Novembro de 2011
Publicação Acadêmica de Estudos sobre Jornalismo e Comunicação ISSN 1806-2776
 
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ARTIGOS

Ciência e Comunicação Pública
A cobertura jornalística sobre
a saúde da população negra

Por Antonio Carlos Sardinha e Kelly Tatiane Martins Quirino*

RESUMO

A abordagem do conhecimento científico sob a ótica da Comunicação Pública assume dimensão crítica diante dos pressupostos que sustentam a divulgação científica pelo jornalismo, ao lidar com os dilemas da especialização no tratamento das pautas e com as tensões entre o campo jornalístico e o campo da ciência. A partir de estudo dos mecanismos que sustentam a cobertura da saúde da população negra em dois jornais impresso – Folha de S. Paulo e Jornal da Cidade –, sugerimos reflexão sobre os desafios conceituais da divulgação científica no formato adotado pela mídia jornalística impressa.

Reprodução

O entendimento é de que as disputas por sentido que permeiam a pauta científica no contexto da visibilidade das mídias devem referenciar a lógica das políticas públicas de divulgação do conhecimento científico no âmbito da Política de Ciência e Tecnologia, partindo obrigatoriamente de questões epistêmicas do campo da Comunicação e das questões delineadas no âmbito da Comunicação como política pública.

PALAVRAS-CHAVE: Comunicação Pública / Divulgação Científica / Jornalismo Impresso

1. Introdução

O presente trabalho propõe discutir, a partir das referências do campo da Comunicação Pública e das políticas públicas de comunicação, os dispositivos que sustentam a divulgação científica.  A abordagem do conhecimento científico sob a ótica da Comunicação Pública assume dimensão crítica diante dos pressupostos que sustentam a divulgação científica pelo jornalismo impresso, ao lidar com os dilemas da especialização no tratamento das pautas e com as tensões entre o campo jornalístico e o campo da ciência (BOURDIEU, 2004).

A partir de estudo dos mecanismos que sustentam a cobertura da saúde da população negra em dois jornais impresso – Folha de S. Paulo e Jornal da Cidade, respectivamente de circulação nacional e regional – sugerimos reflexão sobre os desafios da divulgação científica no formato adotado pela mídia jornalística impressa. A reflexão considera o papel disciplinador e de controle no jogo de visibilidade e vigilância do discurso jornalístico (GOMES, 2003), as relações entre poder e o saber científico e o potencial do discurso que permeiam os aparatos para produção da verdade imersos nas relações de poder em tempos de midiatização (FAUSTO NETO, 2008). 

O entendimento é de que as políticas públicas de comunicação delineadas para referenciar os protocolos de comunicação do Estado são elementos que contribuem para qualificar ações e estratégias para comunicação da ciência ao incidir nos dispositivos de poder que permeiam a lógica contemporânea da cobertura científica na imprensa.
Essa questão conceitual assume o entendimento de que as disputas por sentido que permeiam a pauta científica no contexto da visibilidade das mídias devem referenciar a lógica das políticas públicas de divulgação do conhecimento científico no âmbito da Política de Ciência e Tecnologia, partindo obrigatoriamente de questões epistêmicas do campo da Comunicação e das questões delineadas no âmbito da Comunicação como política pública.

2. O jornalismo científico e a questão da especialização

O debate conceitual sobre o jornalismo científico toma como pressuposto a leitura sobre o jornalismo a partir de um campo epistêmico que tem a notícia como fenômeno – e não apenas um gênero informativo – entendido como socialização de quaisquer informações de caráter público, atual e singular e que atendem a diferentes interesses (SILVA, 2009).

Para além de uma vertente informacionalista que reitera a comunicação como mera transferência de conteúdos de um pólo a outro (SODRÉ, 2007), o jornalismo como prática de comunicação peculiar não é um instrumento acessório de práticas sociais organizadas no âmbito de outras esferas da vida social. Com tempo e espaço próprios, o jornalismo, ao relacionar conhecimentos diferentes e sistematizá-los como fenômeno noticioso, traduz-se em uma prática social com uma modalidade de conhecimento singular, com potência em si para o contextual do particular e do universal (SILVA, 2009, GENRO FILHO, 1987).

Desse campo - que não se reduz ao profissional – o jornalismo constitutivamente participa da definição e das disputas societárias pela linguagem narrativa e eficácia argumentativa que lhe é peculiar, na constituição de práticas sociais de atores e organizações que cada vez mais agem discursivamente nos espaços públicos.

Sob essa ótica configuramos o jornalismo no contexto de divulgação da ciência e, por essa perspectiva, entendemos o equívoco apontado por França (2005) de que “os jornalistas de ciência precisam fazer menos divulgação e mais jornalismo”. Nesse sentido, as tensões entre o jornalismo e ciência como campo de relações de força (BOURDIEU, 2007) não estão restritas apenas a questões éticas da ordem dos compromissos e responsabilidade na relação tensionada entre jornalistas e cientistas e a preocupações técnicas para adequar valores e lógicas, linguagens e suportes que permeiam o discurso da especialização no denominado jornalismo científico. 

A questão é entender a lógica e os mecanismos que conferem inteligibilidade a discursos e práticas inerentes ao campo jornalístico e científico. Sob a ótica do jornalismo, o processo de construção da realidade operada pelo fenômeno noticioso, a partir de suas especificidades, posiciona a prática jornalística para além de um caráter difusionista e acessório do campo científico. Entendemos que a especialização, nesse caso, surge como um dispositivo de poder eficaz que, funcionalmente atrelado a um papel pedagógico ou na perspectiva de divulgação do conhecimento propriamente dito, escamoteia uma especialidade pouco próxima a dimensão epistêmica do jornalismo, ao basear-se na verticalidade (profundidade) e não na horizontalidade (amplitude) do agendamento do saber científico.

Ao invés de ampliar abordagens, de colocar em conflito os cenários e contextos que organizam a produção do saber científico, o discurso especializado, preocupado em decifrar informacionalmente, apenas comunica a ciência, em uma gestão técnica do canal para que a produção científica circule de um pólo a outro sob a tutela do campo científico e de seus atores, em uma disputa que tem o conhecimento e os recursos de sua legitimação como fonte das disputas por sentido para processos e práticas sociais.

Essa indicação direciona nossa compreensão ao apresentarmos estudo sobre a cobertura da saúde da população negra no jornalismo impresso. Conforme Chaparro (2004), o papel sociocultural do jornalismo é o de se assumir como espaço público para os confrontos discursivos. Por se caracterizar pela linguagem do relato, pela capacidade de contextualizar os fatos e pela difusão em larga escala do que divulga, o jornalismo dá atributos de discurso aos acontecimentos, e como discurso os socializa (CHAPARRO, 2004, s/p).

Para Chaparro (2004), portanto, é na esfera do discurso que Ciência e Jornalismo se desencontram pelos esquemas discursivos distintos de cada um desses campos. De um lado está a Ciência que produz conhecimento legitimado pelos atores desse campo por meio de um discurso permeado por um esquema argumentativo particular, com rigor metodológico e lexical assumido por uma linguagem especializada. Do outro lado está o Jornalismo que socializa fenômenos (a partir das especificidades de seu campo de fala), captando indicações do mundo e as oferecendo à sociedade. Além de relatos, respostas e explicações, que encontra inclusive no saber científico, a eficácia asseverativa e didática da linguagem jornalística se faz por um discurso que privilegia a liberdade de esquemas narrativos adequado para o relato das ações humanas – essa é tarefa do jornalismo mesmo quando divulga ciência, conforme Chaparro (2004).

Nessa perspectiva, a divulgação científica sob a ótica do jornalismo deve ser pensada para além da lógica de suporte que superdimensiona a difusão. Ao buscar a socialização das tensões e conflitos, o jornalismo que fala da ciência, apropriando-se da natureza discursiva de ambos os campos no espaço público organizado pela especificidade de produzir sentido, opera pela linguagem do relato e da contextualização crítica.

Essa abordagem reforça, portanto, a permanente necessidade de pontuar a natureza do campo de fala do jornalismo. Para Traquina (2005), o jornalismo é muitas vezes reduzido ao domínio técnico de uma linguagem e seus formatos. Para o autor, compreensão da crítica do jornalismo feita pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu (1997), em particular a sua veemência, está na compreensão de que ele é um “concorrente” do mesmo espaço, “o campo intelectual (TRAQUINA,2005).

3. A ciência nos contornos da Sociedade da Informação

A ciência, por sua vez, não é algo estanque. Ao contrário, reproduz as disputas e as relações sociais, ao afetar e sofrer interferências sociais. O que há internamente no campo cientifico é uma disputa de poder pela produção de conhecimento que busca legitimar para a sociedade uma autoridade detentora do saber (capital científico acumulado).

O que está em jogo especificamente nessa luta é o monopólio da autoridade científica definida (...) o monopólio da competência científica, compreendida enquanto capacidade de falar e de agir legitimamente (isto é, de maneira autorizada e com autoridade) que é socialmente outorgada a um agente determinado (BOURDIEU,1983, p. 122-123).

Na contemporaneidade, o saber científico ganha centralidade, assim como as disputas em torno desse campo. Lastres e Ferraz (1999) sustentam que as mudanças em curso no cenário econômico contemporâneo acontecem com a emergência de um paradigma tecnoeconômico das tecnologias da informação em que informação, conhecimento e aprendizado são conceitos fundamentais. A construção de um imaginário de fluidez de informações indiscriminada e livre circulação de informações pelos recursos tecnológicos, assim como a ideia de transparência e participação, associadas a um discurso do fim das ideologias, do engajamento e da negação da política (MATTELART, 2006), compõem uma trama que autonomiza e dissolve a complexidade dos vínculos sociais e políticos em favor do discurso do mercado e das novas tecnologias.

O conhecimento, em especial, ao virar mercadoria, integra-se a estratégias industriais, comerciais, políticas e militares em um processo de legitimação em pretenso consenso. Fazendo referência a Lyotard, Mattelart (2006) aponta o processo de legitimação do saber nesse contexto de hegemonia do discurso informacional:

(...) um sistema informático será legitimado somente se suscitar a invenção de ‘cartadas’ novas nos jogos que existem ou a invenção de novos jogos. A linguagem da operatividade no sentido dos tomadores de decisão e do capital está, com efeito, na direção oposta da multiplicidade dos jogos de linguagem (MATTELART, 2006, p.102).

O surgimento do paradigma pós-industrial, caracterizado pelo caráter estruturante das novas tecnologias, a intelectualização geral do trabalho e do consumo contribuem para trazer à tona o alinhamento dos produtores de conhecimento e informação sobre as dinâmicas dominantes, conforme sublinha Mattelart (2005). Para o autor, o valor da informação é dado pelo tempo e a forma de temporalidade que ela implica determina também o tempo de elaboração do conhecimento.

É nesse contexto que a ciência na atualidade tem enorme capacidade de gerar inovações e saltos tecnológicos, adquirindo uma auréola mágica e determinista, camuflada pelos sistemas de mídias (DUPAS, 2001). Esse posicionamento cada vez mais central da ciência nos processos sociais acompanha, ao mesmo tempo, o fim do que dos metarrelatos produzidos pelo próprio saber científico como discurso de legitimação da ciência moderna. A questão sugerida por Dupas (2001) é a de como o campo científico nas configuradas sociedades pós-modernas encontram sua legitimidade. Para o autor, a orientação das novas pesquisas se subordina à condição de serem traduzidas em linguagens de máquina. A hegemonia da informática impõe uma lógica em que enunciados são aceitos como se estivessem versando sobre o saber, suplantando a máxima antiga de que a aquisição de saber é associada à formação do espírito (DUPAS, 2001).

A questão é saber se os projetos societários podem ser diferenciados no que se refere à produção e apropriação democrática do conhecimento para a construção de uma sociedade do saber, respeitando especificidades políticas, culturais, sociais e econômicas de apropriação das tecnologias. Em meio à fluidez do capital que se apropria dos fluxos e da fluidez da informação e da produção do conhecimento na criação de tempos e espaços para marcar a hegemonia das forças econômicas, os Estados e as democracias enfrentam desafios para a governabilidade, sobretudo para marcar posições diante da formatação, elaboração e implementação de políticas públicas.

A dificuldade de um posicionamento crítico, portanto, nas tensões entre os dois campos científico e jornalístico limita papel do jornalismo ao reducionismo de atuar como esfera funcional, mesmo sob a lógica da especialização e deslocado das questões epistêmicas próprias a esse campo. Em um contexto onde a sociedade civil organizada está ciente da importância da ciência para o desenvolvimento tecnológico e reivindica para si, os benefícios das descobertas e a possibilidade de participar das políticas públicas na área científica - como são as demandas apontadas para as especificidades da saúde da população negra pelos movimentos sociais - o configurado jornalismo científico ainda mantém arraigado um modelo difusionista que não trata discursivamente e na especificidade de seu campo a ciência e suas relações cada vez mais complexas no contexto da Sociedade da Informação.

4. O jornalismo especializado e a cobertura representativa sobre a saúde da população negra

O debate envolvendo a relação da ciência com a questão étnico-racial não é contemporâneo.  O discurso científico como fonte de legitimidade para disputas, tendo racismo e sua construção cultural como dispositivo para organizar as relações de poder ainda são retomados em torno do debate essencialista travado para discutir questões raciais no Brasil.

O conceito raça/cor é uma construção social na perspectiva de afirmação identitária de um grupo. Enquanto conceito biológico, a raça negra não existe, entretanto o racismo em sua dimensão simbólica está organizado sobre termo raça e não a etnia. Sob essas duas perspectivas que os discursos sobre as doenças de caráter étnico-racial acabam enquadrados quando debatidos pela opinião pública.

Por um lado, pontua-se que configurar certas doenças a partir de um recorte étnico-racional não é legítimo, considerando que biologicamente são manifestações de um processo da seleção natural (Languardia, 2006). Outra leitura reforça que as doenças étnico-raciais têm vínculo com a vulnerabilidade dessas populações em consequência de um processo histórico de exclusão e racismo, institucionalizado ou não dentro do Estado e das organizações responsáveis pela produção de conhecimento e gestão das políticas públicas (Batista, 2002).

Nessa disputa por perspectivas para enquadrar o debate sobre saúde da população negra, entendemos que a ciência como discurso e dispositivo de poder é um campo de disputas por (des)legitimação das demandas históricas dos movimentos sociais por políticas de saúde para a população negra.

Apesar de ser maioria numérica, a população negra brasileira possui os piores indicadores socieconômicos, estando mais suscetível a contrair doenças infecto-contagiosas e psicossociais, denominadas doenças por vulnerabilidade social, tais como o tabagismo, o alcoolismo e taxicomania, refletindo significativamente na expectativa de vida dos negros brasileiros.  Durante o Primeiro Seminário Nacional de Saúde da População Negra, em 2004, as pesquisas na área da saúde já apontavam as principais causas de óbito da população negra: mortalidade infantil, homicídio, doenças crônicas degenerativas, doenças cardiovasculares, mortalidade materna, doenças sexualmente transmissíveis e anemia falciforme.

Segundo o NEPO - Núcleo de Estudos da População – da Unicamp, a expectativa de vida da população negra é menor do que a branca devido a este quadro. Entre os negros, a esperança de vida é de 67,03 anos e na parcela de cor branca é de 73,13. Na média de toda população brasileira, a esperança de vida é de 70,94 anos.

Esse cenário fez com que, desde a década de 70, o movimento negro pressionasse o Estado para a construção de uma política de saúde pública para esse grupo, o que acontece apenas em 1995, com a criação de um Grupo Interministerial de Valorização da População Negra. Em 2001, o Ministério da Saúde lança o Manual das Doenças Mais Importantes por Razões Étnicas, na População Brasileira Afrodescendente. No documento consta que a Anemia Falciforme, Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial, Síndromes Hipertensivas na Gravidez e Deficiência de Glicose 6 – Fosfato Desidrogenase são as doenças como maior incidência nesse grupo. A publicação é o reconhecimento por parte do Estado de que há doenças de recorte étnico-racial com maior prevalecência entre os negros. 

A questão, no entanto, é saber quais as dimensão desse debate na cobertura especializada feita pelos jornais brasileiros sobre ciência/saúde. Nessa sentido, Quirino (2010), busca entender como se dá a produção de notícia sobre a saúde da população negra, verificando como é a apropriação pelo jornalismo das informações sobre saúde dos afrodescendentes e sob que lógica ocorre o processo de veiculação desses fatos para públicos heterogêneos. O período de análise compreendeu os meses entre março e dezembro do ano de 2009 e os jornais analisados foram a Folha de S. Paulo, de circulação nacional, e o Jornal da Cidade de Bauru, com circulação regional no interior de SP.

Durante os dez meses de coleta, foram reunidas 28.420 matérias (reportagens, artigos e editoriais) em 478 jornais – 242 edições da Folha de S. Paulo e 236 edições do Jornal da Cidade (JC).  A metodologia utilizada para o estudo foi a Análise de Conteúdo. Do total de matérias coletadas, apenas onze notícias foram publicadas sobre as doenças de recorte étnico racial e por vulnerabilidade que acometem a população negra – o equivalente a 0,038% das reportagens. No caderno de saúde, especializado na cobertura da temática, foram apenas sete reportagens publicadas, sendo seis no jornal Folha de S. Paulo e apenas uma matéria no Jornal da Cidade.

Para avaliação qualitativa dos resultados foram sugeridas duas categorias: visibilidade e invisibilidade. No primeiro conceito, agruparam-se apenas as onze reportagens que abordaram a saúde da população negra. Na segunda categoria, foram reunidos os 98,12% de reportagens e refletido sobre os porquês dessa invisibilidade, antecipando a idéia de que as doenças de recorte étnico-racial e por vulnerabilidade que acometem a população negra são invisíveis tanto em coberturas que tratam da temática da saúde (nos cadernos especializados) como as que discutem as problemáticas de natureza diversas envolvendo essa população.

Cabe ressaltar que a Ciência e o Jornalismo constituem-se a partir de discursos que legitimam práticas e organizam relações em meio aos espaços sociais. Portanto, invisibilidade (o não mostrar), como dispositivo de poder usado pelo jornalismo, é um ponto a ser destacado com impactos já previstos no âmbito do agendamento e na construção de debates nas esferas públicas. Nessa reflexão, portanto, focaremos no conjunto de matérias que fazem referência à saúde da população negra destacando que, em linhas gerais, o que existe é uma visibilidade regulada restrita a difusão de conhecimento científico que neutraliza as contradições que permeiam sua construção, considerando as disputas no campo científico.

Nas matérias em que a saúde da população negra foi pauta (nove reportagens e dois artigos) registra-se a predominância de fontes oficiais, no caso os cientistas, e a pauta atrelada aos dados da pesquisa como meio-fim para organizar a narrativa da reportagem. Na Folha de S. Paulo, das oito reportagens analisadas, três foram motivadas por pesquisas internacionais. Oliveira (2003) já pontuou que no Brasil não há um número significativo de estudos sobre as doenças de recorte étnico-racial. A bibliografia utilizada por profissionais interessado na temática é proveniente de pesquisas americanas e esse fato fica evidente porque em três reportagens são divulgados os resultados de pesquisas internacionais de doenças de recorte étnico-racial.

A análise qualitativa das onze reportagens coletadas demonstra que a cobertura não supera a dimensão do dizer sobre (difusão), ao invés da socialização que implica contextualizar a temática. O fato científico não é necessariamente um fato jornalístico, portanto, é um mais um elemento para operar o entendimento sobre o que o jornalismo define a partir de seu campo de fala sobre a questão em agendamento. É oportuno recorrer a Bucci (apud GOMES, 2009) quando afirma que entender os fatos é, quase sempre, entender os discursos que se articulam nos relatos jornalísticos.

A título de ilustração, destacamos a reportagem “EUA reduz idade para exame de PSA” (FOLHA DE SP, Caderno Saúde, 04.05.2009), categorizada no conceito ‘invisibilidade’ e que enfoca a redução da idade mínima de 50 para 40 anos recomendada pela Associação Americana de Urologia, para a realização do exame PSA (antígeno prostático específico, sigla em inglês) que detecta o câncer de próstata. Depois da apresentação no lead, abre-se um intertítulo “Controvérsia” em que são colocadas falas das fontes contrárias a medida adotada pela Associação Americana de Urologia. A primeira fonte é o presidente da Associação Brasileira de Urologia José Carlos de Almeida. A segunda trata-se de um estudo publicado em março de 2009 na revista “New England Journal of Medicine”.

As fontes, ‘detentores do saber’ reproduzem a máxima da hegemonia do discurso do especialista de universidade, da agência de pesquisa, do hospital referenciado pelos pares do campo científico, além legitimar falas das chamadas ‘autoridades científicas’. A referência de que a maior incidência da doença é em homens negros está no pequeno texto (chamado de Box) intitulado ‘Genética - negros têm propensão 60% maior que brancos ao câncer de próstata’, sem o destaque que jornalisticamente se exigia do fato - configuradamente um fato jornalístico pelo critério de noticiabilidade consagrado na comunidade jornalística, mas desconsiderado na hierarquia de construção da realidade singular ao campo jornalístico.

Essa forma de veicular a informação sobre saúde da população negra reforça uma vertente disciplinadora do jornalismo na reprodução/legitimação de outro discurso de poder, a Ciência. Assim, a notícia privilegia a técnica em detrimento do debate que ela remete, em uma opção clara pelo pesquisador (detentor do saber) do que pelo processo de construção do conhecimento científico.

A seleção por si só coloca o jornalismo numa posição privilegiada na tarefa de disciplinar. Mas, e por outro lado, cada tema selecionado é o ponto em que estarão dimensionadas as coordenadas da boa conduta. (...) Ora, os discursos assertivos/constatativos, proponentes de um dizer como informação incontestável, são justamente aqueles que pretendem não deixar margem a contrapontos ou mesmo a um diálogo, sendo disciplinares por excelência como efeito de sua forma de construção (GOMES, 2009, p. 68).

Em outra reportagem representativa, ‘Negro morre mais de câncer de mama, próstata e ovário' (FOLHA DE SP, Caderno de Saúde, 10.07.2009), o jornalismo apropria-se de algumas pesquisas internacionais para divulgar informações sobre a saúde dos negros, neste caso afroamericanos. A reportagem destaca os resultados de uma pesquisa americana realizada durante 10 anos, já divulgada no “Journal of the National Cancer Institute”. “Afroamericanos têm mais riscos de morrer de câncer de mama, próstata e ovário do que pessoas de outras etnias, mesmo quando recebem igual tipo de tratamento, conclui o primeiro estudo do gênero (...)”.

A reportagem procura repercutir opiniões de especialistas de hospitais de referência no combate ao câncer do Brasil, em uma tentativa a priori interessante de estabelecer aproximações com a realidade brasileira. Entretanto, a construção da reportagem ignora as próprias condições de realização da pesquisa reiterando, contraditoriamente, a partir do especialista, evidências que jornalisticamente por si só chamam a atenção. Sob as mesmas condições e igualdade no acesso a saúde, a medicamentos, ao tratamento, a alimentação, a morte por câncer de mama, próstata e ovário era um fato entre a população negra.

A notícia termina com a posição de um mastologista dizendo que a pesquisa não teve como objetivo responder se haveriam diferenças raciais no tratamento de câncer. Sob o amparo do discurso dos especialistas brasileiros, a reportagem legitima o discurso de que “não é possível saber se a situação é a mesma entre os negros brasileiros porque não há estudos semelhantes no país”. Jornalisticamente, o discurso que pouco tensiona se exime e ignora outro fato jornalístico: a ausência dos estudos apontada pela própria fonte especializada.

O jornalismo tem um papel crucial para manter o equilíbrio ou gerar conflito quando ele permite a visibilidade ou omite a visibilidade de algum fato. No entanto, de acordo com Gomes (2009), a visibilidade e vigilância têm duplo papel: expor ostensivamente momento os conflitos e, ao mesmo tempo, definir a esfera de equilíbrio em que eles serão diluídos, mostrando-se sob certo controle.  Visibilizar o tema, nesse sentido, não significa a apreensão na perspectiva da singularidade do discurso que é próprio do jornalismo. No jogo de poder discursivo identificado no esconder/mostrar, conferir visibilidade jornalística, sob a perspectiva do discurso científico é ordenar/normatizar com os dispositivos técnicos da linguagem que decodifica, ao invés de elucidação pela busca da horizontalidade (ou diversas faces) de um debate.

5. Políticas Públicas de Comunicação e os desafios da divulgação científica na Sociedade da Informação

O estudo sobre a cobertura saúde da população negra revela a especialização como dispositivo que instrumentaliza o discurso jornalístico para regular as tensões entre os dois campos, ao mesmo tempo em que aponta restrições do modelo de divulgação científica sob a égide informacional e difusionista que desconsidera epistemicamente as especificidades do jornalismo como discurso produtor de sentido.

Essa indicação dimensiona os desafios para pensar a divulgação científica, a partir de uma política de comunicação, sobretudo para a Comunicação Pública como campo apto a lidar com os dispositivos, restrições que a divulgação científica assume no contexto de disputas permeadas pela Sociedade da Informação, descrito anteriormente.

A sociabilidade que se desenha em torno de um tripé interdependente e estratégico (ciência, tecnologia e comunicação) nas disputas por poder político e econômico na configurada Sociedade da Informação reorganizam papéis clássicos da comunicação da ciência.

Para Dupas (2001), sob a forma de mercadoria informacional indispensável ao poderio produtivo, o saber é o fator mais importante na competição mundial pelo poder e os Estados perdem espaço ao transforma-se em fator de opacidade para uma ideologia da transparência comunicacional que se relaciona com a comercialização dos saberes (DUPAS, 2001, p. 110). Por outro, o autor aponta que o saber científico sempre esteve ligado a uma espécie de saber narrativo, do qual dependerá para sua legitimação. Nesses moldes, o que existe é um entrosamento entre o gênero de linguagem chamada ciência e o que se denomina ética e política. Na idade da informática, a questão do saber é mais do que nunca um problema do governo (DUPAS, 2001).

Nesse sentido, a formulação (e aos conflitos em torno desse processo) de políticas de ciência e tecnologia e de comunicação se torna estratégica e central para orientar a organização de outras políticas sociais. Essa compreensão significa trazer para o interior do Estado disputas de interesse público. Conforme pontua Dupas (2001), a busca de uma nova hegemonia para a sociedade civil capaz de incidir na reconstrução de um Estado apto a lidar com os desafios da sociedade contemporânea passa pela solução da questão da legitimidade do saber científico. 

Do ponto de vista operativo, são as políticas públicas os campos de embates primeiros no interior do Estado. Segundo Boneti (2006), as políticas públicas são resultantes do jogo de forças estabelecidas no âmbito das relações de poder, envolvendo grupos econômicos, políticos e classes sociais. Tais relações determinam um conjunto de ações atribuídas à insti­tuição estatal, que provocam o direcionamento (e/ou o redirecionamento) dos rumos de ações de intervenção administrativa do Estado na realidade social e/ou de investimentos.

Se as questões centrais envolvendo a cidadania e o reconhecimento não ignoram o campo científico, as políticas de ciência e tecnologia tornam-se elementos discursivamente disputados, assim como os modelos de comunicação na sua relação estrutural que estabelece com a gestão do poder (CASTELLS, 2009).  A comunicação da ciência nessa arena porosa e contraditória assume arranjo crítico.

A Comunicação Pública, nesse sentido, estabelece relação constitutiva com a distribuição de poder político, ao ser tratada como um processo de comunicação que se estabelece em uma esfera pública entre o Estado, Governo e Sociedade (BRANDÃO, 2009). Torna-se espaço privilegiado de negociação para as disputas nas sociedades políticas, ao instituir um continnum, um dado padrão de conflitualidade na esfera pública e assim um dado modelo de democracia (PITTA, 2001).

A abertura de espaços democráticos como referência para pensar as políticas sociais brasileiras, a partir da década 1980, teoricamente reforça uma necessidade de revisar os modelos de comunicação entre Estado e Sociedade, em uma perspectiva de fortalecer a Comunicação Pública como elemento central para o debate em torno das políticas públicas. Esse reposicionamento exige, a priori, pensar na comunicação como uma política de Estado com diretrizes claras e como serviço permanente no conjunto dos serviços públicos, cenário ainda incipiente no Brasil (LASSANCE, 2010). 

E se o tripé estratégico entre ciência, tecnologia e comunicação demandam políticas públicas atreladas ao interesse público, a natureza dessas políticas passam pelo aprimoramento do princípio participativo que caracterizam a implementação das políticas públicas no Brasil com o período de redemocratização.

Pelo tripé apontado anteriormente, são as políticas públicas de ciência e tecnologia e de comunicação as que enfrentam desafios para ampliar a participação plural e o envolvimento de atores da sociedade no debate sobre sua formulação. A questão é ainda mais restrita em se tratando das políticas de comunicação (SIGNATES, 2009) e da consolidação da Comunicação Pública como política de Estado organizada sob a lógica do direito à informação e à comunicação.

Essas considerações são importantes para fins teóricos para apontar desafios à divulgação científica. Nessa vertente, requer-se a superação de uma vertente difusionista, informacional e acessória que o campo do jornalismo assume na tematização pública da ciência, sobretudo em uma sociedade midiatizada em que a lógica das mídias torna-se central na produção de sentido para as práticas sociais (FAUSTO NETO, 2008; 2010).

6. Considerações Finais

Diante das considerações sobre os pressupostos sobre a lógica da divulgação científica pelo jornalismo e do cenário envolvendo o conhecimento elaborado pela ciência, considera-se a necessidade de revisão do modelo de comunicar a ciência, praticado e induzido pela lógica divulgação pensada no interior do próprio Estado (por meio de suas políticas) e exercitada no conjunto das mídias jornalísticas.

Para além de uma preocupação dispersa no conjunto das políticas de ciência e tecnologia, a divulgação científica em tempos de midiatização e das disputas na Sociedade da Informação não pode ser pensada, a partir de um suporte que coloca a comunicação como instância acessória do campo científico. É por essa perspectiva que devem emergir os pressupostos epistêmicos, teóricos e normativos aptos a organizar no âmbito das políticas públicas de comunicação a divulgação da Ciência.

Essa é uma indicação para superar a limitação da compreensão pública da ciência ao conhecimento específico de conteúdos, incluindo questões ligadas ao acompanhamento e apreensão dos processos de produção, limites, dificuldades, assim como perspectivas e interesses atreladas ao seu uso (CALDAS, 2004).  É ainda um contraponto formal, pensado no terreno das políticas de comunicação, aos dispositivos do discurso jornalístico-midiático estruturado sob a égide da especialização que opera a divulgação da ciência na esfera de disputas envolvendo os discursos peculiares que emergem do campo da Ciência e do Jornalismo.

Do ponto de vista normativo, presume fortalecer a Comunicação Pública como política de Estado e interdependente à política de ciência e tecnologia (C&T) no que se refere a estratégias e formatos de divulgação científica, ao mesmo tempo em que incide na lógica da própria política de C&T, democratizando as decisões sobre o que saber, como saber e para quem se busca o conhecimento.

Na perspectiva da comunicação, pensar a comunicação pública da ciência como política pública é assumir as limitações e incidir nos dispositivos da divulgação científica apropriados pela mídia tradicional, afetando a dinâmica da especialização em uma disputa de modelos, mas pela via epistêmica que posiciona a comunicação e o jornalismo constitutivamente diante do campo científico.

O que se sugere são caminhos para um modelo de comunicação da Ciência capaz de interferir na disputa por uma sociedade dos saberes (e não apenas do conhecimento) diante da expansão dos monopólios cognitivos e das lógicas de rentabilidade financeira, potencializando assim a capacidade coletiva para desenvolver as inovações de interesse geral, conforme indicação de Mattelart (2005).

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*Antonio Sardinha e Kelly Tatiane Martins Quirino são jornalistas e mestres em Comunicação pela UNESP.

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Revista PJ:Br - Jornalismo Brasileiro | ISSN 1806-2776 | Edição 14 | Novembro | 2011
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