Por
uma questão de efeito:
A velocidade do texto contemporâneo
Por Wilton
Garcia*
Resumo
O
presente estudo aborda algumas considerações
empíricas sobre a noção
de efeito no campo da comunicação,
em especial a partir do texto no jornalismo.
Assim, investigam-se alguns enfrentamentos
que a área da comunicação
articula sobre o texto, tendo o efeito como
estratégia discursiva em uma mensagem
midiática, sobretudo a imprensa jornalística.
São pequenas anotações
que desdobram reflexões conceituais,
a partir do campo da comunicação,
e relacionam sua extensão gerativa
de um debate acerca da complexidade no contemporâneo.
Para o desenvolvimento desta tarefa são
apontadas flexibilidade e subjetividade
como categorias críticas que implementam
essa discussão. Diante de tais pressupostos,
os estudos contemporâneos contextualizam
e tratam dessa abordagem teórico-metodológica.
Palavras-chave
[Comunicação
/ Efeito / Texto / Contemporâneo]
É
preciso pensar as diretrizes que anunciam
o texto contemporâneo, ainda mais
na dinâmica da comunicação
acompanhada dos avanços tecnológicos.
Um
intenso leque de transformações
se insere no contexto digital. As transformações
providenciadas pelas tecnologias digitais
inscrevem um vasto espaço de possibilidades
criativas, em que o texto reconduz desafios.
Tomo
o texto, neste caso, para fluir a materialidade
de um discurso.
Estou
atento às transformações
que as tecnologias proporcionam, atualmente.
Em minhas investigações, tenho
alertado à compreensão de
estratégias discursivas que enunciam
as transformações tecnológicas,
atualmente, uma vez que lido com questões
técnicas e conceituais sobre processos
de criação. Como professor
e pesquisador da área de ciências
humanas aplicadas deslizo meu pensamento
entre arte, comunicação e
design. No entanto, observo as matizes
do texto e sua possibilidade de expressão
ambivalente.
Certas
transformações são
influências diretas das atualizações
que a cultura digital faz. A cultura digital
influencia mudanças estruturais e
conceituais. Com a implementação
das novas tecnologias digitais, a expressão
do texto traduz a assinatura midiática
de uma idéia pautada pela condição
adaptativa de hipertexto. Diante da atualização
desse espaço hipermidiático,
o texto emerge-se como tema recorrente de
desafios e debates crítico-conceituais,
visto que a escrita (inter/trans)textual
confronta-se com os efeitos da imagem e
do som. Imagine, hoje, essa articulação
do texto pautada no jornalismo.
Aqui,
verifica-se a relevância do efeito
atrelada à aos interesses entre mídia
e mercado, os quais equacionam a mensagem
em um coeso fluxo de informações
ativas. Os resultados dessa mediação
entre efeito e linguagem constituem fecundo
crescimento e expansão do mercado
(Maturana, 1997).
O
pensar humano estratifica e sobrepõe
a expressão de uma idéia em
composição textual - e seu
referencial discursivo -, cuja experiência
humana, nessa empreitada, programa uma lógica
representacional da informação.
Os modos de produzir, armazenar e transmitir
informação estendem a proposição
do efeito como agenciamento/negociação
de estados híbridos (Canclini, 1998),
cujo apelo discursivos, estrategicamente,
deve tomar a tônica impactante de
enfrentamentos entre flexibilidade e subjetividade.
Flexibilidade
e subjetividade, assim, inscrevem-se de
modo diluído no desenvolvimento deste
contexto, as quais registram diferentes
estados de apreensão, percepção
e cognição de sentimentos,
memórias, lembranças, imaginação
de qualquer condição humana
(Garcia, 2005). A simbiose que equaciona
flexibilidade e subjetividade transversaliza
um contingencial estratégico às
informações do texto contemporâneo
armado na arena da comunicação.
A
partir de tais premissas, este trabalho
pretende pensar a velocidade do texto contemporâneo
e investigar a elaboração
de uma possível noção
de efeito presente no contexto que (de)marca
a área da comunicação.
Ao relacionar essa noção de
efeito na criação estratégica
da comunicação, a compreensão
produtiva de um texto efetiva um estágio
intermediário entre flexibilidade
e subjetividade, com as quais surgem olhares
de novos saberes na produção
do conhecimento. O presente artigo, portanto,
também busca registrar alguns aspectos
que coabitam a comunicação
contemporânea, a fim de apresentar
elementos circunstanciais que instrumentalizam
uma leitura crítica sobre a atualização
de "novas/outras" tendências
e conceitos entre mídia e mercado.
Diante
de tais pressupostos, os estudos contemporâneos
(Cf. Bhabha, 1998; Canclini, 1998; Costa,
2004; Eagleton, 2005; e Maturana, 1997)
contextualizam a abordagem teórico-metodológica
para fomentar intercâmbios de pesquisas
interdisciplinares na produção
de conhecimento.
Embora,
intercambiar aqui é muito mais que
trocar informações, pois garante
o deslocamento sistêmico, fazendo
com que cada eixo, cada percurso, cada bifurcação
articule a emergência de resultados
híbridos. Isso só é
possível com um pensamento contemporâneo
capaz de articular aberturas necessárias
para essas trocas, (re)configurações
e/ou intercâmbios feitos em (com)partilhamento
de idéias e soluções
criativas.
Esses
intercâmbios possibilitam um fluxo
de informações que transitam
em diferentes segmentos acadêmicos
ou mercadológicos.
Os
estudos contemporâneos aproximam as
novas tecnologias digitais e os estudos
culturais para constituir uma "nova/outra"
atualização de aspectos técnicos
e conceituais, marcadamente pelo viés
sociocultural e político (Eagleton,
2005). Portanto, esses estudos procuram
ampliar os estatutos conceituais e críticos
que possam suturar cultura e representação,
a partir da linguagem. Muito mais que isso,
na fruição entre cultura e
representação, a linguagem
instaura-se para sistematizar a manifestação
do artefato e sua ambientação
na ordem enunciativa, cuja noção
de corpo converge-se em um processo mutável.
A linguagem do texto ultrapassa a perspectiva
da comunicação no mercado
para dar lugar a outras possibilidades criativas
que exploram arte, design e moda.
Os
estudos contemporâneos, neste bojo,
preocupam-se com a atualização
dos resultados a fim de apresentar elementos
circunstanciais que possibilitam uma leitura
crítica sobre a atualização
de "novas/outras" tendências
e conceitos. Isto é, atualizar e
muito mais que inovar, atualizar requer
observar as novas tecnologias digitais,
cujas (inter)mediações formalizam
avatáres que proclamam as condições
adaptativas dos dispositivos pautados pelo
objeto/produto em uma (re)dimensão
representacional. Atualiza, aqui, é
trazer o novo, quando se aposta em "novas/outras"
soluções criativas que ressaltam
uma dinâmica eficaz, do ponto de vista
comunicacional da notícia.
É
uma expansão de uma intelligentsia
crítica do/no contemporâneo,
que procura atualizar a flexibilidade da
experiência humana e sua subjetividade.
Por
exemplo, as redefinições de
um texto - especulado pelo jornalismo, diante
da criação auxiliada pelas
tecnologias digitais - (re)conduzem a informação
acerca de seu tema descritivo (Gumbrecht,
1997). Neste contexto, como (re)considerar
o efeito de um conteúdo textual,
diante de uma radicalidade na expressão
técnica?
Após
essas anotações preliminares,
serão abordados três tópicos
- A questão de efeito; A velocidade
da informação; Uma dimensão
de comunicação contemporânea.
Eminentemente, o primeiro apresenta um referencial
acerca da noção de efeito.
Já o segundo discute alguns aspectos
que norteiam a velocidade da informação.
O último discute uma proposta de
comunicação contemporânea.
Por último, ressalto algumas considerações
que expressam um posicionamento, ainda que
provisório (parcial), a respeito
desta proposta.
A
questão de efeito
Tudo
aquilo que deslocamento por estranhamento
pode ser dito como efeito. Ou melhor, tudo
aquilo que provoca um determinado mal-estar,
também, pode ser considerado efeito.
Mais ainda, tudo aquilo que deixa inquietações,
sobretudo quando articulado por estratégias.
Isso sim pode ser dimensionado pela questão
do efeito - o que move.
Sendo
assim, esta proposta tenta tecer algumas
considerações embrionárias
do que possa vir a ser pesquisado como noção
de efeito, cujos parâmetros devem
atinar para as reações que
substancialmente são inscritas por
uma ação de feito. Trata-se
de pequenas anotações que
desdobram reflexões conceituais e
críticas e relacionam sua extensão
gerativa de um debate acerca da complexidade
contemporânea no campo da comunicação.
Os
enfrentamentos articulados pela área
da comunicação reiteram a
noção de efeito como estratégia
discursiva de uma mensagem midiática.
Instauram-se mediações entre
a idéia e sua expressão textual,
cujo objetivo é propor um deslocamento
impactante. A expressão de uma idéia
e sua extensão gerativa devem adaptar-se
ao desenvolvimento de efeitos, em que a
compreensão das qualidades inventivas
da representação requer (re)pensar
a incomensurabilidade de seus sentido, ainda
mais no contemporâneo.
Nota-se
que a noção de efeito registra-se
com o desenvolvimento de uma leitura crítica
sobre as articulações estratégicas
da instataneidade da informação,
que (re)conduz a atualização
de uma representacão. Dito de outra
forma, o efeito formula-se pela emergência
do traço comunicacional que pode
ser ativado pela estratégia da informação.
É fato que, o efeito, estrategicamente,
convoca a ruptura e/ou o deslocamento da
informação em um estágio
de (re)adequação discursiva.
A singularidade de um efeito é (re)produzido
por um processo criativo que instiga a observação.
Neste contexto, o efeito expõe sua
potência discursiva.
Na
dimensão fantasmática de uma
possível teoria do efeito das enunciações
contemporâneas desdobram-se duas categorias
críticas: flexibilidade e subjetividade.
Enquanto a flexibilidade possibilita o (des)envolvimento
que reitera a ação investigativa
sobre o efeito no texto (comunicacional),
a subjetividade inscreve elementos circunstanciais
para além dos enfrentamentos que
incorporam uma perspectiva objetiva.
Neste
bojo, o texto, agora, pauta-se pela brevidade
dos efeitos e sendo assim, cada vez mais,
as coisas perdem o sentido em razão
do efeito. Mais que isso, o efeito em um
texto implementa e aguça o impacto
da informação no contemporâneo,
visto que competência e vitalidade
pode (re)direcionar a natureza informacional.
A natureza do texto contemporâneo
exibe uma prerrogativa, cada vez mais, intensa
de criatividade para se pensar o campo interdisciplinar
da comunicação, ainda mais
na esfera do jornalismo.
De
modo geral, as características do
jornalismo atualmente envolvem categorias
como: periodicidade, atualidade, universalidade
e multiplicidade.
Essas
categorias localizam um território
embrionário de inferências
(inter)subjetivas, em que o texto opera
uma meta institucional (uma voz social)
diante de diversos campos de cultura e conhecimento;
ou seja, o jornalismo recorta um registro
enfático das atividades humanas,
em que busca orientar, entreter, interpretar
e informar os fatos e sua amplitude de interesse
econômico-político e sociocultural.
Da veiculação da notícia
distribuída ao aguçamento
do leitor, o texto deve explorar a dimensão
de instananeidade e imediatismo da informação.
No
jornalismo contemporâneo, observa-se
a velocidade necessária ao texto
tanto do ponto de vista da criação/produção
quanto da veiculação / recepção,
afinal a informação precisa
alcançar resultados instantâneos,
imediatos. Se a função de
um texto é informar, seu valor, portanto,
opera uma qualidade sintética de
objetivações da informação
dita eficiente. A artimanha do texto coabita
um eixo emblemático de relatos, depoimentos,
entrevista e informações,
os quais legitimam a eficiência dinâmica
do processo comunicacional hoje em dia.
Hoje,
deve-se ponderar as (de)marcações
que expõem novas subjetividades da
experiência cotidiana - artística,
mercadológica, midiática e/ou
sociocultural - e incorporam argumentos
recorrentes: em especial atenção
à circulação de produto,
informação e consumo sob o
efeito da comunicação (Baudrillard,
1995). A impossibilidade de resistir ao
tempo e ao esforço do texto na comunicação
torna-se fator determinante à (re)inscrição
dos efeitos superficiais, que reforçam
a prática da produção
cultural contemporânea. Efeito de
um produto transmutado.
A
delinqüência seria um efeito
da avidez por aquisição de
mercadorias. Enquanto o público está
interessado nos efeitos persuasivos e sedutores
do produto e do contexto que ambientalizam
o anúncio, as resultantes de vendas
aumentam significativamente. Na verdade,
a mercadoria hoje é fetichizada para
ser consumida (Costa, 2004). É só
uma paródia, uma citação
- um mero efeito, mesmo.
De
fato, a crítica a respeito da produção
midiática já foi realizada
a partir da Escola de Frankfurt sobre o
processo de espetacularização
massiva das mercadorias com o advento da
Indústria cultural. Inegavelmente,
de lá pra cá muita coisa mudou.
Para além da teoria, de acordo com
Terry Eagleton (2005), o que tento retomar
é como observar, mensurar e registrar
a instantaneidade das ações
de consumo diante das tecnologias digitais,
que aceleram ainda mais tal procedimento
midiático.
A
velocidade da informação
Apesar
das aparências, o texto da transparência
inscreve uma dupla visão: o campo
do "verdadeiro" emerge como
signo visível de autoridade apenas
após a divisão regulatória
e deslocadora do verdadeiro e do falso
(Cf. Bhabha, 1998:160).
O
que se entende por velocidade, senão
a rapidez das tomadas de decisões.
Vivencia-se a atualidade junto com a profusão
de idéias que mapeiam a velocidade.
Instataneidade e rapidez pressupõem
(de)marcar benefícios à cultura
contemporânea. Embora que, é
diante da velocidade que as coisas acontecem;
sem as pessoas saberem ou perceberem muito
bem o porquê. Mas afinal, será
que o leitor está atento a isso?
Parar
é um termo que não se pode
usar muito, pois velocidade implica estar
em movimento, sempre! É algo que
pluga o Ser. Está antenado, conectado.
O
movimento faz as questões serem deslocadas
ao entrarem em rotação constante.
Esse movimento produz desafios. Talvez,
o que foi dito agora já não
tem tanta validade outrora e, também
não terá depois.
O
ritmo acelerado da produção
contemporânea faz com que a velocidade
prolifere diferentes significações
e resultados. O fato é que a vida,
hoje, toma um rumo cada vez mais plausível
de "novas/outras" (re)considerações.
Assim,
convido o leitor a observar a velocidade
do texto hoje. Que efeito pode ser produzido
diante das impressões que abarcam
arte, comunicação, design?
[1]
Pensar
a escrita vinculada à arte, comunicação
e design é permitir um acesso inesgotável
de possibilidades criativa tanto ao autor
quanto ao leitor. Há um design contemporâneo
que converge o texto para uma experiência
de leitura mais flexível e superficial
- para não dizer esquemática
e telegráfica.
Com
o desenvolvimento da Internet muda-se o
estatuto do texto contemporâneo. Diante
da Internet, chats, sala de bate-papo, MSN,
Orkut ampliam e constituem um "novo/outro"
modo de experimentar a escrita. Neste ambiente,
observa-se uma escrita sem muita profundidade,
a qual demonstra, de modo ágil, idéias
fragmentadas.
A
cultura digital influencia, diretamente,
o modo da produção da escrita,
pois sua elaboração acompanha
a velocidade impressa na mensagem do texto.
Penso que, as novas tecnologias atualizam
a experiência contemporânea
e colaboram com a produção
de o texto permear sua própria (re)presentação,
cada vez mais, diversificada. Vejo o texto,
hoje, como registro dinâmico e competente
entre idéia, pensamento e ação
ao exprimir seu tecido discursivo - a mensagem.
Transformado
pelas novas tecnologias, o texto negocia
sua própria existência quando
deixa de ter função, exclusivamente,
informativa para ser (re)conduzido ao esforço
de sua visualidade. Armar um conjunto entre
imagem e verbo não é tarefa
fácil. A mensagem verbal, então,
coabita com a mensagem não-verbal
no território emblemático
das tecnologias, as quais atualizam a manifestação
dos discursos.
Assim,
vale a pena estudar a diagramação/editoração
de cada termo ou expressão utilizada
em uma prática textual, pois esse
tipo de investigação visual
- para além do textual - otimiza
a adequação do design
vinculado à mensagem. Aqui, a leitura
instrumental é presente e se faz
necessária, pois ela permite uma
velocidade acelerada para conhecer apenas
as idéias principais do texto, sem
lê-lo diretamente. Essa, sim, seria
uma forma de leitura bastante utilizada
pelos atuais empresários e estudantes,
desatentos à profundidade sistemática
de um texto tratado estrategicamente.
A
forma editorial de apontar um texto em uma
página pode resgatar muitas idéias
sedutoras e/ou persuasivas. Tente observar
a disposição dele em um jornal
impresso ou em uma revista? Um fato, uma
notícia ou um anúncio pode
se ajustado visualmente, de acordo com as
diversas maneiras de trabalhar o texto.
Olhar para o tratamento semiótico
do texto é ativar estratégias
que ajudam implementar resultados satisfatórios.
Ao
atualizar o modo de produzir um texto amplia-se
o uso da palavra. Não falo apenas
da pontualidade gramatical, normativa, mas
das variantes possíveis que (re)traduzem
sua flexibilidade sociocultural.
O
texto na Internet, retomo, precisa ser sintético
para ser reconhecido como proposta eficiente.
A contextualização desta síntese
entrecruza os diálogos com as imagens.
Nas
paginas da web, a escrita deve se
acomodar com a imagem que ilustra; e ainda
mais com a Internet banda larga, acomoda-se
também esse texto com o áudio.
Os diferentes códigos que compreendem
uma mensagem (re)configuram uma leitura
mais crítica sobre o texto. Logo,
o vernáculo, na esteira do canônico,
se vê abalado pelas diretrizes contemporâneas,
que estimulam "novos/outros" debates
e desafios.
Observo
a exposição de idéias
que não acumulam informações
complexas, pois acabam ficar apenas em um
estado embrionário. Ainda pensando
na website, um pequeno texto introdutório
torna-se, estrategicamente, o mecanismo
pontual que convida ao leitor a realizar
sua própria reflexão ou indica
a passagem inicial como preâmbulo
ao ícone "Leia mais" ou
acesse o site ou o e-mail do
autor. Isto é, um usuário/interator,
na condição de leitor, busca
mais informações se estiver
interessado no debate. Mas lembre-se, é
apenas mais um atrativo, um chamamento à
reflexão. Nem todo leitor fica fascinado
pela escrita desse ou daquele tema. Muito
preferem a instância visual. Acredito
que este é um problema a ser enfrentado:
o desafio que orienta o texto.
Neste
caso, a velocidade do texto contemporâneo
adapta-se e acaba por valorizar características
simples, objetiva e dinâmica, como
marcadores instrumentais. Diria mais, a
eficiência do texto incorpora a singularidade
de deslocamentos de uma leitura. É
preciso articular a mensagem em uma condição
adaptativa ao leitor contemporâneo,
cujo desdobramento promove sensações
coerentes e, ao mesmo tempo, (inter)subjetivas.
Ao
propor um texto faz-se relevante destacar
soluções criativas, pois isso
permite um estado criativo (imaginário)
das coisas, do ponto de vista da comunicação
e do design. Quando se gerencia a
sistematização de idéias
em uma prática textual é possível
verificar as artimanhas que equacionam a
operacionalização dos efeitos
causados pelas impressões textuais
diante de tamanha velocidade receptiva.
Feixes de efeitos somam novidades.
Da
idéia à sua representação
textual, há uma gritante passagem
de feixes de efeitos efêmeros, que
(re)configuram a troca de lugares, territótios,
passagens e/ou situações.
É um panorama de efeitos. Agora,
os efeitos são mais destacados que
os sentidos. Os desafios para pensar o texto
na comunicação diante dos
aportes tecnológicos misturam-se
aos efeitos que causam nas pessoas. Vale
a pena não se atinar apenas aos efeitos
que as estratégias de um texto produz.
Então, qual é a medida ideal
entre texto e efeito? Eis a pergunta que
não quer calar. O texto contemporâneo
hibridizado também se modifica e
amplia os sentidos ao resgatar efeitos.
Simultaneamente,
o texto transforma-se em uma arquitetura
flexível, capaz de adicionar "novos/outros"
percursos complexos de informação
e cultura.
Observa-se
o deslocamento da mensagem com a velocidade
que se aborda esta atmosfera temática
e atinge a sociedade. A eficiência
do texto híbrido culmina em uma unidade
mínima de representação
eficiente que, simultaneamente, aproxima
e distancia da esfera de uso, função
etc.
Considero
que a velocidade do texto pode promover
uma linguagem que aguce a percepção/cognição,
sem necessariamente, perpassar por desprazeres.
Afinal, Barthes já nos ensinou sobre
estratégias que ressaltam o prazer
do texto. Agora, só nos resta fazer
uma comunhão aos efeitos desprendidos
pelas novas tecnologias.
Nota
[1]
No contemporâneo, é de bom
tom agenciar/negociar a prática textual
com a leitura - vide a recente exposição
"Prontos pra ler - design de Livros
na Espanha" realizada em 2006, no Centro
Cultural Vergueiro, em São Paulo.
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Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998.
MATURANA,
H. A ontologia da realidade. Belo Horizonte:
Ed. UFMG, 1997.
*Wilton
Garcia é artista visual, doutor em
Comunicação pela ECA/USP e
pós-doutor em Multimeios pelo IA/UNICAMP.
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