Nº 12 - Nov. 2009
Publicação Acadêmica de Estudos sobre Jornalismo e Comunicação ANO V I
 

 

Expediente
Ombudsman: opine sobre a revista Ombudsman: opine sobre a revista Ombudsman: opine sobre a revista

Vinculada
à Universidade
de São Paulo

 
 

 

 


 

 

 

 

 

 



ENTREVISTAS
 

LUIZ CARLOS AZENHA
"O jornalismo autoral na televisão está morrendo"

Por
Valquíria Passos Kneipp*

Luiz Carlos Azenha é repórter de televisão há quase 30 anos. Começou a carreira na cidade de Bauru, interior de São Paulo, nos anos 80. Depois, foi para a capital onde trabalhou na Globo e na extinta TV Manchete. Lá ganhou o mundo como correspondente internacional. Cobriu Fórmula Indy, política, economia, guerras e outros acontecimentos mundiais.

Reprodução

Voltou ao Brasil depois de 16 anos de correspondência. Relata suas experiências profissionais através do site http://www.viomundo.com.br. Esta e outras questões a respeito da profissão de jornalista de televisão são o assunto da entrevista concedida à jornalista Valquíria Kneipp.


Valquíria Passos Kneipp: Como que você foi trabalhar na tevê pela primeira vez?

Luiz Carlos Azenha: Eu trabalhava num jornal, no interior de São Paulo – Jornal da Cidade de Bauru. Eu comecei cedo, com 13 anos de idade. Eu vim estudar jornalismo aqui em São Paulo, na USP. Já trabalhava há muitos anos e aí a cidade me cansou um pouco. Era começo, eu ficava perdido geograficamente aqui (São Paulo). Eu voltei pro Jornal da Cidade de Bauru. Isso foi em 78, 79. Voltei, mas em seguida a Globo resolveu reativar a TV Bauru, que foi afiliada antiga dela. Hoje mudou de nome e foi vendida. Nessa época era uma afiliada antiga, que não tinha jornalismo. E, se não me engano, por uma questão de legislação, tinha que ter certa programação local. E aí surgiu a oportunidade de sair do jornal pra ser repórter de televisão em 1980.

VPK: Você já era formado em jornalismo?

LCA: Não, ainda não. Terminei depois de muitos anos de batalha.

VPK: E que tipo de experiência eles pediam pra ser repórter de televisão?

LCA: Na época foi mais uma avaliação de capacidade profissional. Foi uma coisa muito individual. Porque a pessoa que foi pra Bauru, era um apresentador – Sérgio Roberto, aqui de São Paulo, e ele fez uma avaliação baseada principalmente na experiência de quem ele estava contratando, que eram jornalistas todos locais, dentro de uma determinada faixa, que já tivesse experiência em texto. A gente não tinha experiência em televisão. Nós tínhamos texto. E havia um treinamento básico da tevê Globo. Na época a gente estava muito aquém do padrão que se espera hoje de uma emissora de televisão, até do vestuário. A gente era criticado por usar [certas] roupas. É foi engraçado o começo.

VPK: E você se lembra de alguma crítica que vocês sofriam?

LCA: Lembro. Essa por exemplo, a roupa especificamente, porque teve um pouco de bairrismo nisso. Porque quando a tevê Globo foi organizada, ela era cabeça de rede de toda região. Do oeste paulista. Então, as pessoas que estavam em São José do Rio Preto viam notícias de Bauru. A gente tinha só um equipamento. Então a nossa produção em Bauru era muito maior, do que em outras cidades. E, portanto, causou certo alvoroço e eu me lembro bem, uma das críticas feitas por uma escritora de São José do Rio Preto, em relação ao nosso trabalho, era que ela falava coisas [tais] como “repórteres maltrapilhos” etc. Isso foi um argumento que ela usou, com razão, aliás.

VPK: Vocês andavam mal-arrumados?

LCA: Mal-arrumados pelos padrões. Ela usou esse argumento, provavelmente porque não tinha outro, mais pelos padrões da época talvez; eu não me lembro de estabelecer uma comparação, mas a gente andava sim.

VPK: Você falou que fez treinamento. A emissora dava treinamento, seguia um manual na época?

LCA: Não. Eram orientações básicas. A gente não fez um treinamento. A gente foi fazer treinamento um pouco mais tarde. Eu passei a vir muito pra cobrir férias de repórteres da tevê Globo aqui de São Paulo. Foi a minha primeira experiência com treinamento com a Glorinha Muller, que determina a questão da fono. E era um aprendizado mais ao fazer, e a sofrer críticas da própria emissora, de dentro da emissora: “olha o padrão não é esse aí, tem tal, é assim, assim assado“. Quer dizer, foi um treinamento no trabalho, não foi um treinamento feito para o trabalho.

VPK: Como que era o trabalho do jornalista quando você começou empiricamente e hoje. Qual a diferença, além da evolução técnica, o fazer jornalismo?

LCA: Ao fazer jornalismo, eu acho que havia mais espaço pra reportagem. Hoje, existe certo centralismo democrático nas redações. Alguns preferem chamar de “leninismo”. Eu não endosso exatamente essa tese, mas é certamente um centralismo, vamos assim dizer. O que o Zé Dirceu fazia no PT.

VPK: Tem alguém que faz isso nas emissoras?

LCA: Eu acho que não, não é que tenha alguém que faça isso nas emissoras. Eu acho que a Internet, principalmente, é uma ferramenta que abriu espaço para os editores dos telejornais e as pessoas que estão em cargos de direção, que tinham capacidade de interagir com os repórteres, com quem está em campo, com uma rapidez muito maior.

Isso pode ser feito dentro do tempo de produção da matéria. Antes não tinha tempo, a matéria chegava, editava e olha lá. Alguém olhava seu texto? Dificilmente alguém olhava o seu texto, porque era tudo na correria. Tinha que estar no ar e não tinha tempo.

Hoje não. Quando você produz uma matéria, por exemplo, por causa da rapidez a Globo hoje tem laptop em alguns de seus carros. Ou seja, você pode trocar informações ali e ao mesmo tempo você pode entrar na Internet, apurar um dado que está no seu texto.

Isso abre possibilidade pra que muita gente... não é que dê palpite, mas que influencie o texto que vai ao ar em seu nome. Isso tem coisas boas e tem coisas ruins. O bom é que você erra menos do ponto de vista factual. O ruim é que a reportagem está morrendo.

A reportagem tradicional, aquela que o repórter vai e traz com o seu feeling, está morrendo. Quando se diz que qualquer repórter pode fazer hoje qualquer reportagem é “quase” verdade, porque os pensamentos originais na televisão estão morrendo. Há quase sempre um pensamento pronto, o que antes se fazia muito em revista.

Criticava-se que o repórter saísse da sede da revista com uma matéria pronta e fosse procurar os fatos. Só pra preenchê-los. Isso, as mudanças tecnológicas permitiram que se fizesse na televisão também. Então, como repórter, acho que o jornalismo, a reportagem mesmo, está morrendo sim.

VPK: Você sempre foi repórter?

LCA: Sempre fui repórter. Aliás, fui editor também, mas com feeling de repórter. Fui editor de noticiário local.

VPK: Você falou dessa diferença no trabalho, que era mais autônomo. Hoje, várias pessoas põem a mão. Então, mudou a hierarquia, já que antes havia menos cargos na redação e agora há mais pessoas?

LCA: Não, eu acho que não. Por uma questão de organização das emissoras, o que aconteceu? É um processo que a gente viveu nos Estados Unidos, quer dizer, eu vivi lá. Portanto, vi acontecer lá. Que foram as grandes emissoras de televisão, vamos ser específicos aqui. Isso aconteceu também com a mídia impressa, com rádio, Internet.

Houve uma consolidação muito grande das empresas. Nos Estados Unidos, você teve as três grandes redes que foram vendidas pra grandes conglomerados de entretenimento. A ABC foi vendida para a Disney, a NBC foi vendida para a General Electric e a ABC foi vendida para a Capital Cities. Enfim, houve um processo de desenvolvimento do capitalismo, da notícia como um produto de fronteira entre o entretenimento e o jornalismo em si. Isso tudo aconteceu simultaneamente.

É um processo que se passa no Brasil também. Isso implica em quê? Em reprodução na redação dos mesmos – vou usar uma frase marxista – dos mesmos processos de concentração econômica que aconteceram nos Estados Unidos e que estão se passando aqui. E você tem agregação de valor, você precisa fazer mais com menos.

Então, eu não diria que a redação inchou, pelo menos em relação aos repórteres.

VPK: Mas as funções não ficaram mais diversificadas? Antes não era “um dava ordem, outro executava”, pois a mesma pessoa vinha e editava. Então, a televisão também ficou mais industrial?

LCA: Ficou mais industrial. Até porque você tem você tem de preencher um espaço maior com menos tempo, evidentemente. Então, o que acontece hoje na rua é que, às vezes, você não participa do off de uma reportagem que vai ao ar com o seu rosto. E você participou muito pouco dela. Um acontecimento como, por exemplo, um avião que caiu e eu tenho de me deslocar até lá. Até eu chegar lá, uma equipe já terá filmado, ou outro repórter já poderá ter feito as perguntas.

Então, o jornalismo autoral na televisão está morrendo. Muitas vezes, eu chego lá e as informações me são passadas pelo editor que viu o material: “olha tem tal coisa”. A gente discute a matéria, existe essa discussão, não é que morreu absolutamente. Mais está diminuindo.

VPK: E como aconteceu de você sair de uma cidade do interior e se transformar num correspondente internacional?

LCA: Foi sorte minha. Eu tomei uma decisão corajosa quando era jovem, que foi de sair da Globo. Todo mundo acha que sair da Globo é o fim da vida (naquele tempo tinha o mito de que se saiu não podia voltar). Exatamente assim. Mas não só isso. Como saiu, não existia nada aí fora, não existia um mundo além da Globo naquela época.

VPK: E você foi pra Manchete?

LCA: Na verdade, eu queria vir pra São Paulo pra concluir o curso. Eu achava legal. Eu estava me sentindo muito preso no interior. Depois, por acaso, a Manchete estava em formação. Eu encontrei na rua um colega, o Heraldo Pereira, fazendo a cobertura da morte do Tancredo. Ele disse: “tem vaga lá na Manchete”. E eu fui lá, me apresentei, fiz uma cobertura, que acho que foi bacana, sobre a eleição de São Paulo. Aquela que o Jânio ganhou do Fernando Henrique de surpresa.

E aquilo me abriu espaço por, sei lá, uma série de coincidências. Eu falava inglês, tinha morado nos Estados Unidos, falava fluentemente. O correspondente de lá decidiu sair... Uma série de coincidências. O cavalo passou encilhado, eu pulei em cima e fui.

VPK: Quantos anos você ficou fora do Brasil?

LCA: Ao todo, eu fiquei 16 anos. Fiquei 13 numa primeira fase. Voltei pro Rio e, depois, foram mais três anos na Globo.

VPK: A missão do correspondente é traduzir a notícia pro Brasil?

LCA: Deveria ser traduzir a notícia pro Brasil como a visão brasileira do processo, mas também acho que está havendo uma banalização da correspondência. Até porque antes os cargos de correspondentes eram reservados para os repórteres mais maduros, aqueles que, portanto, talvez tivessem acumulado maior capital de conhecimento. Então, você tinha a qualidade de pessoas como o – sem se desfazer dos correspondentes de hoje – Lucas Mendes, que faz o programa da GloboNews, o Manhattan Connection. Assim, havia correspondentes com uma super qualidade, pessoas super cultas etc. Com conhecimento de política internacional.

E hoje você tem o quê? Um achatamento salarial no exterior. Manda gente mais jovem ganhando menos. Não, até que é bom, é bom. Todo mundo tem de ter essa experiência. Mas hoje já não é uma experiência do ponto de vista econômico, porque o achatamento salarial também aconteceu no exterior. Então, você hoje não pode se dar ao luxo de dizer: “ah, vou pegar tal pessoa”. Não, em geral você pega um jovem talento, no qual acredita aqui no Brasil, e coloca lá sem falar a língua. Ora, o idioma de um país é um processo de troca cujo aprendizado leva de dois a três anos. Então, é muito precoce, a pessoa nem amadurece.

Assim, você tem também uma redução [de autonomia], mais uma vez o processo que se dá com o repórter, também se dá com o correspondente. Há casos em que o editor de um telejornal aqui em São Paulo define o que o correspondente vai dizer sobre o mundo lá de Nova Iorque. É verdade! O cara passa por e-mail: “eu acho que essa frase aqui não está legal”. Você tem esse centralismo muito grande, que é contraditório com a expansão da comunicação pela Internet. É um choque.

VPK: Por ser fluente em inglês, não sofre nenhum tipo de preconceito?

LCA: Eu nunca senti nenhum tipo de preconceito. Talvez um pouco mais depois de 11 de setembro, em relação a repórteres falando um idioma desconhecido pra eles, que são praticamente todos, na rua. Aí, você pode ter um porteiro de um prédio que vê aqueles caras e diz: “esses terroristas”. Mas nada institucional.

VPK: Nos EUA, há regras mais rígidas quanto à exposição de imagens?

LCA: Não, os americanos são mais preparados pro mundo da informação. Portanto, quando eles fazem um evento público, que eles querem atrair a mídia, eles são abertos tanto para a tevê do Zimbabué quanto para a tevê brasileira. Talvez haja uma gradação em relação a quantos telespectadores em potencial aquele país tem, que tipo de importância tem aquele mercado, mais é só por aí. Eles são muito abertos pra informação.

VPK: Em sua opinião, a televisão brasileira copiou o telejornalismo americano?

LCA: Ah, eu acho que ela copiou, mas eu acho que também personalizou um pouco. Independentemente de concordar ou não com isso, eu acho que ela personalizou um pouquinho, mas, da mesma maneira, creio que isso tem a ver com a cultura brasileira.

VPK: Quais que são as principais diferenças do nosso jornalismo? Tem gente que diz que “aqui se copia tudo”.

LCA: A forma é realmente parecida. A redação ao fundo, por exemplo, porque passa credibilidade. Ou gente bonitinha. Põe a mulher do tempo, que dá sempre o mesmo passo, do mesmo jeito. O que eu acho é que no Brasil é tudo muito pasteurizado, é tudo igual. Por quê? Não há uma diversificação de mercados tão grande quanto nos Estados Unidos. E lá há espaço para um jornal cômico, em que o cara faz comédia com as notícias de verdade e é levado a sério.

E o que você pode fazer em um mercado absolutamente segmentado como o americano? Tem-se público pra tudo. Logo, o telejornal tem milhões de formatos diferentes. Já o Brasil é um país que, em relação à população total do país, tem uma classe média muito pequena. O mercado não é tão fragmentado assim. Se quiser, você pode dizer jocosamente: “você tem uma patota, que fala uns para os outros na Internet”. Os comentaristas se pautam uns pelos outros e não pelo mundo real, que está aí fora.

Por quê? E não adianta culpar apenas os profissionais. Você tem uma coisa que é real nas emissoras de televisão e nos jornais que é a contenção de custos pra aumentar o faturamento das empresas. E aí coloca os seus comentaristas, em um país tão complexo como o Brasil, com tantas diferenças regionais, pra fazer [de longe] uma análise política. Eu dou razão ao Lula ou a qualquer outro político brasileiro que diz assim: “Eu viajei o Brasil, eu conheço o Brasil, vocês não”.

Mas é fato, você precisa viajar pra conhecer o país em que vive; é diferente você conhecer pela televisão ou você vir até a Amazônia. Você tem de sair de lá com outra sensação do Brasil. Assim, os critérios de cobertura são apavorantes... mas não é bem essa a palavra, talvez “fellinianos”. Você vê o Roberto Jefferson numa emissora de televisão, na noite da eleição, fazer um comentário sobre o resultado da eleição, aquilo é uma coisa sem noção. Aí você pega o candidato derrotado ao Senado por São Paulo, o Afif Domingos. Nada contra ele, pelo contrário, pois é uma pessoa que eu conheço e me dou muito bem pessoalmente. Mas, na noite da eleição em que foi derrotado, ele fazer um discurso pró corte de impostos...

Entende, é uma coisa sem critério. Chama um amigo pra falar na televisão. Comparando a cobertura eleitoral americana com a brasileira, acho que a gente está muito ligado no visual e no emocional, na relação do telespectador com o apresentador etc. Tem sempre de ter aquela graça, aquela coisa emocional, mais que a preocupação com o conteúdo mesmo.

O conteúdo tá ficando meio pra escanteio.

VPK: Você se lembra de alguma história que ilustre o seu cotidiano como correspondente?

LCA: Quando eu era correspondente da Manchete, nós viajávamos em quatro pessoas: um repórter, um produtor, um câmera e um assistente. A gente levava a ilha de edição e tinha muito pouca possibilidade de comunicação com o Brasil. Na União Soviética, imagine se eu podia pegar o telefone e ligar pra produtora ou pra diretoria de telejornalismo e discutir o texto que ia ao ar!

Não dava tempo. Essa tecnologia não estava desenvolvida. Em 1988, sem Internet, para se comunicar da União Soviética com a tevê Manchete era preciso passar um telex desde Moscou. Então, eu tinha uma liberdade muito maior. Eu escrevia, editava, fazia tudo, e depois mandava.

VPK: Você era o autor "de fato"?

LCA: O que ia ao ar era autoral, era "minha" matéria. Ia ao ar com as coisas boas e, principalmente, as besteiras que eu escrevia, que entravam muitas. Quinze anos depois disso, de novo como correspondente em Nova Iorque, fiz matérias sobre assuntos que tinham acontecido em outro lugar. A presença física estava em Nova Iorque, mas a notícia estava em outro lugar, porque não tinha outro correspondente. Ficaria caro mandar outra equipe, e hoje nós viajamos em apenas duas pessoas.

O que acontece, então? Como eu não estou presente fisicamente em todos os lugares, outras notícias e outras imagens chegam à redação e eles querem que você inclua aquilo na sua reportagem. Ou seja, fatos que você não presenciou e vai ter de narrar, provavelmente fora de contexto, dentro da mesma reportagem. Eu acho que isso diminui o espaço autoral pra reportagem.

Então, aí tanto faz quem faça a matéria. Pode ser que eu, que reúno uma experiência internacional, possa melhorar um pouco a matéria. Ou não. Mas, de todo modo, independe da qualidade profissional de quem estiver cobrindo.

*Valquíria Passos Kneipp é jornalista formada pela Unesp de Bauru/SP, doutora pela ECA/USP, professora da Faculdade da Grande Fortaleza (FGF) e Editora-Assistente da Revista PJ:Br - Jornalismo Brasileiro.

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Revista PJ:Br - Jornalismo Brasileiro [ISSN 1806-2776]