Manchetes
José
Reis: modelo
de divulgação científica
Por
Thiago Romero/Agência FAPESP
Uma homenagem criativa aos dois anos da morte do médico,
cientista, jornalista e educador José Reis (1907-2002),
completados no dia 16 de maio, está sendo realizada por
meio de um estudo desenvolvido na Casa de Oswaldo Cruz, da Fundação
Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.
O
projeto de pesquisa avaliou o papel social dos pesquisadores
brasileiros a partir da trajetória profissional de um
dos grandes nomes da divulgação científica
no país. De autoria de Marta Ferreira Abdala, doutoranda
em história das ciências da saúde, o estudo
tem como base a divulgação científica feita
por Reis entre as décadas de 1940 e 1970, período
em que os pesquisadores precisavam ser valorizados e mostrar
ao Estado a necessidade de se investir em pesquisas.
A
idéia é discutir como os cientistas começaram
a se preocupar com a divulgação mais sistematizada,
a partir de um representante muito forte daquela época,
que serviu como modelo para toda uma geração,
disse Marta à Agência FAPESP.
O
estudo teve como base os textos publicados por Reis nas revistas
Ciência e Cultura e Anhembi e no jornal
Folha de S.Paulo. Tais veículos foram utilizados
para criar na sociedade um interesse maior pela ciência,
ligando os pesquisadores com o público, de modo a se
fazer presente o conhecimento no Brasil, disse Marta.
Uma
das conclusões preliminares do estudo, segundo a pesquisadora,
é a relação estabelecida entre a divulgação
e a política científica. Isso se deu, principalmente,
por causa da criação da Sociedade Brasileira para
o Progresso da Ciência (SBPC), em 1948, e do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), em 1951.
A
divulgação era vista por José Reis como
forma de constituir um público específico para
a ciência. Cerca de 80% da população daquela
época não tinha acesso à educação,
afirmou a pesquisadora da Casa de Oswaldo Cruz.
Além
de ser um dos fundadores da SBPC, Reis foi pesquisador do Instituto
Biológico de São Paulo, lançou a revista
Ciência e Cultura e a Instituição
Brasileira de Difusão Cultural (Ibrasa), além
de ser diretor de redação do jornal Folha de
S.Paulo entre 1962 e 1967.
Em
1978, o CNPq instituiu o Prêmio José Reis de Divulgação
Científica, destinado àqueles que, por suas atividades,
tenham contribuído significativa-mente para tornar a
ciência e a tecnologia conhecidas do público em
geral.
Fonte:
Agencia Fapesp, 24.05.2004.
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