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Dossiê

Sotaques da crítica às práticas jornalísticas (homenagem a Carlos Chaparro)

Por Margarethe Born Steinberger*

Estou muito feliz em participar desta homenagem ao mestre Chaparro. Ele me chama de "mulher guerreira". Foi sua generosidade que me ajudou na consolidação do curso de pós-graduação em Jornalismo Institucional da PUC-SP. Sou-lhe muito agradecida - e, devo mencionar, também ao colega Gaudêncio Torquato. Ambos deram-me um apoio decisivo, seja participando através de aulas e conferências, seja discutindo em bancas as pesquisas de nossos alunos.

Todo discurso é interessado, diz o mestre (o discurso do jornalista, pautado pelo interesse público). Também o meu aqui, ao abordar as idéias de Chaparro sobre as práticas jornalísticas. Almejo dois resultados: o primeiro, enriquecer a minha própria reflexão e autocrítica; segundo, compreender melhor as mudanças que vêm se operando no Jornalismo e seus efeitos sobre a prática jornalística hoje.

Nos dois casos, o pensamento crítico de Chaparro traz imensa contribuição. Às vezes penso se ele se dá bem conta do quanto seus leitores, às centenas, beneficiam-se dessas suas críticas. Concordando ou discordando, não importa: refletindo. O que mais poderia mover o trabalho de um crítico?

Pensei de início em narrar aqui alguns aspectos históricos dessa trajetória de Chaparro como crítico das práticas jornalísticas. Alíás, devo agradecer a gentileza da Marli que, para isso, enviou-me amostra das críticas que Chaparro escreveu no Ribatejo e no Diário Popular. Mas acabei renunciando àquela idéia inicial pela sedução de abordar concepções de jornalismo que Chaparro revela em seus textos críticos mais recentes. Sim, porque, afinal, a crítica das práticas depende de uma concepção clara e firme sobre essas mesmas práticas.

Selecionei alguns textos críticos de Chaparro tentando apreender uma moldura geral de seu pensamento, deixando de lado temas e casos específicos que ele discutiu em tempos e espaços determinados. Comecei minha busca tentando munir-me do bom ceticismo e da salutar desconfiança que devem acompanhar todo jornalista numa investigação. Isto, a despeito de Chaparro escrever suas críticas com a serenidade e simplicidade de um sábio, estar sempre disposto ao debate, às polêmicas e desafios de pensamento.

Mas de onde retira tantos atributos? Que vícios e sombras permeiam essa sua trajetória virtuosa? Embora seja este um texto de homenagem e a despeito dos inegáveis méritos de nosso mestre e colega, não me fiz disposta a concessões fáceis. E com este espírito mergulhei numa imensidão de textos que Chaparro escreveu criticando as práticas jornalísticas. Sua idéia central é a de que a linguagem jornalística é a linguagem dos conflitos. Chaparro diz que "o jornalismo tornou-se o espaço público dos confrontos discursivos" e que tudo "o que o jornalismo relata são conflitos" (LC p. 38).

Enquanto lia o que escreveu, lembrei da exigência de Chaparro consigo próprio, do seu olhar maroto avaliando fatos e anotando contradições. Creio que sua concepção do jornalismo como espaço de confrontos fala não só das práticas profissionais, mas também do Eu jornalístico em cada um de nós, dividido numa multiplicidade de perspectivas e pontos de vista.

A cada matéria, somos obrigados a fazer escolhas.Assim, ao escrever, o jornalista não fala apenas dos conflitos sociais, políticos ou econômicos, mas dos seus próprios - aqueles que vive em sua prática diária. Chaparro aponta, em seus textos, critérios claros para discutir decisões redacionais e decisões no processamento das matérias. Isso pode explicar, pelo menos em parte, por que suas críticas despertam tanto interesse e ganham tão boa acolhida. Não é só por uma questão de competência técnica.

Chaparro consegue unir as práticas da vida profissional às práticas da vida pessoal. Critica as práticas jornalísticas como critica a si mesmo, com igual rigor e firmeza. Chaparro é assim, uma espécie de jornalista de si mesmo, relator de seus próprios conflitos. Luta para administrar essa imensidão de vozes que através dele se falam, se digladiam, se confrontam. E, tudo isso, com objetividade de estilo e com o recato da mais pura isenção e imparcialidade. Para apreender uma moldura geral de seu pensamento crítico, afinal, é preciso perguntar-se, então: quantos Chaparros há em Manuel Carlos?

Para buscar a resposta em alguns de seus textos críticos, apresento-me aqui hoje apenas no papel de jornalista que relata conflitos, abordando com distanciamento e independência os fatos que me cabe relatar. Assim, calo, a partir de agora, a minha voz, para fazer ouvir algumas daquelas (tantas) que atravessam o pensamento crítico de Chaparro. Que vozes são estas? Tento meio precariamente classificá-las de início em dois grupos - as da vida pessoal e as da vida profissional - mas elas aparecem muitíssimo bem costuradas e não se prestam a tal separação.

Por exemplo: na vida pessoal, há a voz de um Chaparro imigrante que sonha com a democracia: "Emigrei em 1961, quando o Brasil era, no imaginário dos portugueses, um mito de democracia" (LC p.132). Há também a voz de um Chaparro que sabe o preço a pagar por isso: "nenhuma transformação humana se materializa sem o conflito" (LC p.16). E que não se dispõe a fazer concessões sobre honestidade, verdade e ética: "persistir na busca das verdades em conflito"; "manter uma relação crítica e lúcida com o mundo"; "há um falso entendimento de que os conflitos se compõem apenas de duas partes (conflito bom tem três lados)". Mas além de um projeto de cidadania, o Jornalismo é também um projeto estético: "é na efemeridade que está a importância e a beleza do jornalismo" (p41). E um projeto permanentemente sujeito à legitimação social pelos públicos: "o que interessa aos leitores? E por que interessa?", pergunta-se Chaparro.

Assim, para compreender e compor uma moldura geral da crítica de Chaparro às práticas jornalísticas, é preciso levar em conta um repertório de experiências, de sonhos, mas também de pragmatismo. É sobre tais alicerces que se forja o seu pensamento crítico sobre o jornalismo: "o jornalismo, mais do que uma profissão, é um processo do qual as fontes também participam. Não há jornalismo sem fontes, até porque delas brotam os conteúdos que interessam ao jornalismo."

Há a voz de um Chaparro que se desliga do passado e abre-se para o novo: "O discurso jornalístico perdeu autonomia, em vez de agendar, é agendado" (LC p. 40). "Houve uma apropriação do jornalismo pelas fontes" (p.13); "Refiro-me às fontes organizadas - governos e governantes, empresas e empresários, partidos políticos, universidades, igrejas, sindicatos, associações de todos os tipos, organizações não-governamentais, clubes, cientistas, artistas, especialistas ( p.123).

"No relato da atualidade, os jornalistas deixaram de ser produtores dos conteúdos que interessam à divulgação jornalística" (...). "Não está nas redações o ponto de arremesso do bumerangue chamado notícia. Já esteve, não está mais - e, na minha opinião, ainda bem".

E entra a voz de um Chaparro que busca compreender e redimensionar o papel do profissional e suas competências: "O discurso das fontes é interessado"; "O jornalista pode auxiliar na capacitação discursiva das fontes interessadas"; "O jornalismo não pode ter a ambição vaidosa de assumir papéis e espaços que devem pertencer a outros sujeitos, principalmente os que constroem as divergências e os confrontos. Ao contrário, a meu ver, ele deve privilegiar e desenvolver em si mesmo a missão de captar, entender, interpretar e ajustar ou confrontar os discursos organizados dos grupos sociais, institucionalizados ou não, sejam eles produtores de ações ou vítimas delas." (p.99)

E há a voz de um Chaparro que recoloca a missão crítica do jornalista e restitui sua identidade diante de "relações perigosas":
"As redações perderam o hábito de investigar por conta própria" p.41; "o jornalista parece ter renunciado ao papel de narrador de seu tempo, ou então perdeu a percepção humanística desse papel". (p.134)."O jornalista não deve ter medo da propaganda. Mas não pode assumir, menos ainda aceitar, a intenção de fazê-la". "No jornalismo, propaganda pode ser efeito, às vezes até socialmente benéfico. Objetivo, jamais" (LC p.128); "o jornalista hoje sofre de uma "crise de identidade" por ter perdido o monopólio da função que acreditava ser a sua como defensor da democracia, da liberdade, igualdade e justiça."

Há também a voz de um Chaparro buscando para o jornalista um novo lugar no mundo:

Hoje esta função de "proteção da sociedade" e "vigilante do povo", continua ele, é exercida por entidades como o Ministério Público, os Procons, as CPIs, as Forças-tarefa, as agências reguladoras. O Jornalismo, então, busca novos papéis para além daquele seu mais tradicional de produzir e difundir notícias. Na nova cultura política e nas práticas democráticas hoje disseminadas, já não há espaço para um "quarto poder" nem para os ideários em que o jornalismo "de regimes e sociedades que não existem mais" foi cimentado.

Aparece aí a voz de um Chaparro otimista em suas comparações: "E isso faz com que essa seja uma "boa crise", conclui. "A democracia assenta hoje em eficazes mecanismos de auto-sustentação, afirmando-se e aperfeiçoando-se não apenas nos seus aspectos formais (como a delegação do poder pelo voto popular e a relação equilibrada entre poderes independentes), mas, principalmente, pela ação vigilante de instituições (...) em áreas como os direitos fundamentais (individuais e coletivos), a proteção às minorias e a execução orçamentária"; "considero o jornalismo de hoje melhor que o de épocas anteriores. Apesar de todas as críticas que lhe podem ser feitas, o jornalismo atual informa e analisa melhor que o de antigamente. Em boa parte, porque melhoraram os níveis de independência em relação ao poder político e porque se tornou mais rigorosa a vigilância ética, por parte da sociedade."

Também há essa voz de um Chaparro que redimensiona o poder da notícia: "o que caracteriza o poder de ação dos sujeitos institucionais da contemporaneidade é a capacidade e a competência para o uso da notícia como forma de intervenção. Ou seja: capacidade e competência para gerar e difundir conteúdos noticiosos que antigamente pareciam propriedade das redações".

E há um Chaparro visionário e contestador: "o Jornalismo pertence à sociedade e desdenha da presunção de que, ao jornalista e às suas lutas, convêm mais os regimes autoritários do que os sistemas democráticos"; "O jornalismo pertence aos cidadãos, porque deles é o direito pleno à informação, valor que coloca na pré-história da Ética essa tal liberdade de imprensa em nome da qual empresários e jornalistas sustentam o poder arbitrário, particular, de divulgar ou não divulgar. Agem como se fossem donos do Jornalismo"; "falam como donos e usuários da liberdade ameaçada pelos acessos de autoritarismo desse surpreendente governo petista. Imaginando que o que está em causa é a liberdade de imprensa, a defendem como coisa sua. E devemos reconhecer que, quanto a isso, estão certos."

Há um Chaparro que põe o dedo nas feridas ainda ardentes: "O governo perde tempo e função, além de prestar mal serviço à democracia, quando propõe, apadrinha ou mete a mão em projetos com propensões autoritárias, como esse do Conselho Federal dos Jornalistas, e aquele outro, limitando o direito de dizer do funcionalismo público. Em vez disse, deveria, sim, empenhar-se em proteger e assegurar o direito à informação - começando pelo bom cumprimento dos deveres de casa."

Há um Chaparro pragmático e com pés no chão: "o conteúdo jornalístico não nasce nas redações, mas fora delas. Assim, quem quiser romper a barreira da insensibilidade de pauteiros e editores, trate de se organizar para promover eventos noticiáveis". "Jornal é negócio, coisa de fabricar e vender; jornalismo tem outra natureza, é objeto abstrato, inserido nos processos político-sócio-culturais, como linguagem e espaço de conflitos que interessam à democracia.

Há um Chaparro historiador e acadêmico: "O conceito de liberdade de imprensa, herdado da Primeira Emenda da Constituição americana ("O Congresso não deve fazer lei... cerceando a liberdade de expressão, ou da imprensa...") assentava sobre a convicção, dos autores da Constituição, de que "o governo era essencialmente egoísta, sôfrego e abusivo do poder. Assim, um controle independente na forma da livre transferência de informação era essencial para mantê-lo na linha" (cita Philip Meyer, em A Ética no Jornalismo, Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1989 - p.23)".

"O poder atribuído à imprensa pela Primeira Emenda consistia, portanto, na liberdade de transferir informações, em nome da "liberdade de fazer", espinha dorsal do sistema liberal que a mesma Constituição de 1787 consolidava. Que poder é esse? Exatamente, o poder de livremente publicar ou deixar de publicar, a critério de quem tem a propriedades dos jornais ou neles manda."

Há um Chaparro que defende a liberdade da imprensa como direito de cidadania:

"O que dá base e poder ao jornalismo não é a liberdade de imprensa, tal como a entendem e defendem os senhores proprietários de jornais, e seus prepostos, nesta rusga com um governo propenso a ousadias autoritárias. A força, o mérito e a relevância do jornalismo derivam do direito pleno à informação, valor ético consagrado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos - "Art. 19: Todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser incomodado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem considerações de fronteiras, informações e idéias por
qualquer meio de expressão".

"Este, sim, um direito absoluto, que coloca na pré-história da Ética essa tal liberdade de imprensa, em nome da qual empresários e jornalistas gostam de exibir o poder de não divulgar - ainda que vilipendiem o direito individual e coletivo à informação."

Há um Chaparro que gosta muitíssimo de escrever e lamenta: "O jornalismo contador de histórias acabou." Mas reage: "insisto que existe, sim, espaço para uma rebeldia criativa nas redações. Há coisas da boa narração jornalística que quaisquer bons repórteres, bons editores, bons pauteiros podem fazer. Qualquer que seja a empresa, o patrão ou o diretor de redação."

Chaparro reconhece os limites redacionais do jornalismo: "A limitação do espaço reduzido, por exemplo, e a das formas de escritura herdadas da tradição - notícia, reportagem, entrevista, artigo...

Principalmente, a limitação do dever de se ater aos fatos, ou, se preferirem, a submissão à expectativa social da veracidade." Mas sonha romper com tais limites: "será que não se pode enxertar no jornalismo de hoje a narrativa humanizada e o texto de autor, mesmo em reportagens curtas? Penso que sim. Mas sei que estou cercado pela descrença dos que vêem, nos modos de produção e nas condições de trabalho das redações, circunstâncias limitantes mais do que suficientes para um NÃO exclamativo."

Há também a voz de um Chaparro preocupado com o jornalismo científico: "Ao ingressar nos processos de produção jornalística, a informação científica passa a ser tratada sob condicionamentos de uma outra linguagem, para circular em auditórios movidos a emoção, sob circunstâncias reais não controláveis. Logo, submetida a regras de sucesso que pouco ou nada têm a ver com a lógica do discurso científico. Mas as assimetrias discursivas, se reconhecidas por uma perspectiva ética comum, também estimulam acordos criativos, com vantagens para ambos os lados."

Ouve-se então a voz de um Chaparro rebelde e inovador: "não gosto do rótulo "jornalismo científico", e evito usá-lo. Porque jornalismo não é ciência, mas uma linguagem com aptidões particulares, que a qualificam para a tarefa de narrar, elucidar e comentar os fatos da atualidade - inclusive os da atualidade científica."

"o jornalismo assume o objetivo prioritário de capacitar o outro (leitor, telespectador, ouvinte...) para a apreensão e a compreensão crítica dos fatos relatados ou comentados. Quando não o faz ou não o consegue, algo está errado nesse jornalismo - nas intenções ou nos procedimentos."

Há um Chaparro que pensa a relação entre jornalistas e cientistas: "A posição da ciência nessa relação de partilha com o jornalismo (...) não é cômoda. Qualquer cientista de boa cepa terá dificuldade em aceitar que a sua informação saia do universo e do controle da ciência. E é exatamente o que acontece quando o fato científico adquire a dimensão de notícia. Ao ingressar nos processos de produção jornalística, a informação científica passa a ser tratada sob condicionamentos de uma outra linguagem.

"As perguntas do mundo estimulam a imaginação, a criatividade e o interesse dos jornalistas. Mas quando os jornalistas buscam as respostas no meio científico, freqüentemente não encontram os cientistas. Quando os encontram, freqüentemente não fazem as perguntas em tom e forma que motivem a cooperação do cientista."

"Quando conseguem formular bem as perguntas, freqüentemente não compreendem as respostas. Mesmo quando entendem as respostas, freqüentemente frustram as expectativas dos cientistas com textos superficiais, sensacionalistas ou incompletos. Quando não frustram as expectativas dos cientistas, freqüentemente publicam textos que ninguém entende, salvo os próprios cientistas."

Há um Chaparro que aponta aos cientistas o caminho para lidar com jornalistas: "O que a ciência tem de fazer, em favor da sociedade e em seu próprio benefício, é capacitar-se para as interações criativas com a difusão jornalística, desenvolvendo competência para atuar como fonte no processo. E na condição de fonte competente, contribuirá para aperfeiçoar o discurso jornalístico".

Há um Chaparro que pensa a educação formal da escola e a educação informal pelo Jornalismo: "como ambiente de divulgação científica, o sistema educacional tem uma importância que supera largamente a do jornalismo. (...) Existe, porém, um enorme intervalo de tempo, calculado por alguns em 15 anos, entre o momento de produção do conhecimento e a sua chegada ao circuito educacional. É nesse intervalo que o jornalismo pode atuar".

"O conceito de jornalismo com que trabalho (seja ele jornalismo esportivo, econômico, científico, cultural, policial ou de qualquer outro rótulo) tem implícito, como característica de essência, o vínculo à atualidade, na qual atua como linguagem de relato, elucidação e comentário dos fatos noticiáveis e como espaço público dos conflitos."

"A meu ver, não há jornalismo fora da noção e do tempo da atualidade."

Há um Chaparro que sabe separar as práticas acadêmicas das práticas políticas: "penso que a única militância jornalística aceitável é a das razões éticas - e isso serve tanto para as coisas da ciência quanto para as coisas do esporte, da economia, da política, da polícia etc..."

" Quando a ciência se entrega aos enlaces de grandes ou pequenas maracutaias, claro que deve se tornar objeto da tal 'militância vigilante'. Mas não é com 'jornalismo científico'que se lida com isso, mas com jornalismo independente, usando métodos de investigação adequados à revelação do crime, não da ciência. E o que passa a estar em jogo não é a socialização e a discussão do conhecimento, mas a defesa da sociedade."

À guisa de conclusão

Esta é apenas uma pequena amostra dos Chaparros que se revelam em Manuel Carlos. Certamente os colegas poderão apontar muitos outros.

A julgar por essa modesta amostra, a moldura geral a abstrair da variedade de sotaques que compõem o pensamento crítico sobre as práticas jornalísticas é, de um lado, calcada em histórias, sonhos e vivências. De outro, num projeto político da sociedade capaz de distribuir poder e informação no espaço público de modo equânime.

O breve painel dos textos de Chaparro revela que as turbulências do Jornalismo de hoje fazem do jornalista um ser multifacetado e divisível, carregado de diversidade. Trata-se, assim, na medida do possível, não só de juntar-lhe os pedaços, mas de aceitar a inevitabilidade de seus conflitos e contradições, abrindo espaço para todas aquelas suas vozes com competência para se fazerem ouvidas.

Bibliografia:

Chaparro, M.C. Linguagem dos conflitos, Coimbra: Minerva, 2001.

Textos publicados no site Comunique-se.


* Margarethe Born Steinberger-Elias é mestre em Letras, doutora em Comunicação e Semiótica e professora da PUC-SP desde 1985. É coordenadora acadêmica geral dos oito cursos de Especialização que compõem o Programa de Pós-Graduação lato sensu em Comunicação Jornalística da PUC-SP.

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