jeito para alguma coisa.

Um gosta de imagem. O outro de produção. Um deles adaptou o computador para capturar e editar vídeo. E editou a maioria das reportagens. Outro aluno é mais chegado a pauta. Enfim, eles fizeram de tudo: reportagem, operação de câmera, edição etc. Onde teriam uma experiência tão rica como essa? Você não imagina o que aprendem, como crescem na prática do jornalismo! O TJEco hoje está passando por mudanças. Conquistou espaço acadêmico, vinculou-se a um projeto de pesquisa e está mudando de nome. Vai chamar-se TJUFRJ.

Usamos equipamento fácil de operar. Pode ser VHS, S-VHS, vídeo digital. O que tiver disponível. É preciso que a câmera tenha saída para microfone. Usamos um cabo de três a cinco metros de comprimento. Esse cabo liga-se à saída de microfone através de um adaptador. Tudo pode ser comprado em lojas de material eletro-eletrônico. Agora, a edição. Você pode editar em ilha VHS ou qualquer outra, dependendo do equipamento. As matérias não podem ser muito longas por causa do espaço ocupado pelo arquivo.

Dois minutos é um bom tamanho. Depois de editada, a matéria deve ser transferida para o computador, que deve ter uma placa de captura de vídeo. Há várias no mercado.

Seu pessoal pode fazer um levantamento. A placa deve ser de acordo com a câmera: digital, vídeo comum etc. A câmera digital usa dois tipos de saída de áudio/vídeo. A câmera S-VHS usa um tipo. A placa, portanto, deve ser compatível.

Edição. A reportagem pode ser editada diretamente no computador. Usamos programas comuns no mercado, como o Movie Maker do Windows ME, ou o Adobe Première. O Movie Maker é simples de usar. Corresponde ao iMovie da Apple.

Aliás, este é o mais fácil. O ideal nosso é termos um iMac do tipo G3 que custa 4 mil reais. Mas tudo poder ser feito no PC. Depois é só colocar o material editado na Internet. Em termos de custo total, podemos calcular assim: câmera S-VHS (1000,00 em média). Câmera mini-DV: 2.500,00 em média. Computador iMac (de 3.500,00 a 5.000,00). PC: 2.000,00. Ou up-grade do PC: 1.000,00. Bom mesmo é ter dois computadores. Ilha de edição: aqui está o item mais caro. Mas você pode optar por editar tudo no computador.

Microfone, cabos etc. são baratos. Veja e conclua que não sai muito caro.

O importante nisso tudo é o seguinte: você consegue mobilizar os alunos para a produção de laboratório a um custo baixíssimo e um retorno surpreendente. Os alunos podem produzir um telejornal pautando professores e especialistas da própria universidade, o que dá mais visibilidade à instituição. Imagina: o governo anuncia um pacote que mexe com a educação.

Os alunos ouvem especialistas e professores da Universidade. O TJ veicula o pensamento da instituição. Da mesma forma, o TJ pode assumir uma linha mais independente, focar um assunto específico, especializar-se, por exemplo, em jornalismo científico. Neste caso, há chance de apoio de instituições de fomento. Você pode fazer parceria com alguma outra instituição. As possibilidades são ilimitadas.

E tudo sendo feito com a mobilização dos alunos. Veja os TJs que estão funcionando e deduza a importância que eles assumem para os alunos. É prática laboratorial já no início do curso. Para o MEC isso é importante. E você pode usar a produção dos alunos de telejornalismo. Mais: pode envolver alunos de publicidade.

Muita atividade acadêmica pode girar em torno do telejornal online. E há o que disse no início: você pode estar preparando jornalistas para o futuro. Há dúvida quanto ao futuro do telejornalismo com a integração das mídias? Em termos de mercado de trabalho, daqui a algum tempo, com o desenvolvimento tecnológico, vamos ter mini-emissoras de televisão em shoppings, condomínios, clubes, colégios etc.

Mais do que isso: o telejornal na Internet pode ser um instrumento, como disse, de emancipação social.

Comunidades carentes podem criar seus telejornais, como hoje são criadas às centenas páginas na Internet. E vamos dar assistência a todos que queiram ter o seu telejornal online. Aqui não há pode haver reserva de mercado. É um processo de universalização de acesso a um meio que possibilita novas alternativas de exercício da cidadania.

E estamos apenas começando.


*O texto é uma adaptação de email enviado a um professor universitário interessado em criar com os alunos um telejornal online. Como recebo muita correspondência, de alunos e professores, resolvi reproduzir o conteúdo de um dos emails.

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