Nº 10 - Jul. 2008
Publicação Acadêmica de Estudos sobre Jornalismo e Comunicação ANO V
 

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DOSSIÊ
- Mídia Digital
 


Comunicação alternativa
em redes digitais

Apontamentos para uma historiografia necessária

Por Maria Lúcia Becker*

Reprodução

RESUMO

O trabalho propõe elementos a serem considerados no resgate histórico da constituição do jornalismo digital. Constatando que a história comumente contada com base na inserção de jornais na web em 1994/95 é apenas parte de um processo desencadeado no início dos anos 1970, o texto aborda o desenvolvimento das primeiras redes alternativas de comunicação e jornalismo. A proposta visa a contribuir para o preenchimento de uma lacuna significativa na história, ajudando na identificação de um fio condutor fundamental para o entendimento da constituição social histórica de fenômenos do presente, como o jornalismo participativo.

PALAVRAS-CHAVE: Redes Alternativas / Jornalismo Digital / Redes Digitais / História do Jornalismo

1. Introdução

Contar a história do webjornalismo é diferente de contar a história do jornalismo digital. Jornalismo na web existe desde que foi criada a world wide web, com a inserção na rede da produção feita para os jornais impressos. Essa fase inicial é descrita por Pavlik como o período em que os jornalistas se limitam basicamente a republicar, ou reciclar, os conteúdos produzidos para veiculação em outros meios (Cf. Pavlik, 2005, p. 83). A partir do final de 1993 e principalmente em 1994 e 1995, versões digitais de diversos jornais passam a ser colocadas na rede.

Mais ou menos no mesmo período (1994/95), aparecem aqueles que podem ser chamados de pioneiros do webjornalismo, por se situarem no que Pavlik chama de segunda fase, apresentando conteúdos originais, hiperlinks para outros sites, algumas possibilidades interativas, como buscadores e índices clicáveis, alguns conteúdos multimídia e alguma coisa de personalização dos sites e da informação.

Próximos disso estavam o The San José Mercury e o The Nando Times, com algumas características do novo suporte, fazendo “mais do que a simples transposição do conteúdo do impresso para a web” (Cf. Quadros, 2002, p. 2).

Mas a produção jornalística com todas as características básicas do webjornalismo – hipertextualidade, multimidialidade, interatividade, atualização contínua, memória e personalização – pode ser identificada mesmo somente a partir do que Pavlik chama de terceira etapa, quando os conteúdos jornalísticos são originais, configurados especificamente para a web, “com uma vontade de experimentar novas formas de narração, como o relato imersivo, que permite ao leitor entrar e navegar por todo o conteúdo da reportagem” (Cf. Pavlik, 2005, p. 83. Tradução da autora).

Essa fase, também denominada de terceira geração, tem como um de seus pioneiros o site MSNBC, que surge da fusão entre a Microsoft e a rede de TV NBC, ocorrida em 1996, não carregando, assim, a tradição do jornalismo impresso (CF. Mielniczuk, 2003, p. 50).

Já a história do jornalismo digital costuma incluir desde o uso de terminais de vídeo, no início dos anos 1970, por parte das agências de notícias e o sistema de videotexto, desenvolvido na Inglaterra também na década de 1970, até o Short Message Service (SMS) – o serviço de mensagens curtas por  meio de transmissão em GSM (Sistema de comunicação móvel global) que passou a usar recentemente as redes 3G (terceira geração de padrões da telefonia móvel) – característico do chamado jornalismo móvel.

A Agência Reuters cria, em 1973, o Reuters Monitor, que, segundo Silva Júnior (Cf. 2006, p. 252), “foi o primeiro sistema de caráter jornalístico, e um dos primeiros mundialmente, fora do escopo militar e acadêmico, a constituir uma rede própria para fluxo de informações em tempo real”. 

De acordo com o autor, no Brasil, a Agência Estado passa a utilizar as redes digitais para distribuição de material jornalístico no final dos anos 1980, com a aquisição da Broadcast. Em 1978, a British Post Office lança o serviço de videotexto chamado comercialmente de Prestel, com o objetivo de possibilitar à população o “acesso a informações de interesse público e cotidiano, como notícias, restaurantes, horários de aviões e de trens, programação de TV, cinema, teatro, concertos etc.” (Siqueira, 2002).

Funcionava por meio de um terminal ligado a uma linha telefônica que transmitia as informações a uma velocidade de 1,2 quilobit por segundo (kbps) de download.  No Brasil, a Telesp lançou em 1982, em São Paulo, o sistema francês de videotexto, chamado de Minitel, que fracassou, dada a lentidão da rede.

A essas histórias, no entanto, precisam ser acrescentadas as produções jornalísticas com circulação nas redes digitais alternativas, as produções jornalísticas alternativas em circulação nas redes digitais, assim como o próprio funcionamento das redes alternativas com base na troca de informações de interesse público por parte dos cidadãos, uma vez que isto pode ser considerado atualmente como o início do que passou a ser chamado de jornalismo participativo. E as redes digitais alternativas antecedem o sistema de videotexto usado pelas grandes empresas, tendo sua origem no começo da década de 1970, crescimento na década de 1980 e resultados de alcance mundial desde o início dos anos 1990, com a constituição de redes de informação e comunicação que passaram a potencializar a ação de grupos, comunidades, organizações e movimentos sociais – principalmente nos países em desenvolvimento.

No Brasil, por exemplo, a atuação do Ibase (organização não-governamental criada por Herbert de Souza, o Betinho, e Carlos Alberto Afonso) na criação do AlterNex não somente garante todo o processo informativo e comunicativo que sustenta, em 1992, a realização da Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente (Eco-92) como dá “impulso definitivo à viabilização dos primeiros circuitos IP [Internet Protocol] da nascente espinha dorsal acadêmica brasileira com a NSF-Net nos EUA” (Cf. Afonso, 2002, p. 14). A hipótese que perpassa a pesquisa e reflexão apresentadas nesse trabalho, portanto, é de que a busca de tais elementos pode contribuir para o preenchimento de uma lacuna significativa na história, ajudando na identificação de um fio condutor fundamental para o entendimento da constituição social histórica de fenômenos do presente, como se verá a seguir.

2. Comunicação alternativa

Alternativo é um termo que passa a ter, na década de 1970 no Brasil, quatro significados essenciais, segundo Kucinski (Cf. 1991, p. XIII): “o de algo que não está ligado a políticas dominantes; o de uma opção entre duas coisas reciprocamente excludentes; o de única saída para uma situação difícil; e, finalmente, o do desejo das gerações dos anos 60 e 70 de protagonizar as transformações sociais que pregavam”. Esses significados são os mesmos que emergem também das iniciativas de pessoas de diversos outros lugares do mundo, no mesmo período, ou em momentos imediatamente posteriores. 

É o fato de não querer se ligar a políticas dominantes e o desejo de protagonizar transformações sociais que leva à criação do microcomputador, assim como de outros equipamentos e das primeiras redes digitais fora e em contraposição aos desenvolvimentos no âmbito oficial-militar norte-americano, como relata Breton (Cf. 1991, p. 242).

Toda a questão parece ter começado em 1970 na universidade de Berkeley, na Califórnia, em plena crise do Camboja, onde vários grupos de estudantes apaixonados pela informática e pela programação, mas também constituindo-se em uma das pontas de lança do movimento contra a guerra do Vietnã, decidiram colocar seus conhecimentos técnicos a serviço de sua causa política. Dois anos mais tarde, a revista radical People's Computer Company proclamava que “os computadores eram principalmente utilizados contra o povo ao invés de liberta-lo”. O artigo concluía: “chegou o momento de mudar tudo isso, precisamos de uma companhia de computadores para o povo”.

Como opção entre coisas reciprocamente excludentes, ao alternativo vem somar-se a proposta de horizontalidade, em contraposição à verticalidade dos meios de comunicação tradicionais. Nesse ponto do campo de significação do conceito de alternativo, os elementos coincidem com o que, no Brasil, passou a definir o jornalismo ou comunicação popular; ou seja, a primazia do diálogo, do compartilhamento de idéias e conhecimentos, da troca de informações e opiniões que propicia a ação no sentido do domínio e mudança da realidade.

Essa era a proposta da Resource One – “uma espécie de comunidade informática instalada em um bairro de artistas da periferia industrial de San Francisco e organizada em torno de um IBM XDS-940...” (Cf. Breton, 1991, p. 242) – e da Community Memory, projeto criado em 1973, que utilizava uma rede de terminais espalhados pela região. “O sistema funcionava sem controle central sobre as informações que cada um podia introduzir ou ler segundo lhe conviesse. A Community Memory era apresentada como uma alternativa ao uso dominante das mídias eletrônicas que provocavam a passividade dos usuários” (Cf. Breton, 1991, p. 243).

Segundo a página sobre a Community Memory atualmente disponibilizada na internet por um de seus criadores, Mark Szpakowski, [1] a linha de San Francisco a Berkeley “corria à velocidade de 110 baud” (unidade de velocidade igual a um dígito binário por segundo), isto é, a uma velocidade de 10 caracteres por segundo. As transmissões eram feitas por meio de um teletipo (equipamento eletromecânico de transmissão de dados, que usava o código ASCII (American Standard Code for Information Interchange), criado em 1961. Nos anos de 1973 e 74, a rede funcionou como uma base de dados urbanos, coletando e disponibilizando informações úteis às atividades comunitárias da região.

Ainda nos anos 1970, com o surgimento do modem, vieram os Bulletin Board System (BBSs). Antes dos BBSs, a própria criação do MoDem (Modulador-Desmodulador), [2] em 1977, por Ward Christensen e Randy Suess se deve aos pioneiros da contracultura. Como relata Castells (Cf. 1999, p. 377).

[...] paralelamente aos esforços do Pentágono e da 'Grande Ciência' para estabelecer uma rede universal de computadores com acesso público dentro das 'normas aceitáveis', uma contracultura computacional sempre crescente surgia nos EUA, muitas vezes mentalmente associada às conseqüências dos movimentos dos anos 60 em sua versão mais libertária/utópica. O modem, importante elemento do sistema, foi uma das descobertas tecnológicas que nasceram dos pioneiros dessa contracultura, originalmente rotulados de 'hackers' antes que o termo assumisse sua conotação negativa.

Em 1978, Christensen e Suess fundam o inicialmente denominado Computer bulletin board system (CBBS), que, literalmente falando, funcionava como um sistema de quadros de avisos: “tal como um painel normal no mundo não virtual, onde se colocam anúncios de interesse para a comunidade num retângulo de cortiça situado em local público” (Cf. Rheingold, 1996, p. 169).

Dado o baixo custo e a facilidade de operação, a chamada “cultura das BBS” expande-se rapidamente por todo o mundo, com a adesão de milhões de pessoas (em 1993, segundo Rheingold, eram 60.000 BBS nos EUA, sendo que cada uma representava, em média, uma comunidade de 100 elementos), passando a ser entendida como uma tecnologia democratizadora: “por meia dúzia de tostões, uma BBS transforma um cidadão comum de qualquer parte do mundo em editor, repórter no terreno, activista, organizador, estudante, professor e potencial participante num diálogo à escala global entre cidadãos” (Cf. Rheingold, 1996, p. 166).

O UUCP, protocolo de transferência de dados que viabilizou o funcionamento dos BBSs, foi criado também na mesma época. O Unix to Unix Copy Program (UUCP) passou a permitir a qualquer computador – com funcionamento baseado no sistema operacional Unix – estabelecer automaticamente contato, através de modem, com qualquer outro computador que também operasse com o Unix, bem como trocar arquivos entre as duas máquinas (Rheingold, 1996, p. 149).

Em 1979, três estudantes criam uma versão modificada do protocolo Unix e passam a distribuir gratuitamente o software, iniciando um fórum de discussões on-line que logo se torna “um dos primeiros sistemas de conversa eletrônica em larga escala” (Cf. Castells, p. 377-378) – a Usenet (Unix Users Network – Rede dos utilizadores Unix). [3] Para isso, tanto colaborou a natureza flexível da rede UUCP, como as características da própria concepção, como enfatiza Rheingold (Cf. 1996, p. 151): “a natureza da Usenet, tal como a conhecemos hoje – uma conversa anárquica, eterna, resistente à censura, agressivamente anti-comercial e em expansão galopante –, resulta em larga medida da sua concepção”.

No Brasil, o protocolo UUCP passa a ser utilizado em meados da década de 1980, quando o Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) – organização não-governamental (ONG) criada em 1981, por Herbert de Souza, o Betinho, e Carlos Alberto Afonso –, cria o AlterNex:

Como idéia surgiu em 1984, quando começamos a trabalhar com o Interdoc e a pensar em como oferecer esses serviços no Brasil. Na época, só a Embratel dava permissão para trocar correio eletrônico. Só permitia a quem pagasse, fundamentalmente as empresas usavam o serviço. E você só podia ser usuário, não podia ser um centro que distribuísse informação para outros. Poderia mandar seu correio, receber seu correio, mas não poderia manter uma lista de discussão, por exemplo. Ou manter um local onde as pessoas pudessem entrar e colocar informações. Em 1985, começamos a trabalhar no que se chamava BBS (Bulletin Board System), que conectamos à Renpac, rede de pacotes da Embratel. Então, começamos a prestar serviços à comunidade, que era privilégio da Telebrás, do governo e da Embratel. E esse foi o embrião do AlterNex (Afonso. Apud Mattar).

O Interdoc era uma rede internacional de ONGs organizada com o objetivo de promover o processo de comunicação e informação por meio de correio eletrônico. A participação do Ibase só começou em 1984 porque foi nesse ano que conseguiu a autorização para usar a Rede Nacional de Pesquisa Acadêmica (Renpac). Tratava-se de um sistema que funcionava exclusivamente dentro do país. “Qualquer consulta a serviços além das fronteiras nacionais requeria autorização expressa da Secretaria Especial de Informática do Governo Federal – e isso ainda em tempos de ditadura”, conta Afonso (Monitor Políticas...).

Conseguidas a licença e a senha, a participação no Interdoc faz avançar a idéia de construir aqui também uma rede de troca de informações para a sociedade civil. Em 1985, então, com uma única linha telefônica, começa a funcionar o BBS AlterNex, que, dois anos depois passa a operar em nível nacional por meio da Renpac (Cf. Afonso, 2002, p. 18).

3. Notícias alternativas

Os elementos trazidos para a discussão no tópico acima demonstram que o meio, no caso das redes digitais, além de ser o instrumento para uma opção, também pode ser considerado, em si, alternativo. Como exposto, trata-se de um meio que tem como características:

1) a horizontalidade, quando permite a emissores e receptores se colocarem no mesmo nível, numa posição de diálogo e troca de informações que se contrapõe à verticalidade dos mass media;

2) a acessibilidade, quando, dada a facilidade e o baixo custo, torna viável a realização do direito de comunicação, que se contrapõe ao direito apenas de informação, reivindicando um novo texto para o artigo XIX da Declaração Universal dos Direitos Humanos; e

3) a possibilidade de apropriação, como sujeitos do processo de comunicação, de uma visão mais globalizadora da realidade, que se contrapõe aos fragmentos desconexos de conteúdo trazidos pela grande mídia.

Ao mesmo tempo, tanto quanto nos suportes tradicionais, a comunicação nas redes digitais também não necessariamente é, em si, alternativa. Independentemente dos objetivos prevalecentes na concepção dos instrumentos, é óbvio que a maior parte do seu uso passou a ser feita em função não só de necessidades individuais (legítimas, passíveis de solução no âmbito de um projeto coletivo), mas muitas vezes comandada por interesses individualistas, se não por propostas visando propositalmente ao enfraquecimento da visão libertária/emancipadora.

Como explica Grinberg (Cf. 1987, p. 24), “para ser verdadeiramente alternativo, não basta que um meio esteja à margem das redes de distribuição da grande imprensa, mas deve ostentar uma diferença qualitativa em face dela” (Grifo da autora). E é aí que, no alternativo, as características de meio e mensagem necessariamente precisam convergir, constituindo um questionamento do status quo e apresentando-se COMO outra proposta – “alternativa de fundo à imprensa dos monopólios capitalistas”, na acepção de Raimundo Pereira (Cf. 1986, p. 61) – e COM outra proposta, na medida em que a seleção de conteúdo apresentada por um meio constitui uma representação da realidade.

Encontramo-nos, pois, diante do problema do conteúdo, aspecto que consideramos essencial para a compreensão do fenômeno. E ao falar de conteúdo referimo-nos explicitamente a quatro aspectos fundamentais: a) os temas escolhidos, isto é, o que se considera 'notícia', que aspectos da realidade se supõem de maior ou menor interesse para os receptores; b) a hierarquização das informações; c) sua classificação por seções (ou áreas da realidade) e seu tratamento; e d) a linguagem, o discurso particular do meio alternativo num determinado contexto (Cf. Grinberg, 1987, p. 21. Grifo da autora).

São as escolhas feitas nas definições relacionadas ao conteúdo – temas, hierarquização, classificação e adequação da linguagem – que constroem a representação da realidade, e essa construção se dá com base no tipo de inserção e posicionamento no mundo, ou seja, no tipo de visão de mundo existente. Assim, segundo Grinberg (Cf. 1987, p. 30), “num contexto caracterizado pela existência de setores privilegiados que detêm o poder político, econômico e cultural”, pode-se dizer que um meio é alternativo apenas quando “implica uma opção frente ao discurso dominante”.

É nesse contexto, de convergência entre meios e mensagens, que a história da constituição e atuação da Associação para o Progresso das Comunicações (APC) traz, como história da comunicação alternativa, a sua contribuição para a história do jornalismo digital. Estabelecendo-se como coalizão de redes em 1990, a história da APC começa mesmo bem antes, em 1982, quando foi fundada, nos EUA, a EcoNet, com o objetivo de “facilitar a discussão e o ativismo em nome da proteção, reabilitação e desenvolvimento sustentado à escala global” (Cf. Rheingold, 1996, p. 321).

Em 1984, quatro outras organizações sem fins lucrativos unem-se para fundar a PeaceNet. Em 1987, a EcoNet e a PeaceNet fundem-se para formar o Institute for Global Communications (IGC), que passa a trabalhar com parceiros locais na Suécia, Canadá, Brasil [Ibase], Nicarágua e Austrália” (APC, 2008). Em 1990, as diversas redes membros do IGC, juntamente com outras – como a GreenNet, de Londres – fundam a APC, uma rede global de redes. Depois disso, ainda nos anos 1990, outras redes, como a ConflictNet, LaborNet, WomensNet e Anti-racismNet, juntam-se ao IGC.

Tanto o IGC como a APC se caracterizam por promover, por meio da informação e comunicação, a organização e mobilização em defesa de “causas progressistas” locais e globais. O trabalho dessas duas grandes redes, assim como das redes locais, não se reduz à provisão de acesso à tecnologia. A atuação como provedor de conteúdo se sobrepõe, como explica Downing (Cf. 2004, p. 285):

Na época em que escrevíamos este capítulo, [4] mais de 18 mil usuários internacionais eram afiliados das redes do IGC, que abrigava mais de trezentos websites para as principais organizações nacionais e populares. Além disso, fornecia várias centenas de conferências públicas que facilitavam a distribuição de informação na forma de calendários de eventos, newsletters, alertas legislativos, fontes de recursos, press-releases, atualizações sobre ações, reportagens sobre violações, pedidos de apoio, bem como discussões permanentes.

Esse caráter de provedor de conteúdo gera, em 1995, a dedicação, por parte do Pentágono (Departamento de Defesa dos EUA), de uma seção inteira do relatório sobre os usos estratégicos da internet:

O relatório incluía doze pontos que detalhavam por que o IGC era relevante, até mesmo o fato de hospedar a “Left List [...] um fórum de discussão dedicado a reunir ativistas que se organizam em defesa de mudanças sociais fundamentais e criar um espaço de encontro comum para a discussão eletrônica, o debate e a colaboração”. Ainda segundo o relatório: “No exterior também surgiram 'fontes de notícias alternativas' que podem desempenhar um papel significativo, ainda que tendencioso, em preencher as lacunas deixadas pelas reportagens publicadas pela mídia oficial. O grupo mais amplo de redes de notícias alternativas parece ser o do IGC” (Cf. Downing, 2004, p. 289-290).

A provisão de conteúdo, no entanto, também não se encerra em si mesma, e essa é outra característica fundamental da comunicação alternativa: ser um instrumento no processo de organização e mobilização, servindo para “orientar as discussões, decidir rumos de ação, provocar e divulgar essas ações” (Cf. Fase, 1984, p. 14), tal como se apresenta a “missão da APC”:

Somos uma rede global de organizações da sociedade civil cuja missão é empoderar e apoiar organizações, movimentos sociais e indivíduos, para e através do uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs), constituir comunidades e iniciativas estratégicas visando fazer contribuições significativas ao desenvolvimento humano eqüitativo, à justiça social, aos processos políticos participativos e à sustentabilidade ambiental (APC, 2008).

4. Tamwa e Cimac

As décadas de 1980 e 1990 constituem um momento privilegiado de descoberta, por parte de grupos, organizações e movimentos sociais de todo o mundo, do papel estratégico das redes de comunicação. Sendo a comunicação algo inerente à natureza da luta social e política, o estabelecimento de redes passou a ser visto como determinante na conquista dos objetivos. Como explicam León, Burch e Tamayo (Cf. 2001, p. 94. Tradução da autora), com as redes reforçando o pertencimento a entidades maiores, supranacionais, “as organizações não se sentem mais frágeis e isoladas, mas descobrem o valor da ação coletiva e da solidariedade internacional”. Esse é o caso das muitas redes historicamente ligadas à APC (e/ou ligadas a redes membros, como IGC), a exemplo da Tamwa, da Cimac e do Alternex, citados abaixo como alguns exemplos, entre tantos outros, que podem ajudar na compreensão do alcance e significado desse processo.

A Tanzânia Media Women's Association (Tamwa – Associação de Mulheres dos Meios da Tanzânia) é uma organização não-governamental criada, em 1987, por mulheres jornalistas, que passou a se constituir como rede membro da APC com o objetivo de “participar do movimento internacional de luta contra a violência sobre as mulheres e pelos direitos econômicos e reprodutivos das mesmas”, relata Fatma Alloo, no site da APC. Segundo Alloo, tudo começou com um contato com a APC e um convite para Karen Banks, da GreenNet, vir capacitar as mulheres para o uso das novas tecnologias. Banks veio a Dar es Salaam trazendo um “enorme modem” enviado pela APC:

Levou algum tempo para nos sentirmos confortáveis no uso do correio eletrônico. Em fins dos anos 80 e começo dos 90, a infra-estrutura da Tanzânia em termos de linhas telefônicas não estava muito desenvolvida e, por isso, decidimos trabalhar só com correio eletrônico: o acesso à internet era caro e as linhas telefônicas não podiam manter uma conexão contínua, navegar pela rede era algo raro em nossas oficinas. [...] Compreender as tecnologias de informação e comunicação (TIC) nos trouxe poder; passou a ser a base de nossas discussões com os organismos doadores. Recordo haver tido uma discussão com nossos doadores para que nos dessem “os meios de produção”: ferramentas para a publicação assistida por computador em lugar de fundos para produzir nossa revista Sauti Ya Siti (Voz das Mulheres) (Cf. Alloo, 2007. Tradução da autora).

Na América Latina, a constituição de redes tem seu desenvolvimento impulsionado com a Campanha dos 500 anos, realizada de 1989 a 1992, por ocasião das atividades comemorativas do aniversário de 500 anos da chegada dos espanhóis à América. Os protagonistas dessa campanha, segundo León, Burch e Tamayo (Cf. 2001, p. 91. Tradução da autora), não eram os movimentos operários, como no passado, mas os setores da população fortemente atingidos pelas políticas neoliberais: população rural, indígenas, comunidades negras, mulheres e trabalhadores da periferia. Com isso, a campanha adotou o slogan “unidade na diversidade”, e sua estrutura organizacional foi construída desde a base e horizontalmente, o que passou a requerer a busca de instrumentos de informação e comunicação em rede.

Antes disso, algumas organizações já haviam se constituído tendo como atuação exclusiva a área de comunicação – esse é o caso da Agencia Latinoamericana de Información (Alai), [5] criada em 1977, que, atualmente, trabalha em parceria com a Minga Informativa [6] (a palavra minga, em quechua, significa trabalho coletivo) – uma iniciativa de comunicação que reúne redes e coordenações sociais da América Latina –, que, por sua vez, pertence à rede Movimientos.Org. Nesse âmbito das redes latino-americanas, um caso emblemático é o da Comunicación e información de la Mujer (Cimac), [7] uma rede criada em 1988 e composta por profissionais da comunicação (jornalistas, comunicólogas, designers gráficas, pesquisadoras, analistas).

Desde o início de sua atuação, a Cimac se caracteriza por dar capacitação e assessoria em comunicação para grupos e organizações populares; elaborar material informativo; fazer cobertura jornalística diária, gerando “notícias de eventos, iniciativas, instituições e grupos que trabalham a favor da eqüidade, da justiça social e da democracia”; produzir programas, spots e reportagens para impressos, rádio, TV e internet; e apoiar a formação de redes de jornalistas. A produção jornalística é feita pela CimacNotícias, [8] que, atualmente, produz e distribui informação escrita, em despachos informativos diários e semanais para mais de dois mil subscritores, leva ao ar um noticiário radiofônico semanal e mantém um portal na web, com 20 mil visitas diárias.

As Redes de Periodistas às quais a Cimac está ligada são:

1) a Red Nacional de Periodistas;

2) a Red de Periodistas do México, Centroamérica y El Caribe; e

3) a Red Trinacional de Periodistas (México, Estados Unidos e Canadá). Juntas, as três redes agrupam cerca de mil profissionais (Cimac, 2008).

5. AlterNex (alternativo + nexo)

No Brasil, a história das redes digitais alternativas e do alternativo em redes digitais começa em 1979, quando Carlos Alberto Afonso, exilado no Canadá, propõe a Herbert de Souza (Betinho), exilado no México, a criação do Ibase. Dois anos depois, retornando ao Brasil, a ONG foi criada. “O Ibase nasceu sem sequer uma máquina de escrever. Mas já tinha um computador”, conta Carlos Afonso, referindo-se ao moderno Apple que trouxe do Canadá.

Na época em que o Ibase foi criado não se falava em redes de computadores para intercambiar conteúdo da forma como começou a ocorrer em meados da década de 1980. Computadores, na realidade, eram interligados quase que experimentalmente pela academia, mas não ia além disso. Em meados da década de 1980 é que isso começou a aparecer com força. E o Ibase foi, mais uma vez, um dos pioneiros. Já em 1984, passamos a fazer parte de um projeto internacional de ONGs chamado Interdoc, que proporcionava a troca de informações via correio eletrônico entre ONGs para potencializar o trabalho de cada uma delas. Foi o embrião de tudo o que as ONGs vieram a construir na área de redes, trabalho colaborativo, redes de informação via computador. Essa experiência teve início três anos depois que o Ibase começou a funcionar (Afonso, Apud Mattar, 2006).

As ONGs surgiram no Brasil no contexto da resistência e oposição ao regime ditatorial no período pós 1964, como instituições sem fins lucrativos, financiadas por agências de cooperação internacional, com o objetivo de desenvolver trabalhos de educação popular, alfabetização de adultos, assessoria ao movimento sindical e/ou a organizações populares urbanas e rurais. Só a partir de 1983/84 é que começam a desenvolver relações entre si, criando fóruns regionais para a discussão de temas de interesse coletivo.

Com a criação do BBS AlterNex (nome que associava as palavras “alternativo” e “nexo”), em 1985, pelo Ibase, essa articulação ganha mais força. Em 1987, o BBS foi adaptado para operar com a Renpac (Rede Nacional de Pesquisa Acadêmica, depois RNP), conseguindo alcance nacional (Monitor Políticas...).

Em 1989, eram cerca de 40 entidades usuárias, a maioria não tinha computador e isso era uma exigência mínima para a utilização do sistema. O crescimento foi lento. A partir da Eco-92, ele explodiu. Com o nosso trabalho na Eco-92, conseguimos não só conexão direta com a Internet nos Estados Unidos para o projeto AlterNex, como meios de pressionar o governo para liberar essas conexões para a academia no Rio de Janeiro e em São Paulo. Então, a Internet no Brasil, como uma rede permanentemente conectada, nasceu com a Eco-92, em junho de 1992 (Afonso. Apud Mattar, 2006).

Em 1990, foi criado o Fórum Brasileiro das Organizações Não-Governamentais e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, [9] com o objetivo de facilitar a participação da sociedade civil brasileira na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente em 1992, no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, o Ibase inicia gestão junto à ONU para viabilizar, nos espaços da Conferência, uma rede de computadores conectada à internet nos Estados Unidos.

A proposta foi aceita e incorporada oficialmente à Rio-92, passando a ser esta a primeira conferência da ONU com cobertura completa, em tempo real, por parte dos veículos alternativos de todo o mundo tanto quanto da chamada grande mídia. “Com o apoio da RNP, da APC e de engenheiros da companhia telefônica do Rio de Janeiro, o AlterNex, cria do Ibase, tornou-se responsável por levar ao mundo inteiro o que se passava na reunião de cúpula que tomaria decisões vitais para o futuro do planeta” (Monitor Políticas...). Em 1994, o AlterNex lança o primeiro servidor para a World Wide Web fora da rede acadêmica no Brasil. De 1985 a 1995, chegou a ter mais de cem BBSs cadastrados ao sistema (Afonso, 2002). [10]

6. Considerações finais

Falando sobre as formas de jornalismo participativo, um estudo do Media Center (2005, Capítulo 3. Tradução da autora), intitulado We Media: How audiences are shaping the future of news and information, diz que “os grupos de discussão on-line são a mais antiga e ainda mais popular forma de participação”, podendo ser incluídos aí desde os “quadros de avisos” (bulletin board) e os fóruns até as listas de correio eletrônico (mailing lists) e as salas de bate-papo (chat).

Atualmente é preciso reconhecer, como faz o Media Center, que o jornalismo participativo em franca expansão no momento – por meio dos blogs, publicações colaborativas, produção de conteúdo pelos usuários, entre outras formas –, teve seu início nos BBSs, nos grupos de Usenet, na disseminação de informações via e-mail, enfim, nas redes digitais de informação e comunicação próprias dos tempos anteriores à web, de forma alternativa ao próprio desenvolvimento da internet.

Esse reconhecimento fundamenta-se não somente nas características das tecnologias criadas dentro de um espírito um pouco mais ou um pouco menos libertário, mas na combinação de meio e mensagem, conforme exposto anteriormente, resultando em alternativas que tiveram e continuam tendo uma capacidade significativa de interferência nos rumos das lutas sociais, assim como também – e principalmente – no jornalismo.

É o que demonstra o estudo do Media Center quando define jornalismo participativo como sendo "o ato de um cidadão, ou grupo de cidadãos, desempenhando um papel ativo no processo de coletar, reportar, analisar e disseminar informação. A intenção dessa participação é produzir/fornecer a informação independente, confiável, correta, abrangente e relevante que a democracia requer” (Media Center, 2005. Tradução da autora).

Assim, a tentativa feita aqui foi de levantar elementos do processo de constituição das redes digitais como alternativa e do saber-fazer alternativo nas redes digitais com o objetivo de contribuir para o preenchimento de uma lacuna importante na história da comunicação e do jornalismo digital, assim como do jornalismo em geral, pois muitas das mudanças atualmente em curso na área podem ser vistas, se não como conseqüência, ao menos como ressonância de uma trajetória marcada pela busca de identificação com o exercício da cidadania.

NOTAS

[1] Disponível em: http://www.well.com/~szpak/cm. Acesso em: 10 mar. 2008.

[2] Equipamento que transforma (modula) os impulsos eletrônicos do computador em sinais acústicos para a transmissão por telefone, fazendo também a operação inversa (desmodulação).

[3] Segundo Rheingold (Cf. 1996, p. 150), a Usenet surge como fórum para discussão sobre o Unix: “os inventores da Usenet queriam falar das suas ferramentas sem estarem ligados à Arpanet” [rede estabelecida, em 1969, pelo Departamento de Defesa dos EUA, a partir da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa dos EUA (DARPA].

[4] Provavelmente 1989 ou 2000, já que a edição do original, em inglês (Radical Media: rebellious Communication and Social Movements), feita pela Sage Publications, da Califórnia, é de 2001.

[5] Disponível em: http://alainet.org.

[6] Disponível em: www.movimientos.org.

[7] Disponível em: http://www.cimac.org.mx/portada.html.

[8] Disponível em: www.cimacnoticias.com.

[9] Disponível em: www.fboms.org.br.

[10] A partir do início da década de 1990, os sistemas ligados por UUCP (protocolo usado no funcionamento dos BBS e Usenet) passaram a ser transferidos para a internet. “Em 1992, 60% do tráfego da Usenet era transmitido através da Rede, pelo protocolo de acesso instantâneo; os restantes 40% circulavam ainda através do lento processo de 'tagarelice telefônica' entre computadores”, relata Rheingold (Cf. 1996, p. 154). No Brasil, essa transferência se deu só a partir de 1992, quando as conexões TCP/IP se tornam permanentes no país após seu estabelecimento para uso na Eco-92.

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*Maria Lúcia Becker é jornalista, doutora em Ciências da Comunicação pela ECA/USP e professora do curso de Comunicação Social da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).


Revista PJ:Br - Jornalismo Brasileiro [ISSN 1806-2776]