Nº 11 - Fev. 2009
Publicação Acadêmica de Estudos sobre Jornalismo e Comunicação ANO VI
 

 

Expediente
Ombudsman: opine sobre a revista Ombudsman: opine sobre a revista

Vinculada
à Universidade
de São Paulo

 
 

 

 


 

 

 

 

 

 



ENSAIOS
  Os jornalistas como novos intelectuais
Por Luiz Augusto Seguin Dias e Silva*

RESUMO

A definição e a trajetória histórica dos intelectuais, realizada por Beatriz Sarlo no livro Cenas da vida pós-moderna, permitiu a relação destes com os jornalistas contemporâneos, levando em consideração suas pretensões, seu papel conquistado através do tempo, seus limites de atuação e sua dinâmica realidade profissional perante o desenvolvimento desenfreado das novas tecnologias de comunicação. Esta sistematização possibilitou um melhor entendimento da função jornalística atual.

Reprodução

PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo / Intelectuais / Pós-modernidade

1. Introdução

Beatriz Sarlo, no capítulo intitulado “Intelectuais”, do livro Cenas da vida pós-moderna, aborda a trajetória dos intelectuais através do tempo, explicitando as suas conquistas, suas brigas históricas, suas auto-intitulações e como esses agentes sociais conseguiram status e poder dentro das sociedades em que viviam.

Com o passar do tempo, já no período intitulado pós-moderno, esses intelectuais encontraram-se em um novo momento, um momento de apatia, de falta de engajamento e de representação de seus ideais diante de um mundo cada vez mais particularista e individualista.           

Contudo, o ganho de status e poder por parte dos intelectuais se deu por meio de atitudes não tão dignas e éticas, de modo que os mesmos se auto-intitularam representantes de uma classe minoritária dita “sem voz”, logo carente de representação social, jurídica, econômica etc. Com isso, os intelectuais adquiriram poder social tanto perante os mais necessitados quanto perante as classes dominantes.

Essa discussão do papel histórico dos intelectuais em relação à sociedade nos faz lembrar do papel dos jornalistas não só nos dias atuais, mas também há algumas décadas atrás. Afinal, o jornalista também não se considera o representante da sociedade, capaz de lutar por seus direitos até o fim? E este mesmo jornalista também não acaba deixando, por vezes, que fatores como rivalidade institucional e briga por furos de reportagem tornem-se mais importantes que os valores éticos da profissão? Então, seriam os jornalistas atuais os intelectuais do passado?

Dessa forma, será que a mídia, por ser tão representativa na sociedade contemporânea e, ao mesmo tempo, tão pouco regulada e criticada por seus pares – o que conseqüentemente cede muito poder ao jornalista –, não se assemelha à lógica acadêmica, na qual os intelectuais podem discutir sobre qualquer assunto por se acharem em uma posição neutra?

Baseado nessas características e nesses questionamentos, entre outros, que mostram as semelhanças entre as atitudes dos intelectuais, descrito no livro de Beatriz Sarlo, e as atitudes dos jornalistas na sociedade contemporânea, baseado em algumas obras significativas que se preocuparam com o agir desses profissionais, esse estudo se propõe a discutir, de maneira breve, a ação jornalística atual em comparação com a ação histórica dos intelectuais.
 
2. Os intelectuais

No capítulo intitulado “os intelectuais”, Beatriz Sarlo afirma que os intelectuais criaram uma posição social na qual eles mesmos seriam os responsáveis pelos que não tinham voz, ou seja, seriam representantes de uma classe minoritária. E o motivo para essa auto-intitulação foi muito simples: os intelectuais sabiam mais que as pessoas comuns, logo tinham o direito de representá-las.

Dessa forma, o conhecimento possuído pelos intelectuais foi transformado em poder, e esse poder podia ser utilizado da melhor maneira para a obtenção dos seus objetivos. Ora era usado para debater com as autoridades e os ricos, ora era usado para fazer valer a vontade dos intelectuais perante os menos favorecidos. Assim, rapidamente os intelectuais tornaram-se líderes de novas sociedades surgidas a partir do modelo que eles próprios criaram.

Os intelectuais “tiveram paixão pelo universal: os direitos do homem e do cidadão; os direitos da classe operária” (Cf. Sarlo, 1997, p. 160), o que os motivou a adentrar a vida política da sociedade, sempre em defesa dos desvalidos, das raças oprimidas, das minorias. Eles falavam e defendiam o que os menos favorecidos não tinham capacidade de falar e defender. E aí se encontra um de seus grandes deveres: o dever de saber.

Os representantes dos desvalidos lutaram pela educação dos não-educados, o que se tornou uma missão para os primeiros, que passaram a pressionar o Estado em busca de um melhoramento dos povos menos favorecidos.

Fundaram seu poder no saber. Pensaram que a difusão do saber fosse uma fonte de liberdade. Durante muito tempo passaram por cima do fato de que o saber pode ser um instrumento de controle social (Cf. Sarlo, 1997, p. 161). 

Os intelectuais pensaram que, com a simples representação de uma classe minoritária e sem voz, poderiam torná-los livres e competentes, mas esqueceram que a representação imposta por eles acabou sufocando as classes menos favorecidas, instituindo um controle social.

O poder auto-intitulado por parte do intelectual, por vezes o fez confundir os limites do mesmo, chegando ao ponto de criticar os costumes e proclamar-se acima deles.

Houve tanta autonomia e tanta pretensão em suas atitudes que o intelectual passou de um estado de conhecedor e engajado com nobres causas para um estado de ditador, o que fez com que muitos fossem internados em manicômios.

Com o tempo, já na chamada pós-modernidade, a figura do intelectual entrou em ocaso, já que “poucas pessoas reivindicam intervenções por parte dos intelectuais, e poucos intelectuais se mostram dispostos a reivindicá-las” (Cf. Sarlo, 1997, p. 165). A antiga imagem do intelectual não combinava mais com o cenário social atual, não havia mais a necessidade de um líder absoluto e nem a busca de um herói. As pessoas exigiam uma coesão entre as atitudes do intelectual e a sociedade impactada, de modo que não perdessem o que haviam ganho ao longo do tempo, como o respeito pelas diferenças e pela pluralidade.

Desse modo, os intelectuais migraram em massa para uma área especializada da sociedade: a academia. Lá, apoiados na credibilidade da ciência, acreditaram na neutralidade de seus discursos, que teriam uma aura de objetividade por se tratar do posicionamento de um especialista. Logo, esses especialistas estariam acima da disputa de interesses.

As sociedades estão cada vez mais informatizadas e comunicadas, do ponto de vista técnico, mas algumas questões essenciais parecem cada vez mais opacas: as decisões, então, ficam a cargo dos especialistas e seus patrões políticos (Cf. Sarlo, 1997, 178).

Depois de toda essa argumentação, Beatriz Sarlo questiona se precisamos mesmo dos intelectuais, se é realmente necessária a participação deles em temas que nem sempre lhes dizem respeito. Em uma sociedade cada vez mais individualista e particularista, chegamos ao dilema de como alcançar o “bem comum”, ou seja, de como alcançar uma representação geral e correta da sociedade.

3. O campo jornalístico

Para Pierre Bourdieu (2005), o jornalismo, no que concerne o campo de bens culturais, encontra-se entre os campos de produção e consumo, mais especificamente no campo da difusão. Dessa forma, em sua teoria dos campos, há um campo de produção, onde estão a produção erudita e a indústria cultural, há os “intermediários”, que são compostos pelas instâncias de reprodução (sistemas de ensino – universidades) e pelas instâncias de consagração (museus, academias e salões), onde está também o campo de difusão, local de ação do jornalismo e, ao final, há o campo do consumo, como pode ser visto pelo esquema a seguir:


Fig. 1. Esquema dos "intermediários" de Bourdieu.

Assim, essas instâncias de conservação e consagração cultural cumprem, “no interior do sistema de produção e circulação de bens simbólicos, uma função homóloga à da Igreja” (Cf. Bourdieu, 2005, p. 120), pois essa segunda tem a função de:

(...) fundar e delimitar sistematicamente a nova doutrina vitoriosa ou defender a antiga contra os ataques proféticos, estabelecer o que tem e o que não tem valor sagrado, e inculcar tudo isso na fé dos leigos (Cf. Bourdieu, 2005, p. 120). 

Os novos intelectuais, entre os quais encontra-se o jornalista, buscam distinção mediante o desenvolvimento de um estilo de vida, de uma vida estilizada e expressiva. Sendo assim, eles tornam disponíveis a quase todas as suas atitudes de distinção sinais externos de riqueza interior antes destinados aos intelectuais. E a sua atuação encontra-se entre a mídia e a vida intelectual e acadêmica, contribuindo, inclusive, para a disseminação e veiculação de programas intelectuais populares na mídia (Featherstone, 1995).

O jornalista é mais um agente social como tantos outros. Apesar de ele se apropriar de características que antes eram de domínio dos intelectuais, o jornalista tem o seu papel específico na sociedade, o que o legitima e limita simultaneamente. Para José Luiz Braga, não há dualismo entre mídia e sociedade, sendo esse dualismo “incoerente por diversas razões. A principal é que não se pode afirmar uma separação entre parte (a mídia) e todo (a sociedade)” (Cf. Braga, 2006, p. 22).

Essa concepção reforça a idéia de que o jornalista não pode ser visto como acima dos debates sociais, como um ser neutro que tem a função de apenas informar de maneira potencializada a sociedade, mesmo sabendo que a tentativa de parecer neutro está na própria constituição do campo jornalístico, como afirma Barros e Martino:

A estrutura de regras no campo jornalístico apresenta o curioso mecanismo de negação constante como modo de preservação da imagem além do bem e do mal da profissão. (...) Não há conflitos para o jornalista que não existam também para o cidadão. Visto dessa maneira, o jornalista não teria conflitos inerentes à profissão, mas estaria o tempo todo submetido aos mesmos dilemas éticos de qualquer pessoa (Cf. Barros; Martino, 2003, p. 116).   

Segundo Eugenio Bucci (Cf. Bucci, 2000 apud Barros; Martino, 2003, p. 117), “o jornalista não pode tentar se despir das suas convicções, é como se despir da sua condição de humano. Ele não está acima de suas paixões, de suas fraquezas”. O jornalista é mais um cidadão, só que possui a função de transmitir informações, dentro de uma ética profissional, por meio de um veículo de comunicação social.

A confusão do papel e do meio em que está inserido o jornalista vem, segundo Moragas Spá (1985, p. 11, apud Barros; Martino, 2003, p. 118), da naturalidade da própria profissão, a qual se esforça para ocultar certos dilemas éticos. Essa estratégia é uma forma artificial de garantir legitimidade para a profissão. Esse fato vem de acordo com o pensamento de Bourdieu, quando afirma que quanto mais um órgão de imprensa pretende atingir um público extenso, mais ele deve aplicar-se a não assustar ninguém, ou seja, só deve suscitar problemas sem relevância ou problemas sem história (Cf. Bourdieu, 1997, p. 63).

Todas essas características do campo midiático nos levam a pensar sobre a crítica midiática, ou seja, o lugar dessa crítica, o papel desenvolvido no campo e o seu desenvolvimento. Afinal, o jornalismo, que a todos crítica, também merece uma crítica ao seu fazer profissional. E muitos estudiosos, entre eles jornalistas, preocupam-se com esse fazer e desenvolvem estudos sobre a questão.

É o caso de Bourdieu (Cf. 1997, p. 109), que afirma que o jornalismo realiza autocríticas e indicações de procedimentos com a mesma proporção em que se protege de ataques e críticas externas, ou seja, ao mesmo tempo em que se preocupa com o seu próprio fazer, o jornalismo procura centrar as críticas relacionadas a sua profissão ao seus pares.

A crítica ganha força dentro do campo jornalístico, sendo que a sua função, antes de demonstrar ética e responsabilidade ao que é feito pelos pares, é possuir independência, já que “difundida pelo próprio campo para assegurar sua existência, ganhar e manter a confiança do público, a crítica da profissão por seus principais representantes é garantia de independência” (Cf. Barros, Martino, 2003, p. 113).

O exercício de autocrítica garante a impressão de autonomia, de independência e do livre procedimento dos agentes do campo, afastando do debate as estruturas de campo que, em grande parte, condicionam a prática real (Cf. Bourdieu, 1983, p. 133 apud Barros; Martino, 2003, p.112).

Assim, percebemos que a crítica midiática, principalmente a jornalística, é mais um artifício para que o campo jornalístico se mantenha com a imagem de neutro, de imparcial, algo perto de um ser superior que pode criticar e opinar sobre tudo e sobre todos, mas que não aceita interferências externas, pois só os próprios agentes do campo têm a capacidade e a autoridade para isso. Tal fato acarreta em uma falta de debate social efetivo sobre o jornalismo atual.

4. Considerações finais

Os intelectuais, do texto de Beatriz Sarlo, servem de exemplo para a atual situação dos jornalistas na sociedade contemporânea. Apesar de os intelectuais, como descrito acima, terem se auto-intitulado representantes de uma minoria sem voz, e os jornalistas ganharem esse direito com o exercício da profissão, a lógica de ambos se intercepta em vários pontos importantes. O que nos leva a afirmar que os jornalistas são os intelectuais da atualidade.

Os intelectuais usavam de seu poder alcançado pela representação dos menos favorecidos para conseguir reconhecimento e legitimidade na obtenção de benefícios próprios, já os jornalistas atuais usam da liberdade para falar de qualquer situação, de opinar sobre qualquer assunto para conseguir prestígio perante a sociedade, como se fossem agentes imparciais e acima de posicionamentos políticos, econômicos, jurídicos etc.

A neutralidade não pode ser alcançada na profissão jornalística, como afirmou Bucci, já que o jornalista não pode se despir de suas convicções e princípios. Apesar disso, o jornalista busca incessantemente a posição que os intelectuais um dia tiveram, o de agentes neutros. Dessa forma, a estrutura do campo jornalístico apresenta um mecanismo de negação constante para manter a sua posição “superior”, como de um agente que olha tudo de fora da sociedade.

A mídia é integrante da sociedade, com direitos e deveres bem definidos, chegando até a ser reflexo da mesma. Logo, não pode haver separação entre as duas. A mídia transmite, por meio dos veículos comunicacionais de massa, o que acontece na sociedade, claro que separando as informações por temas. Os agentes que formam o campo jornalístico não podem estar acima da sociedade, muito menos fora dela. Eles são cidadãos como outro qualquer, que possuem direito de informar sobre os mais variados temas, mas que não estão livres de erros, críticas e até punições.

Há a tentativa, por parte dos jornalistas, de criar um distanciamento inerente à profissão que anularia as críticas externas ao campo jornalístico e o deixaria livre para o agir, assim como os intelectuais criaram no passado pelo simples fato de possuírem conhecimento, elemento que as classes menos favorecidas não possuíam. É como se a profissão fosse uma certificação de saber, com a qual o jornalista ganha o direito de representar o cidadão e de informá-lo da melhor maneira possível pelo fato de usufruir de um meio de comunicação de massa, seja ele a televisão, o jornal impresso, o rádio, a internet etc.

O cuidado deve vir do fato de que nem sempre as reportagens jornalísticas estão preocupadas apenas com a boa informação e com o repasse ao receptor, e sim em conseguir o “furo” de reportagem antes do jornalista da emissora rival; em ocultar dados negativos de patrocinadores do veículo no qual trabalha; em conseguir o reconhecimento dos seus pares etc.

Agindo assim, o jornalista lembra as atitudes dos intelectuais que usavam do poder adquirido para conseguir influência nos mais diversos setores da sociedade, preocupando-se mais com interesses próprios do que com as causas das minorias que deveriam representar. E a falta de crítica da profissão jornalística, ou a pseudocrítica interna que busca apenas eliminar críticas externas, procura apagar essas situações, deixando o jornalista em uma posição de defensor das causas nobres.

Os intelectuais não souberam até onde ia a sua capacidade de representação e até onde já estavam instaurando pensamentos concretizados e determinando modos de pensar à classe que diziam representar. Já os jornalistas sabem muito bem até onde vão os seus limites no ato de informar, e também sabem como o conhecimento - ou a ausência dele - pode ser um elemento de controle social muito forte e preciso.

Partindo do princípio que 91,3% [1] dos lares brasileiros possuem um aparelho de televisão, usando esse dado apenas como exemplo, percebemos que esse meio de comunicação se torna a principal fonte de informação de uma grande parcela da sociedade, tendo o poder de informar milhões de pessoas simultaneamente. Essa extensão do meio é conhecida pelos jornalistas e, muitas vezes, muito bem explorada para a concretização de seus objetivos particulares.

Dados como esse ressaltam a importância de uma crítica jornalística sobre a própria profissão, feita por jornalistas preocupados com o agir de seus pares e preocupados com os efeitos que determinadas atitudes podem ter para a sociedade em geral, o que, no caso da televisão, ainda caminha a passos curtos.

Com a chegada da pós-modernidade, os antigos intelectuais encontraram dificuldades em continuar exercendo os seus cargos de representantes de uma classe minoritária, pois encontraram uma sociedade mais particularista e individualista, a qual não precisava de um líder ou representante maior. Essa característica também pode ser encontrada no atual momento jornalístico, já que cada vez mais os grandes veículos de comunicação vêm perdendo espaço para as ferramentas possibilitadas pelas novas mídias eletrônicas, principalmente a Internet.

Dessa forma, os blogs, por exemplo, cada vez mais estão ganhando espaço entre as fontes de informação diária da sociedade e, o que é mais importante, estabelecendo, muitas vezes, uma espécie de contra-discurso em relação ao que é transmitido pelos clássicos meios de comunicação. Ou seja, o número de notícias e informações, hoje, está muito maior, acabando com a exclusividade jornalística para tal função, já que muitos “blogueiros” não são jornalistas ou, caso sejam, não estão vinculados a nenhum grupo midiático que possa limitar o seu agir crítico e informativo.

Os jornalistas, em meio a essas mudanças, também precisam repensar seus modos de realizar a profissão, visualizando os pontos positivos e negativos e entendendo o motivo de tantas fontes chamadas de “não-legitimadas” estarem conseguindo cada vez mais espaço.

Talvez fosse o momento de deixar de lado tantas questões externas que acabam influenciando no correto desempenho da profissão, de deixar de lado disputas pessoais e institucionais em favor do bom jornalismo e de uma sociedade mais crítica e ativa perante os acontecimentos do mundo, o que, conseqüentemente, acarretaria em uma aceitação das críticas à profissão, tanto de agentes do próprio campo como de agentes externos que tenham capacidade para tal.

Se não houver uma mudança nas atitudes jornalísticas, levando em consideração a realidade das novas tecnologias e do crescente acesso da população a elas, é possível que vejamos os jornalistas dos grandes veículos nacionais sem tanta representação perante a sociedade como um dia tiveram, assim como os intelectuais de Sarlo se viram sem representação e foram obrigados a migrar para uma área específica do conhecimento.

Esperamos que a mídia não tenha um futuro semelhante, ou seja, que não se limite ao “mundo midiático”, o qual, dependendo do uso, pode estar à parte da sociedade, e sim que erga a força do verdadeiro papel da mídia e do jornalista: o de fiel representante da população, acima de tudo.  

NOTA

[1] Fonte: PNAD (IBGE), 2006. Disponível em: http://www.teleco.com.br/nrtv.asp. Acesso em: 12 jun. 2008.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2005. 6ª ed.

___________. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 1997.

BRAGA, J. L. A sociedade enfrenta a sua mídia: dispositivos sociais de crítica midiática. São Paulo: Paulus, 2006.

FEATHERSTONE, M. Cultura do consumo e pós-modernismo. São Paulo: Nobel, 1995.

FILHO, C. B.; MARTINO, L. M. S. O habitus na comunicação. São Paulo: Paulus, 2003.

SARLO, B. Cenas da vida pós-moderna - Intelectuais, arte e videocultura na Argentina. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004. 3ª ed.

*Luiz Augusto Seguin Dias e Silva é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Estadual Paulista (UNESP/Bauru).

   

Revista PJ:Br - Jornalismo Brasileiro [ISSN 1806-2776]