Nº 8 - Julho 2007 Publicação Acadêmica de Estudos sobre Jornalismo e Comunicação ANO V
 
 

Expediente

Vinculada
à Universidade
de São Paulo

 

 

 


 

 

 

 

 

 


ARTIGOS
   

Por uma questão de efeito:
A velocidade do texto contemporâneo

Por Wilton Garcia*

Resumo

O presente estudo aborda algumas considerações empíricas sobre a noção de efeito no campo da comunicação, em especial a partir do texto no jornalismo. Assim, investigam-se alguns enfrentamentos que a área da comunicação articula sobre o texto, tendo o efeito como estratégia discursiva em uma mensagem midiática, sobretudo a imprensa jornalística. São pequenas anotações que desdobram reflexões conceituais, a partir do campo da comunicação, e relacionam sua extensão gerativa de um debate acerca da complexidade no contemporâneo. Para o desenvolvimento desta tarefa são apontadas flexibilidade e subjetividade como categorias críticas que implementam essa discussão. Diante de tais pressupostos, os estudos contemporâneos contextualizam e tratam dessa abordagem teórico-metodológica.

Palavras-chave
[Comunicação / Efeito / Texto / Contemporâneo]


É preciso pensar as diretrizes que anunciam o texto contemporâneo, ainda mais na dinâmica da comunicação acompanhada dos avanços tecnológicos.

Um intenso leque de transformações se insere no contexto digital. As transformações providenciadas pelas tecnologias digitais inscrevem um vasto espaço de possibilidades criativas, em que o texto reconduz desafios.

Tomo o texto, neste caso, para fluir a materialidade de um discurso.

Estou atento às transformações que as tecnologias proporcionam, atualmente. Em minhas investigações, tenho alertado à compreensão de estratégias discursivas que enunciam as transformações tecnológicas, atualmente, uma vez que lido com questões técnicas e conceituais sobre processos de criação. Como professor e pesquisador da área de ciências humanas aplicadas deslizo meu pensamento entre arte, comunicação e design. No entanto, observo as matizes do texto e sua possibilidade de expressão ambivalente.

Certas transformações são influências diretas das atualizações que a cultura digital faz. A cultura digital influencia mudanças estruturais e conceituais. Com a implementação das novas tecnologias digitais, a expressão do texto traduz a assinatura midiática de uma idéia pautada pela condição adaptativa de hipertexto. Diante da atualização desse espaço hipermidiático, o texto emerge-se como tema recorrente de desafios e debates crítico-conceituais, visto que a escrita (inter/trans)textual confronta-se com os efeitos da imagem e do som. Imagine, hoje, essa articulação do texto pautada no jornalismo.

Aqui, verifica-se a relevância do efeito atrelada à aos interesses entre mídia e mercado, os quais equacionam a mensagem em um coeso fluxo de informações ativas. Os resultados dessa mediação entre efeito e linguagem constituem fecundo crescimento e expansão do mercado (Maturana, 1997).

O pensar humano estratifica e sobrepõe a expressão de uma idéia em composição textual - e seu referencial discursivo -, cuja experiência humana, nessa empreitada, programa uma lógica representacional da informação. Os modos de produzir, armazenar e transmitir informação estendem a proposição do efeito como agenciamento/negociação de estados híbridos (Canclini, 1998), cujo apelo discursivos, estrategicamente, deve tomar a tônica impactante de enfrentamentos entre flexibilidade e subjetividade.

Flexibilidade e subjetividade, assim, inscrevem-se de modo diluído no desenvolvimento deste contexto, as quais registram diferentes estados de apreensão, percepção e cognição de sentimentos, memórias, lembranças, imaginação de qualquer condição humana (Garcia, 2005). A simbiose que equaciona flexibilidade e subjetividade transversaliza um contingencial estratégico às informações do texto contemporâneo armado na arena da comunicação.

A partir de tais premissas, este trabalho pretende pensar a velocidade do texto contemporâneo e investigar a elaboração de uma possível noção de efeito presente no contexto que (de)marca a área da comunicação. Ao relacionar essa noção de efeito na criação estratégica da comunicação, a compreensão produtiva de um texto efetiva um estágio intermediário entre flexibilidade e subjetividade, com as quais surgem olhares de novos saberes na produção do conhecimento. O presente artigo, portanto, também busca registrar alguns aspectos que coabitam a comunicação contemporânea, a fim de apresentar elementos circunstanciais que instrumentalizam uma leitura crítica sobre a atualização de "novas/outras" tendências e conceitos entre mídia e mercado.

Diante de tais pressupostos, os estudos contemporâneos (Cf. Bhabha, 1998; Canclini, 1998; Costa, 2004; Eagleton, 2005; e Maturana, 1997) contextualizam a abordagem teórico-metodológica para fomentar intercâmbios de pesquisas interdisciplinares na produção de conhecimento.

Embora, intercambiar aqui é muito mais que trocar informações, pois garante o deslocamento sistêmico, fazendo com que cada eixo, cada percurso, cada bifurcação articule a emergência de resultados híbridos. Isso só é possível com um pensamento contemporâneo capaz de articular aberturas necessárias para essas trocas, (re)configurações e/ou intercâmbios feitos em (com)partilhamento de idéias e soluções criativas.

Esses intercâmbios possibilitam um fluxo de informações que transitam em diferentes segmentos acadêmicos ou mercadológicos.

Os estudos contemporâneos aproximam as novas tecnologias digitais e os estudos culturais para constituir uma "nova/outra" atualização de aspectos técnicos e conceituais, marcadamente pelo viés sociocultural e político (Eagleton, 2005). Portanto, esses estudos procuram ampliar os estatutos conceituais e críticos que possam suturar cultura e representação, a partir da linguagem. Muito mais que isso, na fruição entre cultura e representação, a linguagem instaura-se para sistematizar a manifestação do artefato e sua ambientação na ordem enunciativa, cuja noção de corpo converge-se em um processo mutável. A linguagem do texto ultrapassa a perspectiva da comunicação no mercado para dar lugar a outras possibilidades criativas que exploram arte, design e moda.

Os estudos contemporâneos, neste bojo, preocupam-se com a atualização dos resultados a fim de apresentar elementos circunstanciais que possibilitam uma leitura crítica sobre a atualização de "novas/outras" tendências e conceitos. Isto é, atualizar e muito mais que inovar, atualizar requer observar as novas tecnologias digitais, cujas (inter)mediações formalizam avatáres que proclamam as condições adaptativas dos dispositivos pautados pelo objeto/produto em uma (re)dimensão representacional. Atualiza, aqui, é trazer o novo, quando se aposta em "novas/outras" soluções criativas que ressaltam uma dinâmica eficaz, do ponto de vista comunicacional da notícia.

É uma expansão de uma intelligentsia crítica do/no contemporâneo, que procura atualizar a flexibilidade da experiência humana e sua subjetividade.

Por exemplo, as redefinições de um texto - especulado pelo jornalismo, diante da criação auxiliada pelas tecnologias digitais - (re)conduzem a informação acerca de seu tema descritivo (Gumbrecht, 1997). Neste contexto, como (re)considerar o efeito de um conteúdo textual, diante de uma radicalidade na expressão técnica?

Após essas anotações preliminares, serão abordados três tópicos - A questão de efeito; A velocidade da informação; Uma dimensão de comunicação contemporânea. Eminentemente, o primeiro apresenta um referencial acerca da noção de efeito. Já o segundo discute alguns aspectos que norteiam a velocidade da informação. O último discute uma proposta de comunicação contemporânea. Por último, ressalto algumas considerações que expressam um posicionamento, ainda que provisório (parcial), a respeito desta proposta.

A questão de efeito

Tudo aquilo que deslocamento por estranhamento pode ser dito como efeito. Ou melhor, tudo aquilo que provoca um determinado mal-estar, também, pode ser considerado efeito. Mais ainda, tudo aquilo que deixa inquietações, sobretudo quando articulado por estratégias. Isso sim pode ser dimensionado pela questão do efeito - o que move.

Sendo assim, esta proposta tenta tecer algumas considerações embrionárias do que possa vir a ser pesquisado como noção de efeito, cujos parâmetros devem atinar para as reações que substancialmente são inscritas por uma ação de feito. Trata-se de pequenas anotações que desdobram reflexões conceituais e críticas e relacionam sua extensão gerativa de um debate acerca da complexidade contemporânea no campo da comunicação.

Os enfrentamentos articulados pela área da comunicação reiteram a noção de efeito como estratégia discursiva de uma mensagem midiática. Instauram-se mediações entre a idéia e sua expressão textual, cujo objetivo é propor um deslocamento impactante. A expressão de uma idéia e sua extensão gerativa devem adaptar-se ao desenvolvimento de efeitos, em que a compreensão das qualidades inventivas da representação requer (re)pensar a incomensurabilidade de seus sentido, ainda mais no contemporâneo.

Nota-se que a noção de efeito registra-se com o desenvolvimento de uma leitura crítica sobre as articulações estratégicas da instataneidade da informação, que (re)conduz a atualização de uma representacão. Dito de outra forma, o efeito formula-se pela emergência do traço comunicacional que pode ser ativado pela estratégia da informação. É fato que, o efeito, estrategicamente, convoca a ruptura e/ou o deslocamento da informação em um estágio de (re)adequação discursiva. A singularidade de um efeito é (re)produzido por um processo criativo que instiga a observação. Neste contexto, o efeito expõe sua potência discursiva.

Na dimensão fantasmática de uma possível teoria do efeito das enunciações contemporâneas desdobram-se duas categorias críticas: flexibilidade e subjetividade. Enquanto a flexibilidade possibilita o (des)envolvimento que reitera a ação investigativa sobre o efeito no texto (comunicacional), a subjetividade inscreve elementos circunstanciais para além dos enfrentamentos que incorporam uma perspectiva objetiva.

Neste bojo, o texto, agora, pauta-se pela brevidade dos efeitos e sendo assim, cada vez mais, as coisas perdem o sentido em razão do efeito. Mais que isso, o efeito em um texto implementa e aguça o impacto da informação no contemporâneo, visto que competência e vitalidade pode (re)direcionar a natureza informacional. A natureza do texto contemporâneo exibe uma prerrogativa, cada vez mais, intensa de criatividade para se pensar o campo interdisciplinar da comunicação, ainda mais na esfera do jornalismo.

De modo geral, as características do jornalismo atualmente envolvem categorias como: periodicidade, atualidade, universalidade e multiplicidade.

Essas categorias localizam um território embrionário de inferências (inter)subjetivas, em que o texto opera uma meta institucional (uma voz social) diante de diversos campos de cultura e conhecimento; ou seja, o jornalismo recorta um registro enfático das atividades humanas, em que busca orientar, entreter, interpretar e informar os fatos e sua amplitude de interesse econômico-político e sociocultural. Da veiculação da notícia distribuída ao aguçamento do leitor, o texto deve explorar a dimensão de instananeidade e imediatismo da informação.

No jornalismo contemporâneo, observa-se a velocidade necessária ao texto tanto do ponto de vista da criação/produção quanto da veiculação / recepção, afinal a informação precisa alcançar resultados instantâneos, imediatos. Se a função de um texto é informar, seu valor, portanto, opera uma qualidade sintética de objetivações da informação dita eficiente. A artimanha do texto coabita um eixo emblemático de relatos, depoimentos, entrevista e informações, os quais legitimam a eficiência dinâmica do processo comunicacional hoje em dia.

Hoje, deve-se ponderar as (de)marcações que expõem novas subjetividades da experiência cotidiana - artística, mercadológica, midiática e/ou sociocultural - e incorporam argumentos recorrentes: em especial atenção à circulação de produto, informação e consumo sob o efeito da comunicação (Baudrillard, 1995). A impossibilidade de resistir ao tempo e ao esforço do texto na comunicação torna-se fator determinante à (re)inscrição dos efeitos superficiais, que reforçam a prática da produção cultural contemporânea. Efeito de um produto transmutado.

A delinqüência seria um efeito da avidez por aquisição de mercadorias. Enquanto o público está interessado nos efeitos persuasivos e sedutores do produto e do contexto que ambientalizam o anúncio, as resultantes de vendas aumentam significativamente. Na verdade, a mercadoria hoje é fetichizada para ser consumida (Costa, 2004). É só uma paródia, uma citação - um mero efeito, mesmo.

De fato, a crítica a respeito da produção midiática já foi realizada a partir da Escola de Frankfurt sobre o processo de espetacularização massiva das mercadorias com o advento da Indústria cultural. Inegavelmente, de lá pra cá muita coisa mudou. Para além da teoria, de acordo com Terry Eagleton (2005), o que tento retomar é como observar, mensurar e registrar a instantaneidade das ações de consumo diante das tecnologias digitais, que aceleram ainda mais tal procedimento midiático.

A velocidade da informação

Apesar das aparências, o texto da transparência inscreve uma dupla visão: o campo do "verdadeiro" emerge como signo visível de autoridade apenas após a divisão regulatória e deslocadora do verdadeiro e do falso (Cf. Bhabha, 1998:160).

O que se entende por velocidade, senão a rapidez das tomadas de decisões. Vivencia-se a atualidade junto com a profusão de idéias que mapeiam a velocidade. Instataneidade e rapidez pressupõem (de)marcar benefícios à cultura contemporânea. Embora que, é diante da velocidade que as coisas acontecem; sem as pessoas saberem ou perceberem muito bem o porquê. Mas afinal, será que o leitor está atento a isso?

Parar é um termo que não se pode usar muito, pois velocidade implica estar em movimento, sempre! É algo que pluga o Ser. Está antenado, conectado.

O movimento faz as questões serem deslocadas ao entrarem em rotação constante. Esse movimento produz desafios. Talvez, o que foi dito agora já não tem tanta validade outrora e, também não terá depois.

O ritmo acelerado da produção contemporânea faz com que a velocidade prolifere diferentes significações e resultados. O fato é que a vida, hoje, toma um rumo cada vez mais plausível de "novas/outras" (re)considerações.

Assim, convido o leitor a observar a velocidade do texto hoje. Que efeito pode ser produzido diante das impressões que abarcam arte, comunicação, design? [1]

Pensar a escrita vinculada à arte, comunicação e design é permitir um acesso inesgotável de possibilidades criativa tanto ao autor quanto ao leitor. Há um design contemporâneo que converge o texto para uma experiência de leitura mais flexível e superficial - para não dizer esquemática e telegráfica.

Com o desenvolvimento da Internet muda-se o estatuto do texto contemporâneo. Diante da Internet, chats, sala de bate-papo, MSN, Orkut ampliam e constituem um "novo/outro" modo de experimentar a escrita. Neste ambiente, observa-se uma escrita sem muita profundidade, a qual demonstra, de modo ágil, idéias fragmentadas.

A cultura digital influencia, diretamente, o modo da produção da escrita, pois sua elaboração acompanha a velocidade impressa na mensagem do texto. Penso que, as novas tecnologias atualizam a experiência contemporânea e colaboram com a produção de o texto permear sua própria (re)presentação, cada vez mais, diversificada. Vejo o texto, hoje, como registro dinâmico e competente entre idéia, pensamento e ação ao exprimir seu tecido discursivo - a mensagem.

Transformado pelas novas tecnologias, o texto negocia sua própria existência quando deixa de ter função, exclusivamente, informativa para ser (re)conduzido ao esforço de sua visualidade. Armar um conjunto entre imagem e verbo não é tarefa fácil. A mensagem verbal, então, coabita com a mensagem não-verbal no território emblemático das tecnologias, as quais atualizam a manifestação dos discursos.

Assim, vale a pena estudar a diagramação/editoração de cada termo ou expressão utilizada em uma prática textual, pois esse tipo de investigação visual - para além do textual - otimiza a adequação do design vinculado à mensagem. Aqui, a leitura instrumental é presente e se faz necessária, pois ela permite uma velocidade acelerada para conhecer apenas as idéias principais do texto, sem lê-lo diretamente. Essa, sim, seria uma forma de leitura bastante utilizada pelos atuais empresários e estudantes, desatentos à profundidade sistemática de um texto tratado estrategicamente.

A forma editorial de apontar um texto em uma página pode resgatar muitas idéias sedutoras e/ou persuasivas. Tente observar a disposição dele em um jornal impresso ou em uma revista? Um fato, uma notícia ou um anúncio pode se ajustado visualmente, de acordo com as diversas maneiras de trabalhar o texto. Olhar para o tratamento semiótico do texto é ativar estratégias que ajudam implementar resultados satisfatórios.

Ao atualizar o modo de produzir um texto amplia-se o uso da palavra. Não falo apenas da pontualidade gramatical, normativa, mas das variantes possíveis que (re)traduzem sua flexibilidade sociocultural.

O texto na Internet, retomo, precisa ser sintético para ser reconhecido como proposta eficiente. A contextualização desta síntese entrecruza os diálogos com as imagens.

Nas paginas da web, a escrita deve se acomodar com a imagem que ilustra; e ainda mais com a Internet banda larga, acomoda-se também esse texto com o áudio. Os diferentes códigos que compreendem uma mensagem (re)configuram uma leitura mais crítica sobre o texto. Logo, o vernáculo, na esteira do canônico, se vê abalado pelas diretrizes contemporâneas, que estimulam "novos/outros" debates e desafios.

Observo a exposição de idéias que não acumulam informações complexas, pois acabam ficar apenas em um estado embrionário. Ainda pensando na website, um pequeno texto introdutório torna-se, estrategicamente, o mecanismo pontual que convida ao leitor a realizar sua própria reflexão ou indica a passagem inicial como preâmbulo ao ícone "Leia mais" ou acesse o site ou o e-mail do autor. Isto é, um usuário/interator, na condição de leitor, busca mais informações se estiver interessado no debate. Mas lembre-se, é apenas mais um atrativo, um chamamento à reflexão. Nem todo leitor fica fascinado pela escrita desse ou daquele tema. Muito preferem a instância visual. Acredito que este é um problema a ser enfrentado: o desafio que orienta o texto.

Neste caso, a velocidade do texto contemporâneo adapta-se e acaba por valorizar características simples, objetiva e dinâmica, como marcadores instrumentais. Diria mais, a eficiência do texto incorpora a singularidade de deslocamentos de uma leitura. É preciso articular a mensagem em uma condição adaptativa ao leitor contemporâneo, cujo desdobramento promove sensações coerentes e, ao mesmo tempo, (inter)subjetivas.

Ao propor um texto faz-se relevante destacar soluções criativas, pois isso permite um estado criativo (imaginário) das coisas, do ponto de vista da comunicação e do design. Quando se gerencia a sistematização de idéias em uma prática textual é possível verificar as artimanhas que equacionam a operacionalização dos efeitos causados pelas impressões textuais diante de tamanha velocidade receptiva. Feixes de efeitos somam novidades.

Da idéia à sua representação textual, há uma gritante passagem de feixes de efeitos efêmeros, que (re)configuram a troca de lugares, territótios, passagens e/ou situações. É um panorama de efeitos. Agora, os efeitos são mais destacados que os sentidos. Os desafios para pensar o texto na comunicação diante dos aportes tecnológicos misturam-se aos efeitos que causam nas pessoas. Vale a pena não se atinar apenas aos efeitos que as estratégias de um texto produz. Então, qual é a medida ideal entre texto e efeito? Eis a pergunta que não quer calar. O texto contemporâneo hibridizado também se modifica e amplia os sentidos ao resgatar efeitos.

Simultaneamente, o texto transforma-se em uma arquitetura flexível, capaz de adicionar "novos/outros" percursos complexos de informação e cultura.

Observa-se o deslocamento da mensagem com a velocidade que se aborda esta atmosfera temática e atinge a sociedade. A eficiência do texto híbrido culmina em uma unidade mínima de representação eficiente que, simultaneamente, aproxima e distancia da esfera de uso, função etc.

Considero que a velocidade do texto pode promover uma linguagem que aguce a percepção/cognição, sem necessariamente, perpassar por desprazeres. Afinal, Barthes já nos ensinou sobre estratégias que ressaltam o prazer do texto. Agora, só nos resta fazer uma comunhão aos efeitos desprendidos pelas novas tecnologias.

Nota

[1] No contemporâneo, é de bom tom agenciar/negociar a prática textual com a leitura - vide a recente exposição "Prontos pra ler - design de Livros na Espanha" realizada em 2006, no Centro Cultural Vergueiro, em São Paulo.

Referências bibliográficas

BAUDRILLARD, J. A sociedade de consumo. São Paulo: Elfos, 1995.

BHABHA, H. K. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.

CANCLIN, N. G. Culturas híbridas. São Paulo: Edusp, 1998.

COSTA, J. F. O vestígio e a aura - corpo e consumismo na moral do espetáculo. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.

EAGLETON, T. Depois da teoria: um olhar sobre os estudos culturais e o pós-modernismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

GARCIA, W. Corpo, mídia e representação: estudos contemporâneos. São Paulo: Thomson, 2005.

GUMBRECHT, H. U. Corpo e forma - ensaios para uma crítica não-hermenêutica. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998.

MATURANA, H. A ontologia da realidade. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1997.

*Wilton Garcia é artista visual, doutor em Comunicação pela ECA/USP e pós-doutor em Multimeios pelo IA/UNICAMP.


®Revista PJ:Br - Jornalismo Brasileiro [ISSN 1806-2776]