Novembro de 2011
Publicação Acadêmica de Estudos sobre Jornalismo e Comunicação ISSN 1806-2776
 
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ENSAIOS

A ética e os valores jornalísticos
Segundo os jornalistas portugueses do período do Estado Novo (1933-1974)

Por Patrícia Oliveira Teixeira*

RESUMO

Este trabalho [1] teve por objectivo descrever, através de uma análise qualitativa do discurso, os conteúdos sobre a ética e os valores jornalísticos no Boletim do Sindicato Nacional dos Jornalistas (1941-1945), em Jornalismo, também do Sindicato Nacional dos Jornalistas (1967-1971) e na Gazeta Literária, da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto (1952-1971), determinando: (1) de que forma, nestas publicações, se falou sobre a ética e sobre os valores jornalísticos, numa altura em que se vivia sob o regime ditatorial do Estado Novo; e (2) quais os enquadramentos simbólicos construídos discursivamente nestas publicações sobre a ética e os valores jornalísticos.

Número 4, dez. 1941


PALAVRAS-CHAVE: História do Jornalismo / Sindicalismo Jornalístico / Portugal

1. Introdução

Em Portugal, a profissionalização e modernização do jornalismo foi, para além de lenta, turbulenta (CABRERA, 2006, 2010; CORREIA e BAPTISTA, 2007, 2010; SOBREIRA, 2003, 2010; SOUSA, 2009a, 2009b, 2010; VALENTE, 1998; VERÍSSIMO, 2003).

Não obstante, os jornalistas portugueses revelaram desde cedo um sentido de classe, fundando, desde 1880, várias organizações representativas dos jornalistas.

O processo culminou com a instituição, pelo Estado Novo, em 1934, do Sindicato Nacional dos Jornalistas (SNJ), sedeado em Lisboa, como única entidade sindical representativa da corporação. No Porto, no entanto, manteve-se em funcionamento a Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto (AJHLP), entidade fundada em 1882, que tinha, contudo, um perfil cultural. Ambas as entidades procuraram contribuir para a reflexão e teorização sobre o jornalismo, através das suas próprias publicações periódicas.

O SNJ publicou cinco números de um Boletim, entre 1941 e 1945 (embora o último número abarque um período de quatro anos, de 1942 a 1945), e dezassete números do periódico sindical Jornalismo, entre 1967 e 1971; a AJHLP publicou, com interrupções, ao longo de quatro séries, entre 1952 e 1971, a Gazeta Literária, num total de 116 números (embora vários deles fossem duplos, triplos ou abarcassem mesmo mais números).

Essas publicações são um objecto de estudo relevante para se compreenderem as perspectivas dos jornalistas portugueses sobre o jornalismo durante a ditadura do Estado Novo (1933-1974) e, em especial, durante o período de modernização do jornalismo nacional e de rejuvenescimento e melhoria de formação da classe, que decorre entre 1956 e 1968 (CABRERA, 2006; CORREIA e BAPTISTA, 2007; 2010; SOBREIRA, 2003; 2010).

Este trabalho tem por objectivo determinar as concepções do jornalismo que são expostas nessas publicações dos jornalistas portugueses, as primeiras a debruçarem-se sobre esta actividade profissional em Portugal. Em particular, tentar-se-á perceber qual a conceptualização que os jornalistas portugueses faziam dos valores profissionais e da ética que pela qual se deveriam reger e deveriam reger a sua profissão.

Para o efeito, a partir de uma leitura flutuante, mas sistemática, das publicações periódicas em causa, recolheram-se e interpretaram-se excertos de texto elucidativos, na linha apontada por Sousa (2006, pp. 343-376) para a análise qualitativa do discurso.

2. Os jornalistas e seus valores profissionais no Boletim do Sindicato Nacional dos Jornalistas (1941-1945)

Sobre o modo como os jornalistas portugueses de quarenta abordaram a questão da ética e dos valores profissionais, o que diz o (primeiro) Boletim do SNJ e que significados sugere para aquilo que diz?

Nos anos quarenta, o jornalismo português dava, efectivamente, passos largos rumo à profissionalização e à separação entre o jornalismo profissional, com direitos e deveres estipulados pela lei e por códigos profissionais, e o jornalismo amador, feito por “escritores de jornal” que, por vezes, se consideravam a si mesmos jornalistas. Porém, numa sociedade que desconfiaria dos jornalistas, que valores deveriam estes cultivar para com a sua conduta lograrem credibilizar a sua profissão e legitimá-la socialmente?

Por outras palavras, que valores deveriam presidir à ética jornalística? José Ribeiro dos Santos (1941, p. 139-141) responde, acentuando que tendo os jornalistas influência na sociedade, possuem direitos inerentes ao seu exercício profissional, pelo que têm de exercer a sua profissão com responsabilidade “intelectual e moral”.

Isso passaria por saberem quase omniscientemente o que se passa – mesmo que o jornalismo já então rumasse para a especialização, conforme o próprio autor nota – e pela separação absoluta entre as funções jornalísticas e as publicitárias, problema que então certamente se colocava. E para compensar o facto de o ingresso na profissão não exigir títulos profissionais, Ribeiro dos Santos (1941, p. 139-141) ainda pede ao jornalista um esforço pessoal de investimento no seu capital cultural:

Isto (…) leva (…) uma recordação (…): a da influência do jornalista na vida social. Ninguém se furtará, (…) a assinalar esta influência (…).O jornalista (…) pelo alto significado da missão que deve desempenhar (…), tem de se impor pelas suas próprias virtudes – e essas virtudes serão de ordem intelectual e moral. No domínio intelectual – cada um de nós tem de ser uma espécie de enciclopédia viva: saber alguma coisa de tudo – a data de um acordo diplomático, o estilo de certa sinfonia, a tonelagem do cruzador que vai ao fundo, quanto petróleo produz o Iraque, quantos golos marcou o Peyroteu… Há, por certo, a especialização: mas nunca será um jornalista completo aquele que se entronizar no pedestal da sua especialidade e, pretendendo fazer-nos crer que sabe muito tomar à sua conta certo assunto e revirá-lo no mais lúcido comentário, desdenhar aqueloutro tema como indigno da sua atenção.

Para isso, porque a profissão é exercida sem que nenhum título ou preparação especial sejam exigidos, cada um compreenderá (…) o dever de apurar a sua cultura. Hoje, um repórter tem de estar a postos para tudo: para descrever o incêndio na fábrica de qualquer coisa, para recolher e reproduzir as opiniões desta ou daquela sumidade que o Clipper pegou ou largou, para comemorar num relâmpago a obra premiada na Academia. Dir-se-á: é exigir muito em troca de muito pouco. Exactamente. A objecção colhe – mas é preciso que não colha. O nobilitamento da profissão é tarefa que incumbe ao próprio profissional (…).

Um aspecto que nos parece muito digno da nossa atenção é este: o da separação absoluta, rigorosa, entre as funções, por assim dizer, redactoriais e administrativas, jornalísticas e publicitárias. Quer dizer: o verdadeiro código do jornalista vedar-lhes-ia ingerir-se em assuntos de publicidade. Nós sabemos que há publicidade de várias categorias, a do anúncio à Pai Adão, com tarjas e filetes, com letras grossas e ornatos de vário gosto; e a outra, a de alto bordo e “letra miudinha” – que esta tem de ser redigida e que, como dizia um dos mestres do ofício, se toda a gente pode escrever para os jornais, só nós, jornalistas, sabemos escrever em os jornais. (…) Mas aos (…) jornalistas (…) que fizessem parte dos quadros das redacções, seria interdito o trato de assuntos do mesmo género. Isto não quer dizer que o jornalista – alguns há que o fazem – que se dedique também a assuntos dessa índole perca a sua independência. Mas precisamos todos de sentir (…) que essa independência não sofrerá em qualquer emergência a mais leve ameaça de diminuição.

Para um outro autor, Luís Teixeira, o jornalismo era uma verdadeira profissão, exercida por verdadeiros profissionais, algo que nem todos os colaboradores de jornais podiam ser considerados. Para ele, conforme se lê no texto seguinte, os jornalistas são verdadeiros “procuradores das multidões”, ou seja, representantes do povo na procura de informação e devem registar e comentar aquilo que vêem. Dentro dessa lógica, o autor enaltece os repórteres, para ele figuras cimeiras do jornalismo profissional e que apelida de “caçadores de sensações” e “perseguidores da vida”.
 
A reportagem, fulgor e definição do jornalismo moderno, (…) [é destinada] a um mundo que adquiriu com o choque das ideias e a explosão brusca dos acontecimentos uma sensibilidade mais ansiosa (…). À “concisão e à simplicidade” antigas e aconselhadas por Herculano, juntou-se o “gosto do sensacional”, tendência que é, no dizer de um observador germânico, “o romantismo dos homens de acção”. Surgiram então os trabalhadores profissionais do noticiário, da pequena e da grande reportagem, caçadores de sensações e perseguidores da vida nos seus mistérios, nas suas encruzilhadas, no torvelinho dos seus despistes, na vibração dos seus entusiasmos, no murmúrio dos seus monólogos íntimos.

Quantas vezes, ainda hoje, eles exercem as suas funções entre as suspeitas e a incompreensão de muita gente!...

Olham-se esses homens de gola levantada que saem quase ao amanhecer de umas casa onde se ouve, constantemente, o retinir de muitas campainhas eléctricas, o martelar de máquinas de escrever, coisas que rangem e fazem tremer as paredes, no dizer de Erik Kastner, como se eles fossem elementos de uma reunião de conjurados, morcegos de associações secretas, fantasmas que passassem a noite no capricho de organizar visões de pesadelo. Eles cruzam nas ruas escuras, ao alvorecer, com os últimos pares de foliões emborrachados que regressam de uma noite de bebidas e intimidades numa dancing de tangos tristes.

Procuram na modéstia de um quarto andar sem aquecimento, no alto de uma escada sem luz, algumas horas de repouso merecido.

Dentro de minutos, entre o prato das torradas e a chávena do café com leite, o leitor encontra, no bocejar do seu estremunhamento, fiel, infalível, seguro – o jornal.

Para isso um grupo de homens trabalhou dia e noite, correndo ansiosamente, primeiro, queimando arrastadamente, depois, em longas horas de cabeça curvada sobre folhas de papel, energias intelectuais, nervos – saúde.

São esses homens – os jornalistas – os verdadeiros procuradores da multidão. Pelo seu punho ela escreve nas páginas dos diários o registo das suas memórias e das suas ansiedades, dos seus arrebatamentos e das reacções dos seus casos. Ela tudo entrega ao jornalista: – a confidência dos seus pecados e a confissão dos seus delitos; a narrativa das suas ambições e o capricho da sua inconstância, os seus males, os seus infortúnios, as suas queixas e os seus aplausos.

Todos aqueles homens que envelhecem cedo, moídos pela febre de uma vida intensa e esgotante no labor das redacções, esvaziam sempre a taça do seu destino – brindando pela multidão. Isto lhes dá vaga consciência de servidores de um saboroso ideal que os distingue como uma casta à qual cabem prazer e sacrifício que a mais ninguém compete e ninguém mais exerce com o espírito meio boémio, meio romântico de quem vive a vida em suave intenção de enternecimento amoroso. (…) É que presos do seu ideal, entregues totalmente a esta profissão ingrata, árdua, extenuante mas atraente e tentadora, os homens da reportagem deixam-se queimar, gastar, vivendo só para os seus sonhos pequenos, para as suas ilusões, para as suas lutas íntimas, conduzidos sempre pela doce harmonia de uma “música interior” que só eles escutam e só eles gozam.

Construtores de reputações e produtores de popularidade e de prestígio; cumprindo, ao mesmo tempo, na sua alta missão nacional, o serviço das causas mais nobres e das iniciativas mais úteis; sacrificados a todos os estranhos condicionalismos de oportunidade e de circunstância, os trabalhadores do jornalismo, empolgados pela vertigem dos factos que registam e comentam, esquecem-se frequentemente, de si próprios (TEIXEIRA, 1941, p. 181-184).

Também Acúrcio Pereira (1941, p. 125-126) elogia a figura do repórter. Alegadamente secundarizado, segundo o autor, no jornalismo português, vivendo no anonimato, o repórter seria, no entanto, para ele, mais importante para os jornais do que outros jornalistas. Ser repórter seria, aliás, segundo Acúrcio Pereira (1941, p. 125-126), uma forma de dar continuidade a uma nobre tradição histórica, que em Portugal teria tido por primeiro expoente o cronista Pero Vaz de Caminha:

Pero Vaz Caminha (…) é o primeiro repórter português. Nele se reúnem a verdade da narração, a simplicidade expressiva dos dizeres, o sentido da responsabilidade do encargo, o espírito agudo de observação, que sem ele a Relação do Piloto Anónimo seria papel descolorido, monótono, de tão miúda pormenorização que o sabor descritivo lhe desfalece no contraste. (…) Mas quantos sacrifícios ignorados, quanto instinto do que mais tarde havia de ser a profissão, se encontram nos relatos, sobretudo das guerras com a Espanha que encarniçaram os anos sucessivos à Restauração! Quem animava a fé na independência, quem incendiava o ardor dos patriotas, quem, sempre anónimo, ajudava a cimentar a segunda fundação da nacionalidade, se não o repórter?

Empunhando a pena de pato ou a caneta de tinta permanente, o repórter tem sido em Portugal, talvez mais do que em muitas outras partes do Mundo, o colaborador persistente e anónimo, plebeu de raça e nobre de mester, que a todos os transes nacionais tem oferecido a sua sinceridade, o crepitar do seu amor profissional exclusivo, as humildes provações de todas as horas. Os Estados Unidos, a Inglaterra, a França, a Alemanha sabem quem são os seus grandes repórteres, que o acontecimento por avantajado também lhes avantaja os nomes e incha a cifra nos cheques dos honorários.

Na nossa terra, medida a palmos, o verdadeiro repórter, aquele que é base, corpo e alma dos jornais de grande informação, esse nasce e morre anónimo, como nasce e morre pobre. Honestidade de processo, risco pessoal para a boa execução do seu trabalho, desprezo de comodidades, honra na conduta, disciplina na fileira com os camaradas, nenhuma ambição que o leve a invejar as vestes de gala, as festas luzidas, os adjectivos ressoantes ligados aos apelidos. (…) Ao atribuir ao repórter português um antepassado como Pero Vaz Caminha, não quis dar-lhe carta de nobreza que não fosse a da verdade e da dignidade da narrativa. Quem sinceramente amar a sua profissão de jornalista há-de preferir, sem dúvida, a qualidade de repórter a outra mais especulosa com que tanta boa gente se orna sem razão nem motivo.

Para se ser um bom repórter, seria preciso assumir riscos, ter alguma latitude interpretativa e expressiva e desenvolver uma ética profissional de respeito pelo próximo. E ainda assim o repórter corria o risco de ser um eterno incompreendido:

A vida (…) não conta quando a alegria pessoal da conquista de uma notícia pode reclamá-la. Gastam-se os nervos, a paciência torna-se calhau roliço à força de passarem sobre ela as cascatas das vaidades, a luz dos triunfos não o cega, o ruído das aclamações só o arrebata até a hora em que traduz no papel o espectáculo que se lhe oferece. O coração do repórter tem de impressionar-se com as lágrimas da criança ou da viúva, com a massa sangrenta do corpo do trabalhador que o desastre mutilou; a sua vista penetra muitas vezes tenebrosas intimidades; ouve os gritos despedaçadores das almas em frangalhos. À sua mesa, como o disco de gramofone, mas não maquinalmente como ele, reproduz o que viu e ouviu. Não tudo, é certo, mas apenas porque assim o recomendam o pudor e o respeito pelo próximo. E quantas e quantas vezes os outros, passado o transe, ainda maldizem o repórter ou fingem desconhecê-lo! (PEREIRA, 1941, p. 126-127).

Numa das muitas tentativas de persuadir os pares e o público da enorme dificuldade – mas também da enorme dignidade – da profissão de jornalista, Fernando Alberto Pimentel (1945, p. 142-145) faz um “Elogio do jornalista”, num artigo originalmente publicado no diário República, a 7 de Novembro de 1943, republicado pelo Boletim do Sindicato Nacional dos Jornalistas. Nele, além de sugerir que ao jornalista são exigidas qualidades quase sobre-humanas e total devoção ao trabalho – incluindo aqui a luta pela cacha ou a possibilidade de ser morto ao exercer a sua profissão, o autor também reconhece que o jornalista tem, ao fim de contas, um significativo poder simbólico sobre o público:

Quando o leitor pega no jornal lê-o e depois (…) vende-o a peso. Mas o que está ali é o esforço de bravos batalhadores, (…) cujo nome (…) se mantém ignorado do grande público. Ser jornalista, hoje em dia, representa ser um soldado. A responsabilidade actua sobre ele, e o seu dever tem de ser cumprido custe o custar, pois é absolutamente necessário que o grande público seja informado dia a dia do que se faz no mundo inteiro e essas informações hão-de ser absolutamente concretas e claras. (…) O jornalista não pode basear-se em dúvidas, mas sim em certezas. Perante essa necessidade não pode vacilar; tem de esforçar-se por conseguir de qualquer modo a certeza, mas sem que ao leitor, seja de que condição for, possam surgir dúvidas. Tem que ser concreto e simples, pois deve atender a que aquilo que escreve é lido por pessoas das mais variadas capacidades mentais. Isso, sem dúvida alguma torna ainda mais difícil o árduo trabalho do jornalista.

Além disso tem de ser do seu tempo (…). Tem, necessariamente, de ser crítico e observador, pronto a ver aquilo que não é dito em linguagem corrente e que oculta qualquer coisa. A variedade de notícias faz dele um homem culto, pois isso é fundamental (…). O sacrifício faz parte integrante do seu ser, porquanto não vive para si, mas para o grande público (…).Embora se tivesse melhorado a situação financeira do jornalista, ela ainda não corresponde à desejada recompensa que requere o trabalho intelectual, muito mais penoso e em que se consomem todas as energias do homem.

Mesmo perante estas dificuldades a coragem e boa vontade amparam sempre o jornalista, e a palavra “sacrifício” é uma das muitas do seu código de honra. A sua missão é, através de tudo, das maiores inclemências e calamidades, obter de qualquer modo as notícias por tantos disputadas, mas que ele, por amor profissional e orgulho de jornal, tenta obter em primeiro lugar. O jornalista está, como um soldado, no sector onde é necessário. Desde o casamento elegante à mais horrível catástrofe do expresso que descarrila ou choca; rompendo por entre os destroços e vítimas, colhendo fotos e impressões; pugnando, em artigos, pela paz, ou pela melhoria de situação desta ou daquela classe, ele é sempre o primeiro, fazendo justiça como um verdadeiro paladino das novas gerações que é. Entre as mais nobres missões a de jornalista é uma delas. Ao serviço do público, da grande informação, acedendo às necessidades da vida actual, durante a presente guerra, os soldados da imprensa têm tombado no campo de batalha ao lado dos seus irmãos combatentes. Esse sacrifício não é em vão, pois é preciso que a Imprensa seja sempre a primeira a levar ao conhecimento do grande público aquilo que se passa neste mundo devastado pelo mais terrível flagelo. (…) A par dos correspondentes estão os repórteres das actualidades cinematográficas, agentes de informação que, ao lado dos soldados da Imprensa, também têm caído. (…) O público, porém, quase não reconhece o sacrifício feito à colectividade por essa plêiade de rapazes ardorosos, que muitas vezes são até mal vistos. Mas o certo é que cumprem a sua missão por amor à arte e ao grande público, cheios de fé e de energia, numa luta estóica, com todas as dificuldades, combatendo pela Imprensa – a sua bandeira –, que cada moço deseja servir, por ela ser a mais útil das instituições modernas. (…) Hoje, que a cada momento se ouve falar em “operações combinadas”, é preciso contar que, ao lado dos soldados das cinco armas, outros alinham, ao serviço de uma das mais terríveis, mais poderosas e, ao mesmo tempo, mais benéficas armas: a Imprensa.
Ela é, sem dúvida, a sexta arma.

Carlos Ferrão (1941, p. 19-23), ao abordar um género jornalístico, a crónica internacional, que, ao tempo da publicação do Boletim do Sindicato Nacional dos Jornalistas, ganhava dimensão por causa da II Guerra Mundial, dá informações preciosas sobre as rotinas que, em Portugal, presidiam à sua elaboração – baseada nos takes contraditórios das agências noticiosas. Ao fazê-lo, defende, identicamente, alguns dos valores centrais ao jornalismo, mesmo no jornalismo analítico e opinativo – intenção de verdade, isenção, fundamento na análise, contenção no prognóstico.

Carlos César (1941, p. 22-23) dá, ainda, alguns conselhos aos jornalistas, pedindo-lhes que produzam boas crónicas internacionais, ou seja, que se segurem nos valores tradicionais da profissão, nomeadamente na imparcialidade e na intenção de verdade, mas também na sobriedade e no refreamento verbal. A tarefa seria árdua, mas também corresponderia à via que deveria ser seguida:

Com a tarefa de joeirar as notícias telegráficas, auscultando o seu conteúdo e tomando em conta a sua origem, cabe-lhe a tarefa mais árdua, de se libertar de paixões e de preconceitos, procurando descobrir a verdade no meio das versões contraditórias ou interessadas que, de todos os lados, caiem sobre a sua mesa. É difícil afirmar em que medida exacta o jornalista se deixa influenciar pela opinião feita à sua volta ou exerce, em relação a esta, uma influência apreciável.

Nos períodos agitados como aquele que atravessamos as duas realidades chegam a confundir-se. A consciência profissional e o sentido moral da actividade jornalística traduzem-se então, praticamente, por um esforço de auto-limitação que deve abranger o âmbito das ideias tanto como o panorama das palavras. Sem abdicar das suas convicções profundas e das suas ideias inabaláveis, o jornalista serve, simultaneamente, o seu ofício e o seu país quando se não deixa contagiar pelo espectáculo dos excessos desencadeados e das fórmulas improvisadas para o serviço das facções que se digladiam. A compostura na expressão e a serenidade na análise são inseparáveis do trato consciencioso dos problemas que, neste momento, dividem e tornam inconciliáveis os grupos em que a humanidade se dividiu. Escolher entre os postulados que se afrontam é uma razão de independência. Só quem sabe escolher, com fundamento, afirma a sua capacidade para criticar e para orientar. Essa escolha nada tem com a imparcialidade que se impõe nos juízos e com a moderação que se exige à sua expressão escrita.

Já Pedro Mayer Garção (1945, p. 9), que vê no jornalismo essencialmente uma arte dentro das artes da expressão literária, diz que a um jornalista se exigem determinados e demasiados saberes, como uma óptima cultura geral, boas qualidades literárias, entre outros, e que este se pode formar autodidacticamente:

Ao jornalista exige-se cultura geral, talento de improvisação, qualidades literárias invulgares, agilidade mental, probidade de espírito. Qual é o curso que inscreve estas cadeiras no seu programa? Eis porque todo o jornalista é um autodidacta. Muitos, por acaso, têm curso superior; mas, quando isso acontece, o que neles sobreleva é o homem de letras que o destacou dos seus condiscípulos e que já era anterior aos êxitos do estudioso, para os quais poderosamente concorreu. E esta é a tese que se defende aqui: o jornalismo não é o refúgio das vocações fracassadas, mas o terreno onde só podem florescer as vocações decididamente para ele orientadas. Vocação que se traduz na exposição desassombrada das opiniões que se subscrevem; revela nos conhecimentos que se demonstram e nas diversas teclas que se tocam (desde a crítica de um quadro ou de um livro até à reportagem de uma romaria; desde o artigo sobre uma individualidade até à análise de uma medida ou de um discurso políticos, etc.); e acima de tudo, como que a sua pedra de toque, vocação que se patenteia no colorido estético e conceituoso da composição literária.

Conforme se dá conta ao ler o Boletim do SNJ, os jornalistas portugueses dos anos quarenta procuravam fixar um quadro de valores éticos que orientasse deontologicamente a sua conduta.

Os valores clássicos da profissão são sistematicamente referidos – nomeadamente o apego à verdade, recuperado da tradição historiográfica clássica nascida na Antiga Grécia, mas também a independência, a neutralidade e até o direito à opinião.

Nessa matéria, percebe-se que alguns jornalistas estavam preocupados por terem de redigir textos publicitários, propondo, como actualmente acontece, uma separação entre as funções de publicitário e a de jornalista.

3. Os jornalistas e seus valores profissionais no periódico Jornalismo, do Sindicato Nacional dos Jornalistas (1967-1971)

O discurso sobre os jornalistas, sobre os valores profissionais fundamentais que estes deviam defender e sobre a ética jornalística a seguir também ocupou muitas das peças do periódico Jornalismo, do Sindicato Nacional dos Jornalistas, publicado 22 anos após o Boletim editado por esta mesma entidade.

Esse discurso procurava mostrar que praticar um jornalismo responsável e de qualidade devia ser preocupação dos jornalistas portugueses. E para ter acesso a uma informação consciente e acertada era necessário que esta fosse obrada por profissionais preparados e bem formados. Este e outros assuntos eram de tal importância e pertinência que sempre que possível divulgavam-se em Jornalismo. Para um artigo chamado “Jornalismo e responsabilidade”, os colaboradores do boletim reuniram um conjunto de textos propalados em publicações portugueses e republicaram-nos. O que se segue versa sobre algumas das qualidades que o jornalista deve cultivar: isenção, independência e objectividade.

Todo o jornalista deseja dignificar a sua profissão e não recusa nenhuma oportunidade que nesse sentido lhe seja dada na generalidade: deseja impor a si próprio uma ética superior e obedecer às mais intransigentes regras de objectividade, liberdade e verdade.

Em vez de seguir as vias mais fáceis do sensacionalismo, da publicidade (mais ou menos disfarçada), da semilisonja, da pornografia e de toda a exploração para “o mais baixo”, o autêntico profissional deseja sinceramente e antes de mais nada ir contra tudo isso.   
Isento, independente, objectivo, alheio à sensação – é o jornalismo a fazer o que o verdadeiro profissional deseja, ainda que lhe faltem conhecimentos técnicos, porque lhe falta uma preparação teórica dada em estabelecimento superior de ensino; não lhe falta porém a prática, quotidianamente vivida, muitas vezes com sacrifícios e riscos; não lhe falta o reconhecimento humano de tantos e tantos casos que falam à sua sensibilidade e ao seu coração; não lhe falta, em suma, a alma da profissão, bem mais importante do que qualquer curso teórico ou diploma de aproveitamento; não lhe falta a consciência de que o jornalismo, fundamentalmente, é um esforço apaixonado e violento para a verdade, sempre a verdade e só a verdade. (República, 12 de Agosto) (ANÓNIMO, 1967, p. 6).

O artigo que se segue também foi republicado em Jornalismo, fazendo parte do mesmo conjunto de textos intitulado “Jornalismo e responsabilidade” e aborda a temática do jornalismo responsável, enaltecendo a força do jornal e a grandeza da missão do jornalista que deve, acima de qualquer outra coisa, primar pela verdade da informação que faz circular.

Extraordinária é, pois, a força do jornal e grande é a missão do jornalista, como intensamente grande é a sua responsabilidade.

O jornal condiciona muitas esperançosas iniciativas humanas e da sua acção dependem tantas vezes os êxitos ou os malogros de notáveis empreendimentos. Quem tem a responsabilidade honrosa de poder servir-se do jornal para informar, esclarecer ou divulgar cultura, tem de pôr acima de tudo e antes de tudo a Verdade, não podendo trair o inviolável respeito que lhe deve e, consequentemente, o respeito que deve aos seus leitores.

Quem assim não proceder não é digno de que lhe sejam franqueadas as portas do jornal, cujas colunas, com a falta de respeito pela sua própria personalidade, iria fatalmente conspurcar.

A missão do jornalista só poderá ser nobre quando daquilo que escreve se derramar luz e quando a sua caneta for instrumento vigoroso e inalteravelmente válido ao serviço da Justiça, do Amor e da Verdade. (De Jornal de Viseu, transcrito pelo Diário da Manhã em 30 de Julho) (ANÓNIMO, 1967, p. 6 e 28).

Norberto Lopes (1967, p. 4), um dos jornalistas mais conceituados da sua época, também colaborou em Jornalismo, debatendo a questão da profissão de jornalista, no que esta tem de melhor e pior, os problemas do jornalismo e ainda o estado em que a imprensa se encontrava em Portugal.

Num texto cujo título reflecte exactamente aquilo que o seu autor pretendeu fazer (dar “Uma Lição de Jornalismo”), podem obter-se diversos ensinamentos, entre os quais que deve ser o jornalista a servir o jornalismo e não o contrário, como, por vezes, se verifica:

Um humorista francês disse que “entre as profissões a que se ascende sem ter primeiro dado provas, se contam as de jornalista e de presidente da República”. Com efeito, entre nós pelo menos, não há nenhuma escola que habilite para a profissão de jornalista e não são raros aqueles que conseguem ser admitidos sem ter a menor preparação para tal. Eu próprio entrei, no alvorecer dos meus dezoito anos, jovem escolar de Direito, como simples aprendiz, numa escola de jornalistas que se chamava O Século, ainda sob a direcção de Silva Graça. Em boa verdade, tanto entre nós como lá fora, as verdadeiras escolas de jornalistas foram sempre os próprios jornais, o que não quer dizer que deixe de se reconhecer a vantagem, até mesmo a necessidade, de as instituir. (…) Grandes jornalistas se fizeram – e esperamos que continuem a fazer-se – nessas escolas.

Stéphane Lauzenne, que foi um deles, escreveu: “O jornalismo exige uma vocação, conhecimentos, treino, um espírito bem formado e uma alma bem temperada. O jornalismo não se aprende em dez lições, nem em dez semanas. Aprende-se, como todas as coisas, durante uma vida inteira; aprende-se até à morte”. Hoje, porém, há uma espécie de jornalistas que julgam saber tudo e estão convencidos de que já nasceram ensinados. São estes meninos-prodígio que comprometem a profissão, dando-se grandes ares de auto-suficiência e desdenhando da experiência dos mais velhos, a quem chamam botas-de-elástico e que consideram simplesmente ultrapassados. Esses, por via de regra, nunca chegam a ser verdadeiros profissionais.

Outro conceito geralmente aceite é o de que o jornalismo conduz às melhores situações, com a condição de o abandonar a tempo. Aqueles que assim procedem não são, verdadeiramente, jornalistas, porque, se o fossem, teriam criado maior amor à profissão e não desertariam facilmente das fileiras. Há, evidentemente, jornalistas que, em vez de a servirem, se servem dela em proveito próprio, pondo a sua actividade ao serviço de funções mais ou menos respeitáveis mas sempre mais rendosas. E há também aqueles que têm aspirações legítimas e saem do jornalismo, aonde foram buscar experiência, relações e conhecimentos que lhes hão-de ser úteis, para ingressar noutras carreiras, como a diplomacia, a política, a alta finança, a administração privada, ocupando lugares onde a sua inteligência e a sua competência encontram compensações morais diferentes e compensações materiais que o jornalismo nunca lhes poderia dar (…).

O autor (1967, p. 4) refere ainda que ser jornalista é aliciante e exige muita responsabilidade, embora seja uma profissão em que os proventos costumam ser poucos, o que leva a que alguns dos profissionais se sujeitem a pressões externas para servir “outros interesses” que não o de praticar uma informação isenta e imparcial.

(…) Trata-se na verdade, de uma profissão aliciante, de uma profissão que nem todos compreendem, que alguns invejam e que muitos caluniam. Um jornalista é considerado uma pessoa indiscreta e inconveniente, lisonjeado por aqueles que se servem dele para alcançar os seus fins, mas detestado por aqueles que a sua pena justa ou injusta não poupa a uma crítica acerada. Desvirtuados os seus propósitos honestos, e temidos por aqueles que não têm a consciência tranquila, e que estão sempre à espera de que alguém lhes ponha a calva à mostra, sofrem por um lado a incompreensão de muitos e por outro lado a desconfiança de alguns. Trata-se, na verdade, de uma profissão em que os proventos são poucos e as responsabilidades são grandes. Ela exerce-se, de um modo geral, com perfeita honestidade e a noção exacta dos deveres que lhe competem, mais do que a preocupação reivindicativa dos direitos que lhe assistem. Claro que também há jornalistas menos honestos ou menos responsáveis. (…) Há penas que se põem ao serviço de interesses inconfessáveis e mesmo de interesses políticos, hipotecando a sua opinião a um traficante ou a um regime. Os primeiros abdicam da sua dignidade e os segundos da sua independência, que constituem as duas maiores virtudes de um jornalista e os predicados essenciais para o regular exercício da profissão. (…) A soberania da Imprensa, uma soberania que resistiu sempre aos mais duros golpes que lhe têm vibrado, é hoje geralmente respeitada nos países evoluídos. Para que essa soberania se exerça, a Imprensa requer pluralidade de órgãos e diversidade de opiniões.

Costa Carvalho (1970, p. 14-17), discorrendo sobre o jornalista, recomenda força e união à classe, pois essa seria a melhor maneira de os jornalistas dignificarem a profissão, enquanto partilha o que, para si, é um jornalista digno desse nome e que valores deve cultivar:

Ao advogarmos, logo de início, a ideia de que, como parece provado, a vocação não basta, nem obriga ninguém a ser o que quer que seja; ao saber-se que as empresas jornalísticas não passam títulos que não sejam os da efectiva função; o reconhecermos que também não virão da sociedade atributos especiais ou codificados – que é, então, o jornalista português, para além de empregado deste ou daquele jornal? NADA! (…)

Só o jornalista português ainda não descobriu que tem de ser a força legal da sua universidade a conferir-lhe um direito inalienável e não a ser investidos pelas empresas em funções que também ela causa a bel-prazer e aparentemente sobre pressões, como agora se convencionou dizer para mascarar faltas de coragem e personalidade. (…)
As nações têm os governos que merecem; os jornalistas o demérito que se consente. (…)
Enquanto isso, e aproveitando-se (senão fomentando-a) da nossa desorganização, as empresas saltam do neo-autoritarismo para o totalitarismo, e deste para as realidades oligopolísticas.

Frente a uma tal concentração de interesses financeiros, ao reforço do seu totalitarismo económico assente no “pecado mortal” da pressão publicitária altamente rentável, o jornalista português continua a exibir capacete de papel e espada de pau. (…)
“Um jornalista digno desse nome”

– Assume a responsabilidade dos seus escritos;

– Considera a calúnia, as acusações sem provas, a falsificação de documentos, a deformação de factos, a mentira, as mais graves faltas profissionais;

– Não reconhece senão a jurisdição dos seus pares, soberano em matéria de honra profissional;

– Não aceita tarefas incompatíveis com a sua dignidade profissional;

– Exime-se de invocar um título ou uma qualidade imaginários, de servir-se de meios desleais, para obter uma informação ou defraudar a boa fé seja de quem for;

– Não aceita dinheiro de particulares ou entidades públicas para que a sua qualidade de jornalista, suas influências e relações não sejam susceptíveis de exploração;

– Não assina artigos de propaganda comercial ou financeira;

– Não comete plágios;

– Cita os camaradas dos quais reproduziu qualquer texto;

– Não solicita o serviço destinado um camarada, não provoca competências oferecendo-se para trabalhar em condições inferiores;

– Respeita o sigilo profissional;

– Não se serve da liberdade da Imprensa com intenções reservadas;

– Reivindica a liberdade de publicar honestamente as suas informações;

– Não confunde a sua missão com a de um polícia (…).

A evolução (essencialmente tecnológica) que no jornalismo já se começava a notar e que tantas transformações iria trazer, ia-se fazendo sentir no seio da classe.

Num artigo assinado por Fernando Dacosta (1970, p. 14-15), intitulado “O jornal e os jornalistas do futuro”, o jornalista dizia que a electrónica já tinha entrado nas redacções e que o jornalista do futuro iria ter de ser, ainda, mais responsável:

A evolução (revolução) por que a informação escrita vai passar nos próximos anos pressente-se já com nitidez devido à aplicação da electrónica no seu campo.  
A feitura tradicional dos jornais está, assim, e graças a ela, prestes a desaparecer. Uma nova era desponta (também) neste domínio animada de velocidade, de novidade surpreendente. (…)
O jornalista do futuro será, ao contrário do que é hoje, muito mais responsável, estando liberto da maior parte dos serviços que o manietam ainda a burocracismos enfadonhos e a superficialidades confrangedoras.

Nuno Rocha (1967, p. 21), num texto onde discorre sobre o papel do repórter no jornalismo daquele tempo, também alude aos valores pelos quais estes profissionais se devem reger.

Para o jornalista, “o repórter é o elemento ágil de ideias e de realização rápida, o homem que colhe os elementos no local do facto (…) e os reduz, depois, a notícia breve mas concisa ou à extensa e pormenorizada reportagem”.

Atente-se no artigo redigido por Nuno Rocha (1967, p. 21-22), com recurso a opiniões de certos autores estrangeiros:  

O papel desempenhado pela Imprensa como meio válido e significativo da estruturação das sociedades e das nações originou a transformação do próprio jornalista. Antigamente, este era definido como o indivíduo capaz de redigir artigos e de doutrinar. A informação propriamente dita estava contida no artigo mas não era, nunca, o móbil principal do jornalista. As condições de vida foram-se modificando e chegou o tempo apressado em que a informação passou a desempenhar dentro do jornal o papel principal. Nasceram, assim, os repórteres – profissionais tanto mais importantes quanto mais moderno é o jornal onde trabalham. O repórter é o elemento ágil de ideias e de realização rápida, o homem que colhe os elementos no local do facto – em esquecer um só – e os reduz, depois, a notícia breve mas concisa ou à extensa e pormenorizada reportagem.

Para traçar aqui o quadro da importância que o repórter desempenha no jornalismo moderno socorremo-nos do que, sobre o assunto, escreveu Fraser Bond (…). “O repórter – diz ele – é o elemento essencial da recolha de notícias. Quer trabalhe num sector local, quer faça a cobertura de uma revolução no outro lado do mundo, a sua tarefa é a mesma: vai ao local do acontecimento e obtém a informação que compõe a reportagem. Às vezes, isto não é mais do que uma função de rotina, com perguntas e respostas; mas, noutras, requer inteligência, persistência e habilidade”.

Melville E. Stone (…) afirmou por sua vez: “Um repórter inteligente é bem mais valioso do que um director inteligente”. Mas voltemos ao Prof. Fraser Bond: “Se resumirmos – declara ele – a receita do que faz um bom repórter, podemos mencionar os seguintes ingredientes: boa educação básica, interesse pela vida; insaciável curiosidade; inteligência capaz de pensar claramente, a fim de escrever claramente; honestidade; confiança em si próprio; persistência capaz de o levar ao fim da reportagem; aparência agradável”. E acrescenta: “O repórter é o único representante do jornal que entra em contacto com uma parte considerável do público e com esses contactos cria simpatia para o seu jornal. O repórter chega a conhecer grande número de pessoas de todas as escalas sociais e, quando desempenha as suas funções com exactidão e honestidade, cria aquela simpatia sem a qual nenhum jornal pode, realmente, prosperar”.

O panorama português neste aspecto é limitado tanto que, entre nós, a categoria de repórter é, ainda, infelizmente, inferior à de redactor, não só em vencimento como em hierarquia. É certo que, em jornais modernos e progressivos, ele começa a ser a mola real do noticiário e a sua acção impõe-se como merecedora de especial atenção, sendo quase sempre distinguido pelos chefes com os serviços mais importantes. As Administrações, por seu turno, também já conhecem o valor, hoje em dia, de um bom repórter.

Essas reflexões levam-nos a sugerir que, numa próxima revisão de contrato colectivo de trabalho, sejam reestruturadas as várias categorias profissionais, dando-se ao repórter um vencimento igual ao do redactor – quando, efectivamente, o repórter for capaz de redigir definitivamente uma notícia ou uma reportagem. Nesse caso, deveria reaparecer o repórter-informador (equiparado, em vencimento, ao repórter actual) cuja missão dentro do jornal seria a de auxiliar o redactor e o repórter ou, mais precisamente, elaborar pequenas notícias e trabalhos de expediente. (…)

As categorias de redactor e de repórter ficariam, pois, totalmente equiparadas, uma vez que uns e outros redigem definitivamente: os primeiros sobre elementos que obtêm na redacção e os segundos com elementos colhidos no próprio local dos acontecimentos. Não se compreende por que motivo a categoria de repórter tem sido minimizada na Imprensa portuguesa e a sua personalidade profissional observada através de tão estreitos ângulos de visão. Na realidade, redactores e repórteres são as traves-mestras das redacções, logo a seguir aos diversos cargos de chefia, e estabelecer diferenças entre eles é iludir as realidades e não querer jogar na carta do futuro. Dir-se-ia, enfim, que sem ser repórter não se pode ser jornalista… Fraser Bond afirma que “o repórter aproveita as oportunidades que o emprego lhe oferece para observar o cortejo humano na sua marcha; para ver dos bastidores o drama da política; para por o dedo no pulso de uma grande cidade; e para, por assim dizer, obter aí o “passe de Imprensa” para a grande arena da sua profissão. Parece legítimo afirmar que a categoria de repórter é, verdadeiramente, o maior título de orgulho que um jornalista pode ambicionar.

Após a leitura de Jornalismo do SNJ, é possível afirmar que os jornalistas portugueses de finais de sessenta, inícios de setenta, apregoavam os valores clássicos da sua profissão nas páginas do boletim, procurando que a esta fosse exercida segundo um conjunto de valores de onde se destacam a isenção, a independência e a objectividade, e que deviam tentar manter-se alheados de tudo aquilo que pudesse originar uma falha no cumprimento destes valores jornalísticos e mesmo de uma ética profissional.

O jornalista deveria estar sempre pronto a servir o jornalismo e nunca a servir-se dele, procedimento condenável e prejudicial à boa difusão da informação.

4. Os jornalistas e seus valores profissionais na Gazeta Literária, órgão da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto (1952-1971)

Por sua vez, o que sugerem os redactores da Gazeta Literária – e aqueles a quem os redactores do periódico dão voz – sobre os jornalistas e a forma como estes discutiam os valores profissionais do jornalismo?

Os redactores da Gazeta Literária andavam, efectivamente, à procura de respostas que permitissem construir teoricamente a identidade da sua profissão. Às vezes faziam-no com um fino recorte plástico – e também idealizadamente, como Acúrcio Pereira (1959, p. 11):

O jornalista sofre as inclemências do frio ou do calor, calcorreia a cidade (…) à procura da notícia (…), tem de se informar em vertigem – e de informar-se com exactidão, empanturra-se de discursos (…) balofos, trabalha (…) contra relógio, arrisca-se a não almoçar, a não jantar, a não dormir (…). E todavia, que pitoresca concepção faz o público (…). Para ele, o jornalista é um homem que entra em toda a parte (…), é um homem que pode tudo e sabe tudo. E afinal, não sabe tudo e sabe o que é possível. Ai dele se um pormenor não é exacto, se se esquece de um nome (…). O menos que lhe acontece é ser lapidado com ironias, quando não o acometem com frases rudes. Distribui um elogio, é muito inteligente (…); esqueceu-se do elogio, é um burro ou um malfeitor. E, todavia, sobre os ombros deste homem pesa uma grande responsabilidade (…).

Também procuravam saber quais as qualidades que um jornalista deveria ter.

O escritor Augusto de Castro (1952, p. 79), ao escrever, no Diário de Notícias, um elogio fúnebre do jornalista Norberto de Araújo, transcrito pela Gazeta Literária, afirmava que um jornalista deveria ser perseverante, indiferente aos que zumbiam à sua volta ou aos que o picavam. Mas também que deveria ser um bardo, um cultor da arte da expressão.

Escrever nos jornais é uma coisa. Ser jornalista é outra. (…) A única diferença entre um homem de letras e um jornalista é que o homem de letras aproveita (…) bocadinhos de papel – e o jornalista deita-os para o ar. Às vezes, lá cai um no chão, mas a maior parte perde-se a voar. (…) O jornalismo é (…) um modo de vida de fogueteiro. O jornalista é quem faz a festa (…). Mas é o público quem dança.

Diz-se que é um mister que queima. (…) E queima porque jornalismo é, essencialmente, profissão de entusiasmo. Entusiasmo por uma ideia, por um acontecimento, por uma figura, por uma paisagem. Às vezes, até, entusiasmo por um pedaço de asno. Porque a grande matéria-prima do jornalista é a vaidade humana. Ele é o cronista dos exibicionismos do seu tempo. (…) Estranha profissão que tem (…) esta essencial característica: o trabalho (…) nunca está completo, renova-se todos os dias e todas as noites (…), nasce e morre ao mesmo tempo. (…) O jornal nunca está concluído. (…) Dentro desta labuta fugitiva (…) o verdadeiro homem da imprensa é uma espécie de caçador de borboletas. Às vezes, engana-se e apanha mosquitos, que zumbem. Outras vezes apanha vespas, que picam. Mas se tem no sangue a vocação e o vício, é a borboleta que o tenta, é atrás dela que corre toda a vida (…) indiferente ao zumbido ou à picadela. Sucede, episodicamente, haver na imprensa outros caçadores. São os que caçam melros. Mas em geral são os adventícios, os que vêm de fora. (…) A imprensa já se faz (…) em série. Os bardos estão a desaparecer. Os acontecimentos, que dantes era preciso ir buscar a casa, escovar, polir e trazer para a rua (…) vêm hoje encaixotados (…).

Por seu turno, ao biografar o jornalista portuense d’O Primeiro de Janeiro Guedes de Oliveira, Mário de Figueiredo (1952, p. 9) explica que um bom jornalista seria alguém que reunisse “a intuição da profissão (…), inteligência clara, fortalecida por profunda cultura, conseguida à custa de (…) estudo”; mas relembra, também, que o tempo em que Guedes de Oliveira tinha exercido o jornalismo (entre cerca de 1882 e 1932) tinha sido “um período áureo do jornalismo português quando não havia obstáculos para apreciar assuntos de qualquer ordem”.

Aqui, obviamente, está presente uma crítica, ainda que indirecta, à censura.

No artigo “Em defesa do prestígio do profissional de imprensa”, o jornalista Mário do Amaral (1952, p. 49) relembrava que os tempos em que “o exercício da profissão constituía um prazer, mesmo quando se (…) exigiam os maiores sacrifícios” e em que “nunca jornalista algum teve a menor razão de queixa de qualquer membro do Governo junto de quem tivesse de trabalhar”.

Porém, essas seriam águas passadas, já que, no tempo em que o referido jornalista escrevia, haveria quem tivesse “manifesto desprezo pela função do jornalista”, embora “no geral não (…) os altamente colocados”. O jornalista ilustra o texto com vários exemplos de “desconsiderações” relatadas pela imprensa em relação ao trabalho dos jornalistas, nomeadamente no que respeita ao acesso às fontes e aos locais dos acontecimentos. E tenta fazer o diagnóstico do problema:

Muito tem contribuído para se chegar a esta deplorável situação o facto de se fazer hoje o jornalismo de maneira bem diferente da que se fazia (…): entre outros motivos, a dificuldade de acesso às fontes de informação; a facilidade encontrada por toda a gente a inserir as mais variadas notas nos jornais; o prévio fornecimento de todos os discursos a pronunciar em qualquer acto; a espantosa facilidade concedida a qualquer organismo em fazer com que determinada reportagem ou artigo não vejam a luz da publicidade mesmo quando o caso tem aspecto meramente particular; o acolhimento dado a verdadeiras reportagens pré-fabricadas por funcionários (…), tudo isso divorciou os profissionais da imprensa das entidades com quem antigamente contactavam permanentemente (…) o que (…) diminui a imprensa (…).

O contexto histórico determinaria, portanto, para o autor (1953, p. 161), os problemas que os jornalistas enfrentam em cada momento.

Por exemplo, “Depois que o jornalismo se profissionalizou, o carácter liberal que o distinguia dilui-se por completo, opondo-se-lhe as realidades que resultam das próprias condições de trabalho”.

A tentativa de clarificar os valores jornalísticos estava, como se vê, presente na Gazeta Literária.

Procurava definir-se, em primeiro lugar, quais seriam subalternos em relação a outros tidos como centrais. Por exemplo, intui-se das palavras de Norberto Lopes (1959, p. 1-2) que o princípio da objectividade da informação poderia ser sacrificado ao valor da actualidade, embora isso pudesse descredibilizar um órgão de comunicação social:

[A objectividade da informação e a exactidão das notícias não podem] levar a excessos de escrúpulos que impediriam ou retardariam a sua publicação, com prejuízo da actualidade, a deusa a que o jornalismo tem de render culto (…). Eis a razão porque nenhum mortal está como ele [jornalista] sujeito à incoerência. As revisões de juízo, as mudanças de ponto de vista em face de situações novas, desapontam o público e podem desacreditar um jornal. Mas são coisas inevitáveis e os verdadeiros jornalistas mudam com humildade e elegância.

Segundo Norberto Lopes (1959, p. 1-2), haveria, porém, um valor central, o mesmo que a historiografia clássica de Tucídides e Xenofonte propunha, que os jornalistas deveriam respeitar – a verdade:

É evidente que uma informação exacta é sempre preferível a uma notícia incompleta e precipitada. É opinião corrente que um jornal que corre, deliberadamente, o risco de publicar notícias deficientes e não controladas sacrifica o presente ao futuro. Há princípios morais a que tem de se submeter o exercício da nossa profissão, princípios que impedem de adulterar conscientemente a verdade ou de deturpar os factos e os textos para servir uma causa (…).

Tão desculpabilizador como Norberto Lopes para com as falhas do jornalista na exactidão da informação é Acúrcio Pereira (1959, p. 14). Com ironia, diz ele:

A imaginação é uma (…) arma para resolver problemas, não para inventar acontecimentos sensacionais, e ao menos para não dar causa a desmentidos ou correcções, sim, porque um jornal nunca tem lapsos. Lapso é uma palavra que um jornalista deve apagar do seu dicionário. Acontece uma vez por outra não ser verdade o que narra, mas se é jornalista a valer, errou involuntariamente. E o público não perdoa, apesar de esportular um triste escudo pela gazeta. Já me tem sucedido interpelarem-me por uma notícia não ser exacta. A esses infalíveis costumo responder (…): “E queria por um escudo nada mais do que a verdade?”

Além do valor da verdade, também o valor da independência, para Norberto Lopes (1959, p. 1-2), seria central. A independência, dentro do princípio da máxima liberdade para a máxima responsabilidade, convocaria a obediência a um outro princípio – o da contenção verbal:

O jornal (…) deve manter-se acima e à margem dos partidos, dos interesses privados, das oligarquias reinantes. Mas, mesmo sem serem solidários com o poder, os grandes órgãos de informação têm de ter (…) em conta as responsabilidades que assumem e são obrigados a exprimir-se com certa circunspecção (…). Um grande jornal não se deve empregar a fundo para combater uma pequena falta (…).

Os redactores da Gazeta Literária olharam atentamente para a realidade jornalística à sua volta e fizeram-no, afinal, como jornalistas que, com alguma independência, não pouparam sequer o seu campo de actividade.

Mas o que ofereciam como solução para os problemas éticos e deontológicos do jornalismo? A centralidade foi mais na crítica do que nas respostas. No entanto, pelo menos um jornalista apontou um caminho, a que já Cunha (1941, p. 38) se tinha referido e que ciclicamente é debatido, suscitando polémica, entre os jornalistas portugueses.

Foi ele Norberto Lopes (1959, p. 1-2). A solução? “A criação de uma Ordem dos Jornalistas poderia contribuir para resolver muitos problemas que nos preocupam e para prestigiar uma profissão que todos pretendemos digna e honesta”.

Para finalizar, deve salientar-se que os jornalistas portugueses das décadas de cinquenta e sessenta do século passado, tal como transparece no discurso da Gazeta Literária, tendiam a defender uma ética jornalística assente no princípio da máxima responsabilidade para a máxima liberdade.

Uma ética que preconizava a rejeição do insulto, da difamação e da calúnia, mas também a recusa do sensacionalismo e da mercantilização da imprensa provocados pela industrialização capitalista da comunicação social.

Para os redactores da Gazeta Literária, valores como verdade, objectividade e independência eram centrais no jornalismo.

5. Considerações finais

As três publicações profissionais jornalísticas analisadas (Boletim do Sindicato Nacional dos Jornalistas; Jornalismo, do SNJ; e Gazeta Literária da AJHLP) dão pistas preciosas para se conhecerem as organizações jornalísticas portuguesas dos anos quarenta a setenta e o ambiente e as práticas profissionais desenvolvidas no seu seio.

Em relação ao modo como os redactores desses periódicos abordavam as questões da ética e dos valores profissionais dos jornalistas, nota-se, em primeiro lugar, que os jornalistas portugueses do Estado Novo tinham presente quais os valores pelos quais deviam reger a sua profissão.

Valores como a verdade, a objectividade, a imparcialidade, a isenção e a independência eram centrais na prática do jornalismo e deviam sobrepor-se a qualquer outro valor ou a qualquer tentativa de corromper as mais-valias jornalísticas referidas.

O jornalista deveria servir o jornalismo na sua missão de fazer circular a verdade da informação e nunca se deveria verificar o contrário, o jornalismo servir os jornalistas. Se, porventura, o jornalista se vir tentado a corromper os seus valores ou princípios (e os redactores dos periódicos analisados admitem que tal situação é passível de acontecer), este deve procurar manter-se indiferente a tal e ser perseverante nos seus ideais. A estes profissionais estava, ainda, incumbida a missão de desenvolver uma ética profissional de respeito pelo próximo.

Número 5, 1945


Em segundo lugar, observa-se que os redactores dos periódicos em análise consideravam que os jornalistas tinham bastante influência na sociedade, logo deveriam exercer a sua profissão com uma responsabilidade intelectual e moral acrescidas. Se para tal fosse preciso investir esforço pessoal, não deveriam hesitar em fazê-lo.

No entanto, ao mesmo tempo que se recomendava aos jornalistas que realizassem as suas notícias com a maior exactidão possível, também lhes era dito que, se necessário, deveriam recorrer a alguma contenção e refreamento verbais, nomeadamente porque, sendo os responsáveis pela transmissão da informação ao público, e parte deste via os jornalistas como aqueles que tudo sabiam, convinha que o que fosse difundido se revestisse de competência em todos os aspectos (sem esquecer a própria contenção de palavras e ideias que a própria censura impunha…). 

Foi este, aliás, o ponto de partida para as reflexões que desenvolveram sobre a natureza da sua profissão – uma profissão que desejavam valorizar publicamente aos seus próprios olhos e perante terceiros. Ao procederem reflexivamente como o fizeram, deram o seu contributo para a construção do Pensamento Jornalístico Português.

Ao jornalista exigiam-se, sendo esta uma terceira constatação, qualidades quase sobre humanas e uma total devoção ao trabalho. Além do mais, estes deveriam possuir uma óptima cultura geral, boas qualidades literárias, ser inteligente, responsável e procurar estar sempre actualizado. Nota para a maior responsabilidade que se antevia necessária aos jornalistas do futuro e para o destaque dado à figura do repórter.

Pode afirmar-se, portanto, que os redactores dos periódicos Boletim, Jornalismo e Gazeta Literária, assim como os jornalistas portugueses do Estado Novo, tinham presentes os valores profissionais fundamentais ao bom desempenho da sua profissão e sabiam qual a ética pela qual de deviam reger.

NOTA

[1] Pesquisa apoiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e com co-financiamento da União Europeia através do QREN, programa COMPETE, fundos FEDER. Projecto PTDC / CCI-JOR/100266/2008 e FCOMP-010124-FEDER-009078.

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*Patrícia Oliveira é doutoranda em Ciência da Informação na Universidade Fernando Pessoa (Porto, Portugal).

 

 







Revista PJ:Br - Jornalismo Brasileiro | ISSN 1806-2776 | Edição 14 | Novembro | 2011
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