Nº 9 - Dez. 2007 Publicação Acadêmica de Estudos sobre Jornalismo e Comunicação ANO V
 
 

Expediente

Vinculada
à Universidade
de São Paulo

 
 

 

 


 

 

 

 

 

 


DOSSIÊ - 7 DE SETEMBRO NA MÍDIA
 


Semana da pátria no JN

Representação, identidade e construção social da realidade

Por
Aline Silva Correa Maia
e Lara Linhalis Guimarães*

Reprodução

RESUMO

Este texto apresenta uma análise da cobertura do Jornal Nacional - exibido na Rede Globo - na “Semana da Pátria” e, especificamente, no “Dia da Pátria”, sete de setembro de 2007.

Para o estudo, baseamo-nos, principalmente, nas idéias de Nelson Traquina e de Perseu Abramo, elencando o que estes autores estudaram sobre noticiabilidade e manipulação da notícia, respectivamente. Além de identificar quais foram os valores notícia e os padrões de manipulação utilizados nas matérias, percebemos que no processo de produção de sentidos das reportagens foram reforçados conceitos arraigados no imaginário social brasileiro. Constrói-se um discurso sobre a realidade na qual se acentua uma identidade nacional romantizada e gloriosa.

PALAVRAS-CHAVE: Telejornalismo / Imaginário / Noticiabilidade

Introdução

No Brasil, país onde poucos cultivam o hábito da leitura, a televisão assume papel central entre as formas de informação e entretenimento dos indivíduos. Recorrendo ao imaginário popular, ela divulga representações contidas em mensagens de divertimento, jornalísticas ou mesmo publicitárias, colaborando para a estruturação de identidades e para a construção social da realidade. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, em 1991, havia mais aparelhos de TV (27.650.179) do que geladeiras (23.910.035) nos domicílios brasileiros.

Para Eugênio Bucci

(...) a televisão é hoje o veículo que identifica o Brasil para o Brasil. Tire a TV de dentro do Brasil e o Brasil desaparece, ou seja, a “representação que o Brasil faz de si mesmo praticamente é desligada”. A TV une e iguala, no plano do imaginário, um país cuja realidade é constituída de contrastes, conflitos e contradições violentas (Cf. BUCCI, 2004: p. 222).

Nesta linha, pensamos, então, qual não é a penetração do Jornal Nacional nos lares brasileiros. No ar desde 1969, nasceu para atender a propósitos de integração nacional.

Carro chefe da programação da Rede Globo, exibido de segunda a sábado e “assanduichado” entre dois programas de ficção, propõe-se a informar os brasileiros sobre os principais acontecimentos do país e do mundo. Em entrevista à pesquisadora Isabel Travancas, William Bonner, editor-chefe e um dos apresentadores do JN em 2007, definiu o telejornal como:

Um jornal factual, que tenta abrir espaço para discussões da atualidade, que te permitam compreender melhor o mundo e o país em que vive e, quando sobra tempo, a gente insere material jornalístico que te permita respirar um pouco. Dá um ‘saborzinho’. Uma arejada no noticiário, para que o programa de televisão seja também interessante (Cf. TRAVANCAS, 2007: p.131).

Quando recorremos a números do IBOPE sobre a amostra Painel Nacional de Televisão, PNT, chegamos à informação de que 42% dos domicílios brasileiros pesquisados estavam sintonizados todas as noites no Jornal Nacional, às 20 horas, de janeiro a junho de 2004.

Travancas (2007) entende o lugar da TV Globo e do Jornal Nacional como “veículos de construção de um imaginário nacional, e seus telespectadores como participantes dessa comunidade”. Assim, frente à audiência do telejornal, pensamos no impacto que as matérias por ele exibidas possam causar na sociedade. Nesta linha de reflexão, propomo-nos a avaliar, neste trabalho, as edições do JN veiculadas de três a sete de setembro de 2007, período que denominaremos de “Semana da Pátria”, por englobar a data de aniversário da independência do Brasil; inclusive, daremos especial atenção à edição de sete de setembro.

Partindo do pressuposto que o jornalismo objetiva testemunhar, registrar e informar a realidade a quem possa interessar – discurso também assumido pelo JN, conforme revela fala apresentada acima, de seu editor chefe -, analisaremos os fatos que ganharam visibilidade, ou seja, o que foi notícia na Semana da Pátria e qual foi a abordagem / angulação conferida aos assuntos reportados.

Como expôs Nelson Traquina (1993), sabemos que a meta do jornalismo é clara, inicialmente desprovida de complexidade, mas extremamente comprometedora, já que os jornalistas não são simples observadores indiferentes dos fatos, mas, colaboradores ativos de um delicado processo de construção da realidade, de forma que “as notícias não podem ser vistas como emergindo naturalmente dos acontecimentos do mundo real; (...) Enquanto o acontecimento cria a notícia, a notícia também cria o acontecimento” (Cf. RAQUINA, 1993: p.167).

Para esta análise, baseamo-nos, principalmente, nas idéias de Nelson Traquina e de Perseu Abramo, elencando o que estes autores estudaram sobre noticiabilidade e manipulação da notícia, respectivamente. A revisão dos conceitos propostos por estes pesquisadores será feita a fim de identificar, nas matérias exibidas pelo Jornal Nacional na Semana da Pátria, mais especificamente no “Dia da Pátria”, quais foram os valores notícia utilizados, bem como os padrões de manipulação empenhados nas reportagens.

O campo jornalístico: saberes, critérios e padrões

O modo de fazer jornalismo tal qual conhecemos hoje tem suas raízes alimentadas no decorrer do século XIX, a partir da eleição de um novo objetivo: disponibilizar informação e não propaganda. De fato, essa mudança de paradigma é condicionada por uma série de processos históricos emergentes, que indicavam uma atividade jornalística condizente, por exemplo, com as novas temporalidades potencializadas com o avanço do capitalismo (Cf. FRANCISCATO, 2005).

Interessa-nos, particularmente, para este artigo o fato de que foi à luz desse deslocamento paradigmático a tessitura de valores identificáveis ainda hoje com o jornalismo, ou, a confecção de “uma constelação de idéias que dão forma ao emergente ‘pólo ideológico’ do campo jornalístico” (Cf. TRAQUINA, 2005: p.34). Esses valores podem ser expressos a partir de termos como notícia, verdade, independência, exatidão e a não menos proclamada noção de serviço público.

Para Traquina (2005), a “constelação de idéias” que serve como égide ao fazer jornalístico contemporâneo contribuiu para forjar um forte ethos profissional, que fornece aos jornalistas modos de ser/estar, de agir, de falar e de ver o mundo. O pesquisador acredita que esse conjunto de “saberes profissionais” relacionados ao campo está diretamente ligado ao fator “tempo”, que “condiciona todo o processo de produção das notícias, porque o jornalismo é marcado por horas de fechamento” (Cf. TRAQUINA, 2005: p.37). A partir da constatação, o valor do imediatismo reina absoluto, assim como uma autoridade suprema, um soberano monárquico e incontestável, definido como o espaço de tempo entre o acontecimento e sua transmissão.

Dito isso, como deveria se comportar o jornalista ante esse reinado da “urgência” e da “velocidade”? Para Traquina, “ser profissional implica possuir uma capacidade performativa avaliada pela aptidão de dominar o tempo em vez de ser vítima dele” (Cf. TRAQUINA, 2005: p.40). Ou seja, a relação entre o jornalista e o fator tempo se dá como um teste de competência profissional e tem como apoio justamente o conjunto de saberes profissionais de que falamos anteriormente, denominados por Ericson, Baranek e Chan (1987: p.113, Apud: TRAQUINA, 2005: p.41) como “vocabulários de precedentes”. Integram esse “léxico” os saberes de reconhecimento (maneira de ver), de procedimento (maneira de agir) e de narração (maneira de ver e de falar).

O primeiro está ligado à mobilização de critérios na intenção de reconhecer se dado acontecimento possui ou não valor como notícia; o segundo, aos conhecimentos que orientam a recolha dos dados como, por exemplo, a maneira de lidar com as fontes na verificação dos fatos; o terceiro faz referência à capacidade de empacotar as informações numa narrativa noticiosa, de acordo com a linguagem jornalística.

Assim, a maneira de observar e narrar um fato, além da forma de proceder à sua verificação, está diretamente relacionada aos valores-notícia utilizados pelos jornalistas, o que implica a entronização de uma série de “critérios de noticiabilidade” e explica o padrão geral apresentado pelos conteúdos noticiosos.

Dito de outra forma, para apreender a realidade e transformá-la na matéria-prima da profissão, os jornalistas se valem de “óculos particulares”, metáfora utilizada por Pierre Bourdieu (Cf. BOURDIEU, 1997) em referência aos valores notícia consagrados atualmente pelo campo jornalístico. Em Traquina (2005), encontramos a categorização desses valores em sub-critérios: de seleção, subdividido em substantivos, relacionados à maneira de ver do jornalista, ao “faro” para notícias; e contextuais, atrelados ao contexto produtivo; e de construção, partindo do princípio que, depois de recolhidas as informações, deve-se “empacotá-las” em “jornalês”, na linguagem jornalística.

O primeiro grupo de sub-critérios, os substantivos, indica as qualidades que o fato deve ter para se tornar jornalístico, tais como: a notoriedade, proximidade, relevância, novidade, temporalidade, notabilidade, o inesperado, conflito, a infração e o escândalo.

Interessante à nossa análise recorrer a Traquina (2005) em sua reflexão sobre a natureza desse primeiro conjunto de valores-notícia. Para ele, a maneira de ver dos jornalistas tem como pressuposto a construção/manutenção do consenso social, o que evoca em primeira instância a noção de unidade: nação, povo, sociedade. “Esta visão nega quaisquer discrepâncias estruturais mais importantes entre grupos diferenciados, ou entre os próprios mapas diferentes do significado numa sociedade, e ganha assim significado político” (Cf. TRAQUINA, 2005: p.86).

Ainda no que diz respeito à idéia de consenso social, Traquina (2005) recorre a autores que também discutem o tema. Dentre eles, Stuart Hall (1984), que percebe os valores notícia enquanto “estrutura de primeiro plano”, em detrimento da visualização de uma “estrutura profunda”: justamente as noções consensuais sobre o funcionamento da sociedade, as idéias hegemônicas ou o que é celebrado pelo senso-comum, em detrimento da controvérsia de posicionamentos.

Em relação ao segundo grupo de sub-critérios de noticiabilidade, os contextuais, Traquina (2005) evoca como condicionantes à publicação do fato: a disponibilidade, o equilíbrio, a visualidade, concorrência e o dia noticioso. Sobre os valores notícia de construção, Traquina diz serem representantes: a simplificação, amplificação, relevância, personalização, dramatização e a consonância. Em complemento, o autor atenta ao papel de destaque que tem a política editorial da empresa na seleção dos fatos que entrarão ou não na ordem do dia. Assim como interferem no trabalho dos profissionais as rotinas jornalísticas (relação fonte-jornalista), a produtividade das rotinas e a direção da organização jornalística.

Apresentada a classificação dos critérios de noticiabilidade propostos por Nelson Traquina, interessante procedermos à exposição do que Perseu Abramo (2003) chamou de padrão específico do jornalismo de televisão e rádio, quando da argumentação sobre os padrões de manipulação na grande imprensa. Para Abramo, o padrão global (no sentido de redondo, total) se divide em três momentos ou atos: a exposição do fato, sob ângulos mais emocionais, espetaculares, sensacionalistas; a sociedade fala, referindo-se aos testemunhos dos personagens envolvidos; e a autoridade resolve, suprimindo o mal, evitando conflitos maiores e anunciando soluções a serem tomadas em relação ao acontecimento.

Para Perseu Abramo, a manipulação das notícias provoca, também, a distorção da realidade. Cabe destacar que o pesquisador utiliza o termo “manipulação” para denotar “manuseio” das informações. Para o autor, o risco do “manejo” da notícia concretiza-se quando lembramos que “o mundo real não se divide em fatos jornalísticos e não-jornalísticos, pela primária razão de que as características jornalísticas, quaisquer que elas sejam, não residem no objeto da observação, e sim no sujeito observador e na relação que este estabelece com aquele” (Cf. ABRAMO, 2003: p.26). Ainda de acordo com Perseu:

(...) a relação entre a imprensa e a realidade é parecida com aquela entre um espelho deformado e um objeto que ele aparentemente reflete: a imagem do espelho tem algo a ver com o objeto, mas não só não é o objeto como também não é a sua imagem; é a imagem de outro objeto que não corresponde ao objeto real (Cf. ABRAMO, 2003: p.24).

A Semana da Pátria

De três a sete de setembro de 2007, período que neste artigo denominamos de “Semana da Pátria”, 61 reportagens foram exibidas no Jornal Nacional, sem contar as notas cobertas (imagens com narração do apresentador) e secas (somente informação, sem imagem). Os conteúdos versaram, principalmente, entre factuais (“o” acontecimento do dia) e suítes (apresentando fato novo a temas já apresentados em edições anteriores).

Das seis dezenas de matérias, 49 eram nacionais e 12 internacionais. Chamou-nos a atenção o grande número de produções concentradas no triângulo SP-RJ-Brasília: Em 11 matérias, os repórteres estavam em São Paulo; 13 no Rio e 16 em Brasília. Constatação que nos faz concluir que a fala dirigida a todo o país, à nação brasileira, parte, principalmente, do eixo político-econômico do Brasil, impondo um discurso hegemônico. Dentre as reportagens internacionais, seis foram fechadas em Nova Iorque, onde a TV Globo tem correspondente.

O “Caso Renan Calheiros”, a discussão sobre a CPMF, o tempo seco propiciando queimadas em todo o Brasil (principalmente na Chapada dos Guimarães) e polícia-violência foram temas presentes na maioria das edições do JN na Semana da Pátria. Para o último item, especificamente, as notícias davam conta de conflitos travados em favelas cariocas entre traficantes e policiais, de um delegado preso no Rio de Janeiro acusado de corrupção e de outro que sofreu atentado, e de capitã da PMRJ vítima de seqüestro relâmpago.

Em todas as edições, percebemos que a primeira matéria do telejornal tratava-se sempre de um tema “forte”, assunto novo, impactante e factual, com intuito de chocar e prender o telespectador frente à TV desde a abertura do JN. Ao longo do telejornal, assuntos relacionados foram concentrados em um mesmo bloco, prática recorrente no jornalismo, de forma a “organizar” as informações para o receptor. Fechando as edições, temas mais leves, esporte ou o próprio fait- divers [1].

Cabe destacar que na Semana da Pátria nenhuma matéria especial por ocasião da proximidade do Dia da Independência foi produzida, assim como não foi exibida série com a temática – o que poderia ter sido feito. O próprio quadro Identidade Brasil, que periodicamente é apresentado no JN, não foi veiculado de três a sete de setembro. Na semana em que o país comemorou sua independência, a cobertura do Jornal Nacional não se diferenciou em relação a outras datas.

Privilegiou-se o factual (o assunto do dia, por exemplo, a morte de Pavarotti, operação da PF no RS), o escândalo (delegado preso acusado de corrupção, suítes do “caso Renan” e da “crise aérea”), além das matérias “frias”, que poderiam entrar em qualquer data (de economia, comportamento, pesquisa científica; por exemplo, dificuldade do jovem em conseguir 1º emprego, pesquisa do IBGE sobre o que fazer para melhorar a qualidade de vida, pesquisa sobre embriões híbridos etc.). Estas últimas, sempre apareceram nos blocos medianos, na transição dos assuntos factuais, fortes, para os temas mais leves, de encerramento do jornal. Em nossa percepção, as matérias veiculadas não fugiram aos valores notícia apresentados por Traquina e por nós expostos anteriormente.

Somente em sete de setembro, o segundo bloco do JN foi temático, onde foram exibidas as matérias relacionadas ao dia da independência. No entanto, as abordagens e angulações das reportagens não inovaram de matérias exibidas em anos anteriores, como veremos a seguir. Destacamos, antes, que neste dia a escalada do JN foi pontuada pela expressão “Sete de setembro na / no...”, numa tentativa de contextualizar o que aconteceu no país e no mundo na data em que o Brasil celebra sua independência [2].

Observamos nos enunciados a evocação da pátria e do solo verde-amarelo, numa tentativa de partilha de um sentimento nacional, mesmo em reportagens que não se referiam à Independência. Por exemplo, ao chamar o “Sete de setembro no Brasil, paradas militares celebram o dia da Pátria em todo o país” e, ainda, “no coração do Brasil o inverno seco alimenta novos focos de incêndio nas nossas matas” [3].

No “Dia da Pátria”, além dos eventos em torno da independência, foi notícia no JN: incêndio na Chapada dos Guimarães, queimadas criminosas no Pará, estradas cheias no feriado (típica matéria de dia de recesso), tufão no Japão, inundação na parte central da Europa, “Caso Madeleine”, suíte do velório de Pavarotti, medalha conquistada por Jade Barbosa, espionagem na Fórmula 1, reaparecimento de Bin Laden, presidente da Coréia do Sul pede a Bush fim de guerra, Exposição 50 anos da RBS (afiliada da Rede Globo no sul do país), chegada da seleção brasileira aos EUA, festival de maracatu e música clássica em Olinda.
 
“A seguir: o Dia da Pátria” [4]

Desfile de navios no Rio, protestos no Grito dos Excluídos, tradição das paradas militares, visita ao museu da independência. Estes foram os temas chamados pelo Jornal Nacional, no dia sete de setembro, na passagem do primeiro para o segundo bloco que contemplaria o “Dia da Pátria”, essa entidade supra-regional que secundariza as diferenças internas do país e conclama a todos a participar da toada nacional.

Na data em que oficialmente foi proclamada a independência do Brasil, entendemos ser necessário observar, à luz dos critérios de noticiabilidade e do padrão estrutural do jornalismo televisivo já elucidados, a parceria entre dois importantes marcadores identitários contemporâneos na construção/representação de seu público: a nação, certamente menos acolhedora ou menos poderosa simbolicamente que em outros tempos, mas ainda proclamada enquanto pátria ou coletividade transcendente; e, a mídia, esta sim ocupando lugar de destaque na composição identitária dos sujeitos e na conformação do laço social, do sentimento de pertencimento a uma comunidade nacional.

Nesta edição, observamos alguns valores notícia comuns a várias reportagens: a notoriedade do ator principal – a Pátria, que é celebrada no dia da Independência; a proximidade e relevância, já que as reportagens concentram-se no eixo Rio-São Paulo, e a pátria, ator principal, é a unidade transcendente que, aos menos simbolicamente, nos integra a todos em termos culturais, geográficos, políticos; a novidade envolvida nas paradas militares reportadas, o tempo passado evocado e glorificado do “Dia da Independência”; a simplificação, no sentido de que está instaurada no repertório cultural dos brasileiros a celebração de um feito histórico, sem necessidade de maiores explicações sobre fato e a personalização, dada a identificação dos entrevistados com o público em geral – de brasileiros para brasileiros.

A primeira reportagem do segundo bloco, o dedicado à “Pátria”, mostra uma parada militar bem pouco comum: na Praia do Arpoador, Rio de Janeiro, duas dezenas de embarcações de guerra “rasgam” o mar, helicópteros povoam o céu em revoada, dezenove tiros estrondosos de canhão são disparados. Enquanto o espetáculo é apresentado, há alguns observadores bem empolgados, como um homem que define aquele momento como “indescritível”, tão emocionante como a “Copa do Mundo”. Há outros bem informados quanto à historiografia oficial, como uma criança que sabe de cor o que aquele espetáculo representa: “hoje é o dia da independência do Brasil, que o Brasil era de Portugal, mas aí essa data de 7 de setembro conseguiram que o Brasil ´seja´ o Brasil mesmo”. Depois da fala do menino, a reportagem finaliza com uma pessoa segurando a bandeira do Brasil contra o sol, resultando em um jogo de luzes e exaltação do símbolo nacional que tem suas cores iluminadas.

Podemos encontrar nessa reportagem quase todos os critérios substantivos, contextuais e de construção apresentados por Traquina, dentre eles: a notabilidade tangível de uma parada militar, com registro da quantidade de navios de guerra e tiros de canhão; a visualidade do evento, centrada no desfile de grandes navios pelo mar, acompanhados de helicópteros rasgando o céu; dramatização, em seus contornos mais emocionais e sensacionais, já que o evento evoca um sentimento de pertencimento à comunidade nacional e de luta passada pela liberdade da nação; simplificação da proclamação da independência, sem maiores detalhes sobre o fato.

É interessante destacar que o feito histórico aclamado pela parada naval não é submetido a alguma contextualização ou contestação. Temos navios de guerra, helicópteros, tiros de canhão compondo um espetáculo tão atraente e grandioso que não abre espaço para qualquer descompasso contra-hegemônico. A principal explicação sobre o evento é dada por uma criança, que exterioriza o que desde cedo os brasileiros aprendem na escola e é peça do consenso social: os brasileiros tornaram-se independentes. Independentes em relação a que, quem e como, não importa na reportagem. Importa glorificar o passado de luta pela liberdade, e não haveria melhor lugar para isso que a imensidão do mar.

A 13ª edição do “Grito dos excluídos” é reportada em seguida. Manifestação organizada por movimentos sociais e pela Igreja Católica, com o objetivo inicial de denunciar situações de exclusão, o Grito deste ano também colheu assinaturas em favor da reestatização da Companhia Vale do Rio Doce. Após imagens em plano aberto da multidão em “protesto”, o bispo auxiliar de São Paulo é o único que tem a palavra. Em seguida, são mostradas imagens de multidões rezando, em Aparecida/SP, às margens do rio onde se acredita que fora encontrada a imagem de Nossa Senhora Aparecida e na basílica nacional da padroeira do Brasil.

Nesta reportagem também encontramos um conjunto de valores notícia, dos quais: a notoriedade, agora de dois atores tornados principais, a pátria e a Igreja; a proximidade do fato, dado que são apresentadas manifestações ocorridas no estado de São Paulo (cidade integrante do eixo central do Brasil); a notabilidade de uma manifestação que envolveu cerca de cinco mil pessoas; a relevância do evento, já que interessa diretamente a grande parte dos brasileiros: os excluídos e os católicos; a simplificação, engendrada pela fala do repórter e por imagens em plano aberto da multidão em passeata.

Apesar da possibilidade de tornar-se uma reportagem que dá voz aos brasileiros excluídos dos processos decisórios nacionais e de uma série de bens de consumo, é construída na esfera do consenso e longe de qualquer conflito. A Igreja torna-se ator principal do acontecimento, sendo o bispo auxiliar de São Paulo o único entrevistado, a fonte oficial. Aos manifestantes, é relegada imagem em plano aberto, quando as bandeiras dos movimentos sociais participantes mesclam-se, formando uma massa uniforme, pouco perceptível em suas particularidades.

“Policiais civis em greve provocaram confusão em Maceió durante desfile de 7 de setembro”, essa é a cabeça da terceira reportagem do bloco do “Dia da Pátria”. Há 38 dias em greve, os policiais invadiram a pista durante a parada militar e impediram a continuação do evento. Uma entrevistada, aos prantos, diz estar revoltada com o ocorrido, já que teria ido de longe para assistir o desfile. Enquanto a mulher fala, a filha a consola: “Chora não, mãe”. A reportagem traz ainda outra “confusão” provocada pelos grevistas no dia anterior, quando queimaram pneus em frente ao palácio do governo e apedrejaram o prédio.

Os valores notícia mais destacados nesta matéria giram em torno do conflito, da infração, e do escândalo, já que há um fato que subverte a continuidade da parada militar em Maceió, no sentido de que, não fosse a interrupção desta por parte de policiais grevistas, pouco provável que tivesse sido retratada. Também aqui reina a simplificação do sentido do protesto engendrado pelos policiais civis, a relevância do fato, já que é construído como uma “afronta” à comemoração da independência do Brasil, a personalização, representada por uma brasileira indignada com a interrupção da parada e vinculada a outro valor-notícia, e a dramatização, já que a entrevistada chora e lamenta pelo ocorrido.

Nessa reportagem encontramos mais explicitamente o que Perseu Abramo chama de padrão global de reportagens televisivas e radiofônicas: a exposição do fato – a interrupção da parada militar por policiais grevistas; a sociedade fala – por meio da fala chorosa da entrevistada, indignada por não poder ver a parada; e a autoridade resolve – já que o governo determinou abertura de sindicância administrativa e inquérito a fim de identificar os policiais envolvidos no “ato de vandalismo”, sendo que os manifestantes podem ser expulsos da polícia civil.

A reportagem é concluída pelo governador do estado dizendo: “Não se confunde transparência e diálogo, com falta de autoridade ou com falta de respeito, venha de onde vier”. O epílogo do acontecimento, dado pela emissora em nota seca, explica, enfim, a razão do protesto: os policiais querem equiparação salarial com os peritos criminais. Tal informação, o motivo da revolta, o lado dos policiais, ainda não havia aparecido na reportagem.

Julgamos interessante destacar o papel da mulher entrevistada, ao lamentar a interrupção do desfile. Ao utilizar este recurso, a reportagem evoca o sentimento dos brasileiros de pertencimento à comunidade nacional, desrespeitada pelos policiais no dia em que sua independência é comemorada. Mais uma vez, a esfera do consenso é invocada, já que pouco importa o sentido do protesto face à afronta de um momento imaginado “sagrado” para os brasileiros, representados estes pela queixa chorosa da entrevistada.

A parada militar de Brasília é tema da quarta reportagem do “Dia da Pátria”. “Dragões da independência” acompanhando o carro do presidente é a imagem inicial, sem muito diferenciar de reportagens de anos anteriores. Destaca-se a presença da primeira dama no palanque, Dona Marisa, segundo a repórter, “a mais animada”. A passagem da jornalista indica a ampliação da estrutura do evento: mais grades de segurança, banheiros químicos, exposições e mostras culturais. E completa: “com isso a previsão de gastos mudou, um milhão de reais a mais que no ano passado”.

É ressaltada também a quebra de expectativa em relação ao público, “10 mil a menos que no ano passado”. A reportagem é fechada com o show aéreo, caças e pára-quedistas. Fátima Bernardes continua, em nota coberta, que após o desfile, o presidente Lula recebeu no Palácio do Planalto a equipe de um programa americano sobre motocicletas que doaram um capacete e um casaco para o Programa Fome Zero.

Entre os valores notícia destacam-se a notabilidade, ou qualidade tangível da parada militar de Brasília, que gastou 1 milhão de reais a mais que a do ano passado e teve um público de 10 mil pessoas a menos; a visualidade, já que se trata de um espetáculo-ritual com apresentações oficiais a serem contempladas, e uma espécie de conflito implícito: o fato de que foram gastos mais dinheiro com a parada e o público foi menor em relação ao ano anterior, o que se relaciona com outro valor-notícia: a novidade.

Ainda nesta reportagem, é interessante perceber um vestígio da imagem do presidente Lula comumente evocada pela emissora, não sem certo tom de ironia: um líder “popular” (ou populista), que tem uma esposa “animada” nas causas defendidas, e procura identificar-se com os brasileiros ao quebrar o protocolo comumente exigido para uma autoridade nacional. Na nota coberta que dá continuidade à reportagem, Lula, vestido de vermelho e branco, é mostrado sentando na motocicleta estilizada trazida pela equipe norte-americana, em frente ao Palácio do Planalto.

A última reportagem do “Dia da Pátria” apresenta o que Bonner chamou de “reencontro com a história”: visitas ao Museu da Independência, em São Paulo. O repórter mostra a fila que se formou para entrar no Museu, às margens do Rio Ipiranga, “bem onde 155 anos atrás Dom Pedro proclamou a Independência do Brasil”, enfatiza o jornalista. O objetivo, segundo a fala dos entrevistados: conhecer a História do Brasil. Para isso, o Museu conta com 125 mil peças, que atuam como vestígios de um passado imperial. A sala mais visitada é onde está a tela “Independência ou morte”, pintada por Pedro Américo em 1888.

Observamos em destaque a evocação de um tempo passado, glorioso aos brasileiros: um museu que traz vestígios da época em que fora proclamada a Independência do Brasil, e, em última instância, a liberdade dos brasileiros em relação ao seu colonizador: Portugal. O fato histórico, “naturalmente” relevante dada a imaginação de uma comunidade nacional historicamente produzida e difundida, é potencializada com a construção da reportagem, que trata a visita ao Museu como a possibilidade de conhecer a história dos brasileiros.

Considerações finais

Nesta análise, utilizamo-nos dos valores notícia apresentados por Traquina (2005) para identificar a recorrência dos temas reportados pelo JN na Semana da Pátria. No entanto, sabemos que nem mesmo os próprios jornalistas conseguem responder com exatidão sobre os critérios de noticiabilidade empregados para seleção do que é ou não notícia. Nossa tentativa neste artigo foi aplicar conceitos apresentados por Traquina e por Abramo a fim de sistematizar e analisar os conteúdos exibidos no jornal de maior audiência na televisão brasileira.

Consideramos importante destacar que, ainda em Traquina (2004), encontramos a noção de “ordem no espaço”, utilizada pelas empresas jornalísticas para a organização do trabalho. Este conceito apresentado pelo autor é facilmente identificável nas reportagens do Jornal Nacional, principalmente quando percebemos o eixo “noticioso” RJ-SP-Brasília, fazendo com que o “resto do país” seja notícia somente quando há desordem ou deslocamento de autoridade (Cf. TRAQUINA, 2004: p.182). Por exemplo, ao vermos reportada a parada militar de Maceió, logo entendemos o valor que a fez ganhar visibilidade: a desordem, já que o desfile foi interrompido por um protesto de policiais civis em greve.

Outro elemento que ainda julgamos necessário ressaltar é a hierarquia da credibilidade, a fonte utilizada mais pelo que é do que pelo que sabe. É a “voz oficial” presente praticamente em todas as matérias, ou, ainda, a fala do “especialista” (Cf. BOURdIEU, 1997), conferindo “credibilidade” ao assunto reportado. É neste contexto que também vemos as notícias como aliadas das instituições legitimadoras, e as notícias como colaboradoras do status quo (Cf. TRAQUINA, 2004: p.199).

No conjunto da fala legitimadora, chamou-nos a atenção nas edições de três e cinco de setembro do Jornal Nacional, notas secas sobre confrontos de policiais e traficantes em favelas do Rio. No relato do conflito, também era dada a informação sobre número de mortos nos combates: “Sete pessoas morreram (...) segundo a polícia, eram todos bandidos”; “vinte e duas pessoas já morreram (...) segundo a polícia, todos bandidos”.

Percebemos a legitimação da fala hegemônica, conforme descreve Traquina sobre os estudos de Gaye Tuchman. “Os grupos sociais que atuam fora do consenso são vistos como marginais e a sua marginalidade é tanto maior quanto mais se afastarem do social legitimado, através da afirmação e da demonstração de atos de violência” (Cf. TRAQUINA, 2004: p.198).

Partindo da observação dos temas que foram ao ar na Semana da Pátria, bem como da abordagem a eles dada nas edições, entendemos o jornalismo como um delicado processo de construção da realidade a partir da percepção e da interpretação do fato pelo jornalista. Se inicialmente o jornalismo fornecia bases para que as pessoas pudessem formular as próprias opiniões, hoje ele vai interferir na própria estruturação da visão de mundo pelo receptor, pois

(...) as notícias são construções, narrativas, ‘estórias’. As notícias são elaboradas com a utilização de padrões industrializados, ou seja, formas específicas que são aplicadas aos acontecimentos, como, por exemplo, a pirâmide invertida. (...) Assim, o jornalismo e os jornalistas podem influenciar não só sobre o que pensar mas também como pensar. (Cf. TRAQUINA, 2004: p.203) [5].

Ou seja, é a construção social da realidade povoando o imaginário coletivo, construindo e / ou reforçando identidades. Pensando o telejornalismo, valemo-nos ainda de Pierre Bourdieau, para quem a “televisão é um formidável instrumento de manutenção da ordem simbólica” (Cf. Bourdieu, 1997: p.20).

No prefácio de Juventude e Televisão, de Isabel Travancas, Eugênio Bucci confere ao Jornal Nacional a qualidade de “instituição jornalística central no Brasil de hoje”. (Cf. TRAVANCAS, 2007: p.11). Atrelando a tal definição está o papel determinante dos meios de comunicação no processo de edificação das identidades na modernidade.

Ao analisar a Semana da Pátria, percebemos que o JN não fugiu ao lugar comum, aos valores notícia identificados no jornalismo de uma maneira geral, nem aos padrões de manipulação observáveis na produção jornalística como um todo. Coube ao Jornal Nacional a fala oficial, a busca pelo furo e pela retratação da grande história, em uma tentativa de reforço da noção de jornalismo como serviço público e guardião da ética, da moral e dos bons costumes, o lugar de segurança e de orientação para a vida em sociedade.

As edições de três a sete de setembro - e especificamente esta última, na qual detivemos mais atenção nesta análise - revelam a reconstrução de lembranças e a construção de uma memória nacional – seja pelo resgate da história da independência ou pela interpretação dos fatos da atualidade, como o “caso Renan”, a “crise Aérea”, os conflitos PM X traficantes etc.), reverberando conceitos e preconceitos enraizados no imaginário coletivo brasileiro. Lembramos que os processos narrativos são importantes para a estruturação das identidades, uma vez que a maneira de relembrar o passado ou contar o presente são formas de trazer a questão identitária para o agora.

As representações que ganham visibilidade no Jornal Nacional ajudam o telespectador a criar sua imagem sobre o território brasileiro. Afinal, é o telejornal que se propõe a falar do Brasil para o Brasil. No entanto, apresentando fragmentos da realidade, o JN acaba por reforçar os papéis sociais conferidos às instituições e aos próprios cidadãos brasileiros.

NOTAS

[1] Matéria de abertura / matéria de encerramento do JN na Semana da Pátria: 03 set.: Atentado contra delegado no RJ / jogo Cruzeiro x São Paulo; 04 set.: Delegado RJ detido e afastado do cargo após blitz irregular / nota seca do “caso do bilhete premiado em Juassaba, SC”; 05 set.: Conselho de Ética aprova relatório que pede a cassação de Renan / nota coberta do “caso do bilhete premiado em Juassaba/SC”; 06 set.: Morre Pavarotti / 50 anos painéis de Portinari; 07 set.: Chapada dos Guimarães fechada por causa de incêndio incontrolável / Festival em Olinda une maracatu e música clássica.

[2] Escalada JN em 07 set. 2007: Bonner: Sete de setembro na Alemanha. / Fátima: A brasileira Jade Barbosa conquista um feito histórico. A medalha de bronze a torna a 3ª ginasta mais completa do planeta. / Bonner: Sete de setembro no Oriente Médio. / Fátima: Com a barba tingida de preto, Osama Bin Laden reaparece na Internet com críticas à presença americana no Iraque. / Bonner: Sete de setembro no Brasil, paradas militares celebram o dia da Pátria em todo o país. / Fátima: E diversos estados ouvem o Grito dos Excluídos, manifestações de protesto organizadas pela CNBB, ONG’s e sindicatos. / Bonner: Em Portugal, a mãe da inglesa Madeleine se torna suspeita pelo desaparecimento da menina. / Fátima: E no coração do Brasil o inverno seco alimenta novos focos de incêndio nas nossas matas.

[3] Grifo das autoras.

[4] Cabeças das reportagens do 2º bloco do JN em 07 set. 2007: Fátima: As comemorações do 7 de setembro surpreenderam quem aproveitou o dia de sol nas praias do Rio de Janeiro. / Bonner: Representantes de Movimentos Sociais e da Igreja Católica realizaram hoje em várias cidades a 13ª edição do Grito dos Excluídos. / Fátima: Policiais civis em greve provocaram confusão em Maceió durante o desfile de 7 de setembro. / Bonner: Em Brasília, milhares de pessoas assistiram o desfile de 7 de setembro. / Bonner: Nesse dia em que o Brasil comemora a independência, muitos paulistanos aproveitaram o feriado para um reencontro com a história.

[5] Grifos das autoras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMO, P. Padrões de Manipulação na Grande Imprensa. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2003.

BOURDIEU, P. Sobre a Televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.

BUCCI, E; KEHL, M. R. Videologias. São Paulo: Boitempo, 2004.

FRANCISCATO, C. E. A fabricação do presente: como o jornalismo reformulou a experiência do tempo nas sociedades ocidentais. São Cristóvão: Editora UFS; Aracaju: Fundação Oviêdo Teixeira, 2005.

TRAQUINA, N. (Org.). Jornalismo: questões, teorias e “estórias”. Lisboa: Veja, 1993. Coleção Comunicação & Linguagens.

____________. Teorias do Jornalismo – Volume I: Porque as notícias são como são. Florianópolis: Insular, 2004.

____________. Teorias do Jornalismo – Volume II: A Tribo Jornalística – uma comunidade interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular, 2005.

TRAVANCAS, I. S. Juventude e Televisão: um estudo de recepção do Jornal Nacional entre jovens universitários cariocas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.

DOCUMENTO ONLINE

Disponível em:: www.ibge.gov.br.

*Aline Silva Correa Maia é jornalista e mestranda do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Lara Linhalis Guimarães é mestranda-bolsista (Capes) do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).


Revista PJ:Br - Jornalismo Brasileiro [ISSN 1806-2776]