Entrevistas
"Conselho
Federal de Jornalismo:
Quem haverá de ser contra?"
Por
Fred Ghedini*
O
Papo na Redação da sexta-feira 13
de agosto, organizado pelo Site Comunique-se, serviu para que
estudantes e profissionais de jornalismo pudessem tirar algumas
de suas dúvidas sobre a criação do Conselho
Federal de Jornalismo.
O
vice-presidente da Federação Nacional de Jornalistas
e presidente do Sindicato da categoria em São Paulo,
Fred Ghedini, explicou qual será o papel do CFJ e falou
da polêmica em torno da questão.
Sobre
o artigo Contra o denuncismo, o peleguismo (2)
Por que não uma OAB de jornalistas, assinado pelo
jornalista Alberto Dines, Ghedini respondeu: O Dines está
forçando bastante a barra nesta questão.
No
debate do Observatório eu já disse que a Ordem
ou o Conselho são meramente uma mudança de nomes,
mas a finalidade é exatamente a mesma: ter um acompanhamento
da ética da profissão e da formação
adequada dos futuros profissionais. Acho que temos todos que
nos dirigir ao Dines e dizer: colega, pare de forçar
a barra! Você também pode ser sindicalizado e participar,
como qualquer um de nós, simples jornalistas mortais!.
Ele
rebateu as críticas daqueles que disseram que a direção
da Fenaj pertence a uma facção do Partido dos
Trabalhadores.
A
atual diretoria da FENAJ não pertence a nenhuma facção
de nenhum partido. É uma direção sindical
que faz questão absoluta de não confundir atuação
político-partidária com atuação
sindical. Nossa luta é toda no sentido da defesa dos
jornalistas. Pode checar. Então, o que está havendo
é uma tremenda confusão. Afinal, nosso código
de ética, dos jornalistas, que nós queremos que
valha para todos, defende o direito à informação
dos cidadãos, regulamenta a conduta profissional e a
responsabilidade do jornalista. Quem haverá de ser contra?.
Leia
na íntegra o Papo na Redação
com Fred Ghedini:
Rafael
Silvestre de Moraes (Outros - Partido dos Trabalhadores
Diretório Municipal de São Paulo - SP ) pergunta
para Fred Ghedini: Bom dia Fred. Sou estudante de jornalismo
e desde setembro de 2003 participo de palestras no sindicato.
Gostaria de saber se a criação do CFJ não
vai prejudicar os recém-formados, pois tenho a premissa
que os grupos vão se fechar e o mercado vai cair ainda
mais.
Fred Ghedini responde: Bom dia, Rafael. O Conselho tem
a finalidade justamente contrária, ou seja, de impedir
que qualquer grupo ou indivíduo, por mais poderoso que
seja, tenha o poder discricionário de dizer quem será
ou não jornalista. Haverá mais exigência
com relação à competência e à
ética profissional. Tenho certeza que você não
teme isso, certo?
João Carlos Miranda Leite (Repórter
- Prefeitura Municipal da Estância Balneária de
Praia Grande - SP - Praia Grande) pergunta para Fred Ghedini:
Bom dia! Gostaria de saber se já leu, no observatório
da imprensa, do site IG, o artigo "CONTRA O DENUNCISMO,
O PELEGUISMO (2) - Por que não uma OAB de jornalistas?"
de autoria do Alberto Dines? Ele diz em seu texto: "A CUT-Fenaj
quer ser a dona da profissão, dona da busca da verdade
e, portanto, dona da verdade absoluta. Quem discordar deixa
de ser jornalista; quem não obedecer a seus critérios,
obriga-se a mudar de profissão".
Fred Ghedini responde: O Dines está forçando
bastante a barra nesta questão. No debate do Observatório
eu já disse que a Ordem ou o Conselho são meramente
uma mudança de nomes, mas a finalidade é exatamente
a mesma: ter um acompanhamento da ética da profissão
e da formação adequada dos futuros profissionais.
Acho que temos todos que nos dirigir ao Dines e dizer: colega,
pare de forçar a barra! Você também pode
ser sindicalizado e participar, como qualquer um de nós,
simples jornalistas mortais!
Eduardo Sander (Outros - E-clip - RJ) pergunta para
Fred Ghedini: Caro Fred, bom dia. A polêmica está
formada. Uns apóiam enquanto outros "crucificam"
o ainda projeto do CFJ. Será que essas críticas
aumentaram principalmente pelo fato da atual direção
da FENAJ "pertencer" a uma facção do
partido que atualmente ocupa o governo?
Fred Ghedini responde: Caro Eduardo, a atual diretoria
da FENAJ não pertence a nenhuma facção
de nenhum partido. É uma direção sindical
que faz questão absoluta de não confundir atuação
político-partidária com atuação
sindical. Nossa luta é toda no sentido da defesa dos
jornalistas. Pode checar. Então, o que está havendo
é uma tremenda confusão. Afinal, nosso código
de ética, dos jornalistas, que nós queremos que
valha para todos, defende o direito à informação
dos cidadãos, regulamenta a conduta profissional e a
responsabilidade do jornalista. Quem haverá de ser contra?
Leandro Pellizzoni (Freelancer - Freelancers) pergunta
para Fred Ghedini: Qual a sua opinião sobre o `massacre`
da grande mídia com relaçào ao CFJ e toda
a campanha que eles estão fazendo contra?
Fred Ghedini responde: Leandro, acho que tocamos o "ponto
G" da mídia. Nós só queremos que o
registro profissional saia das mãos do Estado (Ministério
doTrabalho ) e venha para um Conselho Profissional (ou Ordem,
tanto faz) e que o código de ética valha para
todos. Quem haverá de ser contra o código de ética?
Ele defende o direito de informação de toda a
sociedade, fala sobre a conduta e a responsabilidade do profissional.
É como a declaração universal dos direitos
do homem, da ONU. Não há razão para ser
contra. A não ser que não se concorde com os princípios
que estão lá expressos.
Renato
Freitas (Assessor de Imprensa - Câmara dos Deputados
- DF) pergunta para Fred Ghedini: Olá, Fred! É
verdade que o Governo alterou a proposta inicial da Fenaj?
Fred Ghedini responde: Caro Renato, quem alterou fomos
nós mesmos. Você pode entrar no site www.sjsp.org.br,
no botão Conselho Federal de Jornalismo e lá tem
todo o histórico e todas as versões anteriores.
Na última versão, debatida na Casa Civil, nós
sugerimos mais algumas alterações, que foram colocadas.
Avalio que, no final, ficaram faltando algumas coisas: o código
de ética deveria fazer parte do projeto; deveríamos
deixar claro que a composição do Conselho será
eleita sempre pelo conjunto dos jornalistas, em voto direito
e universal, e a composição do Tribunal de Ética
e Disciplina deve contar com a participação de
representantes de outros segmentos da sociedade além
dos próprios jornalistas. Afinal, a ética jornalística
interessa, em primeiro lugar, ao conjunto dos cidadãos.
Em segundo lugar, aos próprios jornalistas.
Ana
Claudia Carvalho Domingues (Assessor de Imprensa - VM Comunicação
- SP) pergunta para Fred Ghedini: Olá, Fred. Qual a garantia
de que não haverá concentração de
poder e de interesses? Será que um conselho federal realmente
faça profissionais mais éticos? Médicos
e advogados não estão aí para mostrar justamente
o contrário?
Fred Ghedini responde: Cara Ana Cláudia, um Conselho
Profissional (ou Ordem, ou seja lá qual for o nome) tem
como obrigação velar pelos interesses da sociedade,
em primeiro lugar. Assim deverá ser a nossa organização
profissional. Basta ler o nosso código de ética
para ver que ele interessa em primeiro lugar à sociedade.
Agora,
se há conselhos que não cumprem o seu papel social,
que têm desvios corporativistas, isso é outro problema.
Devemos lutar para instituir o nosso e, depois, para que ele
não tenha esses desvios. Corpporativos devem ser os sindicatos
e a FENAJ, que defendem os profissionais. O Conselho ou Ordem
tem que atuar no interesse da sociedade. E também defender
o jornalista quando este estiver sob risco, ou quando um chefe
ou patrão mandar o profissional fazer algo que fira o
código de ética. Mas, também neste caso,
o interesse a ser preservado, em primeiro lugar, é o
do público.
José
Wellington R. do Nascimento (Revisor - Assembléia
Legislativa do Estado da Bahia - BA) pergunta para Fred Ghedini:
Fred, no texto de Alberto Dines, a quem admiro, ele pergunta
porque a Fenaj não procurou os jornalistas para se criar
uma OAB da categoria. Mas o texto do ministro Berzoini sobre
o projeto de lei explica claramente que isso é competência
do Executivo. Será que Dines está criticando o
projeto sem lê-lo?
Fred Ghedini responde: Caro José Wellington, confesso
que não entendo bem o que o Dines está querendo,
neste caso. Já disse n vezes a ele que, para nós,
tanto faz o nome ser Conselho ou Ordem, mas que a finalidade
para a qual queremos nossa organização de caráter
profissional é para velar pelos registros profissionais
e pela ética profissional. Acho que devemos, todos, perguntar
a ele por que tanta carga contra a FENAJ.
O
projeto não é da FENAJ, é dos jornalistas
brasileiros. E está em debate no Congresso Nacional.
Espero que o Dines seja favorável a se ouvir os vários
lados envolvidos numa disputa e outras coisas como essa que
estão no nosso código de ética. Seria um
bom reforço contar com o apoio dele, que é um
profissional importante e admirado por tantos colegas.
Fábio
José Mello (Freelancer - Freelancers) pergunta
para Fred Ghedini: Há vários jornalistas com história
dentro da profissão, como o mestre Cony, que condenaram
veementemente a criação do CFJ. Eles também
estão a serviço dos patrões?
Fred Ghedini responde: Fábio, não tive
oportunidade de debater com o Cony, a quem admiro particularmente.
Gostaria muito de ter essa oportunidade e estou certo que ele
se convenceria da necessidade de uma organização
dos próprios jornalistas de velarem pelo registro profissional,
retirando essa atribuição das mãos do Estado,
e da aplicação do Código de Ética.
Não cho que ele seja patronal. Também não
acho que alguém que seja contra o conselho seja patronal.
Seria adotar a mesma racionalidade que a Veja, que está
fazendo uma matéria para dizer que a idéia do
Conselho é ruim porque a maioria dos dirigentes da FENAJ
é filiada ao PT.
Débora
Pinho (Editora-Chefe / Coordenador de Conteúdo
- Consultor Jurídico - SP) pergunta para Fred Ghedini:
Caro Ghedini, as expressões como "orientar a atividade
de jornalismo" ou "fiscalizar a atividade de jornalismo"
não demonstram o viés ideológico por trás
da criação do CFJ?
Fred Ghedini responde: Olá, Débora, como
vai? Não. Na verdade, se existe uma legislação
que regulamente o exercício da profissão, é
preciso que algum organismo fiscalize sua aplicação.
Nós queremos retirar essa atribuição do
Estado e passar para as mãos dos próprios jornalistas,
por meio do Conselho ou de uma Ordem, o nome não importa.
Também é fundamental que os profissionais e a
sociedade em geral fiscalizem a observância do código
de ética da profissão. Você o conhece e
sabe como é importante garantir o contraditório,
a boa apuração antes da publicação,
etc.
Núbia
Cibele de Oliveira Tavares (Estagiário - Universidade
Estadual de Londrina - PR) pergunta para Fred Ghedini: Fred,
o que você pensa sobre quem contesta a representatividade
da Fenaj??? Digo isso porque na maioria dos fóruns que
pude participar, que é contra, sempre levanta essa questão...
Fred Ghedini responde: Olá Núbia. Que bom
ver alguém que estuda em Londrina, minha cidade natal.
A filiação aos Sindicatos, que por sua vez se
filiam à FENAJ, é livre e ninguém está
impedido. Temos jornalistas filiados e dirigentes de todos os
partidos, de todos os credos e opiniões. Então,
é algo bastante democrático. Acho que, no final
das contas, todo este debate vai ser bom porque as pessoas vão
perder o preconceito e a prevenção, você
não acha?
João
Carlos Miranda Leite (Repórter - Prefeitura
Municipal da Estância Balneária de Praia Grande
- SP - Praia Grande) pergunta para Fred Ghedini: Há outro
problema, deixado implícito no texto do Dines, que é
o preconceito dentro da categoria: refere-se a assessores de
imprensa. Além de ressaltar que a Fenaj é dominada
por assessores do governo, acusa estes profissionais de manipulação
da legislação e ainda deixa clara sua opinião
sobre o que é ser jornalista, excluindo os assessores
da categoria. Gostaria que colocasse sua opinião ou,
se puder responder, a da entidade que representa.
Fred Ghedini responde: João, tenho expressado
minha opinião sobre isso em diferentes momento. O preconceito
a que você se refere existe mesmo. As pessoas tendem a
dizer: "Ah, nos Estados Unidos não é assim";
ou então, "em Portugal, quando você passa
da redação para a assessoria, você devolve
a carteira de jornalista". São histórias
diferentes, em países diferentes. Nós construímos
nossa história dessa forma e acho que é muito
bom, porque os assessores também ficam sujeitos ao código
de ética da profissão. Então, vamos debater
e derrubar os preconceitos, certo?
Marcelo
de Sousa (Assessor de Imprensa - Câmara Municipal
da Estância Turística de Embu - SP - Embu) pergunta
para Fred Ghedini : Fred, como você classificou o episódio
com o jornalista Larry Rother? E, você não acha
que o CFJ foi encaminhado ao Congresso numa hora imprópria,
já que aparenta ser um mecanismo de controle de governo,
pois a Fenaj é formada em sua maioria por assessores
de imprensa?
Fred Ghedini responde: É verdade, Marcelo, a hora
foi bem ruinzinha. Quanto ao Larry Rother, a FENAJ se manifestou
publicamente contra a atitude do Governo. Você sabe que
nós, jornalistas, somos contra qualquer cerceamento da
liberdade de imprensa ou de expressão. Mas, somos também,
favoráveis ao exercício da profissão com
responsabilidade (veja nosso código de ética).
Assim, a hora foi imprópria, mas o debate está
dado, e nós estamos debatendo. Nosso projeto é
nosso, não é do governo, e ser ele for em frente
trará benefícios para todos. Não devemos
ter preconceito contra os colegas assessores.
José Nunes (Redator - Jornal VS - RS
- São Leopoldo) pergunta para Fred Ghedini: Boa dia Fred.
O que a chamada grande Imprensa está fazendo já
era esperado, agora nós temos que manter a postura que
a de defesa do Jornalismo, vamos continuar lutando contra a
precariedade dos profissionais e desses pseudos jornalistas.
Fred Ghedini responde: Olha, José Nunes, é
importante que os colegas que não embarcaram na manobra
diversionista promovida pelos barões da mídia
sejam firmes e, ao mesmo tempo, inteligentes para manter o debate
em bom nível. Como eu disse ao Dines, no programa dele,
na última quarta-feira, temos respostas para todas as
perguntas que têm sido publicadas. Basta que nos ouçam,
e o debate seguirá seu rumo. A instituição
do Conselho (ou Ordem, tanto faz) só trará benefícios
à democracia. Só perde aquele que não quer
exercer um jornalismo ético e de boa qualidade.
Débora
Pinho (Editor-Chefe / Coordenador de Conteúdo
- Consultor Jurídico - SP) pergunta para Fred Ghedini:
Se é só um problema de nomes, por que acha que
os jornalistas estão inconformados?
Fred Ghedini responde: Não sei, cara Débora.
Estou aqui para debater e responder a todas as perguntas que
me sejam feitas. Também gostaria de saber. Perguntem,
por favor.
Débora
Pinho (Editor-Chefe / Coordenador de Conteúdo
- Consultor Jurídico - SP) pergunta para Fred Ghedini:
Por que ressalta tanto o Código de Ética nas entrevistas?
Considera que ele está esquecido pelos jornalistas?
Fred Ghedini responde: Débora, com certeza o código
de ética não tem sido observado em muitos momentos.
Nós estamos participando de um deles, exatamente agora.
Basta você ver a quantidade de reportagens, opiniões
e artigos publicados contra a proposta de Conselho e o espaço
pífio que nos tem sido dado. De resto, acho que o código
de ética tem sido sim bastante esquecido. E não
vejo que seja um problema torná-lo obrigatório.
Ao contrário, só vejo benefícios para todos,
pois quem há de ser prejudicado quando se exige a correta
apuração dos fatos e a cobertura do contraditório
com equilíbrio?
Giuliano
Pedroso Sousa (Editor - Revista Mundo Teen - SC -
Maravilha) pergunta para Fred Ghedini: Bom dia Fred...Não
estava na hora dos jornalistas brasileiros pararem de se preocupar
com quem `manda ou desmanda` sobre o CFJ e contribuírem
de forma verdadeira e ética em nossa atuação
na impresa! Digo isso pelo seguinte fato `estamos realmente
preocupados com o que é produzido pelos meios de comunicação
no país`? OU é mais um joguinho de gato e rato?
Fred Ghedini responde: Giuliano, no caso dos dirigentes
da FENAJ e dos jornalistas sindicalizados, que têm participado
deste debate, tenho certeza que estamos sim bastante preocupados
com a ética em nossa profissão. A proposta do
Conselho tem essa origem.
Julianna
Granjeia Silva (Estudante) pergunta para Fred Ghedini:
Olá. Fred. Sou estudante do 3º ano de Jornalismo.
Estamos discutindo muito na faculdade a respeito da criação
do CFJ, os professores e a maioria dos alunos não conseguem
ter uma opinião favorável ou contra o assunto,
já que as informção são várias
e muito diferenciadas. Acho que o Dines foi radical e conservador,
apesar de ser um profissional respeitado, mas não temos
como negar a ligação do Fenaj com a CUT, o PT
e logo com o caso do repórter Larry Rohter na famosa
matéria sobre o presidente Lula.
Fred Ghedini responde: Olha, Julianna, é um caso
de adotar uma postura ética e bem informada também
neste caso em tela. Veja você, nós não pedimos
atestado de filiação partidária para qualquer
jornalista se filiar ao Sindicato. Na direção
do Sindicato aqui de São Paulo temos colegas de quase
todos os partidos. Então, esse é o argumento de
quem não quer fazer o debate. Se todos os jornalistas
votarão para os integrantes do Conselho (ou da Ordem,
tanto faz), qual o problema? O que está em questão
é a exigência do registro (cumprir a lei da profissão)
e do código de ética. Que não é
de nenhum partido.
Fábio
José Mello (Freelancer - Freelancers) pergunta
para Fred Ghedini: O sr. confirma ter dito que os jornalistas
terão que pagar para exercer a profissão? Isso
é ético? Quanto vocês estão pensando
em cobrar de anuidade? Como fica a questão dos desempregados
e sub-empregados?
Fred Ghedini responde: Caro Fábio, como em qualquer
Conselho (ou Ordem), são os próprios profissionais
que deverão sustentar o CFJ (ou a OJB). Isso é
fundamental porque é a garantia de independência
e autonomia. Quanto cobraremos? Vamos debater essa questão
de forma aberta e democrática. Minha proposta é
que se cobre o mínimo necessário, que nosso Conselho
seja o mais enxuto possível, eleita democraticamente
por todos os jornalistas profissionais. Neste sentido, não
há o que temer. Como serão tratados os desempregados?
Temos que debater e encontrar a melhor solução.
Julianna Granjeia Silva (Estudante) pergunta para
Fred Ghedini: A proposta do CFJ ainda pode ser mudado quando
for a votação. O senhor acha que essa modificações,
se ocorridas, podem prejudicar as reivindicações
do projeto atual??
Fred Ghedini responde: Julianna, a proposta passará
pelo Congresso. Se os jornalistas conseguirem o mínimo
de unidade entre eles, no debate que está em curso, seremos
fortes o bastante para defender a melhor proposta. Vamos falar
com todos os parlamentares, em todos os Estados. Como já
escrevi antes, nosso Código de Ética é
como a Declaração Universal dos Direitos Humanos:
não há porque ser contra. Agora, a forma de aplicação,
as sanções, como trabalharemos para melhorar a
formação do jornalistas brasileiros... temos muita
coisa pela frente.
João
Carlos Miranda Leite (Repórter - Prefeitura
Municipal da Estância Balneária de Praia Grande
- SP - Praia Grande) pergunta para Fred Ghedini: Em sua opinião,
por que tantos jornalistas renomados estão veementemente
criticando a criação da entidade, se ela tem por
objetivo defender os profissionais das arbitrariedades da pressão
patronal? Há falhas de comunicação ou na
legislação proposta? Por que não adequar
uma das entidades já existentes para exercer a função
da CFJ?
Fred Ghedini responde: Caro João Carlos, não
há como adequar as entidades existentes, pois cada uma
delas tem sua função. Por exemplo, a FENAJ: já
tentamos, em 1999, que ela pudesse conferir o pré-registro.
Era o projeto de lei Caros Bezerra. O FHC vetou. Então,
restou a iniciativa de propor o Conselho. Tem, no Congresso,
a proposta de criar a Ordem dos Jornalistas, que já foi
nossa proposta há alguns anos. Estamos abertos à
discussão. Vamos ver o que sai desse debate. O que não
podemos aceitar é o massacre, o trator que vem aí
da dobradinha mídia/PFL para impedir o debate.
Eduardo
Sander (Outros - E-clip - RJ) pergunta para Fred
Ghedini: Fred, caso seja criado o CFJ, será extinto o
Conselho de Comunicação Social?
Fred Ghedini responde: Boa pergunta, Eduardo, pois há
muita desinformação e confusão. Por acaso,
participo do CCS. É um órgão consultivo
do Congresso Nacional para os assuntos relativos à Comunicação
Social. Não tem nada a ver com a regulamentação
profissional dos jornalistas e o código de ética
da profissão. Lá, participam representantes dos
trabalhadores, dos empresários da sociedade em geral
para apreciar todo projeto de Lei relativo ao tema que esteja
em tramitação no Congresso. Aqui, a questão
diz respeito ao exercício da profissão do jornalista.
Certo?
Marcelo
de Sousa (Assessor de Imprensa - Câmara Municipal
da Estância Turística de Embu - SP - Embu) pergunta
para Fred Ghedini: Fred, você sinceramente acredita que
Boris Casoy, Alberto Dines, Dora Kramer, Heródoto Barbeiro
estão defendendo os interesses patronais quando se colocam
contrários ao CFJ?
Fred Ghedini responde: Marcelo, eu não escrevi
isso. Se alguém tem esse tipo de dúvida, deveria
perguntar a eles. Quanto a mim, só quero ter a oportunidade
de esclarecer ao Boris, ao Dines, à Dora e ao Heródoto,
o que está em questão neste debate. Estou lutando
por essa oportunidade. Tenho certeza que ha muito a ser esclarecido
e que todos aqueles que são favoráveis e um jornalismo
ético vão estar abertos para fazer avançar
o debate. Não se trata de ficar no "contra ou a
favor". Contra por que? A favor por que? Se é contra,
qual sua sugestão para melhorar? É por aí.
Débora
Pinho (Editor-Chefe / Coordenador de Conteúdo
- Consultor Jurídico - SP) pergunta para Fred Ghedini:
Em que o Conselho beneficia os jornalistas? Por enquanto, só
tem ressaltado sobre a ética...
Fred Ghedini responde: Débora, beneficia porque
o jornalista vai se sentir mais apoiado para exercer sua profissão
com independência. Independência de governos, de
partidos, de religiões e de empresários. Ele vai
ter uma organização que vai poder apoiá-lo
em todos os momentos, sempre que houver conflitos no exercício
da profissão e ele se sentir pequeno, diante de uma força
maior. É a força dos profissionais, fechando na
defesa da regulamentação e da ética. Pense
bem, acho que teremos alguma coisa a ganhar. E a sociedade também.
Quero continuar o debate em espaço maior.
Gaspar
Bissolotti Neto (Editor-Chefe / Coordenador de Conteúdo
- O Patriota - SP) pergunta para Fred Ghedini: A realização
de um plebiscito. O que você acha?
Fred Ghedini responde: Gaspar, acho genial. Também
estamos sugerindo à Mesa do Congresso (Câmara e
Senado) um mega-audiência pública sobre o tema.
Quem haverá de ser contra? O debate, nas questões
envolvendo a ética e o poder da mídia, só
traz benefícios. Vamos juntos que é por aí.
*Fred
Ghedini é Vice-Presidente
da FENAJ e Presidente do SJPESP é Bacharel em Jornalismo
pela ECA-USP e Mestre pela Faculdade de Educação
da USP.
Fonte:
Comunique-se.
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