Calendário
Itinerário
do Jornalismo Paulista
O
ciclo de estudos História da Comunicação:
itinerário da mídia em São Paulo
promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico
de São Paulo - IHGSP, em parceria com o Núcleo
Paulista da Rede Alfredo de Carvalho e a Cátedra Unesco/Umesp
de Comunicação, prossegue no próximo dia
10 de maio, com a análise do tema Itinerário
do Jornalismo.
O
ciclo foi iniciado no dia 8 de março, sob a coordenação
do jornalista e historiador José Marques de Melo, professor
emérito da Universidade de São Paulo e membro
do IHGSP, onde ocupa a cadeira cujo patrono é Alfredo
de Carvalho. A primeira sessão focalizou aspectos da
Historiografia Midiática e a segunda foi dedicada aos
meios de comunicação das classes populares nos
primórdios da imprensa paulista. Nas semanas seguintes
foram sendo estudadas as trajetórias da imprensa, rádio,
cinema e televisão.
O
próximo encontro vai reconstituir o itinerário
do jornalismo na terra dos bandeirantes, focalizando três
dimensões: os combates históricos travados por
jornalistas emblemáticos, a fisionomia contemporânea
da corporação profissional e a história
particular de uma empresa jornalística regional.
Os
interessados em participar do debate poderão inscrever-se
na Secretaria do IHGSP Rua Benjamin Constant, 158
7o. andar próximo à Praça da Sé,
no centro da capital paulista. Informações adicionais
podem ser obtidas através do telefone 11
3242-3582 ou emeio:
ihgsp2003@yahoo.com.br
O
front noticioso paulista
A
palestra de Audálio Dantas vai privilegiar dois episódios
que, ocorridos em São Paulo, marcaram a história
da imprensa brasileira e influíram na própria
história do Brasil: os assassinatos de Líbero
Badaró, em 1830, e de Vladimir Herzog, em 1975. No primeiro
caso, o jornalista que se batia por idéias liberais,
contra o absolutismo no governo de Pedro I. No segundo, o jornalista
que insistia em produzir um trabalho que refletisse a verdade
das ruas, num momento em que o país estava submetido
a uma das ditaduras mais cruéis de sua história.
A
partir desses dois casos são focalizados aspectos do
desenvolvimento da imprensa brasileira e de sua luta contra
a opressão da censura, em momentos importantes de nossa
história, como o Estado Novo, nas décadas de 1930
e 1940 e, finalmente, na ditadura militar que resultou do golpe
de 1964.
Audálio
Dantas, jornalista e escritor, atuou nas mais importantes publicações
brasileiras, nas quais exerceu funções jornalísticas
e administrativas. Realizou viagens em missões profissionais
e de estudos por toda a América Latina, Estados Unidos,
Canadá, Europa, Norte da África e Ásia
(Jordânia e Iraque). Participou de vários congressos
de comunicação social e pronunciou palestras em
instituições universitárias do Brasil e
do exterior. É diretor da Audálio Dantas Comunicação
e Projetos Culturais, conselheiro da UBE União
Brasileira de Escritores e diretor do IPSO Instituto
de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos.
Entre
outros, exerceu os seguintes cargos: redator da Folha de S.Paulo,
redator e chefe de reportagem da revista O Cruzeiro, redator-chefe
da revista Quatro Rodas, editor da revista Realidade, presidente
do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São
Paulo, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas
(Fenaj), deputado federal (PMDB-SP), diretor-superintendente
da Imprensa Oficial do Estado IMESP, presidente do Conselho
Curador da Fundação Cásper Líbero,
colunista do Diário Popular de 1997 a 2001, presidente
da Fundação Ulysses Guimarães de São
Paulo. Recebeu, na Organização das Nações
Unidas (ONU), em 1981, o Prêmio Kenneth David Kaunda de
Humanismo e Prêmio Sudene de Jornalismo (1972), pela edição
especial sobre o Nordeste da revista Realidade.
É
autor dos livros "Resistência", "Tempo
de luta", "O circo do desespero", "Repórteres"
e Corpos.
A
tribo dos jornalistas
O
segundo palestrista pretende começar pela arqueologia
do saber jornalístico. Primeira constatação:
essa tribo, a dos caçadores de notícias, há
muito tempo está extinta. Se foi fecunda durante boa
parte dos séculos XVIII e XIX época do
jornalismo romântico, republicano e subversivo, praticante
do furo de reportagem, das entrevistas bombásticas e
do cultivo das fontes exclusivas, cultuador de personalidades
distintas , essa tribo cedeu o passo para as empresas
noticiosas, comerciantes de informações. Integradas
à produção material e espiritual da Revolução
Industrial européia, tais empresas invadiram o centro
do palco e desalojaram rapidamente o jornalista, até
então ator principal dessa atividade.
Verificou-se,
assim, uma radical virada semântica: jornalista não
é mais aquele cidadão que milita no jornalismo
(entendido como divulgação, o mais ampla possível,
de informações e sobretudo opiniões); jornalista
passou a ser simplesmente, aquele profissional que trabalha
num jornal e, por extensão, nas outras mídias.
De artista, político, visionário, o jornalista
tornou-se operário numa usina de textos. A tribo em questão
foi extinta juntamente com a floresta em que vivia.
Ora,
se assim é, o que estão fazendo os participantes
do ciclo promovido pelo IHGSP? Uma aula de anatomia? Empilhando
cacos velhos? Um pouco, sim, mas não principalmente.
Se os caçadores de notícia foram vencidos por
um tipo hegemônico de processo civilizatório, se
esquizofrenicamente ainda pensam que estão no mato enquanto
tentam apertar parafusos numa linha de montagem cada vez mais
veloz e impiedosa, no entanto, essa contradição
ainda produz sínteses.
O
instinto da caça à notícia (por natureza
surpreendente e exclusiva), a volúpia de ser o único
a descobrir segredos e, dialeticamente, de imediato revelá-los
à sociedade permanecem como um ethos profundo, um resistente
valor de uso. Ele afronta a mercantilização da
vida, de seus processos e mantém acesa a esperança
de que é possível dar um passo em direção
à longínqua utopia, ao inacessível chão.
Com
certeza novos arranjos serão gestados, em que a profissionalização,
o método, a abrangência democratizante para áreas
da sociedade cada vez mais vastas (o que supõe tecnologia
e sistemas industriais) precisarão conviver com um espírito
selvagem, que há séculos mostra-se
capaz de escovar a história a contrapelo, de subverter
o senso comum e de apontar incômodas verdades onde vicejam
obviedades.
Jorge
Cláudio Ribeiro nasceu no Rio de Janeiro em 1949, estudando
no Colégio Santo Inácio. Casado e pai de três
filhos, é professor, jornalista e editor. Foi jesuíta,
com graduação em Filosofia na Medianeira, Jornalismo
na USP, Teologia na PUC-RJ; mestre em Educação
e doutor em Antropologia pela PUC-SP.
Escreveu
os livros A véspera do milagre (1976), A Festa do Povo
pedagogia de resistência (1982), Platão
ousar a utopia (1988), Inútil, a árvore
(1990), Sempre Alerta condições e contradições
do trabalho jornalístico(1994). Organizou obras coletivas,
em que é também autor: Moradas do mistério
(2000), Caleidoscópio (2001-2-3).
Em
1976, ingressou na PUC de São Paulo como docente de Introdução
ao Pensamento Teológico e depois como assessor de imprensa
(1977-1985/ 1991-2). Desde 1997, realiza uma pesquisa sobre
o perfil da religiosidade do jovem universitário. Sobre
esse tema, em março de 2003 concluiu pós-doutorado
na École des Hautes Études en Sciences Sociales
de Paris.
Como
jornalista, editou o jornal Porandubas da PUC-SP, trabalhou
em O São Paulo (da arquidiocese), Folha de S.Paulo, O
Estado de S.Paulo, agências Dinheiro Vivo e Estado. Trabalhou
na editora FTD e, em 1991, fundou a Editora Olho dÁgua
que publicou até o momento 108 obras, sobretudo universitárias
com ênfase na área educacional e comunicativa.
Turbulências
de uma empresa regional
O
terceiro expositor vai analisar, na história do Diário
do Grande ABC, do qual fez parte durante 15 anos, como diretor
de redação e diretor executivo, a dramática
decadência de um dos maiores jornais regionais do país.
A
partir de dados contidos na dissertação de mestrado
que defendeu em 2003 na Universidade Metodista de São
Paulo ele pretende explicar como a empresa enfrentou um período
turbulento, caracterizado por conflitos entre as famílias
proprietárias, ensejando o declínio do público-leitor
e acarretando a perda de credibilidade.
Destacará
também os acordos realizados com chefes políticos
locais, inicialmente através do prefeito Celso Daniel
(PT) e, posteriormente, com os seus sucessores no comando da
política municipal. O último capítulo será
dedicado à transferência de propriedade da empresa,
recentemente consumada, e às especulações
em torno daqueles que passam a assumir o controle da linha editorial
daquele jornal paulista.
Essa
palestra será proferida por Celio Franco, jornalista
formado pela UMESP, onde obteve também o seu título
de Mestre em Administração. Ele trabalhou como
editor-chefe do Diário do Grande ABC durante o período
1990-2002, sendo atualmente o editor da revista mensal Circuito
ABC e do site: www.circuitoabc.com.br.
Como docente universitário, está vinculado ao
Centro Universitário de Santo André e às
Faculdades Drummond.
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